O Evangelho na vida real

Ser e Pertencer  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

Estamos encerrando a nossa série em 1 Coríntios, e aprendemos sobre a importância da unidade da igreja, a luta contra o pecado, como a igreja deve lidar com o pecado, disciplina eclesiástica, sobre "as vozes" que competem contra a voz de Deus, sobre o uso dos dons, e hoje veremos as recomendações finais a igreja de Corinto que se aplicam a nós também porque fala sobre aplicações práticas do evangelho na vida real do cristão.
Paulo fala sobre aquilo que nós chamamos de mordomia cristã, que está relacionada a forma como administramos tudo aquilo que Deus nos dá. Paulo vai falar especificamente sobre três aspectos da vida: Dinheiro, tempo e pessoas.

Dinheiro

1Coríntios 16.1–4 NAA
1 Quanto à coleta para os santos, façam também vocês como ordenei às igrejas da Galácia. 2 No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que não seja necessário fazer coletas quando eu for. 3 E, quando eu tiver chegado, enviarei, com cartas, aqueles que vocês aprovarem, para que levem a oferta de vocês a Jerusalém. 4 Se for conveniente que eu também vá, eles irão comigo.
Vemos aqui primeiramente Paulo falando a respeito do compromisso que a igreja deve ter com ação social. Paulo estava levantando uma oferta nas igrejas da Macedônia, da Galácia e da Acaia para os irmãos de Jerusalém que enfrentavam uma grande crise. Esse é um pedido específico para além do orçamento, era uma iniciativa de socorro material aos irmãos que enfrentavam uma grave crise econômica. Quando Paulo recebeu a delegação de concentrar o seu ministério no mundo gentílico, ele aceitou, de igual maneira, o desiderato de concentrar a sua atenção no atendimento aos pobres. Para Paulo missões e ação social caminhavam de mãos dadas. Sempre que a igreja pensa só em evangelização e não faz ação social contraria o projeto de Deus. Sempre que a igreja pensa apenas em ação social e esquece da evangelização também está fora dos planos de Deus. Paulo pregava e também assistia aos pobres.
Posteriormente escrrevendo aos Romanos Paulo fala dos benfícios espirituais que a igreja de Corinto recebeu ao enviar essa oferta aos irmãos de Jerusalém. Na segunda Carta aos Coríntios Paulo também faz menção positiva e sobre os frutos dessa iniciativa. Outro fator, é que o fato de as igrejas gentílicas enviarem ofertas para os cristãos judeus mostrava a natureza do evangelho que quebra as grossas barreiras raciais. Por isso encontramos aqui alguns princípios básicos para contribuir como cristãos.
a) As nossas ofertas não ficam restritas ao nosso contexto local, devem ser além. Não estou dizendo com isto que o cristão não deve doar para a igreja local, mas o que é doado na igreja local não fica só na igreja local. A igreja precisa aprender a doar também para além das próprias fronteiras (Ação social com pessoas de outras localidades, missões e plantação de igrejas). Não é fácil sensibilizar-se financeiramente por alguém que você nunca viu. Há um dito popular que diz que aquilo que os olhos não vêem o coração não sente. Essa idéia não é bíblica. Paulo ensina que a igreja precisa contribuir para pessoas que estão fora do alcance dos seus olhos. A igreja não vive só para si mesma. Egoísmo financeiro é um sinal de mundanismo e carnalidade. Uma igreja missionária é uma igreja viva, do ponto de vista da evangelização e solidária, do ponto de vista da ação social. Quais são os círculos de prioridades na contribuição? Devemos cuidar primeiro dos membros da nossa casa (1Tm 5.8). Depois devemos fazer o bem a todos, “[…] mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10). A igreja não pode ser como o mar Morto, que só recebe. Ela precisa aprender a distribuir um pouco daquilo que Deus lhe dá.
b) Divulgue as necessidades. A primeira orientação é que as necessidades devem ser divulgadas de maneira clara e precisa. Paulo não tem constrangimento algum em contar para os coríntios que ele precisava de dinheiro e por que ele precisava desse dinheiro. Pedir dinheiro de uma forma ética, bíblica, e correta, para motivos corretos é tão moral quanto você cuidar de sua família. Fazer doações para causas cristãs é uma obrigação cristã como ir à igreja, orar ou ser fiel à esposa. A ética cristã para o dinheiro não está relacionada somente aos que doam, mas também tem implicações sobre os que precisam. Sejam igrejas que precisam (socorro a igrejas pobres, missionários, etc…), ou irmãos que precisam (investigar o coração para vencer a vergonha ou superar o orgulho).
c) Doar é um ato de adoração. Paulo normatiza a contribuição, ensinando à igreja o seguinte: “[…] Cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for” (16.2). O ato de ofertar é um ato cúltico, é um ato litúgico, não é uma caridade. É um ato de adoração. É por isso que ele recomenda vincular essa oferta ao primeiro dia da semana. No dia de domingo quando a igreja se reunia para adorar e para cultuar, cada membro da igreja deveria ir ao culto preparado para contribuir, para atender à necessidade da comunide de fé e também dos que passam por necessidade. Doar é um ato de adoração ao Salvador ressurreto. Devemos fazê-lo com espontaneidade e alegria. É triste quando os crentes ofertam apenas como dever e não como um sacrifício agradável a Deus. Paulo apresenta o próprio testemunho à igreja de Filipos: “Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus”.
d) Incentive a contribuição sistemática. O apóstolo Paulo ensina: “[…] cada um de vós ponha de parte, em casa…” (16.2). Paulo propôs planos funcionais para que a igreja de Corinto fosse mais efetiva na contribuição. “Pôr de parte em casa” significa separar regularmente o dinheiro para a oferta. Se não formos sistemáticos e regulares na contribuição, nunca vamos contribuir. Se esperarmos sobrar para contribuir, possivelmente não ofertaremos. Se fôssemos tão sistemáticos na contribuição, quanto nos nossos investimentos, a obra de Deus prosperaria muito mais.
e) A contribuição deve ser proporcional. O apóstolo Paulo esclarece: “[…] conforme a sua prosperidade…” (16.2). Paulo mostra duas coisas: Não é para sobrecarregar uns nem deixar outros sem responsabilidade. Ninguém está isento de contribuir. A contribuição deve ser justa. Quem ganha mais deve contribuir mais. Quem ganha menos deve contribuir menos. Dentro da proporcionalidade todos estão contribuindo de igual modo. Um cristão de coração aberto não pode manter a mão fechada. A contribuição é uma graça e não um peso. Se nós apreciamos a graça de Deus a nós, deveremos ter alegria em expressar a graça por intermédio de nós, pela oferta generosa aos outros.
f) A contribuição deve ser privilégio de todos. Paulo prossegue: “[…] cada um de vós…” (16.2). Todas as pessoas podem e devem contribuir. Paulo esperava que cada membro da igreja participasse da oferta, tanto os ricos quanto os pobres. Os crentes da Macedônia chegaram a rogar insistentemente a graça de participar da contribuição aos santos (2Co 8.4). O que é graça? Graça é um dom imerecido de Deus. É Deus quem nos dá o privilégio imerecido de cooperarmos com a Sua obra. Quando entendemos isso, nos alegramos no privilégio de contribuir sem que isso seja um peso. Mas entendemos que é um ato coletivo de adoração, onde vemos a igreja de Cristo prosperar e avançar na obra de Deus.
Mas a mordomia cristã aqui não é incentivada somente no ponto de vista financeiro, ela vai além.

