Luto

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Introdução

Estamos na reta final desta série que estamos falando sobre emoções, e hoje trataremos um sentimento que embora a gente não goste de falar muito sobre ele, é uma realidade inevitável: O luto. Um dos momentos mais difíceis na vida é a morte de uma pessoa querida, e em quase dois anos esse tem sido um assunto diário. Talvez nos últimos dezoito meses você tenha não só escutado sobre a morte, mas tenha vivido a perda de pessoas queridas. A morte de uma pessoa que amamos sempre nos traz tristeza e deve também ser um momento de reflexão sobre a nossa própria vida. A verdade é que nós nunca estamos completamente preparados para a morte, mesmo essa sendo uma certeza que todos temos. Um diagnóstico de uma doença sem cura nos assusta, simplesmente porque recebemos uma previsão de quanto tempo temos de vida, como se a morte não pudesse chegar a qualquer momento. Diante desse fato, que na vida vamos ter que passar por momentos de luto, qual a nossa responsabilidade como cristãos com nossos irmãos em Cristo que estão passando por isso ecomo o evangelho nos ensina a reagirmos a isso também? O apóstolo Paulo encoraja alguns irmãos de Tessalônica sobre isso.
1Tessalonicenses 4.13–18 NAA
13 Irmãos, não queremos que vocês ignorem a verdade a respeito dos que dormem, para que não fiquem tristes como os demais, que não têm esperança. 14 Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, na companhia dele, os que dormem. 15 E, pela palavra do Senhor, ainda lhes declaramos o seguinte: nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo nenhum precederemos os que já morreram. 16 Porque o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; 17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. 18 Portanto, consolem uns aos outros com estas palavras.
A morte é difícil para nós porque ela não era uma realidade para o homem no momento em que foi criado. No início de tudo, o nosso Deus criou todas as coisas de forma perfeita, a natureza e o homem. O homem vivia em plena comunhão com Deus (vivo espiritualmente), mas também não tinha a morte física como uma realidade, foi criado para viver eternamente. Diante desta realidade perfeita que Deus criou, mas por conta da desobediêncai dos nossos primeiros pais passamos a ter a orte como uma realidade. Deus é amoroso, santo e justo, e não poderia deixar impune essa opção e como consequência fomos entregues as nossas próprias paixões e passamos a viver sob a realidade da morte espiritual, física e eterna.
A morte é difícil para nós, porque é consequência do pecado, então a verdade é que nunca estamos preparados para a morte, seja ela de qualquer natureza. Claro que de alguma forma as mortes precoces e trágicas nos abalam mais, ou deveriam nos abalar. Mas a queda do homem no Éden tirou de nós a humanidade original e as vezes encaramos a morte, a tragédia do outro de forma fria. Temos a dificuldade de nos colocar no lugar do outro diante da tragédia e não conseguimos nos solidarizar com a dor e ver como o pecado afetou o homem.
Então Paulo aqui fala sobre a vida após a morte, sobre o que acontece quando o cristão morre. Fala sobre o impacto desta certeza na nossa vida.
O apóstolo Paulo abre as cortinas do futuro, um futuro não vem envolto em trevas. Ao contrário, ele traz em sua bagagem a garantia de que a morte não tem a última palavra.
"Não caminhamos para uma noite trevosa, mas para um amanhecer glorioso. Não estamos fazendo uma viagem rumo ao abismo, mas rumo à glória. Não avançamos para um destino desconhecido, mas para um lugar certo e glorioso que nos foi preparado." Hernandes Dias Lopes
A História não é cíclica como ensinavam os gregos nem caminha para o desastre como pregam os existencialistas. A História é linear e teleológica, ou seja, ela caminha para uma consumação final, onde se verá a vitória triunfal de Cristo e da Sua Igreja. Na Sua segunda vinda, Cristo colocará todos os Seus inimigos debaixo dos Seus pés e triunfará sobre todos eles
A que Paulo fala não é simplesmente acreditar que existe vida após a morte, mas o que vai acontecer. Esse conhecimento vai nos consolar no momento da morte de alguém, como também vai nortear a forma como vivemos. Porque acreditar que a vida não se encerra na sepultura, muitos acreditam, mas o problema é no que se acredita. Por isso vemos nesse texto algumas orientações:

