AMOU ATÉ O FIM
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Transcript
Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
O que você faria se soubesse que morreria amanhã? Talvez procuraria organizar ao máximo sua vida para deixar uma bela impressão e menos dívidas para a família. Talvez morreria uma semana antes, somente pela aflição de saber que o dia estava chegando. Nosso texto está no contexto da Páscoa, que é a festa mais celebrada dos judeus. Rememora a libertação do povo de um dos períodos mais tristes de sua história: os 430 anos de escravidão no Egito. Essa festa levava muitas pessoas a Jerusalém, e Jesus sabia que Sua morte seria naquela Páscoa. Mas, quanto mais aproximava Sua morte, mais Ele amava os que escolhera do mundo para Si. Seu amor crescia a medida em que sofria. O capítulo 13 de João inaugura a narrativa dos últimos dias de Cristo na terra. Consolo (13 a 17), agonia no Getsêmani, traição, negação de Pedro, julgamento, tortura, crueldade da Cruz; tudo isso está sobre o firme alicerce do amor. No primeiro versículo do capítulo 13 João deixa claro que Ele amou os Seus “até o fim”. Esse amor absurdo de Jesus pelos Seus que fez com que Ele desejasse, às vésperas de morrer, estar com os Seus para comerem a Páscoa.
E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento.
Esse amor absurdo de Jesus fez com que Ele, nessa ceia da última Páscoa, instituísse um novo significado de libertação para o Seu povo. Se a Páscoa lembrava-os do sangue do Cordeiro nos umbrais da porta, que era sinal de que o povo escolhido estava ali, e não passariam pela morte,a nova Páscoa que Jesus estava instituindo através da Ceia apontava para o Cordeiro de Deus, que entregaria voluntariamente Seu corpo, representado pelo pão, e derramaria Seu sangue, representado pelo vinho. A partir de então, pão e vinho seriam os símbolos da nova Páscoa, da real libertação que a morte de Cristo levou à Igreja.
Nós, a Igreja de Cristo, estamos sobre o fundamento de Seu infinito amor. Ele nos amou até o fim. Ele nos quer participando de Sua morte e ressurreição, e participando da Ceia do Senhor estaremos rememorando Sua morte, reconhecendo nosso vínculo no Seu sacrifício, e anunciando Sua morte até que Ele venha.
A mesa chama os pecadores ao arrependimento, à reconciliação e a uma vida que siga o exemplo do Mestre. Amor, humildade e serviço são marcas deixadas por Jesus, que devem estar cravadas na Igreja. Jesus vai dar o exemplo prático disso naquela ceia.
O versículo 2 fala que naquela mesa estava um filho do Diabo, com o coração decidido a trair Jesus, que era Judas. Mas todos os outros tinham seus erros terríveis. Estavam ali os orgulhosos Tiago e João, o descontrolado Pedro, o pragmático Filipe, o exitante Tomé, todos pecadores que volta e meia estavam em um embate sobre quem era o maior no Reino de Deus. Naquele ambiente cuidadosamente preparado para a ceia, além dos utensílios necessários para comerem e beberem, haviam dois objetos que ninguém ousava tocar, por ser de uso de um empregado. Havia ali uma toalha e uma bacia. Os homens chamados por Jesus estavam assentados carregando sujeira nos pés, por conta da caminhada, e uma maior ainda no coração, que não permitia que algum deles se voluntariasse a lavar os pés dos outros, afinal, “O MAIOR NO REINO” não poderia se rebaixar a um serviço tão humilhante!
A Ceia do Senhor chama gente suja de alma, como os discípulos, que não tem condição nenhuma de limpar-se ou limpar o outro, pois estão afundados no pecado, e nessa condição, seus olhos estão voltados para seus interesses mesquinhos e depravados. Mas, pela graça de Deus, naquela mesa, e em nossa mesa, está aquele que o Pai confiou tudo em Suas mãos, veio do Pai e voltou ao Pai (v.3).
A toalha e a bacia estavam lá, prontas para o serviço do servo, e o servo foi trabalhar. Levantou da mesa, tirou a vestimenta e cingiu-se com a toalha. Estava na frente de todos figura que todos os que são de Cristo devem mostrar: SERVO.
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus,
que, embora sendo Deus,
não considerou
que o ser igual a Deus
era algo a que devia apegar-se;
mas esvaziou-se a si mesmo,
vindo a ser servo,
tornando-se semelhante
aos homens.
E, sendo encontrado
em forma humana,
humilhou-se a si mesmo
e foi obediente até a morte,
e morte de cruz!
A mesa nos amassa, pois exige que eu e você sejamos SERVOS do Cristo que se entregou por nós, e servos uns dos outros. Não há lugar para soberba, arrogância, altivez. Não podemos participar do sacramento com o coração cheio de nós. Precisamos nos esvaziar de nós mesmos.
A mesa nos amassa e exige de nós atitude, e não discurso apenas. Jesus cingiu-se da toalha e pegou a bacia. Ele mesmo encheu-a de água, e começou a lavar os pés dos discípulos. A água que vem de Jesus é suficiente para nossa purificação. Só passando por essa água é possível participar da mesa de forma satisfatória. A água de Cristo é uma fonte a jorrar para a vida Eterna.
Participar da Santa Ceia é ser amassado, moído e triturado pela verdade de que o exemplo deixado por Cristo deve ser seguido por nós. Dia a dia tomarmos a Cruz, e em cada açoite que levarmos, lembrarmos que Ele já sofreu por nós. Dia a dia nos fazermos servos Dele e uns dos outros, abandonando a arrogância. Cristo já fez tudo por nós. Precisamos imitá-lo até que venha. Encerro com a pergunta de Jesus aos discípulos depois de lavar seus pés:
Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz?
