Aspectos Importantes da Oração na Vida da Igreja.
Igreja Viva • Sermon • Submitted
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· 19 viewsA oração é arma para o cristão vencer em tempos de sofrimento, ser fortalecido e é arma de restauração.
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Tiago 5.13–18 (RA)
Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo. Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.
Introdução: Tiago escreveu esta carta para uma igreja perseguida, que passava por vários sofrimentos - "Tende por motivo de alegria o passares por várias provações" (Tg 1.1-4). É uma instrução à comunidade cristã visando mostrar como, em um mundo de tantos sofrimentos e dores, nós podemos ficar firmes no caminho do Senhor. A arma apresentada é a oração.
I - Oração é Estilo de Vida.
I - Oração é Estilo de Vida.
Muitos de nós temos problemas em perceber quão importante é a oração na vida do cristão. De fato, muitos de nós temos problemas inclusive em saber o que é oração. Alguns pensam nela como uma atividade quase que cerimonial. Contudo, a realidade da oração é diferente. John Knox dizia:
“A oração é uma conversa sincera e familiar com Deus”.
Oração não tem a ver com palavras elaboradas que você nem sabe o que significam. Oração tem a ver com você abrir o seu coração para o Seu Amigo Pessoal. Precisa ser um estilo de vida para todas as situações. Os judeus faziam orações pessoais e também orações cerimoniais. Duas dessas orações eram praticadas regularmente nos cultos das sinagogas. A Shemá (Dt. 6.4-9) e uma segunda oração chamada de Amidá (oração longa) que Jesus usa como base para proferir o “Pai Nosso” em Mt 6.9-15. Os judeus chamavam Deus de Pai, mas nunca usavam essa expressão, “Pai Nosso”, em uma oração. Jesus traz intimidade para o relacionamento “Deus e nós”. Nenhuma outra oração registrada no mundo antigo traz tanta intimidade como esta.
Ilustração: De fato, as orações das religiões visinhas costumavam tentar chamar a atenção dos deuses que ficavam adormecidos em seus salões celestiais, alheios às necessidades dos seus ouvintes (A prayer to the night gods).
Mas o nosso caso é diferente. Temos um Deus que ouve nossas orações e se comunica conosco. Então o incentivo de Tiago é: “Levem a Deus todas as situações da sua vida.”
Quando orar?
A) Passando por sofrimento (Tg 5.13a)
Tiago começa e termina esta carta falando do mesmo assunto: “Perseguição e sofrimento”. Esta foi uma carta escrita para “às doze tribos que se encontram na Diáspora”. Aqui provavelmente se trata da perseguição desencadeada em At 8.1 após a morte de Estevão. Crentes estavão sendo perseguidos, açoitados e mortos. Então Tiago escreve essa carta como forma de dar ânimo a esses irmãos. E ele diz para eles: “Estão passando por sofrimento?”, “levem isso a Deus em oração”. Me impressiona o fato de que muitos abandonam a fé ou a comunhão da igreja quando passam por sofrimentos, provações, etc., sendo que o caminho deveria ser o contrário.
Quando Hutson Taylor estava navegando para a China para começar seu trabalho missionário, seu navio corria grande perigo. O vento havia desaparecido e a correnteza estava carregando o barco em direção a recifes submersos que ficavam perto de ilhas habitadas por canibais - tão perto que podiam vê-los acendendo fogueiras na costa. Tudo o que tentaram foi em vão. Em seu diário, Taylor registrou o que aconteceu a seguir: O capitão me disse: “Bem, fizemos tudo o que pode ser feito”. Um pensamento me ocorreu e respondi: "Não, há uma coisa que ainda não fizemos". "O que é?" ele perguntou. “Quatro de nós a bordo somos cristãos. Que cada um de nós se retire para sua própria cabine e, em oração combinada, peça ao Senhor que nos dê uma brisa imediatamente.”
Taylor orou brevemente e então, certo de que a resposta viria, subiu ao convés e pediu ao primeiro oficial que baixasse as velas. "Qual seria a vantagem disso?" ele respondeu asperamente. Eu disse a ele que estávamos pedindo um vento de Deus; que estava vindo imediatamente. Em minutos, o vento começou a soprar e os carregou com segurança além dos recifes. Taylor escreveu: Assim, Deus me encorajou, antes de chegar na costa da China, a trazer toda variedade de necessidades a Ele em oração e esperar que Ele honrasse o nome do Senhor Jesus e desse a ajuda necessária para cada emergência.
