A Revelação de Jesus Cristo
Notes
Transcript
A. Introdução
I. O Propósito do Livro - No geral, o propósito do livro do Apocalipse é confortar a Igreja militante nas lutas contra as forças do mal. E cheio de auxílio e de consolação para os cristãos sofredores perseguidos.
A esses é dada a segurança de que Deus vê suas lágrimas (7.17; 21.4); suas orações são influentes nos negócios do mundo (8.3, 4) e sua morte é preciosa aos olhos do Senhor. A vitória final lhes é assegurada (15.2); seu sangue será vingado (19.2); seu Cristo vive e reina para sempre e sempre. Ele governa o mundo e os interesses da sua Igreja (5.7, 8). Ele está voltando de novo para tomar seu povo para si mesmo na "festa das bodas do Cordeiro" e para viver para sempre com ele num universo rejuvenescido (21.22).
II. O Tema do Livro - O tema é a vitória de Cristo e de sua Igreja sobre o dragão (Satanás) e seus seguidores. O Apocalipse tem o objetivo de nos mostrar que as coisas não são como parecem ser.
III. Destinatários do Livro - o livro foi escrito para os crentes que viviam nos dias e época de João.
É a resposta de Deus às orações e lágrimas dos cristãos perseguidos e espalhados pelas cidades da Ásia Menor.
Mas foi escrito não só para os crentes que primeiro o leram, mas para todos os crentes desta dispensação toda.
B. REGRAS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO
I. O livro do Apocalipse consiste de sete seções. Elas são paralelas, divididas em dois cenários e cada uma cobre toda a nova dispensação, da primeira à segunda vinda de Cristo.
a. O conflito na terra. A Igreja perseguida pelo mundo. A Igreja é desagravada, protegida e vitoriosa (Ap 1-11).
1. Cristo no meio dos sete candeeiros de ouro (1-3).
2. O livro com sete selos (4-7).
3. As sete trombetas do juízo (8-11).
b. O cenário espiritual mais profundo. Cristo (e sua Igreja) perseguido pelo dragão (Satanás) e seus auxiliares. Cristo e sua Igreja são vitoriosos (Ap 12-22).
4. A mulher e o "filho varão" perseguidos pelo dragão e seus auxiliares (bestas e a grande prostituta) (12-14).
5. As sete taças de ira (15, 16).
6. A queda da grande prostituta e das bestas (17-19).
7. O juízo sobre o dragão (Satanás) seguido do novo céu e nova terra, a Nova Jerusalém (20-22).
II. As sete seções do Apocalipse são organizadas em ordem climática crescente.
Há progresso na ênfase escatológica. O juízo final é, primeiramente, anunciado, depois, apresentado e, finalmente, descrito. Igualmente, o novo céu e a nova terra são descritos mais plenamente na seção final do que nas precedentes.
III. A estrutura do livro consiste de figuras móveis e Simbolismos. Os detalhes que pertencem à figura devem ser interpretados em harmonia com o pensamento central.
Devemos fazer duas perguntas. Primeiro: o que é a figura toda? Segundo: qual é a ideia predominante?
Esses detalhes pertencem ao quadro, tal como a mula, o vinho, o óleo, etc. pertencem à parábola do Bom Samaritano.
Como olhar uma árvore e seus galhos...
Como norma, os detalhes pertencem à figura, ao símbolo. Não podemos dar uma interpretação "mais profunda" aos detalhes, a menos que isso seja necessária para ressaltar o pleno sentido da idéia central do símbolo.
Por que João valeu-se de simbolismo? 1) esse tipo de "código espiritual" é compreendido somente pelos que conhecem a Cristo pessoalmente. Para um oficial romano que tentasse usar Apocalipse como prova contra os cristãos, o texto não passaria de um enigma.
2) O simbolismo não sofre os efeitos do tempo. João lança mão das grandes "imagens" da revelação de Deus e as organiza na forma de um drama empolgante que tem encorajado santos per seguidos e aflitos ao longo dos séculos.
