Tudo tem seu tempo determinado

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Deus estruturou o tempo de maneira soberana (3:1–8). Pinto, C. O. C. (2006). Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento (p. 572). São Paulo: Editora Hagnos.

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Alguém tem as horas?

Eclesiastes 3.1–8 RAStr
1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu:2 há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;3 tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;4 tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria;5 tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;6 tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;7 tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;8 tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.
A mudança no livro é abrupta, mas não devemos ceder à pressão de que outro autor tenha escrito essa parte do livro. A reflexão do autor tem uma mudança na literatura, mas não na observação dele.
No capítulo 1 e 2 o Pregador, por meio das suas experiências e observações, mantendo consigo a sua sabedoria, nos levou a um vale bem sombrio e triste monstrando que a vida debaixo do sol é fútil e efemera. Se Descartes disse “Penso, logo existo”, creio que o autor de Eclesiastes poderia ter dito “Penso, logo desisto”. A vida não fazia sentido para ele. Mas, já no final do capítulo 2 e agora no capítulo 3, parece que ele começa a subir da escuridão do abismo para respirar o ar puro da superfície. A partir do verso 10, Deus é mencionado 8 vezes, mostrando que ele está começando a buscar um sentido para a sua vida e dos seus ouvintes de uma perspectiva "acima do sol".
O autor agora vai falar sobre o tempo e como esse não está no nosso controle, como gostaríamos. Se pudéssemos nós faríamos como no filme Click. Em Click, Michael Newman (Adam Sandler) é casado com Donna (Kate Beckinsale) e tem dois filhos. Ele tem dificuldades em ver sua família, visto que passa bastante tempo no escritório de arquitetura em que trabalha, no intuito de chamar a atenção de seu chefe (David Hasselhoff). Porém, após entrar em uma loja com intuito de comprar um novo controle remoto para sua casa, parece ter encontrado uma solução para seu problema. Isso porque, ao chegar no local, conhece o excêntrico funcionário Morty (Christopher Walken), e acaba comprando um controle remoto experimental, com a promessa de facilitar sua vida. Michael logo descobre que o controle possui outras funções, como abafar o som dos latidos de seu cachorro e também adiantar os fatos de sua própria vida. O que parece bom, no final não é tão bom assim. O pregador vai dizer que Deus tem o controle e é Ele quem dá o Click. Isso é maravilhoso pois em Ec 3.11 lemos: "Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo".
Eu posso não ter o relógio no braço e saber o tempo correto, saber que horas são, mas fico feliz em saber que Deus sabe. Existe frustração, mas ao mesmo tempo, admiração.
A palavra traduzida por "tempo determinada", זמן, está no pual e significa um tempo definido, determinado.
Os povos do Oriente Médio Antigo não tinham interesse filosófico no conceito de tempo que é característico dos pensadores gregos. A passagem do tempo era geralmente percebida como uma sucessão de eventos.
O substantivo זמן zemān tem formas cognatas no árabe, acadiano e no egípcio, todos significando um ponto no tempo no qual ocorreu um evento.
Pode se referir a um ponto no tempo:
Referindo-se a uma coincidência de eventos (Ed 5.3; Dn 3.7-8; 4.36);
Referindo-se a um espaço de tempo predeterminados (Dn 2.16, quando Daniel pediu um prazo para determinar o sonho do rei. Dn 7.12, em que se permitiu que três impérios humanos continuassem existindo por um tempo. Dn 6.10,13, quando Daniel orava em três momentos específicos.
Referindo-se a tempos específicos predeterminados por Deus (Dn 2.21), como eventos na vida do homem (nascimento, morte, estações do tempo) e da história do homem (a ascensão e a queda de reinos). A tentativa dos líderes humanos de modificarem os tempos é uma característica do orgulho e é ofensivo a Deus (Dn 7.25).
Eclesiastes A. 3.1–15— O Princípio: o Plano de Deus Envolve Toda a Nossa Realidade

Michael Kelley observou que

A qualidade precisa da rebelião do homem está em sua suprema aspiração de fazer com que a natureza e a história sirvam e glorifiquem o homem. Para realizar esse objetivo, ele deve ter o domínio absoluto do tempo e seu conteúdo.3

