Sola Scriptura - Somente as Escrituras

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Introdução
O cristianismo está firmado em Cristo Jesus, a autoridade e a inerrância da Sagrada Escritura. Todo o conhecimento sobre nosso Salvador, o alimento a busca encontra-se na Escritura Sagrada. A salvação em Cristo está anunciada na Escritura Sagrada.
Somente a escritura faz parte de uma visão resgatada pela teologia reformada, a Confissão de Fé de Westminster (CFW), por ser esta uma obra-prima da teologia reformada, também fala sobre a Escritura Sagrada e sua autoridade.
Mudanças aconteceram na teologia romana, especialmente depois do Concílio Vaticano II, quando a Igreja Católica passou a adotar uma postura menos tradicional e mais ecumênica. Hoje encontramos uma abordagem atual, mostrando os desvios teológicos existentes hoje (especialmente entre os evangélicos) os quais seriam evitados, caso nos apegássemos com mais vigor à herança da Reforma, a saber a sagrada escritura.
O primeiro tema abordado é a Escritura. Os reformadores foram unânimes na apresentação do fundamento sobre o qual sua teologia seria elaborada: Sola Scriptura (Somente a Escritura).
A Escritura Sagrada para que tivéssemos acesso passou por grandes lutas, muitos homens foram mortos para que o mundo tivesse acesso à Bíblia. O inglês John Wycliffe era teólogo e professor na Universidade de Oxford e no ano de 1380 d.C, traduziu do latim para o inglês a escritura. Wycliffe morreu em dezembro de 1384, devido a um derrame cerebral, não conseguiu concluir a tradução da Bíblia. Ele entra nesta lista, porque após 44 anos de sua morte o Concílio de Constança, ordena que seus ossos fossem desenterrados, queimados e jogados no rio, qual foi espalhado pelo rio Swift, na cidade de Lutterworth, pois elas consideravam uma abominação os homens terem acesso a Bíblia em seu idioma para estudo.
John Hus era um dos seguidores de Wycliffe e promoveu ativamente suas ideias, qual o levou para a fogueira em 1445, com as Bíblias manuscritas de Wycliffe usadas como material para o fogo. As últimas palevras de John Hus foram, “Em 100 anos, Deus levantará um homem cujos pedidos reforma não poderão ser suprimidos”.
Quase 100 anos depois, em 1517, Martin Luther ou como conhecemos Martinho Lutero afixou suas famosas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Winttenberg, na Alemanha.
John Colet outro professor de Oxford e filho do prefeito de Londres, traduziu o Novo Testamento do grego para o inglês para seus alunos, e mais tarde para o público da Catedral de São Paulo em Londres, em 1496. As pessoas estavam com tanta fome de ouvir a Palavra de Deus em seu idioma que, dentro de seis meses, havia mais de 20.000 pessoas na igreja e muitas outras do lado de fora, tentando entrar. Por se relacionar com pessoas influentes, Colet conseguiu evitar a execução.
William Tyndale também fora professor em Oxford fluente em sete idiomas entre eles hebraico e grego, pediu permissão para o bispo de Londres para traduzir o Novo testamento, porém seu pedido fora negado, isso aconteceu no ano de 1523. Para encontrar um ambiente hospitaleiro, ele viajou para Worms, no sudoeste da Alemanha. Lá, em 1525, surgiu a primeira tradução do Novo Testamento do grego para o inglês. As primeiras cópias chegaram à Inglaterra por contrabando, deixando o rei Henrique VIII e os líderes religiosos furiosos.
Tyndale começou a trabalhar na tradução do Antigo Testamento, mas foi capturado em uma emboscada em Antuérpia, na Bélgica, antes de ser concluída. Em agosto de 1536, Tyndale foi condenado como herege e levado à cruz em praça pública, onde teve a chance de se retratar. Nesse momento, segundo o historiador inglês John Foxe, ele gritou: “Senhor, abra os olhos do rei da Inglaterra!”
Sua oração foi respondida três anos depois, em 1539, quando o rei Henrique VIII, que autorizou a primeira edição da Bíblia em inglês e ficou conhecida como a Grande Bíblia (Great Bible). A Grande Bíblia inclui parte do trabalho de Tyndale, mas também inclui traduções da Vulgata Latina. Esta versão das Escrituras passou a ser lida em todas as igrejas da Inglaterra.
Até os dias de hoje encontramos com tristeza esses acontecimentos, de tradutores sendo mortos por conta da Sagrada Escritura.
Muitos missionários que estudam para traduzir a bíblia para o idioma do local que estão levando o evangelho, também tem sido mortos. Em 1993, Edmund Fabian foi assassinado na Papua Nova Guiné por um homem local que o ajudara a traduzir a bíblia.
Em março de 2016, quatro tradutores da Bíblia que trabalhavam para uma organização evangélica dos EUA foram mortos por militantes em um local não revelado no Oriente Médio.
Muitos homens ao longo da história morreram por conta de traduzir a bíblia para idiomas quais ainda não tem acesso. A Bíblia Sagrada é a voz de Deus, contém a mais sublime verdade sobre nossa salvação, sobre Cristo Jesus nosso Senhor e Salvador. Ele entregou a sua vida para que tivéssemos vida.
A autoridade da Escritura é superior à da Igreja e da tradição. Contra a afirmação católica: “a Igreja ensina” ou “a tradição ensina”, os reformadores afirmavam: “a Escritura ensina”.
A experiencia com a escritura é extraordinária e os benefícios que ela nos traz é incomparável, Lutero quando eu estava com 20 anos de idade, ainda não havia visto uma Bíblia. Ele achava que não existiam evangelhos ou epístolas exceto as que estavam escritas nas liturgias dominicais. Ele encontrou uma Bíblia na biblioteca e levou-a consigo para o mosteiro. Começou a ler, reler e ler tudo novamente.
Para os reformadores, a Bíblia não era um livro de doutrinas e proposições a serem aceitas intelectualmente ou mediante a autoridade da Igreja, mas uma revelação direta, viva e pessoal de Deus, acessível a qualquer pessoa.
Daí a preocupação de colocar as Escrituras nas línguas vernaculares. Lutero e sua tradução no castelo de Wartburgo. Calvino e sua introdução ao Novo Testamento francês de seu primo Robert Olivétan (1535).
Observe quão grande é nosso Senhor, pois Eles falou, fala e falará com os seus através da Escritura Sagrada. A bíblia se explica pela própria bíblia.

