Medo

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Introdução

Certamente 2020 e 2021 foi o período onde os sentimentos foram postos a prova. Talvez você pessoalmente tenha vivido outro período que seus sentimentos foram testados, mas pensando coletivamente, certamente não houve nesta geração um período onde todos os habitantes da Terra foram submetidos assim. Por isso, estamos começando uma nova série de mensagens a respeito das emoções, porque entendemos que precisamos pregar o evangelho todo para o homem todo. Que a pregação do evangelho não só resolve o problema da eternidade mas também as implicações do pecado nesta era presente.
Sim, se existe crise, doenças, pandemias e outras coisas ruins, é por conta do mundo em desajuste por conta do pecado. Se muitas vezes não sabemos lidar com os nossos sentimentos e somos influenciados e até controlados por eles é porque nossa natureza também foi afetada pelo pecado. O evangelho compreende o ser humano por completo, inclusive as suas emoções. Por isso, a grande questão é: como você tem reagido e lidado com suas emoções uma vez que o evangelho te alcançou e fez com que você nacesse denovo?
Começaremos nossa série falando sobre um sentimento comum a todo ser humano: O medo. Quem fala que não tem medo de nada, mente. Todos nós sentimos medo de alguma coisa, talvez em proporções diferentes, mas é fato que sentimos. Nos aconselhamentos, conversas, pedidos de oração, temos percebido isso também. E a emoção que mais tem aparecido na população durante esse período que temos vivido é o medo. Pessoas com medo da morte, gente com medo de não ter acesso a equipamentos de saúde caso estejam contaminadas, outros tantos com medo de perderem alguém, outros com medo de não conseguirem suprir as necessidades familiares, porque com a pandemia, vêm também problemas econômicos e até. Tem gente com medo de tomar vacina, tem gente que tem medo de não tomar a vacina, tem gente que tem medo de um suposto sistema de controle social sendo implantado na população, etc...
Não quero desdenhar do medo de ninguém, de alguma forma todo medo é legitimo, o sofrimento humano é solo sagrado e cada um tem o seu. Mas, uUma das histórias mais fantásticas sobre medo está em Marcos 4:35-41.
Marcos 4.35–41 NAA
35 Naquele dia, sendo já tarde, Jesus disse aos discípulos: — Vamos passar para a outra margem. 36 E eles, despedindo a multidão, o levaram assim como estava, no barco; e outros barcos o seguiam. 37 Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava se enchendo de água. 38 E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro. Os discípulos o acordaram e lhe disseram: — Mestre, o senhor não se importa que pereçamos? 39 E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: — Acalme-se! Fique quieto! O vento se aquietou, e tudo ficou bem calmo. 40 Então Jesus lhes perguntou: — Por que vocês são tão medrosos? Como é que ainda não têm fé? 41 E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: — Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?
Era uma situação incomum. Aliás, pela geografia, localização do Mar da Galileia, ou Tiberíades, que era na verdade um lago, era comum que ocorressem tempestades. Mas essa era uma situação um pouco, ou muito pior e isso pode ser percebido por meio das atitudes dos discípulos.11 dos 12 eram dessa região e pelo menos 4 deles eram pescadores.
O verso 35 começa dizendo que naquele dia, ao anoitecer, ele disse aos discípulos que passassem ao outro lado. O que havia acontecido naquele dia? Se você voltar alguns versos vai perceber que Jesus estava ensinando sobre o Reino de Deus e a realidade da fé. Nesse texto ele ensina sobre a parábola do grão de mostarda e a importância de terem fé. E agora os discípulos enfrentam uma situação terrível e desesperadora, onde eles precisariam vencer usando a fé.
A primeira coisa que aprendemos é que…

1 - Jesus tem um plano na tempestade - Jesus sabia que enfrentariam uma tempestade.

