No caminho

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No caminho de Gadara

O momento que esperávamos que viesse chegou. Jesus está no caminho.
As sinagogas não estão abertas para ele, como anteriormente. Tinha começado, poderia dizer-se, na igreja, onde qualquer homem com uma mensagem de Deus podia esperar justificadamente encontrar um auditório atento e receptivo.
Em lugar de boas-vindas tinha encontrado oposição; em vez de ouvintes ansiosos tinha encontrado os escribas e fariseus esperando friamente apanhá-lo em suas próprias palavras e obra; de maneira que agora se dirigiu aos caminhos, às encostas das colinas e as margens do Mar da Galiléia.
É necessário olhar para esse texto com a devida atenção com que olhamos para toda informação das Escrituras, como sendo Palavra Revelada pelo Espirito Santo.
Isso porque se diz que Jesus "...depois disto, andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele...”. (Lc 8, 1-3)
Ou seja, Jesus que não ia frequentemente ao templo em Jerusalém, gastou a maior parte do tempo do seu ministério público terreno, nos montes, nas praias, nas estradas construídas pelo Império Romano, especialmente nas regiões do norte, às margens do Mar da Galileia e nas suas adjacências.
No meio dos mais desfavorecidos, dos pobres, dos aflitos, dos oprimidos, dos angustiados, dos doentes, dos sem horizonte, dos sem rumo, sem esperança. Dos que olham para a vida sem qualquer expectação de que ela possa ser boa algum dia, que possa trazer qualquer gotejar de alegria.
Agarrados à uma única ideia "sobreviver”: às doenças, as pragas, à miséria, a pobreza, a tirania dos homens, sobretudo, sobreviver ao sufocamento dos espíritos malignos que atormentavam muitas vidas nos dias de Jesus, possessos, demonizados, aflitos, desfigurados e despersonalizados como era o Gadareno do texto que lemos.
E a presença dele em Gadara denuncia algumas realidades que são extremamente fortes e incômodas.
Em particular, para aqueles agarrados às formalidades religiosas, como era o caso dos partidos políticos/religiosos de Jerusalém, que tentavam incansavelmente dar uma forma litúrgica e cerimonial a Deus.
Entretanto, Deus não encontra espaço, não cabe dentro dessa normativa da religião voltada para si mesma, onde o culto é antropocêntrico nessas liturgias. Jesus não se molda aos nossos conceitos, aos nossos credos, ao nosso enquadramento religioso, eles são estreitos demais, pequenos demais para o Deus Criador do Cosmos.
Deus está frequentemente fazendo opção para fora das oficialidades, dos nossos enquadramentos doutrinários e teológicos.
Lição que o “no Caminho” para Gadara nos ensina - É que 90% da vida de Jesus é assim, "no caminho”, do lado de fora do templo, dos portões da cidade, “outdoor”, no meio do povo.
Sem confinamentos, na praia, em casamentos, em banquetes com pecadores, na casa dos pobres.
Seu púlpito é a mesa de jantar na casa de Simão ou dos publicanos e pecadores.
Transitando as geografias mais inconcebíveis, um dia na casa de Simão o Pecador, outro na casa de Jairo o chefe da Sinagoga. E ainda outro, como é o caso aqui do texto que estamos examinando, Ele vai ao cemitério pagão em Gadara libertar um homem possesso por uma legião de demônios, e fala com porqueiros, parece ser mais divino para ele estar do lado de fora do templo do que encarcerado, preso às tentativas insanas dos homens de confinar Deus, manipular, manobrar, manusear Deus.
Sempre que a presença de Jesus na sua realidade insofismável, incontestável, acontece em algum lugar - A Presença de Jesus denuncia as realidades espirituais daquele ambiente.
Lição que aprendemos no caminho de Gadara é que: O caminho de Gadara é o caminho de uma fortaleza Espiritual denunciada pela presença de Jesus.
Talves aquele homem estivessi ali vivendo nasquelas condições a muitos anos, sem que a real situação dele fosse revelada. Somente quando Jesus chega ali é que se percebe seu real estado.
Ao se aproximar da cidade de Gadara, ainda “no caminho” se percebe que ela é uma fortaleza espiritual.
É ponto passivo entre os comentaristas bíblicos que que a tempestade que antecedeu a chegada de Jesus na cidade, foi uma tentativa frustrada dos demônios para tentar barrar a chegada de Jesus.
