NÃO DEIXE DE PREGAR! Tito 1.1-4
Deus alcança os crentes através da pregação da fé.
Tito não é mencionado em Atos, mas recebe nada menos do que treze referências na literatura paulina. Nestas, ele aparece como um amigo chegado e companheiro de confiança, um genuíno discípulo (Tt 1.4).
À luz do que foi dito acima, formula-se o seguinte propósito para a epístola a Tito:
Guiar Tito no papel de levar a igreja cretense à maturidade por meio de desenvolvimento de liderança e promoção de um estilo de vida condizente com a doutrina cristã.
Os v. 1–3 trazem, em palavras concisas, a mais completa descrição do serviço apostólico, como Paulo o compreendia e praticava.
O título “servo de Deus” é antigo, sendo usado somente para os profetas, para Abraão, Moisés, Davi: 2Sm 7:5; Sl 105:42; Dn 9:11. Por meio desse título (incomum para o NT) Paulo se posiciona ao lado dos patriarcas e profetas.
Devemos lembrar que, como já disse em outro lugar, o termo ‘servo’ não significa apenas sujeição ordinária, no sentido em que todos os crentes podem ser chamados servos de Deus, mas significa um ministro a quem se destina certo ofício definido. Nesse sentido, os antigos profetas foram caracterizados por esse título, e Cristo mesmo é o principal dos profetas. “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem a minha alma se compraz” [Is 42.1].
“Apóstolo” é um conceito corrente em todo mundo antigo, mas o conceito de que “ser apóstolo” é um serviço, é uma novidade completa.
E assim aprendemos que o homem que mais progride na piedade é também o melhor discípulo de Cristo, e o único homem que deve ser tido na conta de genuíno teólogo é aquele que pode edificar a consciência humana no temor de Deus.
Portanto, o alvo de um bom mestre deve ser sempre converter os homens do mundo para que voltem seu olhar para o céu. De bom grado concordo que a glória de Deus deve estar, para nós, acima de nossa própria salvação, mas não estamos agora preocupados com a questão sobre qual dessas duas vem primeiro em sua ordem de precedência. Tudo o que posso dizer é que os homens nunca buscam genuinamente a Deus até que adquiram confiança para aproximar-se dele, e assim nunca aplicam suas mentes à piedade até que sejam instruídos na esperança da vida celestial.
Contudo a vida eterna continuaria sendo um desejo infundado e até mesmo puro devaneio sem o Deus eterno que não mente (apseudes), literalmente: livre de falsidade. Contrasta com o v. 12; cf. também 1Tm 6:20: pseudognosis = falso conhecimento! Deus é verdadeiro e fiel; cf. 2Tm 2:13; Rm 3:4; 11:29; Lv 23:19.
A Bíblia retrata Deus não apenas como um verificador incontestável, mas também como a fonte da verdade em si. Em outras palavras, a Palavra de Deus é verdadeira não porque está de acordo com alguma realidade externa chamada “verdade”, mas porque sua Palavra é uma expressão da própria verdade, a saber, a própria essência de Deus. É por isso que as Escrituras insistem que Deus “não pode mentir” (Tito 1:2), pois isso implicaria a negação de Deus de seu próprio eu - uma impossibilidade.
Para restringir uma curiosidade tão imoderada, ele ensina que os tempos estão nas mãos e à disposição de Deus, de modo que devemos crer que tudo é feito na mais perfeita ordem e no tempo predeterminado.
Além do mais, aprendemos desta passagem por que os homens são ordenados apóstolos a fim de publicarem o evangelho; como ele diz em outra parte: “Ai de mim se não pregar o evangelho; esta responsabilidade me foi confiada” [1Co 9.16]. Por conseguinte, aqueles que se portam como fantoches em meio à ociosidade e à luxúria são impudentes demais ao reivindicarem para si a sucessão apostólica.
Tito abraçou a fé em Jesus por meio da proclamação do apóstolo, representando um fruto real do serviço apostólico. Autêntico também pode ser a designação de um companheiro de luta na fé, desde que seja aprovado.