Aqui em Ec 3.1, o substantivos é utilizado para apresentar que "TUDO tem o seu tempo determinado". Como o subst. está em paralelismo com 'et (tempo determinado). O verbo precede toda a seção de Ec 3.2-8. o autor lista 14 pares de situações. Nas Escrituras o número 7 é o número da perfeição. Parece que a intenção do autor é mostrar que mesmo o homem não tendo controle sobre o tempo, Deus é perfeito e tem um plano perfeito para a vida. Ele nomea várias atividades que sintetizam a existência do homem, do nascimento à morte, declarando que cada uma delas tem o seu tempo determinado. Segundo Scott, há um sentido de predestinação, ou seja, de que os tempos de certos eventos foram determinados por Deus e estão fora do controle humano.
Santos coopera com esse argumento dizendo que "a história não transcorre seu curso sem um timoneiro que a guie e controle, algo que seria o prego no caixão daquele que pretende encontrar algum significado na vida. Isso porque não é possível encontrar no acaso qualquer tipo de ordem, compaixão, proteção ou justiça, diferente do que podemos ter no relacionamento com o Senhor que criou e sustenta todas as coisas" (Santos, Thomas Tronco dos. O Caminho Acima do Céu: Comentário de Eclesiastes (Portuguese Edition) (Locais do Kindle 1335-1338). Redenção Publicações. Edição do Kindle.)
O pregador começa, então, a falar sobre os tempos que estão determinados sobre os homens.
Eclesiastes A. 3.1–15— O Princípio: o Plano de Deus Envolve Toda a Nossa Realidade

A intenção do Mestre aqui não é diretamente fazer prescrições para a vida, mas principalmente oferecer pronunciamentos sobre o fato de que, da perspectiva de Deus, é ele quem ordena todos os aspectos da vida e das ações das pessoas.

Entre esses aspectos da vida e das ações das pessoas que ele controla está a(o):
Vida e Morte (Ec 3.2)
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Deus estabeleceu tanto o dia do nosso nascimento como o dia do nosso funeral.

Eclesiastes A. 3.1–15— O Princípio: o Plano de Deus Envolve Toda a Nossa Realidade

No antigo paganismo… o homem humanista procurava governar o tempo por meio de ritos cujo propósito era controlar o tempo e a natureza. Nos cultos de fertilidade e caos, os homens acreditavam poder tornar frutífera novamente a natureza, apagar a história e pecados passados, reverter o tempo e a ordem, e gerar, eles próprios, a natureza e a história.4

O pai de Salomão, o rei Davi, tinha plena convicção dessa realidade. Ele declarou:
Salmo 31.15 RAStr
15 Nas tuas mãos, estão os meus dias; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores.
E mais:
Salmo 139.16 RAStr
16 Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.
No filme, O PREÇO DO AMANHÃ, um filme de ficção científica, as pessoas já nascem com um relógio corporal integrado ao corpo. O envelhecimento passou a ser controlado para evitar a superpopulação, tornando o tempo a principal moeda de troca para sobreviver e também obter luxos. Assim, os ricos vivem mais que os pobres, que precisam negociar sua existência, normalmente limitada aos 25 anos de vida.
O nosso Deus é perfeito e não faz distinção entre os ricos e pobres, todos nascem com um relógio da vida, mas ninguém sabe quanto tempo tem e nem pode comprar um segundo sequer.
Se nossas vidas estão nas mãos de Deus e não existe nada que possamos fazer para acrescentar um côvado sequer ao curso da nossa vida, devemos:
Resolver imediatamente o nosso maior problema que é o destino eterno da nossa alma. Precisamos estar em Cristo para termos a certeza da vida eterna (Jo 3.16,36). Não importa se viveremos muito tempo ou pouco tempo, mas onde passaremos a eternidade.
Remir o nosso tempo, vivendo como sábios e não como néscios (Ef 5.15), aproveitando cada oportunidade para pregarmos o evangelho (2Tm 4.1-5). Deus pedirá contas das nossas palavras e do que fizemos com tudo que nos foi confiado, inclusive o tempo. (poema do tempo).
Plantar e Colher (Ec 3.2b)
Essa é outra realidade que não controlamos. Não determinamos as estações e estamos presos ao tempo certo para plantar e colher. O homem não pode escolher a época em que quer plantar, já que o plantio depende das estações do ano.
Santos nos lembra que "Se houver semeadura da maior parte das culturas durante o inverno, por exemplo, a falta de chuvas e o rigor das baixas temperaturas inutilizarão todos os esforços e farão com que toda a safra seja perdida antes de chegar a se desenvolver. É preciso esperar o tempo mais quente, em que as chuvas regarão os brotos. E não é só isso: mesmo durante as chuvas há o momento certo de se plantar, calculando-se o momento da colheita, pois, se ainda estiver chovendo durante a maturação das culturas, a sega é drasticamente prejudicada".
Podem existir plantas, como as hortaliças que podem ser plantadas e cultivas praticamente o ano todo, mas parece que o autor tem em mente as grandes lavouras anuais e sazonais, como de trigo e cevada, produtos que eram essenciais em seus dias.
A falha no cumprimento do calendário acarretaria futuro sofrimento para o agricultor e sua casa. Ele deveria se submeter à agenda de Deus, daquele que rege o universo.
Paulo e Barnabé afirmaram essa crença na soberania de Deus sobre as estações quando disseram:
Atos dos Apóstolos 14.17 RAStr
17 contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria.
Matar e Curar (Ec 3.3a)
Existia debaixo da Lei Mosáica várias ocasiões em que a morte era exigida em descumprimento à Lei de Deus. Além disso, os animais também eram sacrificados no templo nos rituais cultuais. Mas provavelmente o autor tem em mente as mortes causadas em tempos de guerra. Num conflito bélico, independente de se obter sucesso, você muito provavelmente terá pessoas feridas precisando de cuidados e outras mortas.
Eclesiastes A. 3.1–15— O Princípio: o Plano de Deus Envolve Toda a Nossa Realidade