TEMPESTADES. Tempestades na vida das pessoas são artifícios usados por demônios. É comum ouvir: “De repente sobreveio uma verdadeira tormenta sobre a minha vida”.
QUEM É ELE? Mas a tempestade faz surgir um questionamento que agora faz parte da consciência dos discípulos: Quem é esse que até o vento e o mar lhe obedecem? É com essa ideia no coração dos discípulos que eles desembarcam em Gadara.
Essa fortaleza ganha expressão na vida de um homem, “o Gadareno”.
E ela é quardada por uma legião de demônios, vamos descobrir isso mais adiante.
Mas antes seguirmos adiante precisamos entender o que é uma fortaleza espiritual.
FORTALEZAS. As fortalezas são ambientes espirituais dominado por hostes malignas com o objetivo de, como diz o apostolo Paulo, impedir o conhecimento de Deus.  E elas se estabelecem sobre algumas condições:
Fortalezas são espirituais. Ou seja, não são físicas. Acontecem “nas regiões celestiais” não acessíveis aos sentidos, à percepção dos homens.
Quando o possesso diz que o nome dele é legião. Percebemos que, o que falava não está sob o controle de apenas um demônio, mas de todo um exército, uma Legião!
A palavra tomada literalmente, significa um regimento de pelo menos seis mil demônios que estavam controlando o pobre homem. A palavra Legião também evoca a visão de um exército de ocupação, crueldade e destruição.
As fortalezas são sofismas. As fortalezas se estabelecem primeiro na região da psique. Fundamentadas em enganos, mentiras e ideias equivocadas à respeito de quem é Deus.
Aquelas realidades espirituais em que há uma estreita associação - quase identificação - entre as ideais malignas e as dos homens.
Tiago 1,14-15 diz: “Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por esse iludido e arrastado. Em seguida, esse desejo, tendo concebido, faz nascer o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte.”
Objetiva barrar o conhecimento de Deus – Elas são levantadas para impedir a pessoa de conhecer a Deus. Impedir que o homem ouça a Palavra de Deus e creia, e crendo se arrependa, e arrependido, seja perdoado e salvo.
2 Coríntios 4:3,4 Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.”
3ª - Lição que aprendemos em Gadara é que: Portanto, existe uma batalha que acontece nas “regiões espiritual” e essa batalha não é contra seres humanos.
"Quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso de demônios, e não andava vestido, nem habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros.” (Lucas 8:27)
Jesus está consciente de qual é a sua missão ali. Ele veio resgatar uma pobre alma que “que desde muito tempo estava possesso de demônios”. Sua luta não contra o homem, mas contra satanás.
a. Não enfrentamos inimigos humanos: 6.12
Quando Paulo escreve essas palavras ele possivelmente como creem alguns, está acorrentado a um soldado romano. Ou se não está esteve por muito tempo.
Ele vê no soldado a figura da luta espiritual que temos que travar constantemente para vivermos de modo digno da vocação a que fomos chamados.
A luta que travamos não é contra o sangue ou contra a carne. Nossa luta não é contra seres humanos, contra os nossos vizinhos, contra os nossos parentes, nossos colegas de serviço, ou contra as autoridades. A nossa luta não é contra os filósofos ateus, contra os governantes desleais, contra os falsos profetas, contra os praticantes de cultos idólatras e praticantes do ocultismo e misticismo. A nossa luta não é contra aqueles que se dizem irmãos e estão na igreja. A nossa luta não é contra seres humanos!
Na maioria das vezes, quando somos atacados, reagimos contra as pessoas. Esquecemos que por trás das pessoas estamos lutando contra um inimigo maldoso.
O inimigo usa pessoas inescrupulosas, enganadoras, sagazes e com suas palavras e comportamentos se utiliza da artimanha dos homens, e da astúcia com que induzem ao erro os imaturos (conf. 4.14).
b. Enfrentamos inimigos espirituais: 6.11–12
Lutamos contra as ciladas, isto é, as armadilhas, as maquinações, as tramas de Satanás, a mesma sutileza que ele usou para enganar Eva. Essa luta se dá contra esse inimigo que, como lobo, ataca as ovelhas desejando destruir o rebanho (conf. At 20.29).
Paulo fala de:
Lutamos contra os principados, isto é, os governantes, aqueles que têm autoridade e o poder das trevas;
Lutamos contra as potestades, os poderes, isto é, os que exercem influências nas mais diversas áreas da vida.
Lutamos também contra os dominadores de um mundo tenebroso, isto é, aqueles que exercem poder e domínio no reino da escuridão, no reino das trevas.
