Os Dois devedores

As Parábolas de Jesus  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

O ministério terreno de nosso Senhor Jesus é marcado por duas características muito fortes.
1) Os sinais e maravilhas que ele fazia.
2) Os ensinamentos.
A todo momento vemos Jesus discursando, falando, ensinando, pregando. E ao fazê-lo, Jesus, homem que era, utiliza métodos didáticos assim como qualquer educador utiliza. Um dos métodos mais marcantes dos ensinamentos do Senhor Jesus eram as parábolas.
O que são parábolas? Kenneth Bailey define da seguinte maneira: “As parábolas de Jesus são uma forma concreta e dramática de linguagem teológica que força o ouvinte a reagir. Elas revelam a natureza do reino de Deus e/ou indicam como um filho do reino deve agir”.
Veja as implicações dessa definição: “são uma forma concreta e dramática”. Veja bem, as parábolas não são meras ilustrações. Elas revelam algo concreto, elas revelam uma verdade chocante. Observe este exemplo:
Lucas 9.57–58 RA
57 Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores. 58 Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.
Se Jesus fosse um ocidental ele poderia responder da seguinte maneira: “Você está fazendo promessas sem pesar os custos de tais promessas. Se as minhas palavras ainda não estão claras, talvez uma ilustração ajude: por exemplo, eu nem possuo cama onde dormir”.
Observe, é isso que Jesus quer dizer, pensando nos moldes ocidentais, mas Jesus é um Judeu e ele utiliza métodos condizentes com sua cultura, e esse método chamado parábola carrega essa característica de dramaticidade e concretude. Aquele homem rapidamente entendeu o que Jesus quis dizer e quais as implicações da afirmação de Jesus.
Bailey prossegue em sua definição dizendo: “que forçam o ouvinte a reagir”. Veja, assim que ouve isso o homem precisa tomar uma decisão pois ele entendeu o que Jesus quis dizer. Ou ele leva adiante sua intenção, ou ele desiste logo dela. Pra frente ou pra trás, ele precisa se mover.
Bealey conclui: “Elas revelam a natureza do reino de Deus e/ou indicam como um filho do reino deve agir”.
Observe, segundo esse autor, as parábolas tem a a intenção de revelar a natureza do reino de Deus. Um exemplo disso seria a parábola da semente. Ou as diversas vezes que Jesus inicia uma parábolas dizendo: “O reino de Deus é semelhante a ....”.
Quando Jesus contava uma parábola, seus ouvintes eram instados a agir, e compreendiam a natureza do Reino de Deus.
Na medida em que formos seguindo, vamos analisando os demais usos e sentidos que as parábolas de Jesus possuem. Vamos ao nosso texto de hoje.
Lucas 7.36–50 RA
36 Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. 37 E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; 38 e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento. 39 Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. 40 Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. 41 Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta. 42 Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? 43 Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. 44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. 45 Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. 46 Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. 47 Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. 48 Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados. 49 Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados? 50 Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.
A primeira parábola que vamos analisar se encontra em meio a um diálogo entre Jesus e um Fariseu chamado Simão. Jesus quer mostrar, por meio dessa parábola, a gratidão daquela mulher por ter tido os seus pecados perdoados.
Lc 7.36 “36 Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa.”
Era muito comum certos mestres serem convidados a participar de baquetes por moradores da cidade. Provavelmente, Simão ouviu algum discurso de Jesus, ou ouviu alguém comentar algo sobre um dos discursos de Jesus e o convidou para comer.
O objetivo dessas reuniões era proporcionar uma discussão teológica. Ou seja, o anfitrião convidava o mestre e mais algumas pessoas capazes, para que, em meio à refeição uma discussão teológica acontecesse.

Como é o cenário?

Mesas baixas
Divãs
As pessoas à mesa com os pés para trás. (Os pés são deixados para trás provavelmente por causa do quão repulsivo eles eram considerados. Numa cultura onde as pessoas se locomovem quase sempre a pé, os pés são sujos. E os pés sempre estão em contato com sujeira, a podridão das ruas, etc.. Por isso que João Batista se humilha ao ponto de dizer que não era digno de desamarrar as sandálias de Jesus. Por isso que Jesus lavar os pés dos discípulos foi considerado um ato de extrema humildade, etc..) E isso está em total contraste com a comida, que representa comunhão, limpeza, pureza, etc..
Os servos ficavam de trás.
Qualquer pessoa da cidade poderia estar no recinto, ouvindo a discussão e por algumas vezes até dando palpites. (Essas pessoas ficavam atrás dos servos).
Lc 7.37 “37 E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento;”
Aqui somos informados da terceira personagem de nossa história. Nós temos Jesus, o Fariseu e a mulher adjetivada como pecadora.
De acordo com o texto grego, uma tradução possível, que inclusive a Almeida 21 usa seria: “E havia uma mulher pecadora na cidade”. Ou seja, essa mulher era conhecida na cidade assim como sua atividade pecaminosa. Em outras palavras, ela exercia sua atividade pecaminosa na cidade.
Muitos afirmam que tal mulher seria uma prostituta. O que não pode ser de maneira nenhuma descartado. Mas fato é que existiam naquele contexto muitas coisas pelas quais uma mulher poderia ser considerada “pecadora”, sem necessariamente ser a prostituição.
Essa mulher está naquela ocasião. A cena que temos é a seguinte: Existe um centro onde está localizada a mesa, onde o anfitrião e seus convidados estão reclinados participando da refeição. De trás deles estão os empregados, responsáveis pela administração do banquete, etc.. De trás dos empregados estão os transeuntes, pessoas que não foram formalmente convidados para o jantar mas que ali estavam para ouvir a discussão teológica. E é nesse grupo que a mulher se encontra.
Lc 7.38 “38 e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento.”
Vocês não imaginam o quão chocante é o que acontece aqui para os padrões daquela época. Essa mulher passa a frente dos empregados da casa. Prostrada ao chão, ela trás consigo um vaso contendo um perfume. Se é verdade que ela era uma prostituta, era comum as prostitutas carregarem um frasco de perfume preso numa espécie de cordão, que servia para perfumar o hálito e também o corpo assim como fazemos hoje. Ou seja, isso era algo importante para ela. Mas independente desse detalhe, fato é que ela não traz um perfume barato comumente usado pelas pessoas, ela traz uma iguaria, algo de muito valor.
Voltando para a cena, ela está agora aos pés de Jesus. (Lembre-se, Jesus, assim como os demais, está reclinado com os pés para trás). E ali aos pés do Senhor ela chora copiosamente. Na medida em que ela vai chorando, suas lágrimas vão caindo e molhando os pés de Jesus. Agora vem o mais surreal, para aquela cultura. Observe:
Ela desata os cabelos! Para nossa cultura isso é algo extremamente natural, porém uma mulher oriental se fosse casada circularia pelas ruas com um véu sobre a cabeça. Se fosse solteira andaria sem o véu, mas os cabelos estariam presos. Uma mulher somente soltaria os seus cabelos na presença do marido, e por diversas vezes isso tinha um teor de romance, de sensualidade. Era uma demonstração de carinho, uma declaração de afetividade.
Nós temos então essa mulher desatando os seus cabelos, o que com certeza chocou a maioria dos presentes, e agora ela pega esses cabelos e começa a esfregá-los nos pés de Jesus para secar-lhe os pés. (Os pés de Jesus estão sujos da viagem). Além disso, ela ainda passa aquele perfume nos pés do Senhor e beija-lhe os pés.
Agora, nós precisamos ponderar umas coisas aqui. No oriente médio quando você recebia um convidado para um banquete algumas coisas deveriam ser observadas:
Cumprimentava-se o convidado com um beijo. Se fossem iguais o beijo era no rosto, se fosse um mestre o beijo era na mão.
Os servos deveriam lavar os pés do convidado, ou pelo menos, deveria ser disponibilizado água para que a pessoa lavasse os pés.
Costumeiramente, se fosse um convidado de honra, a cabeça dele era ungida com um óleo perfumado.
Não observar esses costumes era considerar o convidado indigno. Era até mesmo uma ofensa. Nada disso foi feito com Jesus na casa de Simão. Por outro lado, a mulher quebra os protocolos e está aos pés de Jesus regando-os com suas lágrimas, beijando-os e ungindo-lhes com perfume.
Lc 7.39 “39 Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora.”
Quando o Fariseu vê a mulher fazendo essas coisas, ele despreza mais ainda o Senhor Jesus. E ele pensa que Jesus não era um profeta, pois se fosse, ele não permitiria que uma mulher impura o tocasse. Ora, aquela mulher era conhecida, era pecadora, se Jesus fosse profeta isso lhe teria sido revelado por Deus e aquela mulher teria sido repreendida por ele. Assim pensava o homem.
Aplicação: Ah irmãos, já perceberam que muitas vezes agimos igualzinho esse Fariseu? Nos deixamos levar pelas nossa convenções culturais, nos apegamos demais ao nosso “crentês” e o nosso “crentês” tem restrições culturais, de acordo com nossas confissões de fé, de acordo com nossas tradições denominacionais. E isso muitas vezes faz com que a gente condene coisas que Deus não condena, que a gente coloque pesos sobre as pessoas que a Palavra de Deus não coloca. E nós ainda somos arrogantes citando nossos símbolos: “Ah mas a confissão tal diz assim, os puritanos disseram assim, João Calvino disse dessa forma”. E não tem problema nenhum em termos confissões de Fé, nós aqui por exemplo todo sábado temos um grupo de estudos da Confissão Batista de 1689. Já falamos aqui na igreja sobre o Credo dos Apóstolos. Devemos sim ser confessionais, o problema está quando baseados nisso apenas ficamos caolhos e não conseguimos perceber que fomos chamados para cuidar de pessoas, para lidar com pessoas, e isso envolve contextos e exige que nós olhemos cada situação por si mesmo. Veja, o pensamento desse fariseu está correto? De certa forma sim! Ele segue uma convenção social, ele segue uma ideia que diz que realmente os servos de Deus devem se afastar do pecado! Mas o problema aqui é que ele está menosprezando o senhor Jesus, está menosprezando a mulher, e é o mais cego daqueles que ali estão. Mas está assentado sobre a cauda de sua justiça própria, apontando o dedo para o próprio Jesus, sendo que deixou passar coisas simples, como o beijo, a água e o perfume. E esse é o grande problema que enfrentamos, “nossa justiça própria”. Do auge de nossa justiça própria nós apontamos e dizemos: “fulano é pecador. sicrano é pecador. beltrano é pecador”. Não fazer tal coisa é pecado, faltar com isso ou aquilo é pecado, quando na realidade, lidar com pessoas envolve tempo. Mudanças acontecem de forma processual, não é algo da noite pro dia. E as vezes quando vemos a situação de fora, não sabemos em qual etapa do processo a pessoa está, por isso existe a igreja local, onde os pastores cuidam, pastoreiam, trabalham na vida das pessoas. E até mesmo dentro da igreja local, nós não sabemos como está o processo das pessoas que estão a nossa volta. Por isso ao invés de sair por aí esbravejando seu senso de justiça e sua noção de certo e errado, tenha calma. Você não conhece todas as coisas! O Fariseu vai perceber isso no final.