Há um tempo para a execução de assassinos ou para destruir inimigos numa guerra justa (v. 3).

A propósito, essa ação contra assassinos é favorecida na Escritura, não porque os seres humanos são soberanos ou a sociedade e as vítimas enlutadas são de algum modo beneficiadas, mas sim porque as pessoas são imensamente importantes para Deus – elas são criadas à imagem de Deus [Gn 9.6]. Matar outra pessoa por maldade, ficando deliberadamente à espreita para fazer tal coisa (homicídio em primeiro grau), é matar Deus em sua imagem. Assim, quando a culpa pode ser comprovada acima de toda dúvida aceitável, a única alternativa para o estado, agente devidamente autorizado por Deus nesse caso, é mostrar respeito por Deus e pelo valor da imagem de Deus no homem, mediante a execução do assassino.

Eclesiastes A. 3.1–15— O Princípio: o Plano de Deus Envolve Toda a Nossa Realidade

Junto com tirar a vida nessas ocasiões indicadas, o plano de Deus inclui um tempo para “curar”, ou, literalmente, “costurar”, “curar uma ferida”.

Derrubar e Edificar (Ec 3.3b)
Depois da guerra, era comum que o vencedor derrubasse as muralhas do país derrotado para impedí-lo de se reorganizar e manter a sua proteção. Muitas dessas destruição não aconteciam somente depois da vitória, mas também durante as batalhas, inclusive para que o exército pudesse adentrar o território inimigo. Por outro lado, depois de finda a guerra, era tempo de reedificar os muros derrubados. As guerras deixam as suas marcas e os seus estragos.
Nos nossos dias, podemos ver em tempo real a destruição das guerras, tanto as mortes quanto a destruição das moderníssimas armas de fogo. Belíssimas cidades são reduzidas às cinzas. Há pouco tempo assistimos a destruição de Allepo, na Sírias, e das cidades vizinhas.
Chorar e Rir (Ec 3.4a)
Entramos agora para as questões dos sentimentos e à demonstração deles.
Chorar e rir são sentimentos que nos acompanham durante toda a nossa vida. Se pudéssemos escolheríamos apenas o riso e nunca as lágrimas, mas quem controla isso? Infelizmente não controlamos, mesmo que alguns o tentem fazê-lo.
Santos argumenta dizendo que "todos passamos por bons momentos em que o riso é nossa reação natural, assim como passamos por momentos duros e revezes inesperados que nos levam ao pranto, o qual poucas vezes vem desassociado da angústia, do medo, de incertezas e de uma inevitável e dolorosa sensação de derrota e desesperança. As pessoas sonham com meios de evitar tais momentos de choro, alguns imaginando se uma fortuna eliminaria todos os seus problemas, outros desejando que um rol de amigos lhes livre de lutas difíceis e outros ainda tendo a esperança de que o amor romântico da pessoa querida faça desaparecer todas as tristezas. Na verdade, tudo isso é inútil e, muitas vezes, são as próprias causas das dores". (Locais do Kindle 1403-1408).
Se não temos controle sobre os dias de riso e de choro, precisamos aproveitar os dias de riso e agradecer a Deus e nos dias de choro devemos encontrar forças em Deus para lidarmos com as angústias com coragem e confiança.
Prantear e Saltar de Alegria (Ec 3.4b)
Essa segunda parte do versículo 4 é mais intensa e mais específica que a primeira. A palavra traduzida por prantear vem de סְפ֖וֹד que significa literalmente observar os costumes de luto após a morte de alguém. Já a palavra para saltar de alegria vem de רְקֽוֹד׃ que significa mover-se em um padrão, normalmente com um acompanhamento musical. O contraste é bem grande aqui. Se há tempo para nascer e morrer, há tempo de reagir de forma adequada a essas duas situações.
A morte atinge a todos e os que ficam são lançados fortemente e involuntariamente a um estado de luto e grande lamento, tanto pela saudade daquele que partiu quanto por uma possível perda de garantias quando o que morre era, de alguma maneira, o provedor da família.
