Disciplinas do Arrependimento
Arrependimento e Santificação • Sermon • Submitted
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Conexão
Conexão
Domingo passado vimos que o arrependimento não está limitado à experiência de conversão, quando fomos transportados do império das trevas para o Reino do filho do amor de Deus. Arrependimento é o modo pelo qual, depois que nos a Jesus, o Senhor nos permite reafirmar que nossa esperança está em Cristo.
Também entendemos que não há espaço no evangelho para o arrependimento religioso. Aqueles que se arrependem, mudando até de comportamento, mas fazem isso com o objetivo de serem aceitos por Deus como pessoas de bom coração, são como alguém que tenta tirar água de um barco furado com um copinho descartável.
O arrependimento segundo o evangelho não é para aplacar a ira de Deus, e nem para obter o seu favor: a ira de Deus já foi atendida com a morte de Jesus (realmente o único homem de coração perfeitamente bom que habitou neste mundo); e quanto a obter o favor de Deus, as Escrituras nos dizem que o coração dele já está inclinado a nosso favor. Vejamos o que escreveu o apóstolo Paulo:
31 Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?
33 Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós.
O arrependimento conforme o evangelho é algo vai se tornando cada vez mais fácil para o cristão amadurecido.
Cristãos maduros não têm conceitos elevados sobre si mesmos, nem têm falsas esperanças sobre a bondade de seus corações, porque sabem que mais cedo ou mais tarde essas esperanças se revelarão meras ilusões; mas guardam consigo a esperança que têm em Cristo Jesus, nos méritos de seu salvador, diante de quem todo joelho, nos céus e na terra se dobrarão.
As disciplinas do arrependimento
As disciplinas do arrependimento
Hoje à noite tenho como objetivo propor três disciplinas pessoais como uma estrutura para a prática do arrependimento conforme o evangelho. Para isso voltarei a consultar o texto escrito por Tim Keller e traduzido por Felipe Sabino de Araújo.
A partir das práticas devocionais relatadas por George Whitefield, em uma carta escrita em 1738, Tim Keller nos apresenta uma estrutura para realizarmos nosso inventário pessoal (no caso de Whitefield, ele o fazia diariamente) e assim encontrarmos o material de que precisamos para prática do arrependimento.
Muitas pessoas não se exercitam no arrependimento porque não sabem bem do que se arrepender. Olham para si mesmas, para suas vidas aparentemente tranquilas, e não sabem do que deveriam se arrepender.
Elas vão à igreja com alguma frequência, vivem uma vida sem muitos erros graves, entregam suas ofertas, trabalham duro a semana inteira, levam os filhos para a escolha, cumprem suas tarefas domésticas, e, ao final de tudo, não sabem de que deveriam arrepender-se.
Essa breve estrutura talvez possa nos ajudar com perguntas que revelem alguns motivos para nosso arrependimento conforme o evangelho, isto é, razões para que haja nós convicção de pecado, contrição pelo pecado, confissão de pecado, conversão do pecado e a confissão de Cristo como nossa única esperança.
Profunda Humildade
Profunda Humildade
A primeira disciplina a que somos chamados é a humildade. Essa disciplina espiritual se contrapõe ao ORGULHO (muito em moda). Acontece que, embora esteja na moda, o orgulho é traiçoeiro e venenoso.
Conta-se que Francisco de Assis, passando durante o inverno por uma das ruas friorentas de sua cidade natal, acompanhado de alguns discípulos, compadeceu-se de um mendigo que tremia na calçada. Sem qualquer dúvida em seu coração, ele retirou a capa esfarrapada de sobre os seus ombros e colocou sobre aquele pobre homem quase congelado.
Vinte passos a frente, os discípulos sentiram falta de Francisco, que estava cerca de dez passos atrás, com as mãos sobre os olhos e soluçando.
- A capa, a capa!
- O que foi mestre, perguntaram?
- A capa, respondeu.
- O senhor a quer de volta?
- Não. Ele precisa bem mais que eu.
- Então, mestre, porque você está chorando? Ninguém faria a bondade que você fez àquele homem.
- Eu sei que fiz algo bom para com ele. No entanto, bastaram dez passos para que meu coração se enchesse de orgulho pelo bem que eu fiz.
Perguntas para revelar o orgulho
Perguntas para revelar o orgulho
Olho com desprezo para alguém?
Sou atormentado pelas críticas?
Sinto-me frequentemente ignorado?
