Gênesis 17
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· 15 viewsMoisés relaciona o povo de Deus ao patriarca Abraão, demonstrando que pela obediência em receber o selo pactual, demonstra-se a fé salvadora na redenção divina, e assim, adentra-se à família do pacto, guardando a firme certeza de que o Deus Todo-poderoso há de purificar seu povo através do sacrifício prometido que garante a redenção.
Notes
Transcript
“Este é o livro das gerações ...” (Gênesis 5.1).
Gênesis 17
Pr. Paulo Ulisses
Introdução
Seguindo a estrutura arquetípica na qual o autor de Gênesis demonstra o amadurecimento da fé de Abrão por meio de alguns episódios cíclicos, como por exemplo seus lapsos na fé, como foi o caso do capítulo 16, mais uma vez o SENHOR age de maneira misericordiosa, guiando o patriarca para mais um aprofundamento no entendimento daquelas promessas que lhe havia feito, que demarcavam seu compromisso de salvar um povo eleito para si, de uma linhagem fiel continuada através de Abrão.
Neste capítulo 17, vemos o autor registrar a entrega do selo pactual de Deus, mediante aquilo que fora estabelecido em Gn 15, para que por meio desse sacramento a fé do patriarca pudesse ser amparada e socorrida, e também como meio através do qual todo aquele que adentra a aliança com o SENHOR manifeste sua fé e confiança nele.
Moisés estrutura o relato de Gn 17, seguindo um fluxo didático através do qual a atenção de seu público será guiada até a compreensão de que o paralelo entre a história do patriarca e a do povo estão unidas pela mesma temática redentiva, que é reforçada (mais uma vez) pela instituição do selo pactual da circuncisão. Tal argumento pode ser visto por meio de uma divisão simples radicada no próprio texto:
Em primeiro plano (vs. 1-8) ocorre a a confirmação da promessa - Repetição rememorativa de Gn 12.1-3. Em seguida (vs. 9-22), é exposto a entrega do selo pactual e demonstração da graça redentora. E por fim (vs. 23-27), a conclusão exibe o entendimento da promessa por meio da obediência pela fé.
Assim, a temática central de Gn 17 é a entrega do selo pactual da circuncisão como prova do compromisso divino e da fé salvadora.
Elucidação
1. vs. 1-8: Confirmação da promessa - Repetição rememorativa de Gn 12.1-3.
O primeiro ponto enfatizado pelo autor na narrativa é o aparecimento do SENHOR em mais uma teofania dirigida ao patriarca. Já temos visto como esses episódios de comunicação entre Deus e Abraão representam a vontade divina de estar com o seu povo, fortalecendo sua fé para que espere e creia na bênção por vir, tal como prometida.
O designativo divino: "Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda na minha presença e sê perfeito" (v. 1) pode ser visto como mais uma apresentação de Deus ligada ao pacto a ser simbolizado, assim como aconteceu Gn 15.7. A presença do Criador é também um representativo de seu compromisso, e compreendendo isso, a reação do patriarca não poderia ser outra senão a de temor e tremor: "Prostrou-se Abrão, rosto em terra"(v.3).
A partir do verso 4, o SENHOR concentra-se em rememorar o conteúdo das afirmações pactuais anteriormente feitas, expandindo alguns pontos, a fim de que Abraão compreendesse a intensidade dos eventos por acontecer. Mais uma vez, as promessas não incluem apenas a obtenção de um punhado de terra, como se isso fosse a intenção última de Deus, porém, fica nítido diante da repetição da estrutura de Gn 12.1-3, que há um teor muito mais profundo: a redenção depende, isto é, está ligada à vida de Abraão, de maneira que levando a cabo as promessas feitas ao patriarca, Deus encerraria e desfecharia seus próprios planos de glorificação de seu nome e restauração da criação.
A ênfase numa linhagem que conteria reis (v. 6) engaja Abraão numa sequência germinal e progressiva que também demarca o caminho para o Messias. Levando em consideração a progressão da história, incluindo que os reis procedentes de Abraão, são por sua vez indicadores do último e definitivo Rei que virá (i.e. Cristo), Deus apresenta para Abraão não somente os detalhes (ainda que limitados) do cumprimento de sua promessa em específico, mas também o modo através do qual aquelas promessas apontavam para uma realidade superior. Se em Gn 12.1-3 ainda não havia ficado claro o modo através do qual Deus converteria a história no tapete vermelho que culminaria com a redenção, por meio dessa rememoração e confirmação, Abraão tem diante de si todos os elementos proféticos que o fazem vislumbrar o clímax revelacional mencionado por Deus: por meio da linhagem real abraâmica, o Criador levará a cabo seu plano: [serei] o teu Deus e da tua descendência" (v.7).