Sobre o tempo de dançar, o texto não diz claramente a que se refere, mas levando em consideração o nosso contexto, provavelmente está se referindo ao nascimento, à chegada do infante. Principalmente naquele contexto e para aqueles que entendem o valor da vida aos olhos de Deus, a chegada de uma criança era vista como manifestação da bênção de Deus sobre uma mulher e uma casa. "Feliz é o homem que enche a sua aljava de filhos". "Herança do Senhor são os filhos, o fruto do ventre o Seu galardão".
Santos diz que "Esses sentimentos, tanto os bons como os maus, são guiados e produzidos por situações que não estão inteiramente sob nosso controle, muito menos os sentimentos que elas produzem. Só podemos saber que passaremos por ambas e que elas são inevitáveis".(Locais do Kindle 1421-1423).
Espalhar e Juntar Pedras (Ec 3.5a)
Talvez esse seja a parte do poema mais difícil de entender. Não sabemos ao que se refere esse espalhar e juntar pedras, apesar de haver várias situações diferentes para tanto. Talvez a melhor maneira de entendermos essa parte do versículo será olhando para a segunda parte.
Abraçar e Afastar-se (Ec 3.5b)
Aqui não parece ter muito mistério, trata-se claramente de relacionamentos interpessoais, onde o abrço é muito bem-vindo e onde momentos de hostilidade surgem e é necessário se afastar.
Desta forma, a primeira parte do versículo pode se referir tanto a utilização de pedras numa briga, onde elas são lançadas com o objetivo de ferir quanto para lança pedras no campo do vizinho com o objetivo de inutilizá-lo, algo que poderia ser desfeito quando o relacionamento fosse restaurado. É bem provável que o texto se refira a esse último exemplo.
Esse problema produzido por pedras em um campo é refletido no famoso cântico da vinha, no qual o Senhor, descrevendo de modo figurado o que fez pelo bem de Israel, diz que um agricultor se esforçou para plantar a melhor vinha possível e uma de suas providências foi que ele “limpou-a das pedras” ( Is 5.2a ). Porém, quando a vinha que era Israel e Judá ( Is 5.7 ) não correspondeu ao tratamento especial do produtor ( Is 5.2b-4 ), ele desfez todos os benefícios e, apesar de não citar as pedras em particular, ele derruba “o muro” a fim de tornar aquela terra totalmente improdutiva para o plantio de uma vinha ( Is 5.5,6).
O texto, então, fala de tempos de amizada e inimizade, de união e animosidade, de cooperação e de destruição, coisas que mesmo não esperando, ocorrem entre melhores amigos e casais.
Buscar e Perder (Ec 3.6a)
Guardar e Deitar Fora (Ec 3.6b)
Entramos agora para o campo das posses. Mas apesar da primeira parte do verso se parecer muito com a segunda, o contexto delas difere no tocante à iniciativa e à voluntariedade do homem que lida com seus bens. Vamos tratar as duas partes do versículo de uma só vez.
Nas duas partes do verso nós vemos o autor tratar do acúmulo de bens e recursos financeiros - "tempo de buscar" e "tempo de guardar". "Trata-se da atividade laboral com o fim de obter lucros e a ação de poupar esses ganhos, aumentando seu montante com o passar do tempo e com o esforço do trabalho". Santos (Locais do Kindle 1454-1456).
A grade diferença nos versos está em como esse dinheiro é passado adiante. O primeiro caso é dito que há tempo de "dar por perdido". A ideia por trás é de uma perda involuntárias de bens, pode ser por causa de um negócio mal feito, por prejuízo no campo, questões judiciais, ação de bandidos, aumento de impostos e uma série de eventos que podem reduzir involuntariamente o patrimônio de alguém. Muitos, diante de uma situação dessas, desesperam-se e tentam fazer alguma coisa para reaver o que foi perdido, mas muitas vezes sem sucesso. É necessário olhar pra frente e tocar a vida.