Não podemos ser ignorantes a respeito da morte

Ignorantes aqui está relacionado a conhecimento, em errar por não conhecer. O conhecimento a respeito da morte é indispensável a um cristão. Eu posso ser ignorante a respeito de alguns assuntos, não saber de cor e por ordem todos os livros da bíblia, saber de cabeça toda a genealogia bíblica, mas não a respeito da morte. Eu posso ser ignorante sobre alguns assuntos ou ciências. Posso ser e sou ignorante sobre física quântica por exemplo, e não sou obrigado dominar esse assunto. Inclusive vivemos na chamada era da informação que as vezes mais desinforma do que informa, todo mundo quer saber sobre tudo, acha que tem uma opinião absoluta sobre algo baseado em um conhecimento raso.
Mas Paulo começa falando que não podemos ser ignorantes a respeito daqueles que dormem. Ele diz que não podemos ser ignorantes sobre a morte, porque ela está ligada diretamente a volta de Cristo. Que cremos na segunda vinda ou volta, e como isso vai ocorrer. Mas que apesar dessa esperança, não estamos livres da tristeza. Se tem um assunto que todo cristão precisa saber é a respeito da morte, não por se tratar uma matéria importante para o intelecto, mas por ser uma realidade inevitável e estar ligada diretamente ao propósito da obra redentora de Cristo.
Conhecer as implicações do evangelho em relação morte é um imperativo para todo crente e isso produz o primeiro resultado prático na vida:

A tristeza do cristão diante da morte.

O mundo pagão era completamente desprovido de esperança. O futuro para eles era sombrio e ameaçador. Frente à morte, o mundo pagão reagia com profunda tristeza. A tristeza do pagão é incurável, contínua, e sem intermitência. Seu desespero não tem pausa. O verbo grego lupesthe, “entristecer-se”, no tempo presente, significa uma tristeza contínua. Uma inscrição típica encontrada em um túmulo demonstra esse fato: “Eu não existia. Vim a existir. Não existo. Não me importa”.
O mundo greco-romano dos dias de Paulo era um mundo sem esperança (Ef 2.12). No entendimento deles não havia nenhum futuro para o corpo, pois este não passava de uma prisão da alma. Os epicureus não acreditavam na eternidade. Para eles a morte era o ponto final da existência. Os estóicos diziam que enquanto estamos vivos a morte não existe para nós, e quando ela aparecer, nós já não existimos.
Os crentes de Tessalônica, egressos dessa realidade, e ainda sendo brutalmente perseguidos, estavam se entristecendo, porque julgavam que seus entes queridos, os crentes que dormiam em Cristo haviam perecido. Esta carta foi escrita para abrir-lhes os olhos da alma para a bendita verdade divina acerca da esperança cristã.
A revelação de Deus que dá esperança (4.13,15). As religiões têm especulado sobre o destino da alma após a morte. Os filósofos têm discutido sobre a imortalidade. Os espíritas falam na comunicação com os mortos. Os católicos romanos pregam sobre o purgatório, um lugar de tormento e autopurificação. Há aqueles que negam a doutrina da segunda vinda de Cristo (2Pe 3.4).
Agora, Paulo resolve este problema, dizendo que não precisamos especular, pois temos uma revelação específica e clara de Deus acerca do nosso destino após a morte.
A Bíblia tem uma clara revelação acerca da morte e da ressurreição, bem como a respeito da segunda vinda de Cristo. A autoridade da Palavra de Deus dá-nos a segurança e o conforto que precisamos.
Paulo aqui não está falando que o cristão não pode ficar tristes, mas que não ficamos triste COMO aqueles que não tem esperança. O próprio Senhor Jesus chorou diante da morte do seu amigo Lázaro, mesmo sabendo que ele ressuscitaria, logo o choro não foi por falta de esperança. Então, diante da morte, é sim tempo de chorar. Isso significa que choramos pela perda, pela tragédia, pela dor, pela separação, mas não nos desesperamos como aqueles que pensam que a morte física é o fim. Porque entendemos a razão da nossa esperança.