A tempestade fazia parte do seu plano de ensino para os discípulos naquele momento. Como se fosse uma prova prática. Imaginem uma prova de auto escola. Fez a parte teórica? Entendeu? Então tá bom. Vamos ali para a parte prática agora.
Eu não estou dizendo que todas as coisas ruins acontecem para que possamos aprender algo com elas. Mas não podemos negar também que as maiores lições que aprendemos nas nossas vidas são em consequência de uma tempestade ou de um momento difícil.
"Jesus me trouxe para esse vale para falar comigo, e eu não quero perder nem um sussurro do meu Deus"
Nós enfrentamos hoje um momento complicadíssimo. Uma tempestade terrível. Pode ser que você já seja alguém experimentado no sofrimento, já tenha vencido inúmeras crises, mas assim como os discípulos, que eram pescadores, que eram daquela região e ficaram com medo, é possível que essa seja a tua reação diante do que temos vivido.
No verso 36, nós aprendemos que a tempestade é uma realidade e não é exclusividade nossa. Havia outros barcos ao redor. Quando estamos sofrendo, temos a tendência de supervalorizar a nossa dor. Nós homens então… Achamos que a nossa tempestade é sempre pior que a do outro, que a nossa dor dói mais. A tempestade que atingiu os discípulos era a mesma que atingia os outros barcos ao redor. A pandemia que está aí, que nos causa medo, nos mostra também que todos somos iguais. Independente da classe social, etnia, religião, todos fomos atingidos em algum sentido.
E o barco foi enchendo de água. A tempestade que era externa começa a causar danos do lado de dentro. Pode ser que os discípulos pescadores, acostumados com a situação não tivessem ligado tanto quando as ondas estavam batendo contra o barco, mas agora, do lado de dentro começou a haver ameaças, a ponto de eles acharem que iam morrer. A pandemia começou na China, nós começamos a ouvir relatos de mortes. Mas ainda estava longe. Chegou à Europa, milhares de mortos na Itália, Espanha, mas ainda estava longe. Alguns chegaram a afirmar que não chegaria no Brasil, por causa do clima e outros que não acreditavam nos números. Mas chegou, matou milhares de pessoas, e de alguma forma chegou perto de cada um de nós. Se morreram mais de meio milhao de pessoas ou menos não importa, basta uma pessoa que importa para nós para nos afetar. Alguns de nós fomos contaminados, pode ser que você tenha perdido familiares por conta disso ( eu perdi alguns amigos). E é uma sensação de impotência quando percebemos que a tempestade que estava longe, estava fora, Mas de alguma forma ela se aproximou de nós.
Somos corajosos até que nossos recursos não sejam suficientes para nos manter em paz, nossa sabedoria, nossa experiencia. Até não haver mais o que fazer!
Mas como os discípulos reagiram a essa sensação, a esse medo, a esse pavor? O que isso nos ensina.

