A CENTRALIDADE DO EVANGELHO NA VIDA DA IGREJA
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INTRODUÇÃO:
Quando Paulo escreveu a sua primeira carta aos coríntios, ele tinha o objetivo de lidar com diversos problemas que estavam ameaçando a existência daquela igreja. Divisões, partidarismo, pecados sexuais e rebeldia, eram alguns desses problemas. Apesar daquela igreja ter tido o privilégio de ser pastoreada e cuidada por homens de Deus como Paulo, Pedro e Apolo, ela continuava sendo uma igreja com sérios problemas morais, espirituais e doutrinários. Mas eu tenho de lembrar a vocês a título de introdução que o maior problema daquela igreja era o escanteamento do evangelho.
Infelizmente, os crentes de Corínto estavam colocando o evangelho de lado a medida em que davam ouvidos a fábulas que diziam que a ressurreição era uma grande mentira. Eles estavam substituindo a teologia cristã pela filosofia grega que acreditava na imortalidade da alma, mas não na ressurreição do corpo. E foi aí que eles passaram a namorar com essa ideia que ganhou bastante espaço na igreja primitiva, como vemos no exemplo de Himineu e Fileto que se desviaram da verdade e passaram a pregar que a ressurreição não existia. E era assim que o evangelho estava sendo atacado em Corinto. A centralidade do evangelho estava sendo substituída por ideias pagãs.
E é diante disso tudo que Paulo começa esse capítulo 15 exortando aqueles irmãos a retornarem a centralidade do evangelho na vida da igreja. E no texto que acabamos de ler, Paulo diz pelo menos três coisas sobre a centralidade do evangelho na vida da igreja. Primeiro, o evangelho precisa ser anunciado. Segundo, o evangelho precisa ser crido. Terceiro, o evangelho precisa ser conhecido. É com essas três exortações em mente que iremos analisar o nosso texto dessa noite.
I. O EVANGELHO PRECISA SER DIVULGADO (v. 1)
1. É PRECISO DIVULGAR O EVANGELHO NO CONTEXTO DA IRMANDADE (v. 1a). “Irmãos, venho lembrar-lhes o evangelho que anunciei a vocês”. Percebam que apesar do fato de muitos daqueles crentes não reconhecerem Paulo como Apostolo, Paulo não tinha dificuldade de reconhecer aqueles crentes como irmãos. Ele começa suas palavras nesse ponto expressando o amor fraternal que ele tem por aquela igreja. Para Paulo, aqueles crentes não eram rebeldes, não eram inimigos, não eram estranhos e não eram apenas amigos. Eles eram irmãos e irmãs em Cristo. E isso é lindo. Irmãos em Cristo. Usamos tanto essa palavra no nosso dia a dia que muitas vezes deixamos de perceber o peso que está por trás dela. Mas o fato de sermos irmãos representa a liga e conexão que existe entre nós. Não estamos nessa caminhada sozinhos. Não trabalhamos nessa obra sozinhos. Fazemos isso tudo num contexto de irmandade. E é isso que Paulo está lembrando aqueles crentes.
PONTE: Na sequência do texto, Paulo traz outra lembrança a memória daqueles crentes sobre a divulgação do evangelho.
2. É PRECISO DIVULGAR O EVANGELHO PRA NÓS MESMOS (v. 1a). “Irmãos, venho lembrar-lhes o evangelho”. Paulo não está dizendo aqui que aqueles crentes não conheciam o evangelho. Ele está dizendo que aqueles crentes precisavam lembrar do evangelho. Paulo não está apresentando uma doutrina nova, ele está apresentando uma doutrina esquecida. Os crentes em Corinto estavam esquecendo a simplicidade e pureza do evangelho de Jesus Cristo. É por causa dessa amnésia espiritual que Paulo está escrevendo esse capítulo e essa carta. Eles precisam lembrar o evangelho. Precisam divulgar o evangelho para si mesmos.
PONTE: Mas não apenas isso, eles precisavam também....
3. É PRECISO DIVULGAR O EVANGELHO PARA OS OUTROS (v. 1b).“Irmãos, venho lembrar-lhes o evangelho que anunciei a vocês”. Qualquer pessoa que examine a vida do Apóstolo Paulo registrada no Novo Testamento vai perceber que a ambição da sua vida pode ser resumida nas palavras que ele usou aqui. Paulo existe para anuncia o evangelho para os outros. Ele existe para tornar as boas novas de Jesus conhecida para Judeus e Gentios. O maior objetivo da sua vida não era o sucesso, a fama ou o dinheiro. O maior objetivo da sua vida era tornar o evangelho de Jesus conhecido a toda criatura. Foi exatamente isso que ele fez quando esteve em Corinto na sua terceira viagem missionária. Ele anunciou a boa nova para aqueles irmãos e desafiou aqueles irmãos a anunciarem a boa nova para aquela cidade. Mas isso não deve ser verdade apenas sobre Paulo, isso deve ser verdade sobre nós. A divulgação do evangelho deve fazer parte do DNA da igreja. É assim que trabalhamos para a glória de Deus.
PONTE: E isso tudo nos ensina algumas lições importantes.
· A MISSÃO DE DIVULGAR O EVANGELHO É COMUNITÁRIA.Somos irmãos uns dos outros e consequentemente cooperadores uns dos outros. Eu não sou chamado a evangelizar sozinho. Eu sou chamado a evangelizar em comunidade, com pessoas que podem me auxiliar nessa tarefa, com pessoas que me complementam nessa tarefa. Tome como exemplo o culto que estamos realizando aqui. Um dirige, o outro prega, o outro organiza o local, o outro lê, o outro canta, alguém intercede e por aí vai. Isso mostra toda a nossa irmandade como família de Deus unindo forças na divulgação do evangelho.
PONTE: Outra lição que aprendemos aqui é que...
· O EVANGELHO NÃO É APENAS A SOLUÇÃO PARA O MUNDO, MAS É TAMBÉM A SOLUÇÃO PARA A IGREJA. Não é apenas o mundo que precisa do evangelho. Nós como igreja continuamos dependentes do evangelho. O grande problema da igreja de Corinto foi não se tocar dessa verdade. Como igreja é nossa responsabilidade lembrar e proteger a simplicidade e pureza do evangelho em nossos corações. Como Lutero disse certa vez: “Precisamos ouvir o Evangelho todos os dias, porque nos esquecemos dele todos os dias”. E essa é uma grande verdade. Nossa conversão não é um sinal de independência do evangelho. A verdade é que precisamos do evangelho hoje tanto quanto precisávamos no dia em que fomos convertidos. O evangelho não é o AEIOU da nossa fé. O evangelho é o A-Z, o alfabeto inteiro. E nunca, em toda nossa vida, em toda nossa eternidade, estaremos menos carentes do evangelho. É por isso que precisamos divulgar o evangelho para nós mesmos para que assim possamos divulgar o evangelho para os outros.
PONTE: Então, quando divulgamos o evangelho como igreja para o mundo e quando divulgamos o evangelho para nós mesmos, nós estamos centralizando o evangelho na vida da nossa igreja. Mas, prosseguindo no texto, vemos que a centralidade do evangelho acontece também quando experimentamos a salvação do evangelho.
II. O EVANGELHO PRECISA SER CRIDO (v. 1b-2)
1. CRER NO EVANGELHO É RECEBER (v. 1c). “o [evangelho que] vocês receberam”. Essa é a única atitude correta que alguém pode ter diante das boas novas do evangelho. O evangelho não é uma ideia a ser aprendida. O evangelho não é uma formula a ser decorada. O evangelho não é uma história a ser admirada. O evangelho é uma salvação a ser recebida. A única porta de entrada que existe no reino de Deus é quando recebemos e cremos no evangelho pessoalmente. E foi por nessa porta que os crentes em Corinto encontraram salvação. Eles receberam o evangelho.
PONTE: Mas a experiência da salvação deles não terminou aqui. Prosseguindo no texto, vemos...
2. CRER NO EVANGELH É PERSEVERAR (v. 1-2a). “o [evangelho que] vocês receberam e no qual continuam firmes. Por meio dele vocês também são salvos...”. O que Paulo quer dizer é o evangelho não pode ser uma curiosidade eventual da nossa vida. O evangelho tem de ser um fundamento para a totalidade da nossa vida. Não se trata do evangelho ser apenas um momento da nossa história, mas sim do evangelho passar a ser o centro da nossa história. Há muitas coisas em nossa vida que despertam a nossa atenção por um breve período, mas logo perdemos o interesse naquilo. Um filme muito aguardado ou um jogo de futebol no final de uma copa do mundo são o tipo de coisa que costumam prender a nossa atenção por algumas semanas, mas depois que passam, a agente esquece delas. No final, aquilo foi apenas um momento da nossa vida. Mas a nossa postura diante do evangelho não pode ser assim. Precisamos continuar abraçados e envolvidos pelo evangelho de Jesus em toda nossa vida aqui na terra. É assim que a salvação é confirmada em nossas vidas, quando recebemos o evangelho e perseveramos no evangelho.
PONTE: E se isso não acontece em nossas vidas, esse é um sinal que nossa fé é falsa. É isso que vemos na sequencia do texto.
3. CRER NUM FALSO EVANGELHO É DESPERDIÇAR A SALVAÇÃO (v. 2). “Por meio dele vocês também são salvos, se retiverem a palavra assim tal como a preguei a vocês, a menos que tenham crido em vão”. Essa, sem dúvidas, é uma exortação grave de Paulo. Ele está alertando os crentes em corinto para o perigo de ter uma fé inútil. Paulo não está falando aqui sobre a perca de salvação, ele está falando sobre a falsa salvação. Se os coríntios estão se desviando para um evangelho no qual não existe a ressurreição de Jesus, então a fé deles está mostrando a sua verdadeira face. É uma fé falsa. Uma fé vã. Uma fé inútil. Ou seja, crer em vão é crer num evangelho onde Cristo não ressuscitou. É isso que Paulo diz mais abertamente dos versos 14 ao 17: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e é vã a fé que vocês têm. Além disso, somos tidos por falsas testemunhas de Deus [...] Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados”. Em poucas palavras, a melhor forma de desperdiçar a salvação e ser condenado é abraçando um falso evangelho.
PONTE: E tudo isso nos ensina lições importantes para a nossa vida.
CREMOS VERDADEIRAMENTE NO EVANGELHO QUANDO ELE SE TORNA O CENTRO DA NOSSA HISTÓRIA. Há muitas coisas que poderíamos dizer sobre a centralidade do evangelho. Poderíamos dizer que o evangelho é o centro da Bíblia. Toda a história bíblica acontece como uma preparação ou consumação do evangelho. Poderíamos dizer também que o evangelho é o centro da história humana. Quando chegarmos na eternidade, as pessoas não estarão conversando sobre política, descobertas cientificas ou filosofia. Quando chegarmos no céu, estaremos empolgados com o evangelho que nos levou até lá. Os grandes presidentes, cientistas e filósofos serão apenas uma nota de rodapé da história humana. No fim, todos vão perceber que o centro da história humana sempre foi sobre Jesus salvando o seu povo por meio do evangelho. Mas o ponto que realmente nos interessa nesse ponto é esse: “O evangelho é o centro da história?”. Esse é o tipo de pergunta que realmente conta para nossa eternidade. Se o evangelho é o coração da nossa vida, então estamos bem. Nosso passado foi perdoado; nosso presente foi transformado e nosso futuro está garantido no novo céu e nova terra.
III. O EVANGELHO PRECISA SER CONHECIDO (v. 3-4)
1. O EVANGELHO É SOBRE O DIVINO (3a). “Antes de tudo, entreguei a vocês o que também recebi”. Essa é uma forma de Paulo dizer que o evangelho que ele anuncia não é uma invenção da sua mente, mas sim uma revelação do coração de Deus. Paulo não criou o evangelho, ele recebeu o evangelho. O evangelho que foi recebido na estrada de Dasmaco, que foi confirmado pelos apóstolos em Jerusalém, era esse evangelho que Paulo anunciava. Um evangelho divino. Um evangelho que foi anunciado nas Escrituras. Por pelo menos duas vezes nesses versos Paulo faz questão de dizer que tudo que aconteceu no evangelho aconteceu segundo as Escrituras. Quer dizer que o evangelho não é um acidente, um improviso ou uma surpresa histórica, mas sim um plano concretizado do próprio Deus. E esse plano foi revelado para o Apostolo. Se os coríntios fossem desviados desse evangelho revelado, eles não estariam apenas discordando de uma opinião de Paulo, eles estariam se rebelando contra uma revelação de Deus. É por isso que Paulo diz que “antes de tudo”, como está no texto, aqueles crentes em Corinto precisavam entender, relembrar e acreditar nesse evangelho.
2. O EVANGELHO É SOBRE A MORTE VICÁRIA DE JESUS (v. 3b).“Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras”. Esse sem dúvidas é o principal feito de Jesus nessa terra como Messias e Cristo: ele morreu pelos pecados do seu povo. Há muitas coisas importantes que Jesus fez entre nós. Ele concertou vidas quebradas, curou enfermos, expulsou demônios, combateu os hipócritas, ensinou os ignorantes e muitas outras coisas. Mas o feito mais importante de Jesus foi se entregar na cruz para morrer pelos nossos pecados. E é isso que Paulo está enfatizando aqui. Ele não morreu pelos próprios pecados. Ele não morreu como um mártir. Ele morreu como o Cristo, o representante do seu povo. Ele morreu pelos pecados do seu povo. O castigo que todos nós deveríamos receber no inferno, Cristo recebeu sozinho no calvário. Ele engoliu toda a ira de Deus contra os nossos pecados, para que hoje pudéssemos abraçar o amor de Deus. O evangelho então é sobre o Cristo que morre na cruz como nosso representante e substituto diante de Deus Pai. Como estava profetizado em Isaías 53:4-6:
“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos como aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós”.