Observando toda essa carga teológica contida nesse primeiro ponto, Moisés direciona o olhar do povo de Israel para o futuro, onde, por meio da confiança nas promessas feitas ao pai Abraão, o povo desfrutaria das mesmas benesses, pois o mesmo Deus que aparecera a Abraão, aparecera, modo salvífico, a Israel.
Porém, para que a fé de Abraão fosse confirmada e fortalecida, um sacramento lhe é dado. O que nos leva ao segundo ponto da estrutra exposta por Moisés.
2. vs. 9-22: Entrega do selo pactual e demonstração da graça redentora.
João Calvino, explicando o que um sacramento é de fato, levando em conta também a circuncisão, asserta:
Os sacramentos são exercícios que nos tornam mais seguros da confiabilidade da palavra de Deus. E, como somos carne, eles nos são exibidos sob as coisas da carnce, para nos instruir segundo nossa obtusa capacidade e guiar-nos pela mão como tutores que conduzem crianças. […] Esses sacramentos antigos visavam ao mesmo propósito que, agora, os nossos têm em vista: dirigir e conduzir os homens a Cristo quase pela mão, […] a fim de que seja conhecido (CALVINO, As Insititutas, 2018, p. 211, 223).
É exatamente com essa finalidade que, após a rememoração das palavras da aliança, Deus apresenta a Abraão o que será o sacramento do Antigo Testamento: a circuncisão. Seu sentido é claro: "circuncidarei (neste caso; removereis) a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós" (v.11). A determinação da remoção de uma pequena parte do órgão sexual masculino, deverá ser símbolo suficiente para tanto humilhar Abraão e toda sua descendência, bem como animá-los a confiar e esperar na purificação que será executada pelo sacrifício do Messias, conforme havia sido também exibido que aconteceria (cf. Gn 15).
O pecado entrou no mundo através do ato de rebelião de um homem, e a natureza pecaminosa também é transmitida a todos os homens (Rm 5.12) por geração ordinária. A circuncisão é então dada como demonstrativo de um conceito muito simples: a natureza humana é corrupta, impura e maligna. Deverá vir, da parte de Deus, a purificação; somente por meio daquela obra prometida pelo SENHOR, representada pela remoção do prepúcio - apontando por sua vez para a remoção da natureza depravada e corrupta - o povo de Deus haverá de desfrutar da final e eficaz purificação.
Porém, o ato externo em si de nada vale se não for precedido pela fé que crê em absolutamente tudo para o qual ele aponta. Assim, a exigência divina é de que:
"O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tu estirpe" (v.12b).
A fé, que deposita sua esperança no Deus Salvador é manifesta inclusive nos pais (como é o caso de Abraão), fazendo de seu filho um membro da aliança, gozando de todas as prerrogativas (direitos e deveres) do pacto, através da circuncisão. Não obstante, há um reforço argumentativo que salienta a exigência em forma de ameaça:
"O incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a minha aliança" (v. 14).
Não é nenhuma novidade que a quebra da aliança acarretará a retaliação por meio da morte (e.g. Gn 2.17) , e em Gn 17.14 tal princípio é explicitado para Abraão, como forma de indicar a grande responsabilidade que terá, pois agora lhe é exigido não somente o crer, mas o professar.
Por sua vez, esse princípio nos leva ao terceiro ponto trabalhado pelo autor no texto.
3. vs. 23-27: Entendimento da promessa por meio da obediência pela fé.
Em se tratando de um eleito do SENHOR, tendo sido tantas vezes relembrado quanto ao compromisso divino de o salvar e de entregar-lhe a herança prometida, a única reação ou resposta possível é a fé demonstrada por meio da obediência do patriarca em cumprir o mandado do Criador.
A referência textual é direta:
"Tomou, pois, Abraão a seu filho Ismael, e a todos os escravos nascidos em sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo macho dentre os de sua casa, e lhes circuncidou a carne do prepúcio de cada um, naquele mesmo dia, como Deus lhe ordenada" (v.23).