Caminhos para se arrepender do orgulho
Caminhos para se arrepender do orgulho
Considere a graça de Jesus em sua vida até que... o seu sentimento de desprezo pelas pessoas diminua;
Lembre-se de que você também é pecador, que você poderia ter sido desprezado por causa do seu pecado, mas Deus decidiu amá-lo.
Considere a graça de Jesus em sua vida até que... a dor que você sente ao ser criticado deixe de ser importante.
Traga à memória a verdade de que a aprovação que vem de Deus é tudo que importa. Jesus também foi rejeitado pelas pessoas. Ele confiou que o Pai jamais o rejeitaria. Da mesma forma, se você confiar em Jesus, o Pai jamais vai rejeitar você.
Considere a graça de Jesus em sua vida até que... você deixe de sentir pena de si mesmo.
Lembre-se de que Jesus lhe conhece pelo nome. Ele sabe o caminho que você trilhou para chegar até aqui. Mas não apenas isso, ele esteve com você por esse caminho e se importou com você ao ponto de entregar a própria vida, para que você tivesse vida;
A prática da humildade é um antídoto contra o orgulho. No fundo, o orgulho, em muitas de suas formas, é a tentativa de manter uma boa imagem da gente diante das pessoas.
Então, para vencermos o orgulho, precisamos considerar a maravilhosa graça de Deus, que nos amou sem esperar que fôssemos boas pessoas. Tentar parecer perfeitos para sermos aceitos não só é um peso muito grande como totalmente desnecessário.
Considere o amor gracioso de Deus por você e experimente a alegria e a liberdade de ser apenas quem você é: humano, limitado, falho, imperfeito, mas ainda assim amado por Deus.
Amor em chamas
Amor em chamas
A segunda disciplina a que somos chamados é o amor. Essa disciplina espiritual se contrapõe à INDIFERENÇA. Hoje, ser indiferente às pessoas é considerado um sinal dos fortes, mas a verdade é que o fim de alguém que cultiva a indiferença é a frieza e a solidão.
Há alguns anos atrás uma banda compôs uma canção cujo o título é indiferença. A letra é um grito contra o estado de passividade em que nos encontramos nas grandes cidades. Ela fala de vidros fechados e gestos mudos do outro lado.
Perguntas para revelar a indiferença
Perguntas para revelar a indiferença
Penso ou falo maldades contra alguém?
Tento me explicar ao ser flagrado criticando?
Sou impaciente e iracundo com frequência?
Tenho agido com falta de atenção com as pessoas?
Caminhos de arrependimento
Caminhos de arrependimento
Considere a graça de Deus e o amor dele por você, sem que você nada merecesse, até que… não haja espaço para frieza ou grosseria em suas emoções;
Pense no amor de Cristo, morrendo gentilmente em seu lugar. Lembre-se de que ele não precisava fazer isso, de que ele não foi forçado a fazer isso, mas que foi por amor que ele entregou a própria vida.
Considere a graça de Deus e o amor dele por você, sem que você nada merecesse, até que… não haja lugar para impaciência com os outros;
Pense na paciência de Cristo para com você. Lembre-se de quantas vezes você precisou que ele lhe desse uma segunda chance, uma nova oportunidade para amá-lo.
Considere a graça de Deus e o amor dele por você, sem que você nada merecesse, até que... surja alguma ligação entre você e as pessoas, e a indiferença se desvaneça.
Lembre que Jesus assumiu a forma humana para se conectar a nós. Ele se fez gente e habitou entre nós, como disse o apóstolo João. Se ele fez assim, é assim que você é chamado a viver.
O amor de Deus não foi indiferente. Ele se importou. Jesus não foi indiferente! Ele não pensou apenas em si. Ele assumiu o ônus de se importar com as pessoas. Muitos o rejeitaram, outros zombaram dele, outros nem o entenderam, mas ele amou até o fim.
Vejamos algumas orientações do Apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Filipos:
4 Nenhum de vocês deve buscar apenas o seu próprio bem, mas também o que é para o bem dos outros.
5 Tenham entre vocês o mesmo pensamento que Cristo Jesus teve.
6 Embora Ele fosse Deus na sua natureza real, Ele não pensou que ser igual a Deus era algo para utilizar para seu próprio beneficio.