B) Em momentos de alegria (Tg 5.13b)
psallo significa cantar um hino, celebrar os louvores de Deus em canção. A ideia de louvor é “elogiar Deus” pelos seus atos. Adoração é “elogiar Deus” por aquilo que Ele é.
C) Em momentos de fraqueza física e espiritual (Tg 5.14-16)
Agora, esta parte da passagem tem gerado bastante discussão e várias interpretações durante os anos. Alguns vêem nessa passagem um claro ensino da confissão de pecados sacramental e uma deixa para a extrema unção. Outros apontam para a necessidade de “ungir” os enfermos sempre que orarmos por eles. Deixe passar para vocês o que eu penso sobre isso:
Doentes/Fracos - A palavra astheneo traduzida geralmente como “doentes” pode significar também “fraco, estar sem força, sem energia, estar debilitado. O contexto da passagem está falando sobre sofrimento causado pela perseguição e parece pouco provavel que esteja falando sobre doença física.
2. Ungir com óleo - Era uma prática comum nos tempos bíblicos e tinha três funções principais, um simbólica, outra de cunho cosmético e ainda outra de uso medicinal. No velho testamento simbolizava a presença do Espíritio Santo e era usada geralmente para consagrar algo, coroar um rei ou no início do ministério profético dos servos de Deus. Era usado como cosmético, para aplacar os efeitos do clima desertico na pele e nos cabelos (Lc 7.46), e também era usada para curar feridas externas, como na parábola do bom samaritano (Lc 10.34).
Se Tiago estiver falando de doença física, está falando de questões externas. Muitos na diáspora eram chicoteados, apedrejados ou obrigados a trabalhar em trabalhos pesados ao sol para poderem sobreviver. Pode ser que estavam com os corpos feridos e por isso o óleo deveria ser ministrado. Para mim o caso aqui parece ser espiritual. A perseguição e o sofrimento estavam fazendo vítimas. A carta em si, escrita para dar ânimo, já nos diz a situação que se encontravam essas pessoas. Muitos estavam fracos na fé, pensando em desistir e muitos já se entregavam a uma vida de pecado julgando ser uma vida mais feliz.
O fato é que Tiago determina. Tem alguém doente fisicamente ou espiritualmente? A oração é a solução. Fale com Deus.
A ideia de Tiago aqui é simples mas generalista: “Em qualquer momento da sua vida, seja em sofrimento ou em alegria, leve sua situação a Deus.”
Aplicação: Precisamos procurar mais a Deus em todas as circunstâncias.
A Oração é Nossa Declaração de Dependência de Deus.
II - Oração Em Comunidade
II - Oração Em Comunidade
Um segundo aspecto importante na oração hoje é a necessidade da vida comunitária de oração. A fé cristã nunca foi planejada para ser individualista. Nunca foi pensada por Deus para ser exercida em isolamento ou em solidão. Dois aspectos são apresentados aqui com relação à oração em comunidade:
A) Presbíteros/Anciãos (Tg 5.14)
O termo presbítero quer dizer literalmente “ancião”. Com o tempo, a palavra passou a significar os homens de Deus separados para o ministério pastoral. Na época que Tiago escreve sua carta o termo ainda não era empregado dessa forma. Os “anciãos” eram cristãos maduros que cumpriam bem o mandamento de Paulo em cuidar dos mais novos na fé. Podemos concluir e aplicar essa palavra para nosso contexto da seguinte forma:
1. Cristão maduros orando por cristãos mais novos, incentivando-os também em suas casas. Um grande tragédia que temos em nossos dias é o individualismo da sociedade. Isso acaba entrando na igreja de tal forma que não exista tanta preocupação no cuidado nos novos na fé. O esperado era que cristão maduros deveriam tomar a frente no cuidado nos mais novos (Tt 2.1-5) e não esperar que o pastor faça tudo.
Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos.
É importante lembrar que o direcionamente dado por Tiago é de que aquele que está doente, pode e deve pedir ajuda.