O segundo caso aponta para alguém que "deita fora", ou melhor dizendo "lançar fora", "jogar no chão". Aqui o proprietário se desfaz dos seus bens de forma voluntária, ele escolhe o que quer abrir mão. Pode ser o caso de alguém que separa dos seus recursos um valor para ajudar um parente em necessidade ou um irmão em Cristo, ou até mesmo para gastar com uma necessidade que apareceu. O fato é que ele está voluntariamente gastando o que juntou, mesmo que isso represente um "rombo" aos seus cofres, ele decide fazer.
Isso revela que mais cedo ou mais tarde, tudo o que acumulamos com esforço durante a nossa vida acabará sendo passado para as mãos de outras pessoas.
Rasgar e Costurar (Ec 3.7a)
Ficar Calado e Falar (Ec 3.7b)
Vamos olhar para o verso 7 em conjunto para podermos compreender a primeira parte do verso. "Rasgar e costurar" pode se referir a qualquer coisa, mas quando comparado com a segunda parte do verso em paralelo, "calar e falar" tomam um sentido claro e único de rasgar as vestes em sinal de tristeza, lamento ou desespero.
"Na maioria das vezes (39×) esse vb. é usado para descrever o ato de se rasgar as roupas. Esse ato de rasgar “roupas” (aparentemente, sem indicar nenhuma peça de roupa especificamente) indica um sofrimento profundo e é, muitas vezes, uma reação a um desastre. Jacó reage assim ao ser informado da aparente morte de José (q., Gn 37.34; cf. v. 29). De forma similar, por exemplo, Josué responde à morte em batalha (q., Js 7.6), Jó às mortes e calamidades que se abateram sobre a sua casa (q., Jó 1.20), os amigos de Jó à condição miserável em que ele se encontrava (q., 2.12), David à notícia da morte de Saul (q., 2Sm 1.11, cf. v. 2) e Esdras, chocado pela casamento de sua gente com pagãos (q., Ed 9.3). Depois de um gesto desses, a pessoa poderia cingir pano de saco (Gn 37.34), colocar poeira na cabeça (Js 7.6; Jó 2.12) e jejuar (2Sm 1.12)". Van Dam, C. (2011). קרע. W. A. VanGemeren (Org.), Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento (1a edição, Vol. 3, p. 1129). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã.
Junto com o seu lamento, Jó também separou 7 dias para estar em silência na presença dos seus amigos (Jó 2.13) . Normalmente, quem sofre muito prefere um tempo de silêncio e solidão.
Depois Jó passou a falar, talvez quando ainda devesse ter permanecido em silêncio, pois nem sempre as suas palavras foram boas. Às vezes o silêncio é importantíssimo. É melhor ficar calado até que se tenho algo bom, correto e sábio a se dizer.
Se há tempo de rasgar e calar, também há tempo de coser e falar. Quando o sofrimento passa é necessário costurar as roupas novamente e vestí-las. Deixar o silêncio, a solidão e passar a se relacionar novamente.
Amar e Aborrecer (Ec 3.8a)
Guerra e Paz (Ec 3.8b)
Concordo com Santos quando ele diz que esse último verso é uma recapitulação de tudo o que ele, eclesiastes, vinha falando. Santos afirma:
"A recapitulação está no fato de que “amor” e “ódio” estão presentes nos temas dos relacionamentos e dos conflitos, já abordados em outros versículos. O mesmo ocorre como os temas ligados à “guerra” e “paz”. Assim, o Pregador não parece, nesse versículo final, desejar acrescentar um aspecto novo à sua reflexão poética, mas concluí-la dizendo que a vida é inevitavelmente marcada por momentos bons e maus, os quais podem chegar ao extremo de suas características. Além do mais, o fato de eles ocorrerem ou não está ligado ao “tempo” e ao “momento certo” ( v.1 ) e não ao ilusório controle humano. Temos de estar prontos para os bons e maus momentos e ser equilibrados em ambos, nem extrapolando nos dias bons, nem se desesperando completamente nos dias maus, sabendo que a alternância entre eles faz parte da normalidade da existência humana e que há um gerente acima do céu que determinou que tudo fosse assim" (Santos, Locais do Kindle 1494-1502).