Tempo

1Coríntios 16.5–9 NAA
5 Irei visitar vocês por ocasião da minha passagem pela Macedônia, porque devo passar pela Macedônia. 6 E bem pode ser que eu me demore ou mesmo passe o inverno com vocês, para que vocês me encaminhem nas viagens que eu tenha de fazer. 7 Porque não quero, agora, ver vocês apenas de passagem, pois espero permanecer algum tempo com vocês, se o Senhor o permitir. 8 Mas ficarei em Éfeso até o Pentecostes, 9 porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se abriu para mim; e há muitos adversários.
Paulo destaca pontos importantes a respeito da nossa responsabilidade com o tempo, que cristãos devem fazer o uso sábio do tempo. Paulo dá o exemplo falando dos seus planos, e ao mesmo tempo reconhece que esses planos só irão acontecer se Deus permitir. Há dois extremos que precisamos evitar: Não fazer planos ou fazer planos sem submetê-los à direção de Deus. “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor” (Pv 16.1). Todo o plano deve estar debaixo da direção de Deus (Tg 4.13–17).
Outro aspecto que aprendemos em relação ao uso do tempo, é que os cristãos devem aproveitar todas as oportunidades e entar pelas portas que Deus abre. Esse é o signficado de "remir o tempo"que Paulo também fala em Efésios 5.15,16 . É nesse sentido que o apóstolo diz: “Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes; porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e há muitos adversários”. duas coisas tremendas estão aqui lado a lado: Oportunidade e dificuldade. Aparentemente essas duas coisas não combinam. Somos levados a crer em nossos dias que oportunidade é símbolo de facilidade e não de dificuldade. Paulo vê as oportunidades como “uma porta grande e oportuna”, mas também vê as dificuldades “e há muitos adversários”.
Paulo fala isso porque enquanto estava em Éfeso e escrevia essa carta, ele enfrentava forte oposição, e encarava essas dificuldades como oportunidade. O objetivo era a glória de Deus que está além das circunstâncias. Quantas vezes desistimos por causa de dificuldades, e criamos uma idéia que "para ser de Deus" tudo tem que ser facilitado. Aproveitar todas as oportunidades que Deus dá independente das circunstâncias é reconhecer que Deus está acima de qualquer dificuldade e age até mesmo no meio do sofrimento.