É nesse momento, conhecendo os mais profundos pensamentos dos homens que Jesus vai ensinar uma lição grandiosa para as pessoas presentes, inclusive para o Fariseu.
Lc 7.40-43 “40 Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. 41 Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta. 42 Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? 43 Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem.”
Explicar a parábola!
Lc 7.44-46 “44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. 45 Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. 46 Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés.”
Aqui Jesus vai confrontar as faltas de Simão em contraste com a atitude da “pecadora” que Simão menosprezava.
Simão não deu água para Jesus lavar o pés - a mulher regou os pés de Jesus com suas lágrimas.
Simão não saudou Jesus com o beijo da comunhão - a mulher não cessava de beijar os pés de Jesus.
Simão não ungiu a cabeça de Jesus com óleo - a mulher ungiu os pés de Jesus com bálsamo.
E de acordo com a parábola Jesus explica essa diferença gritante de ação. Simão não se via como pecador, logo a presença de Jesus ali não era algo à qual Simão desse muita importância, simão estava mais curiosos pelo debate teológico do que pela importância da pessoa que estava diante dele. Por outro lado, a mulher sabia que era pecadora, reconhecia isso, e a única coisa que importava para ela naquele momento era o fato de Cristo que a havia perdoado estar ali. E por haver sido perdoada pelo Senhor Jesus ela não poderia deixar de agir em forma de imensa gratidão, mesmo quebrando os protocolos culturais e sociais.
Lc 7.47 “47 Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.”
Temos uma questão linguística aqui que precisa ser esclarecida. A melhor tradução para esse texto seria: “Perdoados lhe são os seus muitos pecados, e em razão disso ela muito amou”. Ou seja, o amor vem por causa do perdão, e não o perdão por causa do amor.
Simão amava pouco, porque se considerava menos pecador.
Lc 7.48-50 “48 Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados. 49 Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados? 50 Mas Jesus disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.”
Vai em paz! Que alívio temos nessas palavras. Enquanto a sociedade apedreja, enquanto Simão menospreza, enquanto o mundo se escandaliza, Jesus diz: “Vai em paz”.
Importante: Agora veja irmãos, tudo isso diz respeito à nossa vida e nossa conduta passada. Aqui está envolvido quem a mulher era. Jesus não está diante de uma mulher que vai continuar a ser “aquela pecadora da cidade”, ou seja, vai continuar nas mesmas práticas, Jesus não está dizendo pra ela vai em paz. Jesus tem diante de si uma mulher regenerada. Uma mulher que está mudando de vida. Uma mulher que é agora nova criatura.
Não podemos entender que pessoas que permanecem em seus pecados de estimação ouvirão do Senhor Jesus um: “vai em paz”. As pessoas que permanecem em seus pecados sem arrependimento, nunca encontrarão a paz. Para receber essa paz, envolve fé. Foi o que Jesus disse: A tua fé te salvou. E sabemos pela Escritura que fé não é um fim em si mesmo. Ou seja, não significa apenas ter fé. A fé salvífica pressupõe um arrependimento e mudança de conduta pecaminosa.
Aplicação:
O perdão é um imerecido dom de Deus, e é oferecido gratuitamente. A salvação é pela fé.
Quando alcança o pecador, esta salvação pela fé imediatamente desencadeia atos de amor. Estes atos de amor são expressões de agradecimento pela graça recebida, e não tentativas de ganhar outras graças.
Jesus é o único agente de Deus através de quem é anunciado o perdão, e a quem é expressa apropriadamente uma agradecida reação de amor. (é Jesus quem declara que a mulher estava perdoada, ou seja, ele é único mediador, sem ele não há possibilidade de perdão).
Há dois tipos de pecadores, Simão e a mulher. Simão peca dentro da lei, e a mulher fora da lei. Os pecadores, como a mulher, muitas vezes sabem que são pecadores; os pecadores, como Simão, muitas vezes não o sabem. Desta forma, o arrependimento é mais difícil para o “justo”.
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