A razão da nossa esperança

Quem dorme acorda, isso já nos traz esperança. Mas Paulo não está falando de um sono da alma como muitos acreditam, mas um "sono do corpo". No livro de Hebreus aprendemos que aqueles que morrem com Cristo tem a sua alma imediatamente aperfeiçoada e vão habitar com o Senhor. Esses desfrutam imediatamente da alegria de reinar com Cristo, mesmo que ainda não de forma plena porque alma e corpo ainda estão separados (já reinam com Cristo, mas ainda não). Mas fala que o corpo dorme, independente do que tenha acontecido com esse corpo. Esse corpo será restaurado, transformado e ressurrecto quando se der a volta de Cristo.
Na hora da morte, o corpo feito do pó, volta ao pó, mas o espírito volta para Deus (Ec 12.7). A figura do sono, portanto, é usada em relação ao corpo e não em relação ao espírito.
A figura do sono enseja-nos três verdades: Primeira, o sono é símbolo de descanso. A Bíblia diz que aqueles que morrem no Senhor são bem-aventurados, porque descansam das suas fadigas (Ap 14.13). Segunda, o sono pressupõe renovação. O corpo da ressurreição será um corpo incorruptível, imortal, poderoso, glorioso, e celestial; semelhante ao corpo da glória de Cristo. Terceira, o sono implica expectativa de acordar. O mesmo corpo que desceu à tumba sairá dela ao ressoar da trombeta de Deus.
Quando lemos a sequência dos fatos vemos que de alguma forma esses que morrem antes da segunda vinda de Cristo tem um privilégio, de desfrutar do céu, e também de participar de um lindo cortejo com Cristo na sua volta e ressuscitar primeiro. Depois disso os vivos ressuscitarão porque sertão transformados e serão sim arrebatados para um encontro nos ares com Jesus e aqueles que ressuscitaram primeiro. Entendendo como as coisas vão ocorrer temos a consciência de onde estão aqueles que morreram em Cristo, que há um período intermediário sim, mas que é um momento de profunda alegria, reinando com Cristo, mesmo que ainda não em sua plenitude porque está separado do corpo.
Os mortos em Cristo virão com Cristo em glória (4.14). Cristo virá do céu num grande cortejo. Ele será acompanhado de Seus anjos e remidos. Nenhum deles ficará no céu nessa gloriosa vinda ao som de trombeta. Ele virá com os Seus santos e para os Seus santos. Entre nuvens eles descerão com o Rei dos reis para o maior evento da História, quando os túmulos serão abertos e quando os vivos serão transformados.
Logo, quando vemos para esse texto não vemos margem para um arrebatamento secreto da igreja (será um evento visível). Arrebatamento e segunda vinda de Cristo não são eventos separados, Ele veio no seu nascimento, morte e ressureição e inaugurou seu Reino, e nós que somos seus discípulos a partir dessa certeza somos consolados sobre a morte mas também vivemos sob essa perspectiva. Que a sua igreja está sendo preservada diante da tribulação que o mundo se encontra. Isso gera em nós uma responsabilidade de sermos embaixadores deste Reino que não é deste mundo, é viver na terra desejando o céu.
"O mesmo Deus que ressuscitou a Jesus dentre os mortos também ressuscitará dentre os mortos os que pertencem a Jesus. Ele os compelirá a virem com Jesus, do céu, ou seja: Ele trará do céu suas almas, de modo que possam reunir-se rapidamente (num piscar de olhos) com seus corpos, e assim partem para encontrar o Senhor nos ares, a fim de permanecerem com Ele para sempre." William Hendriksen

Aplicação prática

A certeza da eternidade não diminui importância da vida aqui na história. Deus valoriza a vida, desde a sua concepção, em todos os estágios. Contracenso de quem diz defender a vida mas é a favor do aborto, da mesma fora quem é negligente com a vida (dizendo não temer a morte) mas se diz pró-vida. Uma criança morta no ventre é tão trágico quanto uma criança morta por uma bala perdida indo para a escola.
Salmo 116.15 NAA
15 Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos.
Aqui a palavra precisosa no hebraico é vista no seu sentido de “algo de alto custo”, isto é, “precioso”. Isso significa que para Deus a morte de um fiel é algo que custa muito. O Salmo 116 não está falando sobre alegria na morte, mas sobre a preciosidade da vida. O que podemos aprender:
1- A vida tem valor, a verdadeira dignidade humana consiste na imagem e semelhança de Deus que todo ser humano é portador.
2- Servimos a um Deus que vê com pesar a morte, o próprio Jesus Cristo chorou na morte do seu amigo Lázaro. Logo, o valor e a preservação da vida em todos os seus estágios, desde a concepção é um princípio cristão.
3- Não temer a morte não significa descaso com a vida (O corpo não é uma prisão da alma, mas templo do Espírito - Viver para a glória de Deus - Não tentar a Deus).
4- A nossa esperança maior é futura, está na eternidade, mas isso não anula em nada a vida que recebemos de Deus aqui na terra. A salvação é dinâmica, aponta para a eternidade, mas cumpre um propósito presente desde o novo nascimento.

Conclusão

Justamente por ser algo precioso para Deus, a obre Dele em nós será completa. Diante da tristeza da morte, do luto, para o cristão nasce a esperança, a certeza da vida eterna completa. Não é uma preservação da alma, mas a ressureição do corpo (unidade), o reencontro do que é imaterial com a matéria de forma cmpletamente restaurada.
Diante deste conhecimento encontramos aqui o que deve ser a palavra de consolo para a morte entre os cristãos. Que devemos nos importar com o choro do próximo e temos a responsabilidade de aconselhar uns aos outros com essa palavra. Não nos aconselhamos encontrando culpados para a morte. Não somos consolados com a vingança diante de mortes injustas ou violentas. Não somos consolados pela indignação diante de mortes precoces ou inexplicáveis. Somos consolados com a certeza de que para aqueles que crêem a morte não é o fim e que o nosso Rei prometeu e vai voltar.
Mas essa mesma certeza que traz esperança ao que crê, é motivo de desespero para quem não crê. Após a ressureição de todos que morreram e da transformação dos vivos, o Senhor salvará os que crêem e julgará os que não crêem aqueles que vivem ou morreram fisicamente, mas estavam espiritualmente mortos. A bíblia fala da morte eterna como consequência da morte espiritual. Então, o que essa mensagem produz em você? Desespero ou esperança?
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