3) Os símbolos não apenas transmitem informações, mas também comunicam valores e suscitam emoções.
João poderia ter escrito: "o mundo será governado por um ditador"; em vez disso, porém, descreveu uma besta. O símbolo é muito mais significativo do que o título "ditador". Em lugar de explicar o sistema do mundo, o apóstolo apresenta "a grande Babilônia" e contrasta a "meretriz" com a "noiva". O nome Babilônia, por si mesmo, era suficiente para transmitir verdades espirituais profundas aos leitores que conheciam o Antigo Testamento.
IV. Selos, trombetas, taças de ira e símbolos semelhantes referem-se não a eventos específicos, acontecimentos singulares, ou detalhes históricos, mas a princípios – de conduta e de governo moral divino – que são operantes através da História do mundo, especialmente ao longo da nova dispensação.
O livro tem um propósito ético e um propósito espiritual. Se esses símbolos indicassem apenas eventos futuros e isolados, isso satisfaria a curiosidade de algumas pessoas, mas, dificilmente, as pessoas teriam sido edificadas.
Por outro lado, se cremos que o livro revela os princípios de governo moral divino, sempre operantes qualquer que seja a época em que vivamos, poderemos ver a mão de Deus na História, e seu braço poderoso protegendo-nos e dando-nos a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo - e assim, só assim, seremos edificados e consolados
V. O Apocalipse é fundado nas Sagradas Escrituras. Deve ser interpretado em harmonia com toda a Bíblia.
Ao procurar entender o simbolismo de João, não se deve deixar a imaginação correr solta. Os símbolos bíblicos são coerentes com a revelação das Escrituras em sua totalidade.
Há em Apocalipse quase trezentas referências ao Antigo Testamento! Isso significa que se deve basear as interpretações no que Deus já revelou pois, de outro modo, acaba-se tirando conclusões equivocadas acerca deste livro profético tão importante.
TEMA: A REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO
1. É A PALAVRA DE DEUS A SEUS SERVOS – v. 1,2
O título do livro é: "O Apocalipse [revelação] de Jesus Cristo". E uma revelação ou desvendamento do plano de Deus para a História do mundo, especialmente da Igreja.
É, portanto, uma comunicação direta de Deus e não provinda de qualquer fonte humana. E chamado de Apocalipse de Jesus Cristo porque Jesus Cristo mostrou-o a João e, por meio dele, à Igreja.
Essa não é uma revelação de João. É a Revelação de Jesus Cristo. Ele revela esse plano à sua Igreja.
"...que Deus lhe deu..." - Foi Deus, que deu, também, ao Mediador o plano para a História do mundo e da Igreja (Ap 5.1,7). Deu-lhe esse plano a fim de que ele pudesse fazê-lo conhecido, em seus princípios gerais, aos seus servos.
Esse plano diz respeito às coisas que em breve devem acontecer. E elas, de pronto, começam a acontecer.
Esses versículos desencorajam as visões "futuristas" do Apocalipse. Com certeza o livro trata de muitas coisas que ainda jazem no futuro. Mas note-se que a João foram mostradas "as coisas que em breve devem acontecer".
Esta última frase é emprestada da literatura apocalíptica pré-cristã e sutilmente modificada por João. A revelação dada a Daniel consistia no que haveria de acontecer nos últimos dias (Dn 2:28 – e Joel 2.28-32)
A igreja primitiva acreditava que o início da era cristã e o princípio dos últimos dias, mencionados por Daniel e Joel, aconteceram simultaneamente (At 2:16ss; 3:24).
Sua intenção é mostrar que os eventos preditos para um futuro distante por Daniel devem agora, nos dias de João, acontecer em breve. Neste contexto podemos entender melhor a expressão "o tempo está próximo" (v.3).
E João viu a chegada dos últimos dias. O estabelecimento do reino de Deus foi iniciado com a vinda de Cristo, e a promessa feita por Daniel começou também a ser cumprida.
O cumprimento de profecias é um processo que pode ser prologado e não algo que vem de imediato.
