Tumulto em Éfeso
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Introdução
Introdução
Ao longo de 2.000 anos de história, a igreja cresceu e passou por grandes controvérsias por causa do evangelho.
Nos primeiros séculos da igreja, as controvérsias fizeram com que toda nossa teologia fosse bem fundamentada e estabelecida - como o Arianismo, o Marcianismo, o Pelagianismo.
Em uma dessas controvérsias, São Nicolau (o ícone que deu origem ao mito do papai noel) dá uma bofetada na face de Ário por causa da heresia que propagava, ao dizer que Cristo não é Deus, pervertendo e confundindo muitos cristãos;
No primeiro século, esses sucessos e controvérsias também marcaram a vida da igreja.
I. A missão é acompanhada por bons resultados, planos e pessoas engajadas (vs. 21-22)
I. A missão é acompanhada por bons resultados, planos e pessoas engajadas (vs. 21-22)
Paulo dispõe no seu coração em ir para Jerusalém talvez com a finalidade de recolher a oferta dos irmãos para os pobres na judeia;
Paulo vislumbra ir a Roma, por ser o centro do mundo gentílico, e quem sabe até a Espanha como dizem alguns comentaristas;
Paulo envia Timóteo e Erasto à Macedônia, a fim de que o trabalho continue a progredir;
Erasto é mencionado aqui pela primeira vez - trata-se de um tesoureiro da cidade, possuidor de muitos recursos e de enorme importância;
Aplicações:
O Evangelho nos convida a sonhar e a planejar. Podemos fazer nossos planos sabendo que a palavra certa vem do Senhor (Pv. 16.1).
Deus, em sua soberania, usa pessoas e circunstâncias em favor do seu Reino.
II. Oposição, confusão e tumulto acompanham a missão (vs.23-41)
II. Oposição, confusão e tumulto acompanham a missão (vs.23-41)
No entanto, a pregação do evangelho não traz apenas conversões e transformação, mas também tumulto e oposição dos descrentes;
O tumulto causado pelo Caminho - Lucas narra com riqueza de detalhes o tumulto que aconteceu em Éfeso, e destaca que isso foi em decorrência do Caminho (v.23) - ou seja, pelo estilo de vida do cristão, não somente pela igreja enquanto instituição;
As críticas de Demétrio - o tumulto partiu de um ourives, uma profissão muito lucrativa em Éfeso, dado o produto que eles fabricavam, ídolos e pequenos santuários da deusa Artêmis.Como afirma Albert Moholler, o templo da deusa Artêmis estava localizado em Éfeso e era uma das sete maravilhas do mundo antigo, pois era a maior construção existente naquela época. Construída em mármore, a estrutura tinha aproximadamente 130 metros de comprimento, 67 metros de largura, 18 metros de altura e contava com 127 colunas de mármore para sustentá-la. A cidade sentia tanto orgulho dessa estrutura, a ponto de se tornar um centro comercial religioso que trazia muito aos ourives, como Demétrio. Um paralelo com os nossos dias é a cidade de Aparecida, cuja a economia provém do turismo religioso que lá é feito. No entanto, a pregação de Paulo abalou até mesmo as estruturas econômicas pagãs, o que fez que Demétrio convocar uma multidão contra Paulo, estabelecendo as seguintes críticas:
Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente dizendo que os deuses feitos por nossas mãos não são deuses;
Nosso negócio corre perigo de cair em descrédito por causa disso;
O grande templo da deusa Diana pode perder seu valor e sua economia para a cidade ser destruída;
Confusão na cidade - o alvoroço causado por Demétrio chegou ao teatro (um local público onde as pessoas se reuniam para discutir diversos assuntos), a ponto de arrastar uma multidão de pessoas que agarraram Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo, a fim de prestarem esclarecimentos. Paulo, pensando estar imune por causa da sua cidadania romana, quis ir ao local para tentar acalmar a multidão ou aproveitar o ensejo para pregar, mas foi impedido por outros discípulos de Jesus e alguns irmãos que tinham posições de destaque na sociedade de Éfeso. O tumulto cresceu quando os judeus, talvez no intento de desassociarem-se dos cristãos, enviam Alexandre para tentar falar às pessoas, no entanto, sem sucesso, pois a multidão aloprada gritava “Grande Diana dos Efésios!” O que era para ser um movimento organizado virou uma grande confusão! Talvez você já tenha visto isso em alguma manifestação política, movimentos sindicais, ou mesmo religiosos. Perceba, contudo, que apesar da confusão certamente alastrada, tudo está sob o controle do Deus providente!
Tudo bem, quando acaba bem - O tumulto acaba por causa de uma palavra de sabedoria dita por um escrivão da cidade, que mesmo não sendo cristão, e abertamente pagão (como o texto assim mostra) apazigua os ânimos da multidão e dissolve a assembleia. John Stott destaca quatro pontos da argumentação do escrivão:
Éfeso é a guardiã do templo da deusa Diana e ninguém pode contradizer esse fato, portanto seu culto não corria perigo;
Gaio e Aristarco não eram acusados de profanar o templo, ou seja, roubar o templo ou falar mal da deusa;
Demétrio e seus companheiros conhecem os processos legais para levar a cabo suas reclamações;
Os cidadãos efésios estavam correndo o risco de serem acusados de desobediência civil;
Aplicações:
O evangelho penetra em todas as esferas da vida. Nem as políticas econômicas conseguem escapar do poder transformador do evangelho.
O evangelho confronta a pecaminosidade inerente aos sistemas da nossa sociedade;
O evangelho confronta a idolatria inerente de nossa sociedade, seja a marcada pela diversidade de deuses, ou ideias, ou ambição, ou poder.
Sejamos cuidadosos com o sincretismo - misturar o cristianismo com o paganismo. Fica evidente que a fé cristã é totalmente aversa aos valores pagãos. Cristãos que levantam bandeiras a favor da discriminalização do aborto, da ideologia de gênero, e mesmo do “american dream” (sonho americano - que abrange uma fé fundamentada pelo esterótipo de ter, possuir) estão se deixando levar por uma cosmovisão secular.
O monoteísmo é a questão determinante no contexto do pluralismo religioso. Defender uma fé monoteísta em uma cultura secular não é uma tarefa tão fácil para o cristão. Mas não precisamos temer!
Deus usa até mesmo os governantes ímpios desse mundo para fazer com que sua boa, perfeita e agradável vontade seja feita na terra.
Conclusão:
Conclusão:
O intento de Lucas ao trazer esse relato com riqueza de detalhes, como assinala Stott, tem um caráter apologético ou político, cujo objetivo é mostrar que o Império Romano, naquele momento, não tinha nenhuma queixa oficial contra os cristãos, o cristianismo e mesmo Paulo. A oposição partia mormente dos judeus ou de alguns setores da sociedade, e tal oposição se dava por questões mais emocionais. Com isso, Lucas destaca que Deus promoveu a liberdade para que o evangelho progredisse em seus propósito redentivo. Certamente, isso mudaria nos próximos anos, uma vez que o Império se voltaria de forma terrível contra os cristãos, promovendo grandes perseguições até o século III.