O enredo da salvação
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MOISÉS E A LIBERTAÇÃO DO IMPERIALISMO
Assim, os egípcios nomearam capatazes para dirigir o trabalho do povo. Sob opressão, os israelitas construíram Pitom e Ramessés, duas cidades que serviam de centros de armazenamento para o faraó.
[...] Tornaram a vida deles amarga, obrigando-os a preparar argamassa, produzir tijolos e fazer todo o trabalho nos campos. Eram cruéis em todas as suas exigências. – Ex 1.11,14.
Quando o faraó se aproximava, os israelitas levantaram os olhos e viram os egípcios marchando contra eles.
Em pânico, clamaram ao Senhor e disseram a Moisés: “Por que você nos trouxe ao deserto para morrer? Não havia sepulturas no Egito? O que você fez conosco? Por que nos forçou a sair do Egito?
Quando ainda estávamos no Egito, não lhe avisamos que isso aconteceria? Dissemos: ‘Deixe-nos em paz! Continuaremos a servir os egípcios. Afinal, é melhor ser escravo no Egito que ser um cadáver no deserto!’”.
Moisés, porém, disse: “Não tenham medo. Apenas permaneçam firmes e vejam como o Senhor os resgatará neste dia. Vocês nunca mais verão os egípcios que estão vendo hoje. - Ex 14.10-13
INTRODUÇÃO:
Temos estudado nas últimas aulas a questão do mal no mundo. Quero dizer, por que nós vemos as coisas que vemos nos noticiários? Por que a tanta pobreza? Vimos que a Bíblia nos diz que esse problema começou bem cedo na história humana (“no princípio”), quando os seres humanos preferiram ter uma percepção pessoal da realidade, em troca de poder conviver com a própria realidade; conviver com o próprio criador do mundo. Nós sabemos o aconteceu a partir de então: assassinato, ganância, violência sexual e uma série de outras barbaridades que permeiam os primeiros capítulos de Gênesis.
📷Mas vimos também que Deus começou a solucionar esse problema bem cedo, em especial através de sua aliança com Abraão, a quem prometeu uma descendência que fosse capaz de superar as mazelas do mundo. Mas o enredo bíblico se parece muito com uma espiral, e depois de um evento de ordem, logo encontramos o caos outra vez. É o que acontece nos eventos pós-Abraão: mentiras, ganância, traições, estupro, racismo e, por fim, as primeiras cenas de um mal que dominará toda a história da humanidade, a escravidão.
Se o enredo fosse cíclico, não teríamos motivos para continuar a acompanha-lo, grave isso: o enredo da salvação é uma espiral, de modo que a libertação está sempre mais próxima de seu clímax. Aliás, esse é o tema de hoje no episódio de nosso enredo: Moisés e a libertação do imperialismo.
I - O DEUS QUE SE APROXIMA EM MEIO AO CAOS:
📷É interessante observar que na espiral de nosso enredo, sempre que a história entra num ponto de declínio (caos), a virada para uma nova ascendência (o famoso “upgrade”) de ordem parti de Deus. Vamos lembrar mais uma vez? Quando o mundo era “sem forma e vazio”, o Espírito de Deus pairava sobre as trevas que logo se tornariam em luz; quando a humanidade, desde Adão, se inflamou em suas próprias maldades, é Deus que se revela a Noé; quando Abrão era apenas um nômade no deserto, é Deus quem o chama para uma aliança. Agora, quando o povo escolhido se encontrava sob opressão imperialista, não se houve qualquer murmúrio de oração, mas Deus mais uma vez se revela ao seu povo, e através de Moisés temos um novo upgrade em nosso enredo. Isso nos lembra duas coisas:
I. No nosso enredo não temos heróis humanos, a iniciativa é sempre de Deus;
II. Não importa que tipo de caos se instale, haverá sempre um escape
II – SALVAÇÃO E LIBERTAÇÃO – O DEUS QUE VENCE O CAOS:
Toda história tem sua cena principal. Seja o beijo de Anne de Green Gables em Gilbet Blythe, seja o Homem de Ferro que tira as poderosas joias do infinito da manopla do terrível Thanos. Essas cenas principais nós chamamos de clímax do enredo. Normalmente é a parte mais importante de uma história. Em nosso enredo (a história da libertação do Egito), a abertura do Mar Vermelho é o ponto mais alto, seu clímax – ou, simplesmente, um plot twist.
📷Sabe quando vemos um filme e sentimos que já vimos uma cena parecida em alguma outra história? Touché, na cultura pop o nome disso é crossover. E no nosso enredo (por que não?) também temos um. Isso acontece quando, imprevisivelmente, Deus abri o Mar para os israelitas passarem, e uma “nuvem escura trouxe trevas para os egípcios, mas luz para os israelitas. [...] Então Moisés estendeu a mão sobre o mar e, com um forte vento leste, o Senhor abriu caminho no meio das águas. O vento soprou a noite toda, transformando o fundo do mar em terra seca” Ex 14.20,21.
Você consegue se lembrar disso em outra cena? Pois é, trata-se de uma forma de reinterpretar a vitória sobre o Egito (então a maior potência imperial do mundo) à luz da vitória de Deus sobre o caos primevo. Em outras palavras, os hebreus entendiam a libertação do caos imperialista como uma nova criação. É preciso ter a memória boa. Nós vimos que a criação em Gn 1 não é sobre criação material, mas sobre como Deus pôs em ordem (o que antes era “sem forma e vazia”) o lugar da sua habitação e descanso (não é isso que ele faz no sétimo dia?), o seu Templo; vimos também que Adão e Eva foram comissionados a cuidar da habitação de Deus, e gozavam da sua presença, embora tenham 📷caído na tentação de possuírem uma percepção diferente de bem e mal (o que restringe sua percepção de liberdade, lembram-se dos ramos?). Não é sem razão que quando os hebreus fazem uma releitura de sua saída do Egito à luz de Gn 1, o enredo termina com a construção do tabernáculo e Deus voltando a habitar no meio do seu povo (Ex 40). Um crossover é um crossover não é mesmo? Nunca foi só sobre paredes de água. A libertação imperialista tinha uma dimensão muito maior para os hebreus oprimidos:
I. Significava a liberdade de não ser subserviente aos poderes imperiais do Egito;
II. Acompanhando o evento de libertação como releitura de Gn 1-3, significava também um retorno às condições de harmonia ambiental, social e espiritual que tinham em Gn 2 (vimos isso na outra aula, lembram?).
III. Para os hebreus, era também um retorno à condição de dependência divina (que eles irão experimentar no deserto), que também lhes proporciona uma percepção melhor da realidade (que eles experimentam na promessa de Canaã).
III – SAINDO AS PRESSAS – O CORDEIRO IMOLADO E UM SINA INDELÉVEL: