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A igreja verdadeira x a igreja falsa

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A verdadeira Igreja

I Timóteo 3: 15
1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra Capítulo 1: Introdução à Primeira Carta a Timóteo

Introdução à primeira carta a Timóteo

As epístolas de Paulo a Timóteo e Tito são conhecidas como “cartas pastorais”. Essa designação foi dada pela primeira vez por Tomás de Aquino em 1274. Escrevendo acerca de 1Timóteo, o teólogo afirmou: “É como se esta carta fosse uma regra pastoral que o apóstolo deu a Timóteo”. Depois, no século XVIII, mais precisamente no ano 1726, o grande erudito Paul Anton, em uma série de palestras, chamou as três cartas de Paulo a Timóteo e Tito de “epístolas pastorais”.

1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra Capítulo 1: Introdução à Primeira Carta a Timóteo

William Barclay diz que as cartas pastorais nos dão uma imagem tão vívida da igreja como nenhuma outra carta do Novo Testamento. Nelas podemos ver os problemas de uma igreja que se apresenta como uma pequena ilha de cristianismo cercada por um mar de paganismo. Essas cartas são extremamente úteis aos obreiros contemporâneos, porque os problemas do passado abordados ali são basicamente os mesmos enfrentados hoje. Os tempos mudam, mas o coração humano é o mesmo. Portanto, as soluções oferecidas por Paulo aos problemas antigos lançam luz sobre os problemas atuais

Igreja =
O autor da epístola
Há robustas evidências internas e externas acerca da autoria paulina desta epístola. Em primeiro lugar, as epístolas de Paulo a Timóteo reivindicam elas próprias a autoria paulina, fato declarado abertamente na saudação de cada carta.
1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra O Destinatário da Epístola

O destinatário da epístola

Paulo escreveu as duas cartas pastorais a Timóteo, quando este era pastor da igreja de Éfeso, capital da Ásia Menor. Nessa época, Éfeso era uma grande metrópole, centro comercial e rota das principais viagens entre o Oriente e o Ocidente. Éfeso hospedava o templo da grande deusa Diana, um palácio de mármore com colunas colossais, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. A cidade de Éfeso era marcada pela idolatria, e os nichos do templo de Diana aqueciam o comércio da cidade. Caravanas do mundo inteiro passavam por ali, e miniaturas do monumental templo pagão eram levadas como suvenires para todas as partes do mundo.

1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra O Destinatário da Epístola

Timóteo era natural de Listra, região montanhosa da Licaônia. Filho de pai grego e mãe judia, Timóteo era fruto de um casamento misto. Embora sua mãe e sua avó houvessem tido maior influência em sua formação religiosa, Timóteo não deve ter frequentado a sinagoga, uma vez que não era circuncidado.

Em segundo lugar, quanto à sua criação. Timóteo foi influenciado fortemente por sua mãe, Eunice, e por sua avó, Loide. Essas duas mulheres piedosas ensinaram a Timóteo as Sagradas Letras desde a infância. A mesma fé sem fingimento que habitou no coração delas também habitou no coração de Timóteo. Em virtude de seu pai ser grego, quem assumiu a liderança de sua formação espiritual foi sua mãe, auxiliada por sua avó. O caminho para a conversão de Timóteo estava sendo pavimentado desde sua infância.

Em terceiro lugar, quanto às suas marcas pessoais. Timóteo tinha três marcas: era jovem, tímido e doente. Essas condições o tornaram um homem sensível e, por vezes, retraído. Encontramos nas epístolas paulinas reiteradas exortações de Paulo encorajando-o, devido à sua tendência ao desânimo.

Em quarto lugar, quanto ao seu relacionamento com o apóstolo Paulo. O primeiro contato de Paulo com Timóteo deu-se quando o apóstolo Paulo e Barnabé estavam realizando a primeira viagem missionária na província da Galácia, por volta do ano 45 d.C. É muito provável que Timóteo tenha sido testemunha do apedrejamento do apóstolo Paulo em Listra (2Tm 3.10,11). Embora tenha bebido desde a infância o leite da piedade, tendo sido instruído nas Sagradas Letras desde o alvorecer de sua vida, sua experiência de conversão deu-se através do ministério de Paulo, pois este o chamou repetidas vezes de meu filho no Senhor (1.2,18; 2Tm 1.2; 1Co 4.17). De filho na fé, Timóteo tornou-se cooperador, companheiro de viagens e amigo do apóstolo. Charles Erdman esclarece que, desde o começo da segunda viagem missionária, por volta do ano 50 d.C., até a morte de Paulo, no ano 67 d.C., Timóteo foi seu auxiliar, colaborador, companheiro de viagem, confidente, amigo fiel e verdadeiro filho espiritual.