7 Pelo contrário, Ele abandonou tudo o que tinha e assumiu a forma de servo, tornando-se igual aos homens. E, quando Ele apareceu em forma de homem,
8 Ele se humilhou, tornando-se obediente até o ponto de estar disposto a enfrentar a morte, e morte de cruz.
A prática do amor é um antídoto contra a indiferença. Algumas pessoas pensam que o que se opõe ao amor é o ódio. Mas isso é um engano. O que se opõe ao amor é a indiferença. A boa notícia do amor de Deus por nós, o evangelho de Jesus, é um chamado para não deixarmos que a indiferença se torne nosso modo de viver.
Coragem sábia
Coragem sábia
A terceira disciplina a que somos chamados para exercitar o arrependimento conforme o evangelho é a coragem. Essa disciplina espiritual se contrapõe à ANSIEDADE.
Diz uma antiga fábula que um Rato vivia angustiado e com medo do gato. Um mágico teve pena dele e o transformou em gato.
Mas aí ele ficou com medo do cão, por isso o mágico o transformou em cão. Então, ele começou a temer a pantera e o mágico o transformou em pantera. Foi quando ele se encheu de medo do caçador. A essas alturas, o mágico desistiu.
Transformou-o em Rato novamente e disse:
“Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque a coragem que há em você é a coragem de um Rato”.
Qual coragem existem você? De um caçador, de uma pantera, de um cão ou de um gato? Ou será que você tem se sentido como ratinho da história: nada é suficiente para lhe fazer andar de cabeça erguida?
A coragem que abre as portas para o arrependimento não é a coragem em si mesmo, mas a decisão de olhar a vida pelos olhos de Deus. Ao enxergar o mundo na perspectiva de Cristo temos a chance de trocar a ansiedade de sermos certinhos pela paz de sermos amados, ainda que limitados por nossa humanidade.
Portanto a coragem sábia da qual estamos falando se contrapõe àquela pressa ansiosa para ser bem sucedido, que tomou conta de tudo ao nosso redor.
Perguntas para revelar a ansiedade
Perguntas para revelar a ansiedade
Tenho evitado as pessoas com quem preciso tratar problemas?
Tenho evitado tarefas sob minha responsabilidade?
Tenho agido com precipitação e impulsividade?
Caminhos de arrependimento
Caminhos de arrependimento
Considere o amor graciosos e corajoso de Cristo por você até que... você pare de fugir dos problemas difíceis
Lembre-se do que Cristo enfrentou por você. A cruz não era uma brincadeira. Jesus não apenas deixou-se torturar em seu corpo, mas recebeu sobre o si a punição pelos nossos pecados.
Considere o amor graciosos e corajoso de Cristo por você até que... a ansiedade e preocupação se dissipem em sua mente
Lembre-se de que Deus já provou o amor dele por você, pelo fato de haver Cristo morrido na cruz, e que ele jamais o abandonará.
A coragem sábia não é mero destemor quanto às coisas da vida; não é resultado de sentir-se forte e capaz de resolver qualquer coisa; não é ter convicção de que a gente vai conseguir.
Coragem sábia é enfrentar os problemas da vida confiando que Jesus estará conosco até o final: consolando, encorajando, animando, ou simplesmente nos fortalecendo nos dias maus.
Palavras Finais
Palavras Finais
O arrependimento religioso é um sinal de fracasso; arrepender-se segundo o evangelho é um brado de vitória a respeito do amor de Deus
O arrependimento religioso é resultado de tristeza pelo que não fizemos; arrepender-se segundo o evangelho é resultado da alegria pelo que Ele já fez e fará por nós.
O arrependimento religioso é a esperança frustrada de acerta; arrepender-se segundo o evangelho é a esperança realizada que temos em Cristo Jesus.
O arrependimento religioso fala de mim mesmo e de meus esforços em ser bom; arrepender-se segundo o evangelho é proclamar as virtudes de Cristo.
O arrependimento religioso é desejo de independência; arrepender-se segundo o evangelho é declarar sua dependência da graça amorosa de Deus.
O profeta Isaías relatou algo maravilhoso e terrível ao mesmo tempo. A fala do Senhor ao seu povo naqueles dias foi a seguinte:
15 Diz o Soberano, o Senhor, o Santo de Israel: “No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor, mas vocês não quiseram.
E você? Vai querer o Arrependimento, o Descanso e a Salvação ?
Eu espero que sim. Espero você diga sim ao arrependimento segundo o evangelho e que decida experimentar as disciplinas espirituais da humildade do amor e da coragem sábia, que podem conduzi-lo à maturidade de Cristo, com Cristo.