A autoridade das Escrituras

A Sagrada Escritura é a rocha sobre a qual o cristianismo se põe de pé. A sua autoridade é porque Deus é revelado nEla. Deus é revelado como o Criador que fala com autoridade para chamar a criação, do nada, à existência. Conforme Gênesis 1 “1 No princípio, Deus criou os céus e a terra. 2 A terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre as águas. 3 Então Deus disse: — Haja luz! E houve luz. 4 E Deus viu que a luz era boa e fez separação entre a luz e as trevas. 5 Deus chamou à luz “dia” e chamou às trevas “noite”. Houve tarde e manhã, o primeiro dia. 6 E Deus disse: — Haja um firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas. 7 E Deus fez o firmamento e a separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas acima do firmamento. E assim aconteceu. 8 E Deus chamou ao firmamento “céus”. Houve tarde e manhã, o segundo dia. 9 E Deus disse: — Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim aconteceu. 10 Deus chamou à porção seca “terra” e ao ajuntamento de águas chamou “mares”. E Deus viu que isso era bom. 11 E Deus disse: — Que a terra produza relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua …”
Essa palavra criadora foi executada pelo Espírito Santo, que garantiu o resultado pretendido pelas palavras que foram ditas.
Na declaração de Fé de Westminster contém uma declaração extraordinária sobre a autoridade da Escritura:
A autoridade da Escritura Sagrada , razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou Igreja, mas depende somente de Deus (que é a própria verdade), o seu autor; e, portanto, deve ser recebida, porque é a Palavra de Deus. Nós podemos ser movidos e compelidos, pelo testemunho da Igreja, a um alto e reverente apreço pela Escritura Sagrada; e a sublimidade do assunto, a eficácia da sua doutrina, a majestade do estilo, a concordância de todas as partes, o escopo do seu todo (que é dar toda a glória a Deus), a plena revelação que faz do único caminho da salvação do homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e sua completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser a Palavra de Deus; ainda assim, não obstante, a nossa plena persuasão e certeza de sua verdade infalível e autoridade divina provêm da operação interna do Espírito Santo, testemunhando por meio da Palavra e com a Palavra em nossos corações. (CFW 1.4-5)
Essas palavras refletem o consenso do pensamento das Igrejas Reformadas sobre como devemos entender a autoridade da Escritura. Em suma, a autoridade da Escritura não depende da decisão ou decreto de qualquer igreja ou qualquer homem. Pelo contrário, a Escritura é autoritativa porque é a Palavra do Deus vivo. Por esse motivo declaramos que a Escritura é nossa regra de Fé e Pratica.
A Escritura tem toda autoridade pois ouvimos o próprio Jesus nos informando quando diz em João 10.27, “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.” A melhor maneira de descrever o modo como conhecemos a Escritura é o testemunho do Espírito Santo dado corporativamente ao povo de Deus. O reconhecimento da Sagrada Escritura como autoridade é devido à ação do Espírito Santo capacitando o povo de Deus a ouvir a sua voz.
A autoridade da Escritura se estende em todos os 66 livros, assim como encontramos em Hebreus 1.1, “Antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,” e mediada por uma surpreendente quantidade de escritores humanos, como afirma a segunda carta que o apóstolo Paulo escreve Timóteo, 2Timóteo 3.16, “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,” .
A Escritura é uma mínima parcela do conhecimento da mente do Senhor, ela fala com voz divina, vem da mente divina, como encontramos e 2Pedro 1.21, “porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.”
A Escritura tem autoridade fala ensina, glorifica ao Senhor e Salvador Cristo Jesus, somente Ele é digno de receber toda a glória, honra e poder. Mas a autoridade da Escritura nos leva a inerrância dEla.

