O dilema de Deus na salvação humana

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Romanos 3.21–26 (RA)
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.

Introdução

O livro de Romanos é o maior tratado de soteriologia já escrito. Paulo, pretendendo chegar à Espanha, planejou fazê-lo com o apoio financeiro dos crentes de Roma. Como ele ainda não os conhecia pessoalmente, prepara o caminho escrevendo a igreja de Roma. Ao fazê-lo ele dedicada os 12 primeiros capítulos para apresentar uma síntese da mensagem que pregava entre os gentios.
No capítulo 1.16, Paulo dá um spoiler de todo o seu argumento acerca da salvação:
Romanos 1.16 (RA)
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego;
Nos primeiros doze capítulos, então, Paulo explica em detalhes o porquê o evangelho é o poder de Deus para salvar todo homens, seja judeu, seja grego (gentio).
Enquanto o Velho Testamento narra a história de como o homem caiu de forma irremediável do estado de perfeição em que foi criado, e os evangelhos revelam a providência última de Deus na pessoa e obra de nosso Senhor Jesus Cristo, o livro de Romanos os interpreta, descortinando o plano eterno de Deus para a salvação do homem.
O ápice da epístola é Romanos 3.21-26. Nesses seis versículos, Paulo apresenta a doutrina da justificação. Não sem, a passagem é considerada por grandes expositores como o ápice da revelação divida acerca da grandiosidade da salvação providenciada por Deus, em face da absoluta incapacidade humana para alcançá-la por seus próprios méritos.
Sobre a importância do tema, o Teólogo reformado Turretini, em sua obra Compêndio de Teologia Apologética, volume 2, declara:
Como na cadeia da salvação a justificação segue a vocação (Rm 8.30) e, em outra parte, se apresenta como o efeito primário da fé, o tópico concernente à vocação e à fé gera o tópico concernente à justificação. Isso deve ser manejado com o máximo cuidado e precisão, uma vez que esta doutrina salvífica é da máxima importância na religião. Ela é chamada por Lutero de “o artigo que faz uma igreja ficar de pé ou cair”. Por outros cristãos, ela é designada como a característica e base do Cristianismo, ...a principal plataforma da religião cristã. Uma vez sendo adulterada ou subvertida, é impossível reter a pureza da doutrina em outras partes. Por isso Satanás, de todas as formas, tem tentado corromper esta doutrina em todas as eras... Por esta razão, ela é merecidamente situada entre as causas primárias de nossa separação da igreja romana e da existência da Reforma.
Ainda sobre o tema, temos:
João Calvino
A doutrina da justificação é o eixo ao redor do qual tudo evolve.
J. I. Packer
A doutrina da justificação pela fé por si só é o Atlas que carrega toda a fé cristã em seus ombros. Se a justificação pela fé somente falhar, toda a fé cristã cai por terra.
Em nosso texto comporto por seis versículos, a repetição da palavra ‘justiça” e outras do seu campo semântico são indicativos, igualmente, da importância da doutrina para o apóstolo Paulo

A quantidade de vezes que aparece a palavra justiça

4 vezes (v. 21, 22, 25, 26)
Rm 3.21 “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;”
Rm 3.22justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem...”
Rm 3.25 “a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça...”
Rm 3.26 “tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente...”

A quantidade de palavras correlatadas à palavra justiça

3 vezes (v. 24, 26)
Rm 3.24 “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,”
Rm 3.26 “tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.”

O objetivo de nossa mensagem é entender como Deus se tornou justo e justificador simultaneamente.

Romanos 3.26 (RA)
tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.

I - A manifestação do dilema

Paulo divide a humanidade em dois grandes grupos: gentios e judeus.

1. Sobre a condição dos gentios, escreve:
Romanos 1.20 (RA)
Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
Romanos 1.24 (RA)
Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
Romanos 1.26 (RA)
Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
Romanos 1.28 (RA)
E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes,
Romanos 1.29–31 (RA)
cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia.
2. Sobre a condição dos judeus, declarou:
Romanos 2.1 (RA)
Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas.
Romanos 2.3 (RA)
Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?
3. Conclui colocando ambos sob idêntica condenação:
Romanos 3.9–10 (RA)
Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
Romanos 3.19–20 (RA)
Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
1. Como Deus justo, Ele tem que executar a sentença de condenação.
Romanos 6.23 (RA)
“porque o salário do pecado é a morte...”
Ezequiel 18.4 (RA)
“...a alma que pecar, essa morrerá.”
Romanos 3.23 (RA)
“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”
(Resumo conclusivo dos três primeiros capítulos de Romanos)
2. Como Deus justificador, Ele precisa declarar justo o culpado.

A natureza de Deus o obriga a exercer justiça, condenando o pecador.

Deus não pode mentir
Tito 1.2 (RA)
na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos
Malaquias 3.6 (RA)
Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
Números 23.19 (RA)
Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?
Deus não pode inocentar o culpado
Naum 1.3 (RA)
O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.
Êxodo 23.7 (RA)
Da falsa acusação te afastarás; não matarás o inocente e o justo, porque não justificarei o ímpio.
Provérbios 17.15 (RA)
O que justifica o perverso e o que condena o justo abomináveis são para o Senhor, tanto um como o outro.

II - A solução foi encontrar o substituto

Romanos 3.24–25 (RA)
sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;

O substituto identificado

Romanos 3.24 (RA)
sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
Romanos 3.25 (RA)
a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, ...

Como ficaram os que morreram antes da vinda do substituto?

Condenação suspensa
Romanos 3.25 (RA)
a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;

A aplicação da obra redentora

Mediante a fé
Romanos 3.22 (RA)
justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção,
Romanos 3.25 (RA)
a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;

III - A justificação aplicada

1. Justificação é um ato
2. Justificação é alheia e não intrínseca à natureza humana
Romans 3:22 (RA)
justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; porque não há distinção,
Romans 3:21 (RA)
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
Romans 4:1–3 (RA)
Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Pois que diz a Escritura?
Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
3. Imputação - Nossos pecados foram imputados a Cristo, sua justiça foi imputada a nós.
R. C. Sproul - A natureza forense da justificação: InJustificação pela fé somente
“Nossa redenção é realizada pela obra de Cristo. Na expiação, Cristo satisfaz as demandas da justiça de Deus sofrendo e morrendo em nosso lugar. Ele recebe em si a penalidade devida ao nosso pecado. Ele recebe a maldição declarada como devida a todo aquele que deixa de cumprir a lei de Deus. Essa é uma obra vicária ou substitutiva. Cristo morreu “a favor de” (“huper”) seu povo. Ele é o Cordeiro de Deus que leva sobre si o fardo do nosso pecado. A expiação compreende a atribuição judicial de nossos pecados a Cristo. Se nossos pecados fossem infundidos nele em lugar de imputados, ele se tornaria inerentemente mau e incapaz, portanto, de oferecer expiação por ele mesmo, muito menos por nós.”
4. Por fim, Paulo deixa claro que a justificação não é uma teologia nova, visto que ela já era testemunhada pela lei e pelos profetas.
Romanos 3.21 (RA)
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;

Conclusão

Na cruz Deus é justo, porque aplicou a justiça. Deus é justificador, porque a justiça foi aplicado sobre o Substituto, Jesus Cristo.
O instrumento pelo qual todo o processo se concretiza é a fé.

Aplicação

Regozijemo-nos e descansemos na certeza de que nossa justificação é um ato forense, único, externo e fundamentado na obra de obediência e morte de Jesus, que nos foi imputada, mediante a fé.
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