AMAR CURA OU AMARGURA? Lucas 6.27-36
O amor é a essência do cristianismo que não se conforma apenas com palavras, mas se expressa por atos misericordiosos.
O que é possível observar é que Lucas estava mais preocupado em delinear o traço essencial da mensagem cristã: A prática do amor. Lucas não se preocupou tanto em destacar o espírito do cristianismo, mas em salientar o comportamento concreto que expressa esse espírito.
01. Contrapontos da vida. (vv. 27-31)
Todos nós que queremos seguir a Jesus somos chamados a ultrapassar as relações baseadas na troca, onde tudo é previsível e medido e, portanto, sem qualquer valor.
Ao dizer: “Amem seus inimigos”, é possível que tenha assombrado seus ouvintes, visto estar dizendo algo que provavelmente nunca antes fora dito tão sucinta, positiva e autoritativamente. Uma investigação completa de todas as fontes importantes resultou na declaração: “Permanece a conclusão de que o primeiro que ensinou à humanidade a ver o próximo em cada ser humano, e portanto a encontrar cada ser humano no amor, foi Jesus; veja a parábola do bom (literalmente, o compassivo) samaritano”.
Em outros termos, Jesus condena o espírito de ausência de amor, espírito de ódio, de aspiração por vingança. Ele está dizendo: “Não resista ao malfeitor com medidas oriundas de uma indisposição para amar, perdoar, disposição implacável e vingativa”. Quando se entende isso, é evidente que “oferecer a outra face” significa mostrar em atitudes, palavras e atos que não se está dominado pelo espírito de rancor, mas pelo espírito de amor. Romanos 12.19–21 oferece um excelente comentário.
Esta interpretação talvez seja melhor representada por S. Greijdanus, Korte Verklaring, p. 165, 166. Afirma ele: “Aqui naturalmente a referência é a uma petição oriunda da incapacidade, em virtude de pobreza, de devolver o que foi entregue”.
É preciso observar que a regra áurea não diz: “Trate os outros como eles o tratam”, mas: “Trate os outros como você gostaria que eles o tratassem”. Jesus quer que seus seguidores sejam distintos.
02. Amar a qualquer custo. (vv. 32-36)
Em outras palavras, tal pai tal filho. Deus quer liberdade e vida para todos. Aqueles que compreendem e aceitam o evangelho e Jesus serão capazes de uma ação maior, não fundamentada no merecimento dos outros ou na própria nova maneira de agir. O fundamento para essa nova maneira de agir está em Deus, que nos amou totalmente. Esses serão chamados filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus (v. 35).
Naturalmente que a referência de Jesus é ao galardão da graça, não a algum pagamento ganho por méritos humanos. O galardão está em proporção ao sacrifício, porém é sempre muito maior que ele (Rm 8.18; 2Co 4.17, 18).
Note que o amor altruísta não os faz filhos, mas demonstra que são filhos. São portadores da imagem de Deus. Acerca da transformação à sua imagem, veja 2Coríntios 3.18; cf. 1João 3.12.
Ser misericordioso significa ser compassivo, isto é, cheio daquele tipo de comiseração que se expressa em palavras e atos. É a preocupação que o Pai revelou quando enviou – deu, não poupou – seu Filho unigênito para nos salvar (Jo 3.16; Rm 5.8; 8.32).