Lutamos contra as forças espirituais do mal, significando, os poderes cósmicos que atuam sob o comando de Satanás. Lutamos uma luta espiritual.
Como muito bem colocou Wiersbe: […] como cristãos, não estamos lutando para conquistar a vitória,
mas sim lutando em vitória! O Espírito de Deus nos capacita para que nos apropriemos, pela fé, da vitória de Cristo. (2012, p.74).
C. A luta é travada no “dia mau” (conf. v.13).c
Este é aquele dia em que Satanás concentra o fogo de sua tentação, de sua cilada contra o cristão. É terrível quando estamos nesse dia mau.
O dia mau pode ser qualquer dia. É o dia em que Satanás investe contra nós tentado nos abater, contra aqueles que estão lutando destemidamente fazendo com que as portas do inferno não resistam o avanço da Igreja.
O dia mau é quando Satanás nos ataca naquelas áreas em que somos fracos, nas áreas que ainda não estão sob o controle do Espírito Santo.
O dia mau acontece quando achamos que podemos resisti-lo com nossas próprias forças.
Estamos preparados para esse dia? (Mt 6.34).
e. Devemos nos fortalecer no Senhor: 6.10–13
Paulo diz que necessitamos nos fortalecer na força do seu poder. Veja a ênfase de Paulo: é na força do seu grande poder que nos fortalecemos. Sobre esse poder nós já fomos abençoados por Paulo quando ele revelou que Deus … é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder, que opera em nós … (conf. 3.20).
Foi assim que procedeu o bom rei Ezequias quando o exército da Assíria ameaçou o seu país. Ele proclamou e encorajou os israelitas: “Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos assusteis por causa do rei da Assíria, nem por causa da multidão que está com ele; porque um há conosco maior do que o que está com ele. Com ele está o braço de carne, mas conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras....”. (2Cr 32.7–8).
4ª - Lição que aprendemos em Gadara é: Responder a pergunta feitas pelos discipulos: “Quem é esse, que até o vento e o mar lhe obedecem?”
Lucas deixa essa pergunta sem resposta até o encontro com o gadareno, que vem e se prostra diante de Jesus é diz: “Jesus Filho do Altíssimo, não nos importune antes do tempo!”
Jesus é aquele diante de quem os céus e a terra se dobram e toda língua confessa que Ele é o Senhor!
Todas as coisas devem convergir para Cristo... inclusive nossa batalha espiritual.
“E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que Ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo tudo quanto existe, todos os elementos que estão no céu como os que estão na terra, na dispensação da plenitude dos tempos.” (Ef. 1,10)
“O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse,
E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou. (Colossenses 1:15-21)
5ª - Lição que aprendemos em Gadara é que: Toda alma importa para Deus!
O caminho de Gadara é o representa “Caminho da libertação dos homens” e se estende por toda a terra. É o caminho da expressão do amor de Deus indo atrás de cada pecador que se arrepende.
“Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilharam.” (Marcos 5:19,20)
Jesus foi a Gadara libertar um homem. Os da cidade o rejeitaram, mas Jesus não desistiu deles, mandou um missionário, que de forma inconteste, deveria dizer o que Deus fez por ele.
Aplicações:
O lugar das testemunhas de Cristo é do lado de fora dos templos - “E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos.
Há uma batalha espiritual há ser travada, mas já lutamos com a vitória nas mãos. Esse mundo jaz no maligno e está cheio de fortalezas espirituais - Mas não podemos nos deixar sermos impedidos de testemunhar por causa delas.
E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha.”  (Lucas 14:21-23)
Todos nós somos chamados a ir e falar de Deus “Torna para tua casa, e conta quão grandes coisas te fez Deus. E ele foi apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito.” (Lucas 8:39)
A Igreja não pode se calar - “E aconteceu que, quando voltou Jesus, a multidão o recebeu, porque todos o estavam esperando. (Lc 8,40). Jesus diz no verso 11 desse capitulo que: “A semente é a palavra de Deus.”
É nosso dever ser testemunhas de Cristo no lugar em que ele nos pôs. Seria muito mais fácil viver e falar de Cristo entre pessoas que não nos conhecessem. E se o único cristão na loja, no escritório, na escola, na fábrica, no círculo em que vivemos ou trabalhamos, fosse você? Deveríamos lamentar ou testemunhar? É um desafio em que Deus nos diz: "Vão e digam às pessoas com as que se encontram todos os dias o que eu tenho feito por vocês."
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