PONTE: Prosseguindo no texto vemos também que...
3. O EVANGELHO É SOBRE O SEPULTAMENTO DE JESUS (v. 4a).“...e que foi sepultado”. Essa é a forma de Paulo enfatizar a realidade da morte de Jesus. Ele morreu de verdade. O seu corpo foi colocado num túmulo, os seus olhos estavam apagados, o seu coração estava parado, seu corpo estava inerte e a sua pele estava pálida e gelada. Foi assim que ele foi sepultado. Durante a história algumas pessoas questionaram a ressurreição dizendo que Jesus apenas desmaiou na cruz, ou que foi colocado no tumulo errado ou que os discípulos roubaram o corpo de Jesus. É por isso que Paulo enfatiza aqui que a morte de Jesus foi real. Ele foi sepultado. O sepultamento de jesus era uma consequência da sua morte e ao mesmo tempo um prenúncio da sua ressurreição. É nisso que cremos. Se hoje nós celebramos o tumulo vazio é porque cremos que aquele tumulo esteve ocupado com o corpo que foi destruído pelos nossos pecados. Jesus foi sepultado.
PONTE: Mas ele não permaneceu lá. Como vemos na sequência do texto...
4. O EVANGELHO É SOBRE A RESSURREIÇÃO TRIUNFANTE DE JESUS (v. 4b). “...ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Essa é a pequena frase que Paulo vai desenvolver em todo capítulo 15 dessa carta. Ele deseja mostrar para aquela igreja a realidade da ressurreição de Jesus. Os olhos mortos que recuperaram a sua cor, o corpo inerte que voltou a se mover, a pele gelada que voltou a aquecer e o Cristo morto que voltou a viver. O salvador venceu a morte. Essa é a nossa segurança cristã. No texto original, Paulo fala sobre uma ressurreição passada que tem implicações futuras. Ou seja, o Cristo que ressuscitou lá atrás, continua vivo entre nós. Como igreja, nós cremos num Cristo que está vivo e atuante em nosso meio, operando milagres e transformações em nossas vidas. E tudo isso só é possível porque Jesus, de fato, venceu a morte. Como estava profetizado em Salmos 16: 9,10: “Por isso o meu coração se alegra e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”.
PONTE: Esses são os pilares do evangelho.
O EVANGELHO NÃO É sobre como Deus pode ser o nosso gênio da lâmpada mágica e satisfazer todos os nossos desejos. Não sobre sermos ricos e termos uma vida muito confortável e fácil nessa terra. Não sobre Deus arrumar um casamento ou um emprego para nós. O evangelho não é sobre nós. É sobre Jesus. É sobre o Cristo que morreu como maldito de Deus pelos nossos pecados. É sobre o Cristo que foi colocado num tumulo silencioso e escuro. É sobre o Cristo que voltou a viver pelo poder de Deus Pai. É sobre o Cristo que pode transformar nossa vida e perdoar nossos pecados através do seu poder. Esse é o evangelho puro e simples que precisamos receber, lembrar e perseverar no decorrer da nossa vida.
CONCLUSÃO: Resumindo tudo que aprendemos nessa noite sobre a centralidade do evangelho na vida da igreja.
Primeiro, aprendemos que é preciso divulgar o evangelho. Quando anunciamos o evangelho juntos para o mundo e para nós mesmos, estamos centralizando o evangelho em nossa vida como igreja.
Segundo, aprendemos que é preciso crer no evangelho. Quando recebemos e perseveramos no verdadeiro evangelho nós estamos experimentando a salvação de Deus em nossas vidas.
E, terceiro, aprendemos que é preciso conhecer o evangelho. Um evangelho que nos fala sobre a morte vicária e a ressureição triunfante de Jesus em favor do seu povo.
A minha oração é que Deus use essas verdades bíblicas para fortalecer cada vez a caminhada da nossa igreja nessa cidade, e a caminhada da nossa congregação nesse distrito e que através de nós, vidas e mais vidas sejam alcançadas por esse evangelho que um dia nos salvou.