O processo que leva ao clímax ocupa toda a era da pregação do Evangelho, indo da inauguração do reino (Ap 12:10) até o seu triunfo final (Ap 11:15).
Se o que Daniel previu para os últimos dias é o que o anjo está trazendo para João, então o tempo está, de fato, próximo. Ao chegar a carta aos destinatários, nas igrejas da Ásia, eles poderão afirmar que "estas coisas estão, de fato, acontecendo agora".
”por intermédio de seu anjo” - Jesus comissiona um anjo para guiar e para demonstrar a João, por meio de visões, os elementos do plano a ser revelado.
Esse guia angélico mostra a João a visão do céu; depois, da terra, do deserto e do novo céu e da nova terra.
Finalmente temos “seu servo João”. Refere-se ao apóstolo João. João não encobre essas visões. Ele atesta "a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu".
V. 2 - Os profetas do atdenominaram sua mensagem de “palavra de Deus” (ASSIM DIZ O SENHOR), contudo João combina com esta expressão uma outra: “testemunho de Jesus Cristo”.
Neste ponto já se anuncia a frase que é significativo para toda a mensagem do Apocalipse: Deus e o Cordeiro
Constitui um termo técnico para o recebimento de uma revelação profética propriamente dita, razão pela qual no tempo antigo os profetas eram chamados de “videntes”.
2. É A PROMESSA DE BÊNÇÃOS DE DEUS A SEUS SERVOS – v. 3
"Bem-aventurados aqueles que lêem". Os livros tinham de ser copiados à mão, sendo, portanto, poucos em número e bastante caros. Além disso, muitos cristãos não sabiam ler.
Assim, um leitor era indicado para proceder a leitura diante do povo reunido para o culto.
O leitor que lia com coração confiante é declarado bem-aventurado.
É bem-aventurado aquele que ouve estas palavras. Grande é o privilégio de poder ouvir a Palavra de Deus em nosso próprio idioma. Isso custou muito caro aos que o adquiriram para nós. Muitos morreram para que pudesse ser assim.
Mas a bem-aventurança é para os que guardam as palavras da profecia. Todos os crentes que lêem e estudam esse livro com a atitude apropriada são declarados bem-aventurados. Lembre-se de que o tempo está próximo; a predição começa, imediatamente, a ser cumprida: São bem-aventurados HOJE.
Todo privilégio vai acompanhado de uma responsabilidade; e o privilégio de ouvir leva consigo a responsabilidade de escutar, lembrar e obedecer.
Profecia significa uma continuação da palavra de Deus nas Escrituras do Antigo Testamento e indica que Deus é seu autor, que a dota de autoridade. A mensagem profética do Apocalipse assume, portanto, o lugar que lhe cabe por direito entre os outros livros do cânon.
E isto é ainda mais verdadeiro porque o tempo que resta é curto. O momento do juízo final — diz João — está próximo (versículo 3). A Igreja Primitiva vivia na expectativa da iminente volta de Jesus Cristo.
APLICAÇÕES:
1. Ao estudarmos o livro de Apocalipse, lembre-se que essa é a PALAVRA DE DEUS (não do pastor que está pregando...)
2. Essa palavra é destinada aos servos de Deus. Por isso, se você se considera discípulo de Jesus, um servo de Deus, essa palavra é PESSOALMENTE para você. Evite aplica-la à igreja como “multidão de pessoas”
3. Estude com o propósito de GUARDAR (=praticar) e não para satisfazer sua curiosidade. Nenhum cristão deve estudar as profecias apenas para satisfazer sua curiosidade.
Quando Daniel e João receberam a revelação de Deus acerca do futuro, ambos caíram como se estivessem mortos (Dn 10:7-10; Ap 1:1 7). Ficaram sobrepujados! Deve-se abordar este livro como admiradores e adoradores, não apenas como estudiosos acadêmicos.
4. Lembre-se que nem você nem eu temos muito tempo pela frente... “o tempo está próximo”.