2 - Eles clamaram por Jesus

Irmãos, é uma lição bem simples, mas como isso nos ensina. Além da tempestade que estava acontecendo no mar, ocorria também uma forte tempestade no coração e na alma daqueles discípulos. Eles não estavam preocupados apenas com a tempestade em si, mas se preocupavam também de que Jesus não os estivesse vendo. Medo de Jesus não estar sentindo o que eles estavam passando. O que te amedronta é a crise, a doença, a pandemia, ou você está se sentindo sozinho, abandonado, com ose Deus não estivesse te ouvindo e sabendo o que você passa nesse momento.
Não era apenas um pedido de socorro, mas uma crítica. Eles não disseram: Senhor, olhe a tempestade, ou estou com medo, mas disseram: Não te importa que morramos?
O Senhor não está vendo? O Senhor não está percebendo?
E as vezes agimos assim. Nossas orações, em muitas situações são para transferir responsabilidades, ou para culparmos Deus, ou o outro pelas tempestades que enfrentamos. Mas aprendemos também que mesmo que não saibamos como orar, ainda assim Jesus nos ouve e nos livra daquilo que nos amedronta.
Com essa procura dos discípulos por Jesus, temos duas sugestões interessantes para momentos como os que vivemos: A primeira delas é bem óbvia que é buscarmos a Deus por meio da oração. Não negligencie essa oportunidade. Ore. Fale com Deus. Participe dos cultos, onde oramos e louvamos juntos e uns pelos outros. Mesmo que você ache que não sabe orar, que não sabe um modo certo de fazer isso, ainda assim, ore… Mesmo que os discípulos não tenham pedido do modo correto, Jesus se levanta e acalma a tempestade diante deles.
E a segunda sugestão se baseia no fato de que Jesus é totalmente Deus, mas para aqueles discípulos Ele é também um homem próximo, um amigo. Uma sugestão é ter boas amizades e pessoas para as quais você pode contar sobre seus medos (amizade com pessoas que nasceram denovo - quem é o mediador entre as suas amizades?). Não ande sozinho, especialmente nesse tempo. Procure pessoas, desabafe, converse sobre coisas serias, converse sobre coisas que não são sérias, ria com teus amigos, se distraia, enfim, tenha amigos. E se você se sente sozinho demais nesse momento, entenda que a igreja é a comunidade de discípulos de Jesus de pessoas que são família, que devem sentir a tua dor, se alegrar contigo. Se envolva. O que mais vejo são pessoas reclamando de se sentirem sozinhas mesmo na igreja, mas não se envolvem em absolutamente nada. Não frequenta um grupo pequeno, não vem ao culto, não se envolve no serviço, não participa da EBD... Isso não é saudável. Viver sozinho não é saudável. Os discípulos recorreram a Jesus que é totalmente Deus, mas é também um amigo presente.
E é interessante que Jesus acalma a tempestade no mar, mas também a tempestade que havia dentro deles. Após dizer ao mar para que se acalmasse, agora o foco muda. Jesus vira para os seus discípulos e faz algumas perguntas. Perguntas essas que fazem eles perceberem o que estavam sentindo diante da tempestade e a razão para isso… Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé… E com isso aprendemos…

3 - A solução para vencer o medo é a fé

Vocês ainda não têm fé? Como assim? Eu falei com vocês o dia inteiro sobre isso. O texto diz que ele falava por parábolas, mas quando estava com seus discípulos, lhes explicava tudo.
Eles foram instruídos sobre a fé, receberam orientações claras e explicações sobre as parábolas do próprio Jesus, mas ainda não tinham fé suficiente para vencer o medo.
Não é a quantidade de conhecimento sobre a fé que te faz vencer as tempestades. Não importa quantos livros você leu sobre isso, quantos sermões ouviu ou até mesmo pregou. A fé não está relacionada ao conhecer, mas ao confiar. Eles sabiam que Jesus domina sobre tudo, eles sabiam que Jesus os amava, mas na hora da tempestade, eles não conseguiam confiar nisso de todo o coração.
E esse pode ser o retrato da tua alma hoje. Eu sei que o Senhor pode todas as coisas. Eu sei que o Senhor tem um plano mesmo em meio a tempestade. Eu sei que eu devo clamar por Jesus. Eu sei, inclusive que para vencer o medo eu preciso ter fé, mas eu não estou conseguindo experimentar isso. O que fazer?
Seja sincero com Jesus sobre os teus medos, peça a Ele que te ajude na tua falta de fé. Mas eu sou cristão, eu creio, mas não consigo descansar e confiar totalmente nisso. Em Marcos no capitulo 9, há uma situação bem especifica que nos ensina sobre isso. Um pai leva até Jesus, um menino que estava possuído por um demônio que o deixara mudo desde a infância. Quando o espírito imundo viu Jesus, causou uma convulsão no menino, de modo que ele rolava no chão e espumava pela boca. Jesus conversa com o pai do menino que lhe conta detalhes e faz um pedido: Se o Senhor pode, faça alguma coisa para nos ajudar. E Jesus responde: Se podes? Tudo é possível ao que crê. E o pai do menino faz uma declaração interessante, quando diz: Eu creio. Me ajuda a vencer a minha incredulidade. Ele crê, mas mesmo assim precisa de ajuda na sua incredulidade? Como assim?
Em certo sentido, ele cria em Jesus. Tanto que levou seu filho até ele para ser curado. Mas será que ele cria o suficiente para confiar que Jesus poderia curá-Lo de fato? As vezes somos assim. Agimos publicamente como crentes em Jesus. Vamos à igreja, postamos versículos nas redes sociais, mas diante de uma crise, do medo, da dúvida, da incerteza, demonstramos total falta de fé. Como reagimos ao medo pela fé? Ignorando o perigo, se achando mais corajosos que todo mundo? Usando a fé como amuleto e Deus como uma entidade protetora? Não! Mas, confiando no caráter de Deus mesmo em meio ao caos e sendo aquilo que Jesus espera que a gente seja: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. As redes socias se tornaram a janela da alma. O Fruto do Espirito deve ser a fé em prática de todo cristão (fé autêntica).
Assim como os discípulos, que ouviram sobre a fé, que conheciam sobre esse tema, mas não a estavam experimentando. Seja sincero com Jesus sobre teus medos, peça a Ele que te ajude na tua falta de fé.

