A parábola do semeador

Parábolas de Jesus  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

No século I, os campos de Israel eram terrenos longos e estreitos demarcados por trilhas, não por muros ou cercas. O semeador usava um método de lançar a semente em um arco amplo, pegando um punhado de sementes por vez de um saco pendurado em seu lado e lançando-as sobre uma faixa ampla de terra. O arco de dispersão poderia parecer aleatório, e certamente o era em grande medida, mas o método tinha a vantagem de cobrir grandes áreas de solo com sementes espalhadas de forma homogênea. Um semeador experiente não permitia que as sementes caíssem em áreas concentradas ou se amontoassem em pequenas pilhas.
O segundo tipo de solo que Jesus identifica é a pedra (v. 6). Isso não se refere a um pedaço rochoso na superfície do solo. Tampouco significa “solo rochoso” (como traduzem alguns), sugerindo uma parte do campo cheia de pedras relativamente grandes. Nenhum fazendeiro com um pouco de respeito próprio permitiria pedras em sua terra. Quando o campo era arado, quaisquer pedras que viessem à superfície eram removidas e afastadas.
A rocha sob a superfície era invisível para o fazendeiro quando o campo era arado, pois o arado penetrava apenas 20 a 25 centímetros do solo.
Esse tipo de terra seria a ruína de um fazendeiro que fez tudo que pôde para arar seu campo sem saber da existência de uma camada rochosa sob a superfície. Inicialmente, essa parte do trigo aparentaria crescer mais rápido porque as raízes não têm para onde ir.
UMA COLHEITA a cem por um significa algo surpreendente - uma superprodução que acontece somente pela mão de Deus.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

Na medida em que Jesus conta sua história, algumas coisas se tornam claras:
1 - em primeiro lugar, ele não fala nada sobre o semeador e suas qualificações. Existe um único semeador
2 - Em segundo lugar, a história nada diz sobre a qualidade das sementes.
3 - A lição de Jesus se refere exclusivamente ao tipo de solo.
4 - Trata-se de uma história simples, cujo significado superficial não é nem um pouco misterioso. Mas seguir a trama da história não significa entender ao que ela se refere. O significado real daquilo que Jesus está ensinando não é imediatamente evidente. A parábola precisa ser explicada. Por isso, Jesus incentiva seus ouvintes a investigar o sentido real da parábola. Ele deixa isso claro na segunda metade de Lucas 8:8: “Tendo dito isso, exclamou: ‘Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!’”
4 - Marcos 4:10 diz: “Quando ele ficou sozinho, os Doze e os outros que estavam ao seu redor lhe fizeram perguntas acerca das parábolas.” Isso é uma indicação clara sobre quem tinha ouvidos para ouvir. - OS DISCÍPULOS!
5 - Ele não está descrevendo segredos esotéricos. Quando o Novo Testamento fala em “mistérios”, o significado é simples e bastante restrito: um mistério bíblico é alguma verdade espiritual que era obscura ou completamente oculta sob a antiga aliança, mas agora foi plenamente revelada sob a nova aliança. O fato de que os gentios seriam co-herdeiros e co-participantes no evangelho era um desses mistérios,

Esta parábola como modelo.

Essa parábola nos serve como modelo importante para o modo como devemos ler e interpretar as histórias de Jesus. A explicação de Jesus é tão simples e direta quanto a própria parábola: Jesus descreve o que cada elemento (importante) é (não descreve o semeador, não dá detalhes sobre a semente), mas apenas aqueles elementos importantes para o entendimento da parábola.
O semeador não é identificado.
Alguns acreditam que ele deve representar o próprio Cristo, porque, quando Jesus explicou a parábola do trigo e do joio, ele disse: “Aquele que semeou a boa semente é o Filho do homem” (Mateus 13:37). Mas são parábolas diferentes, e as imagens usadas não são iguais. Uma regra importante que precisa ser lembrada quando interpretamos parábolas é não confundir os detalhes. Na parábola dos tipos de solo, por exemplo, somos informados explicitamente que a semente representa a Palavra de Deus e (como observaremos em breve) o campo arado representa um coração humano adequadamente preparado para receber a Palavra. Mas, alguns versículos mais adiante, na parábola do trigo e do joio (Mateus 13:24-30), a boa semente representa “os filhos do reino” (os verdadeiros habitantes do Reino de Deus), e “o campo é o mundo” (v. 38). Portanto, precisamos ter o cuidado de não misturar o simbolismo das parábolas.