2. Inerrância da Escritura

Em Tito 1.2, “Escrevo na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos”, ela não pode errar ou extraviar-se do caminho da verdade. O Salmo 119 é o salmo mais longo da Escritura, o salmista celebra as belezas e os benefícios da Bíblia em um acróstico de vinte e duas estrofes, no qual cada verso de uma estrofe começa com a mesma letra do alfabeto hebraico. Porém o versículo no Salmo 119.160, encontramos de forma extraordinária as palavras, “As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre.”
A fé da igreja do Antigo Testamento, na palavra do Senhor, os levaram a ter um cuidado muito zeloso, tomado pelos seus escribas para preservar cada palavra e letra do texto da Escritura. O próprio Cristo confessa, no Evangelho Segundo João 17.17, “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.”
Joel Beeke tem razão quando escreve em seu décimo segundo artigo da série “Grandes Doutrinas da Fé Cristã Reformada, publicada em 2014: “Tem ocorrido uma vã tentativa de distinguir a inerrância da infalibilidade, por parte daqueles que desejam manter a autoridade da Escritura, enquanto fazem a concessão para as declarações de especialistas descrentes sobre a Escritura conter muitos erros dos autores dos livros e daqueles que transmitiram o texto. Esta tentativa falha porque as duas palavras são sinônimas, e porque se na Bíblia existissem erros em algum ponto, poderiam haver erros em todos os pontos e, portanto, não poderia haver confiança nela.”
Quando afirmamos a infalibilidade e inerrância da Sagrada Escritura, não atribuímos qualquer qualidade a seres falíveis, a tarefa dos homem é ler, traduzir e expôr como está escrito, como um arauto, mordomo, como está escrito, sem acrescentar ou retirar nenhuma vírgula da mesma. Não há ofício alto o suficiente na igreja para conferir infalibilidade do homem que o ocupa. Não existe suficiente grau de aprendizado nas linguagens da Escritura e na história da sua interpretação para assegurar inerrância da parte de estudiosos e professores da Bíblia, e muito menos da parte da contrapartida secular.
Não existe quaisquer traduções da Escritura Hebraica e Grega absolutamente perfeita como uma representação da Palavra de Deus inspirada, ou seja, nenhuma tradução é tão boa que não possa ser melhorada.
Nossa compreensão é extremamente limitada, precisamos do Espírito Santo para auxiliar-nos quanto a compreensão da palavra de Deus. A leitura e a interpretação da Bíblia precisa ser um empreendimento de fé. Nós devemos confiar em Cristo como o nosso maior Profeta, no abrir dos nossos olhos para as coisas surpreendentes ensinadas na Escritura, e para conduzir-nos a uma correta compreensão e fiel aplicação delas.

Conclusão

A palavra de Deus é a Escritura Sagrada, não existe erros ou sequer falhas na palavra de Deus. A palavra do Senhor, a Bíblia Sagrada é a autoridade de do Deus vivo e não contém erros.
Quando se trata da importância da crença na veracidade da Bíblia, é difícil superestimar a questão. Se a Bíblia realmente faz afirmações falsas, no mínimo as suas porções equivocadas não podem ser a voz de nosso Senhor, então nos sobra confiar como nosso maior e único recurso, que nossa própria opinião sobre tais assuntos, permiti-nos editar a Bíblia de acordo com algum outro padrão.
Somos deixados não com a Palavra de Deus, mas com a nossa palavra: uma Bíblia da nossa própria criação. Se quisermos proclamar com confiança a mensagem da Bíblia a um mundo necessitado, mensagem essa que em muitos momentos é recebida com desprezo, só podemos fazê-lo se estivermos convencidos de que essa mensagem é, de fato, verdadeira, única e infalível.
Portanto, a inerrância prova ser uma questão prática para cada crente. Todas as complexidades e debates à parte, a inerrância oferece o fundamento do porquê podemos confiar e obedecer a Palavra de Deus: ela é uma rocha segura em que os cristãos podem construir suas casas em meio a um mundo hostil. O Evangelho Segundo Mateus 7.25, “Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela não desabou, porque tinha sido construída sobre a rocha.”
Cristo Jesus é nossa rocha e para conhecermos ao nosso Senhor e salvador, precisamos entender que a Escritura e somente através da Escritura conheceremos ao nosso Senhor e Salvador.

Aplicação

Você entende a autoridade e inerrância da escritura, quando Jesus Cristo foi confrontado por Satanás e por outros adversários, Ele repetidamente apelou à Escritura como a autoritativa Palavra de Deus. Não havia dúvida na mente de Jesus de que aquilo que Moisés disse, Deus disse, de que aquilo que os profetas disseram, Deus disse. Para Jesus, a palavra “está escrito” resolviam o argumento.
Portanto como discípulos de Cristo, devemos ter a mesma atitude que Jesus teve em relação à Escritura. Toda a Escritura é inspirada por Deus. É theopneustos, “soprada por Deus”. Quando ouvimos as Escrituras, ouvimos a própria voz do Deus Todo-Poderoso. Não existe maior autoridade.
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