B) Mutualidade na oração (Tg 5.16)
Um segundo aspecto apresentado aqui é a importância de orarmos uns pelos outros. Tiago menciona a confissão de pecados uns para com os outros como fator de obtenção de perdão. Ele diz que devemos confessar nossos pecados uns aos outros e orar uns pelos outros porque a nossa oração tem poder.
Aplicação: Precisamos orar mais uns pelos outros. Precisamos criar uma atmosfera de dependência mútua na igreja. Precisamos cuidar mais dos fracos na fé.
III - Poder da Oração na Igreja
III - Poder da Oração na Igreja
O terceiro aspecto que gostariamos de tratar é do poder da oração na vida da Igreja. A oração não simplesmente um atividade religiosa para ocupar tempo no culto. Ela traz benefícios e é a maneira que Deus usa para abrir portas de benção sobre nós. Dentre os benefícios da oração, podemos destacar três presentes neste texto:
A) Nos ajuda em momentos de sofrimento (Tg 5.13a)
Continuamos a ter sofrimentos no mundo moderno, como os antigos também tinham naquele tempo. As circunstâncias são diferentes, mas as aflições das quais Tiago falou, apesar de diferentes, podem causar o mesmo resultado: Fraqueza espiritual, abandono da fé, falta de santidade. Através deste ensino, os cristão deveriam entender o caminho do fortalecimento espiritual através da oração. Oração é dependência de Deus. É negação da nossa autosuficiência. Quando oramos a Deus, reconhecemos que precisamos dEle para resistir aos tempos de crise financeira, doença, dor, etc. Ele responde nos “fortalecendo”.
B) É canal de fortalecimento (Tg 5.15)
Quando oramos reconhecendo nossa fraqueza, Deus responde nos dando força. “O Senhor levanta o abatido”. O Senhor cura o enfermo da alma. O Senhor sustenta o fraco.
C) É arma na restauração de vidas (Tg 5.16)
Muitos estavam abandonando a fé em Cristo Jesus por causa da perseguição e do sofrimento. Tiago diz que precisamos confessar nossos pecados uns aos outros e a nossa oração mútua, é canal de restauração para vida daqueles que precisam.
IV - O Poder da Oração na Sua Vida
IV - O Poder da Oração na Sua Vida
Um ultimo aspecto é imperativo de análise nessa passagem. Tiago cita um texto do Velho Testamento, mais precisamente sofre o profeta Elias, indicando como deve ser nossa abordagem com relação à oração praticada por nós. Porque ele faz isso? Provavelmente, como nos dias de hoje, muitos pensavam que era necessário ser um super crente para exercer ativamente a oração na sua vida bem como na vida de outros. O exemplo de Tiago é o texto de 1Rs 17.1 (Tg 5.17).
Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra.
Elias profetiza dizendo que não choveria durante 3 anos e meio em Israel na época do rei Acabe. Nós sabemos que a professia se cumpreu pelos texto que seguem (1Rs 18.41-46). Então Tiago diz que Elias era homem “semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos”. Porque ele coloca essa ilustração aqui?
A resposta está na tradição judaica. Dentre os escritos judaicos, incluindo o Talmude, a Bíblia hebraica, somente nesta ocasião alguém orou e a chuva foi impedidade de cair até que essa mesma pessoa orasse novamente pedindo chuva. Outros episódios eram desacreditados. Com o tempo, a questão de fazer um milagre para que a chuva não caisse ou caisse, foi considerado como sendo um milagre que somente o Messias poderia operar. Então Tiago cita o exemplo de Elias para dizer: “Nós todos somos sujeitos à sofrimento. Elias não era mais santo do que nós, nem melhor nem pior. Contudo, olhem o poder da oração de um justo.
Quando Tiago expressa a palavra justo, ele não quer dizer melhor ou mais santo que os outros. Mas, sim, justificado, como Paulo diz que nós somos. Então a oração do justo pode muito em seus efeitos, tem a ver com a vontade de Deus em nos abençoar através da nossa oração, e não algum tipo de poder inato em nós.
Aplicação: Precisamos orar mais.
CONCLUSÃO: A confiança em Jesus, exercida através da oração, faz a nossa vida de sofrimentos aqui na terra ser mais tranquila. A oração é arma na vida cristã para vencer as lutas impostas a nós.