Eu quero caminhar para concluirmos pensando algumas coisas com vocês:

- Não há problema em sentir medo. Assim como o pai desse menino, assim como os discípulos, crer em Deus não é garantia de nunca sentirmos medo. É normal se sentir assim. Esses homens eram experientes, caminharam com Jesus por um bom tempo, ouviram sobre a fé o dia inteiro e no mesmo dia se sentem com medo, assustados, em pânico. Ter fé em Deus não te isenta de sentir nenhuma dessas coisas, mas te livra de ser dominado por qualquer uma delas. É normal sentir medo. Não é normal ser paralisado por ele. Inclusive existe uma síndrome muito rara que atinge segundo especialistas menos de 400 pessoas no mundo. Essa doença é perigosíssima pois deixa a pessoa completamente exposta ao perigo. Coragem é diference de tolice e falta de prudência. O diabo tentou Jesus a pecar pela tolice alegando coragem e uma fé falsa quando o desafiou pular do alto do pináculo do temmplo. E como Ele respondeu? Que não devemos tentar o Senhor;
- O remédio para o medo é a fé. Cremos que Deus é Todo Poderoso, que nos ama, que governa e até mesmo nos ensina em meio às tempestades. Mas precisamos experimentar isso no dia-a-dia. O evangelho, o que Cristo fez por nós, pagando os pecados que éramos incapazes de pagar, por meio da sua morte e ressurreição, nos garante vida eterna, mas nos garante uma vida diferente hoje. Uma vida cheia de fé, mesmo quando as circunstâncias nos levariam ao medo;
- Compreendendo tudo isso e vivendo desse modo, não ficaremos soberbos achando que somos bons, mas ficaremos como os discípulos, maravilhados com quem Jesus é. Eu não quero que você ouça essa pregação e saia daqui achando que você tem a força para vencer todos os seus medos. Não tenho essa pretensão, o evangelho não é auto-ajuda, mas é ajuda do Alto. É pelo que Jesus fez por nós, de modo que ao respondermos aos nossos medos com fé, nos sentiremos pessoas melhores, mas diremos, como os discípulos no verso 41: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? Não só quando Jesus acalma a tempestade, mas no sentido de que o vento e o mar deram uma lição prática aos discípulos sobre fé. Que a gente pergunte em oração o que Deus quer nos ensinar sobre nossa fé nessa pandemia e crise que estamos vivendo.

Conclusão

O grande exemplo de fé nesse texto está no próprio Jesus, que estava descansando, dormindo mesmo em meio a essa terrível tempestade. Mas esse mesmo Jesus antes da sua morte passou por grande agonia, demonstrando também a sua humanidade e se identificando conosco nos nossos medos. E como ele agiu? Ele orou: "-Pai se possível for, passa de mim esse cálice, mas seja feita a Tua vontade".
Jesus realizou um milagre ao acalmar o mar e o vento, mas o milagre que mais me ensina nas circunstancias que temos vivido é Ele conseguir dormir, descansar, repousar em meio ao mar revolto. Nos ajude Senhor, na nossa falta de fé. Que tenhamos essa fé para vencer nossos medos. Que saibamos que Deus tem a nos ensinar mesmo em meio a tempestades. Que tenhamos uma vida de oração e amigos que nos ajudam a vencer os nossos maiores medos.
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