Sobre o que é a lição

A parábola trata, portanto, dos corações em variados estados de preparação.
Esta, então, é a lição dessa primeira parábola: a resposta de uma pessoa à Palavra de Deus depende da condição do coração daquela pessoa. Além do mais, o fruto é a única evidência de que ela ouviu a Palavra corretamente.

Sobre não focar na qualidade da semente, este não é o ponto e hoje alguns querem modificar a semente na esperança de ser melhor aceita.

Os evangélicos adotam constantemente todo tipo de métodos bizarros e não bíblicos, porque acreditam que conseguem assim provocar uma reação melhor nos corações endurecidos, superficiais e mundanos. Alguns alteram a semente ou fabricam semente sintética.

O ouvinte à beira do caminho

A terra batida, seca e endurecida à beira do caminho ilustra um coração no qual a verdade bíblica não consegue penetrar.
Lucas 8.12 explica o objetivo verdadeiro simbolizado na obra do semeador. Sua intenção é que as pessoas “creiam e sejam salvas”.
O Antigo Testamento os chama de “obstinados” (Êxodo 32:9; 2Reis 17:14).
Eles “se obstinaram e não quiseram obedecer às minhas palavras” (Jeremias 19:15). Sobre Zedequias, o jovem rei mau que “fez o que o SENHOR, o seu Deus, reprova” (2Crônicas 36:12), as Escrituras dizem: “Tornou-se muito obstinado e não quis se voltar para o SENHOR, o Deus de Israel” (v. 13). Ele deliberadamente fortaleceu seu coração contra o arrependimento.
Homens como este apedrejaram Estêvão, e ele os responsabilizou por isso: “Povo rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!” (Atos 7:51).
O que é interessante aqui é que Jesus não está descrevendo ateus. Ele está se dirigindo a pessoas em uma cultura altamente religiosa, e os corações mais duros em sua audiência pertencem à aristocracia religiosa — os escribas e fariseus, os mesmos que, tão pouco tempo atrás, blasfemaram o Espírito Santo, excluindo-se da graça. Seu pecado representa o extremo absoluto de dureza de coração. O ateu está em uma situação espiritual melhor do que eles. Em outro lugar, Jesus lhes disse: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele” (João 8:44).
Romanos 1.18-26

O ouvinte superficial

A camada fina de solo sobre uma camada de rochas ilustra uma pessoa de coração superficial que responde imediatamente, mas apenas de modo pouco profundo.
Elas recebem com empolgação, mas logo perecem.
Cada pessoa que reage de maneira positiva à Palavra de Deus enfrentará um “período de tentação”. A palavra grega traduzida como “tentação” em Lucas 8:13 pode se referir também a uma provação ou a um teste — e este é claramente o sentido da palavra aqui.
Jesus disse em João 8:31: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos.” Hebreus 3:14 diz: “Passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio.” O apóstolo Paulo disse que você pode saber que foi realmente reconciliado com Deus “desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram” (Colossenses 1:23).
“Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos” (1João 2:19).

O ouvinte mundano

O terceiro tipo de solo, o solo com ervas daninhas, representa um coração excessivamente fascinado ou preocupado com as questões do mundo.
Aqueles que se encaixam nesta categoria (como os ouvintes superficiais) podem parecer estar reagindo de forma positiva no início. A analogia sugere que, muito provavelmente, haverá algum sinal inicial de receptividade. Sementes lançadas entre ervas daninhas germinam. “[...] ouvem, mas, ao seguirem seu caminho” significa, aparentemente, que essas pessoas aparentam querer seguir o caminho da fé em todos os sentidos.
Ver Marcos 4.19
Essa pessoa também está apaixonada pelo mundo, obcecada com “as riquezas e os prazeres da vida”, desta vida (Lucas 8:14).
É um coração que tem um bom solo para germinar, mas um solo cheio que coisas, qualquer coisa cresce neste solo e não apenas a boa semente.
“É alguém que tem mente dividida e é instável em tudo o que faz” (Tiago 1:8).
“Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e desprezará ao outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Lucas 16:13).
Fato é que, no relato de Mateus, o foco está no amor do ouvinte mundano pelo dinheiro: “o engano das riquezas sufocam [a palavra]” (Mateus 13:22).
Ao escrever para Timóteo, o apóstolo Paulo disse:
“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos” (1Timóteo 6:9-10).
Tiago 4:4 diz: “Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus.”
O apóstolo João condenou o foco mundano com a mesma severidade. Escreveu: “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1João 2:15).
Um exemplo clássico no Novo Testamento do ouvinte mundano é o jovem rico. Ele veio a Jesus procurando a vida eterna, mas ele era materialista e um amante do mundo; e Jesus sabia disso. As Escrituras dizem que o jovem “afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas” (Mateus 19:22).
Outro exemplo é, evidentemente, Judas, que parecia seguir Jesus em todos os aspectos desde o tempo em que Jesus chamou os Doze até finalmente trair Cristo por trintas moedas de prata. A Bíblia nos diz que o pecado de Judas era seu amor pelo dinheiro. “Era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado” (João 12:6).

O ouvinte frutífero

O último tipo de solo é bem cultivado e produz o fruto esperado. Jesus diz que isso simboliza “os que, com coração bom e generoso, ouvem a palavra, a retêm e dão fruto, com perseverança” (Lucas 8:15).
Perseverança com fruto é o sinal necessário de uma confiança genuína e salvadora em Cristo. Essa é uma das lições-chave de toda a parábola: o distintivo da fé autêntica é perseverança. Jesus disse: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos” (João 8:31). Fé temporária jamais é fé verdadeira.

Que frutos produzem?

O “fruto” mencionado na parábola inclui, é claro, o fruto do Espírito: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gálatas 5:22-23). Abarca todo “fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Filipenses 1:11). Um coração verdadeiramente fiel produzirá adoração naturalmente — “fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hebreus 13:15). E o apóstolo Paulo disse sobre as pessoas que ele levou a Cristo como sendo seu ministério (Romanos 1:13). Jesus tinha em mente todos esses exemplos de tipos de fruto quando disse que o bom solo representa pessoas que “dão fruto, com perseverança”.
Afinal de contas, fomos criados “para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Efésios 2:10).
Jesus disse: “Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele [o Pai, o agricultor] corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda” (João 15:2). Fruto — uma ceifa abundante e produzida divinamente — é o resultado esperado da fé salvadora.

Como ter um coração preparado?

Apenas Deus consegue arar e preparar um coração para receber a Palavra. Ele o faz por meio da obra regeneradora e santificadora de seu Espírito Santo, que convence o “mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16:8).
Os que creem são despertados espiritualmente por ele (Romanos 8:11).
Ele ilumina suas mentes com a verdade (1Coríntios 2:10).
Ele os purifica (Ezequiel 36:25).
Ele remove o coração endurecido e lhes dá um coração novo (v. 26).

Por fim:

Por fim, a parábola é um lembrete de que, quando proclamamos o evangelho ou ensinamos a Palavra de Deus aos nossos vizinhos e entes queridos, os resultados sempre apresentarão alguma variação de acordo com a condição dos corações dos nossos ouvintes. Sucesso ou fracasso não dependem das nossas habilidades como semeadores.
MacArthur, John. As parábolas de Jesus comentadas por John MacArthur: Os mistérios do Reino de Deus revelados nas histórias contadas pelo Salvador (Kindle Locations 1036-1038). Vida Melhor. Kindle Edition.
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