Pessoas

1Coríntios 16.10–24 NAA
10 E, se Timóteo for, façam tudo para que não tenha nada a temer enquanto estiver entre vocês, porque trabalha na obra do Senhor, como também eu. 11 Portanto, que ninguém o despreze. Ajudem-no a continuar a viagem em paz, para que venha até aqui, visto que o espero com os irmãos. 12 Quanto ao irmão Apolo, muito lhe tenho recomendado que fosse visitar vocês em companhia dos irmãos, mas ele não quis de jeito nenhum ir agora; irá, porém, quando tiver oportunidade. 13 Fiquem alertas, permaneçam firmes na fé, mostrem coragem, sejam fortes. 14 Façam todas as coisas com amor. 15 E agora, irmãos, eu peço a vocês o seguinte: os membros da casa de Estéfanas são as primícias da Acaia e eles se consagraram ao serviço dos santos. 16 Portanto, sujeitem-se a pessoas como eles, bem como a todo aquele que é cooperador e obreiro. 17 Alegro-me com a vinda de Estéfanas, de Fortunato e de Acaico, porque eles supriram o que faltava da parte de vocês. 18 Porque trouxeram refrigério ao meu espírito e ao de vocês também. Deem o devido reconhecimento a homens como esses. 19 As igrejas da província da Ásia mandam saudações. Também Áquila e Priscila mandam cordiais saudações no Senhor, juntamente com a igreja que se reúne na casa deles. 20 Todos os irmãos mandam saudações. Saúdem uns aos outros com um beijo santo. 21 Eu, Paulo, escrevo a saudação de próprio punho. 22 Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata! 23 A graça do Senhor Jesus esteja com vocês. 24 O meu amor esteja com todos vocês, em Cristo Jesus.
Paulo por fim fala aqui de relacionamentos. Vemos Paulo valorizando as pessoas, mesmo aquela igrejas com sérios problemas e com crentes tão carnais, ele se dirije a elas sempre como "santos", com empatia e respeito. Paulo estava preocupado em ganhar almas, mas também em criar relacionamentos verdadeios. Paulo era um cristão hospitaleiro, que é uma característica espiritual e não simplesmente um traço de personalidade. Paulo valoriza, elogia e destaca o trabalho das pessoas que cooperaram com a igreja de Cristo e também com seu ministério individualmente. Ele nomina as pessoas, as elogia e as encoraja. Que coisa fantástica! Você tem o hábito de valorizar o trabalho das pessoas? Você tem o hábito de elogiar as pessoas pelo trabalho que elas realizam? Você tem o hábito de encorajar as pessoas? Muitos pensam que quando as pessoas acertam não estão fazendo mais do que a obrigação. Se algo sai errado, então vem a crítica, mas se sai certo, não existe palavra alguma de encorajamento. Paulo sabia da importância do elogio. Um elogio faz um bem tremendo! Uma palavra de encorajamento é um bálsamo para a alma. Paulo nos ensina esse princípio. Temos de aprender esse princípio da Palavra de Deus de encorajar, estimular, e abençoar as pessoas.
Esse princípio se aplica a todos os nossos relacionamentos: Relação com os filhos, cônjuges, amigos, colegas de trabalho, empregados, subordinados, chefes/superiores, irmãos em cristo, liderados e líderes/pastores. Pessoas que só sabem criticar, ver defeito em tudo e são maledicentes apenas demonstram com essa postura o quanto são carnais. Essa é uma característica de uma fé fraca, não é um traço de personalidade, mas um problema espiritual. Ore por essas pessoas, mas em determinados momentos, se afaste de pessoas tóxicas para que você não seja amargurado e contaminado. Lembre-se gratidão é marca de um cristão verdadeiro. Quem não consegue identificar uma qualidade sequer em alguma pessoa que ela se relaciona demonstra mais a respeito de si do que a respeito de quem ela critica.
Provérbios 6.16–19 NAA
16 Seis coisas o Senhor Deus odeia, e uma sétima a sua alma detesta: 17 olhos cheios de orgulho, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 18 coração que faz planos perversos, pés que se apressam a fazer o mal, 19 testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia discórdia entre irmãos.

Conclusão

Paulo admoesta aquela igreja em vários pontos, e em sua conclusão dessa carta ele menciona questões corriqueiras do dia-a-dia, como nossa relação com o dinheiro, tempo e pessoas. O que isso signifca? Que embora o ponto central do evangelho seja resolver o nosso probelma com a eternidade, ele também redime o nosso presente. O evanggelho redime nossa relação com o dinheiro, com o tempo e também nossos relacionamentos. Essas são evidências da nossa salvação. O pecado além de nos condenar a morte eterna, trouxe desordem nos fazendo escravo das coisas (dinheiro e bens), do tempo (desperdiço meu tempo com muitas coisas que não possuem valor eterno) e com o próximo (uso pessoas para objetivos pessoais e individuais).
Mas a boa noticia do evangelho aponta para Jesus que não se preocupou em ter, que gastou seu tempo em servir e amou de forma sacrificial pessoas que não eram dignas de serem amadas.
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