Entretanto, conectado ao fato de que Abraão obedeceu em fé a Deus e sua ordem de circuncidar a si e a todos os de sua casa, está a informação quanto a idade de Abraão quando executou as ordens dividas: "Tinha Abraão noventa e nove anos, quando foi circuncidado" (v. 24). Isso remete ao fato de que o patriarca manteve-se crente de que o SENHOR, a despeito de sua idade avançada, poderia cumprir o que prometera, embora tenha, à princípio, achado improvável (v.17).
Mediante toda a carga significativa que a circuncisão representava, os planos divinos estavam mais do que claro: sobre as circunstâncias adversas (i.e. a idade avançada de Sara e dele), está o favor divino. Não importando quantos anos tinha, Sara seria mãe de um filho (v. 16, 19, 21), através de quem o nome de Abraão seria engrandecido: Isaque era o esperado símbolo de que a linhagem abraâmica culminaria na redenção da criação do SENHOR.
A fé do patriarca supera o tempo. Mesmo tendo sido o percurso cheio de altos e baixos, o SENHOR o trouxe até este momento para que ao longe pudesse contemplar a maravilha de sua obra redentiva.
Observação AT - NT
Ao chegarmos no Novo Testamento, quando encontramos a leitura do texto de Gn 17 feita pelo apóstolo Paulo, entendemos que, embora o selo da aliança - a circuncisão -tenha mudado, sua significação e importância permanecem as mesma. No texto de Romanos 4.11-12, o apóstolo salienta:
E Abraão recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda não havia sido circuncidado. E isto para que ele viesse a ser o pai de todos os que creem, embora não circuncidados, a fim de que a justiça fosse atribuída também a eles. Ele é também pai da circuncisão, isto é, daqueles que não são apenas circuncisos, mas também andam nas pisadas da fé que teve Abraão, nosso pai, antes de ser circuncidado.
Visando explicar como a salvação é aplicada sobre os eleitos de Deus, o apóstolo observa que embora o selo do pacto seja o sinal que publica o pertencimento do indivíduo a Deus como sendo salvo por ele, a fé é pressuposta para o recebimento do selo e assim, é anterior como ato de fé para aquele que o recebe. A salvação não está de tal forma conectada ao selo, sendo apenas aplicada sobre o crente no ato de seu recebimento, pois, assim como fora com Abraão, ele primeiro creu (cf. Gn 15.6), o que resultou em sua justificação pela graça, para que então manifestasse essa fé, aplicando sobre si e sobre os de sua casa o selo do pacto (cf. Gn 17.23).
A partir desse ponto, a conexão está alicerçada sobre a ótica da fé como instrumento salvífico, e não as obras, como supunham os judaizantes.
Entretanto, precisamos relacionar a fé do Antigo Testamento à fé do novo, entendendo como essa transição acontece, e quais bases reforçam o princípio que envolve ambos os grupos (i.e. crentes do AT com os do NT) num mesmo ato salvífico. A resposta para esse entrave é ver a circuncisão assim como sua realidade como um símbolo, e dessa forma como todas as " representações" tipológicas ou análogas ao Deus Triuno e sua obra salvadora, a circuncisão tem caráter transitório ou referencial, que alcança cumprimento em Cristo Jesus. Palmer Robertson nos ajuda a perceber essa realidade:
A clara indicação do alívio definitivo do processo externo da circuncisão sob a nova aliança apar4ece na narrativa concernente à difusão do evangelho entre os gentios, no livro de Atos. O Espírito Santo purificador passa a habitar em gentios incircuncisos, para assombro dos cristãos judeus ciruncidados (At 10.44-48). Se a realidade de "Eu serei o vosso Deus"pode acontecer separadamente do rito externo da iniciação, como seria possível continuar a insistir que os gentios fossem circuncidados? A realidade da nova aliança não requer que os gentios se tornem judeus antes de poderem se tornar cristãos. Pelo contrário, requer que ambos, judeus e gentios, se tornem novas criaturas, mediante sua união com Cristo, apenas por meio da fé" (ROBERTSON, 2011, p. 135).
Tendo em vista que o sacrifício que proporcionava a purificação do povo eleito do SENHOR foi cumprido em Cristo e sua morte (princípio que era representado pela circuncisão, de acordo com o que já argumentamos), aquele símbolo que significava a efetivação de tal ação da parte de Deus perde sua razão de existência ao chegarmos ao NT. Entretanto, ligado a isso, a lógica dos escritores do Novo Testamento é a de que a era da Nova Aliança inaugurada por Cristo inicia também uma nova etapa do plano salvador de Deus, na qual toda a realidade da graça é experimentada pelo crente de maneira abundante. Tendo sido mudado o sacerdócio (Hb 7.12), mudou-se também a Lei, não no sentido de um outro código legal que expressasse uma outra realidade, mas que ampliasse a mesma noção radicada no AT. Assim, por ocasião da vinda de Cristo, o selo da Nova Aliança adotado pela cristandade possui a mesma significação, porém, aponta para uma realidade superior de maneira mais abrangente, a saber: o batismo e o recebimento do Espírito Santo.
Ao sermos remetidos por essa temática, ao texto de Paulo em Colossenses 2.11, observamos que o autor emprega um termo análogo que possui na verdade outro indicativo. Neste texto o autor alude ao ritual da circuncisão tendo em mente na verdade o batismo, pois faz menção aquela obra do Espírito Santo que era representada pela remoção do prepúcio sob os auspícios da antiga aliança:
"Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas pela remoção do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo" (Cl 2.11).
Enquanto que Abraão precisou "executar a purificação" de seu corpo com as próprias mãos (embora isso também fosse representativo no AT), Paulo aponta que essa obra é encargo do Espírito Santo, em aplicar sobre o eleito a obra realizada por Cristo representada por sua vez através no batismo, como de novo nos elucida Robertson:
O ato de retirar o prepúcio do órgão procriador representa a remoção violenta da natureza inerentemente pecadora do homem. Esse mesmo significado é agora aplicado ao rito de iniciação do batismo. [...] No sentido mais completo possível, o batismo sob a nova aliança cumpre tudo o que era representado na circuncisão sob a antiga. Ao ser batizado, o cristão experimenta o equivalente do rito de purificação da circuncisão (ROBERTSON, 2011, p. 135, 137).
Frente a isso, quando Deus determina o rito da circuncisão para Abraão e todo o povo originado a partir dele, está confirmando sua promessa de salvação, munindo o patriarca com o símbolo necessário para que possa ser fortalecido na fé, e assim aguardar o cumprimento da redenção, e da mesma forma, todo o povo de Deus, ao agir do mesmo modo que Abraão, exibe a fé na mesma obra redentiva: ao sermos batizados estamos publicando a fé de Abraão. Embora o símbolo seja diferente, a única mudança de significado é que Abraão cria numa purificação a ser executada; nós, cremos na purificação já cumprida.
Transição
O texto de Gênesis 17 nos aponta o percurso da fé até o amadurecimento, em que confia em Deus como seu Autor e Consumador, através de uma postura de obediência às leis e determinações do Soberano, a fim de que por meio disso, obtenhamos a recompensa, não como fruto de nossas obras, mas sim, em reflexo daquela obra operada em nós pelo Espírito, que nos purificou e habilitou a andar conforme a sua vontade.
Em face disso, há ainda algumas outras considerações que podemos fazer a partir do texto como aplicações para nossa vida.
Aplicações
1. A fé é resultado exclusivo da revelação salvadora de Deus mediante sua Palavra.
Nas duas ocasiões onde Abraão demonstra a fé salvadora (i.e. Gn 15 e 17) vemos a manifestação graciosa e poderosa de Deus em expor-se ao seu filho. Em ambos os casos a menção de confirmação da promessa é precedida pela revelação do SENHOR, o que nos mostra que, qualquer virtude desenvolvida no coração do patriarca (e consequentemente no nosso) não advém da vontade, obras ou entendimento, é antes disso, fruto do poder de Deus por meio de seu Espírito.
Assim como nos mostra o apóstolo Paulo em Efésios 2.8, a fé é um dom de Deus, e ele a outorga a quem quer, independente de quaisquer méritos do beneficiário, o que inclusive seria impossível se fosse o caso, pois nada poderíamos fazer para Deus a fim de obtermos a salvação, tendo em vista nossa condição de depravação e impureza.
Só cremos no que conhecemos, e só conhecemos porque ele se revelou, e ele só se revelou por que quis. Assim, somos meros vasos de barro agraciados com o dom da fé, a fim de que a excelência da revelação seja de Deus e não nossa.
2. A fé nos leva a obediência
Mediante a revelação de Deus e da confirmação da palavra profética por ele deferida, Abraão, tendo sido agraciado com a fé, reage como eleito e obedece as determinações pactuais que o SENHOR lhe impusera. O fruto da fé não é a intransigência ou rebeldia, mas uma postura obediente e solicita em fazer a vontade de Deus.
Estranhamente, muitos em nosso tempo alegam crer em Deus sem manifestar qualquer tipo de compromisso em servi-lo da forma como ele determinou. Suas vidas não exibem nenhum traço de novo nascimento, pelo contrário, com a boca falam do que está cheio o coração: mentiras, engodos e falsidades. É impensável que alguém que nasceu de novo haja de maneira irresponsável para com as ordenanças do SENHOR. Pelo contrário, movido por um desejo de satisfazer seu Criador, o crente almeja andar conforme Cristo lhe determinou, atentando às Escrituras, para que o nome do Deus Triuno seja glorificado.
Essa compreensão, por sua vez, nos leva a uma visão mais específica do texto de Gn 17.
3. O selo pactual é a fonte cristã da certeza da salvação.
A fim de que nossa fé débil e vacilante fosse amparada, Deus nos concedeu sacramentos que representam graças espirituais de maneira visível. Um símbolo externo de uma graça interna. Não receber ou negligenciar a recepção ou ministração desses símbolos, dentre eles o batismo - crendo (assim como de fato cremos) que ele é o substituto da circuncisão - é não somente uma demonstração de incredulidade ou falta de fé, mas de rebeldia e quebra da aliança do SENHOR.
Àqueles que já receberam o batismo, fica a advertência: a fé é tanto o poder de Deus para crer, quanto seu poder para fazer. Tendo adentrado à família da Aliança, nosso compromisso agora é externalizar essa fé por meio de uma vida santificada: separada do mundanismo que nos cerca, depositando toda nossa confiança no Deus Redentor, pois ele nos salvou (na morte e ressurreição de Cristo), está nos salvando (pela santificação) e nos salvará (na volta de Cristo).
Quanto aos que não o fizeram, é possível dividi-los em dois grupos: os adultos que converteram-se já nesta fase da vida, e as crianças que ainda não foram batizadas. Em relação ao primeiro grupo, uma ordem graciosa lhe é dada: venha, publique sua fé no Messias Prometido: Cristo Jesus, demonstre por meio da submissão ao batismo, a obra maravilhosa que o Espírito Santo realizou em sua vida, recebendo o selo da Nova Aliança. Para o segundo grupo, a advertência é a mesma, porém mais severa: não tarde em trazer seu filho para que publica sua entrada na família da aliança. A ameaça divina contra os que não submetiam-se a circuncisão era a morte. Não matamos crianças não batizadas hoje... pois algo ainda mais terrível acontece: ela deixa de receber sobre si uma operação mais poderosa do Espírito da vida, devido a negligência de seus pais, de quem o SENHOR pedirá contas. Lembre-se: seus filhos não são seus, são propriedade do SENHOR, cabendo-lhe o cuidado, manutenção e acima de tudo, o ensino de quem é o SENHOR a quem ele serve e servirá.
4. O selo da Nova Aliança (o batismo), demonstra nossa purificação efetuada por Cristo: o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Assim como na Antiga Aliança, a circuncisão demonstrava a graça de Deus em nos purificar da nossa natureza corrupta e impura, recebemos na Nova Aliança o selo que nos garante que fomos e estamos sendo limpos da iniquidade. Todos os dias, o Espírito nos lava, através de sua Palavra e do sangue de Cristo, que nos santifica para que a promessa feita por Deus a Abraão seja executada: hoje, ele é o Deus de Abraão, e de sua descendência (Gn 17.7).
Conclusão
Gênesis 17 nos mostra a bênção da palavra divina como base da nossa fé, e de como esta, pelo poder do Espírito, nos impulsiona a obedecer Àquele que nos chamou da podridão do pecado, para a pureza de sua presença, sendo para sempre o nosso Deus, e nós, o seu querido e amado povo, por meio de Cristo Jesus, nosso SENHOR.