É importante sabermos que ao afirmar que existe tempo para lançar pedras, tempo de guerra, tempo de deixar de abraçar, o pregador não está defendendo essas coisas e nem incentivando que elas aconteçam, mas sim, que debaixo do sol, a humanidade caída e sem Deus, naturalmente se entregam a essas atitudes. É a constatação e não a promoção do mal.
Conclusão:
No final da poesia, é importante relembrarmos que o objetivo nesses 8 versículos e 14 pares, é mostrar que Deus estruturou o tempo de forma soberana. Além disso, o objetivo do pregador com essa poesia é preparar o leitor para as questões práticas que virão nos versos de 9 a 15. Ele está subindo à superfície, se lembram?
Mas mesmo que essa poesia faça parte de uma argumentação maior que ela mesma, nós podemos tirar algumas lições práticas para as nossas vidas:
Nossa vida tem propósito. Fez parte do plano de Deus a nossa existência. Não importa se fez parte do plano dos pais, mas nunca deixou de fazer parte do plano de Deus que, muitas vezes, usa o mal para fazer o bem (exemplo de José e seus irmãos). Deus decidiu o tempo do seu nascimento e estabeleceu os limites da sua habitação (At 17)
Deus não é escravo dos homens, ou como disse o Pr.Davi Merk, nosso gênio da lâmpada. Podemos não saber que horas são, mas sabemos que Ele tem. Ec 3.14 diz que tudo que Deus fez durará eternamente para que os homem temam diante dele. A vida imprevisível existe para que o homem que não controla o tempo passe a confiar naquele que controla o tempo. O homem deve olhar para a eternidade.
Todos os homems passaram por momentos de sofrimento na vida. O sofrimento se tornou normal depois da queda. Lemos em Gn 3 que o homem teria que tirar o seu sustento do suor do seu rosto, que a mulher daria à luz em meio à dores. A ideia de uma vida perfeita, sem sofrimento, é utópica, até mesmo para os crentes. Essa utopia da prosperidade não é verdadeira. Crente também fica doente, pega COVID-19, também tem seus bens roubados, crente também morre. Se você está sofrendo lembre-se que você não é o único ou a única, existem pessoas sofrendo tanto quanto você ou até mais.
Os sofrimentos passam dando espaço ao alívio e à alegria. Em tempos de dor devemos nos lembrar que eles, eventualmente, passarão. Em tempos de alegria, desfrutemos com gratidão e equilíbio, sabendo que todos os prazeres desta vida abaixo do sol são voláteis.
Deus controla todas as circunstâncias da existência humana. O mundo não está entregue ao caos, mas é regido por um Deus soberano, sábio, misericordioso e amoroso. Isso deve gerar temor e submissão ao Senhor. Num mundo governado por Deus, onde não temos controle de nada, Ele, o Senhor, nos dá a garantia de que, se nos arrependermos do nossos pecados e confiarmos em Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador, viveremos eternamente com Ele. Mas agora, não mais com lágrimas, guerras e morte. Ele enxugará dos nossos olhos toda a lágrima, a morte não mais existirá e viveremos para sempre neste ambiente de vida e amor.
Gálatas 4.4–5 RAStr
4 vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,5 para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.
No tempo certo, Deus enviou o Seu Filho para a nossa salvação.
O Deus que determina o tempo de todas as coisas, está dando a você, agora, neste exato momento, a oportunidade de mudar de vida, olhar para cima do sol, receber o perdão dos pecados, a adoção de filhos, fazer parte da Sua família, receber o Seu Espírito, e viver no presente já desfrutando de pequenos vislumbres que gozaremos de forma plena por toda a eternidade. O que está esperando para aproveitar a oportunidade de receber a vida que Jesus pode te dar?
Hebreus 3.15 RAStr
15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação.
Pare de tentar controlar a Sua vida, isso é impossível, Deus tem o controle e é Ele que no final vai dar o Click. Ao invés de perguntar: Que horas são? Deveriamos perguntar: Quem tem as horas?
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