1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra O Destinatário da Epístola

Em quinto lugar, quanto ao seu trabalho pastoral. Timóteo foi um grande companheiro de Paulo. Cooperou com Paulo em várias de suas cartas (1 e 2Tessalonicenses, 2Coríntios, Filipenses, Colossenses e Filemom). Talvez tenha sido o amigo mais próximo do apóstolo. Timóteo conheceu Paulo na primeira viagem missionária (At 16.1–3) e tornou-se seu companheiro na segunda e terceira viagens. Juntos viajaram da Ásia para a Europa. Juntos visitaram Filipos, Tessalônica e Bereia. Por um tempo se separaram, mas Timóteo se reuniu com Paulo em Atenas, de onde regressou com uma mensagem aos tessalonicenses, para logo depois reencontrar-se com o apóstolo em Corinto. Mais adiante seguiram em direção ao oriente, completando a viagem missionária em Jerusalém e Antioquia. Na terceira viagem missionária, nos anos 54–57, Timóteo acompanhou Paulo, e juntos eles passaram três anos em Éfeso. Durante esse período, Timóteo foi enviado em difícil missão a Corinto. Logo depois de seu regresso, visitou a Grécia com Paulo e fez parte do grupo que seguiu com o apóstolo pela última vez a Jerusalém, onde por fim Paulo foi preso. Durante os anos de encarceramento, Timóteo se encontrou com Paulo em Roma; depois da libertação, foi com ele para a Ásia, tendo sido deixado à frente da igreja de Éfeso. Não muito tempo depois, recebeu a primeira carta de Paulo. Quando Paulo já estava preso pela segunda vez em Roma, às vésperas de seu martírio, recebeu a segunda carta do apóstolo com um forte apelo para que fosse vê-lo imediatamente em Roma.

Em sexto lugar, quanto ao seu compromisso. Dentre os cooperadores de Paulo, ninguém foi como Timóteo. Ele serviu a Cristo, sua igreja e ao evangelho.

Em Filipenses 2.19–24, Paulo nos oferece uma descrição do compromisso de Timóteo com o evangelho:

Timóteo, o enviado de Paulo (Fp 2.19,23). Timóteo era filho na fé de Paulo (1Tm 1.2), cooperador do apóstolo (Rm 16.21) e seu mensageiro às igrejas (1Ts 3.6; 1Co 4.17; 16.10,11; Fp 2.19). Esteve preso com Paulo em Roma (Fp 1.1; Hb 13.23). Tinha um caráter provado (Fp 2.22) e cuidava dos interesses de Cristo (Fp 2.21) e da igreja de Cristo (Fp 2.20).

Timóteo, um homem singular (Fp 2.20a). Paulo contava com muitos cooperadores, mas Timóteo ocupava um lugar especial no coração do velho apóstolo. Ele era um homem singular por sua obediência e submissão a Cristo e ao apóstolo, como um filho atende ao chamado de um pai. A palavra grega que Paulo usa para igual sentimento só aparece aqui em todo o Novo Testamento. É a palavra isopsychos, que significa “da mesma alma”. Esse termo foi usado no Antigo Testamento como “meu igual” e “meu íntimo amigo” (LXX Sl 55.13). F. F. Bruce diz que o grande Erasmo parafraseia esta passagem assim: “Eu o enviarei como o meu alter ego”.

Timóteo, um homem que cuida dos interesses dos outros (Fp 2.20b). Timóteo aprendeu com Paulo a buscar os interesses dos outros (Fp 2.4), princípio exemplificado por Cristo (Fp 2.5) e pelo próprio apóstolo (Fp 2.17). Timóteo de igual modo vive de forma altruísta, pois o centro de sua atenção não está em si mesmo, mas na igreja de Deus. Ele não busca riqueza nem promoção pessoal. Não está no ministério em busca de vantagens, mas tem um alvo: cuidar dos interesses da igreja.

Timóteo, um homem que cuida dos interesses de Cristo (Fp 2.21). Só existem dois estilos de vida: viver para si mesmo (Fp 2.21) ou viver para Cristo (Fp 1.21). Ou estamos em Filipenses 1.21 ou em Filipenses 2.21. Timóteo queria cuidar dos interesses de Cristo, e não dos seus. Sua vida estava centrada em Cristo (Fp 2.21) e nos irmãos (Fp 2.20b), e não em seu eu (Fp 2.21).

Timóteo, um homem de caráter provado (Fp 2.22). Timóteo tinha bom testemunho antes de ser missionário (At 16.1,2) e agora, quando Paulo está prestes a lhe passar o bastão de continuador da sua obra, testemunha que ele continua tendo um caráter provado (Fp 2.22). É lamentável que muitos líderes religiosos que se apresentam grandes em fama e riqueza sejam anões no caráter. Vivemos uma crise avassaladora de integridade no meio evangélico brasileiro. Precisamos urgentemente de homens íntegros, provados, que sejam modelos para o rebanho.

Timóteo, um homem disposto a servir (Fp 2.22b). É digno de nota que Timóteo serviu ao evangelho. Ele serviu com Paulo, e não a Paulo. Embora a relação entre Paulo e Timóteo fosse de pai e filho, ambos estavam engajados no mesmo projeto. Hoje, muitos líderes se colocam acima de seus colaboradores. Esse tipo de relação não é de parceria no trabalho, mas de subserviência pessoal.

Em sétimo lugar, quanto ao seu ministério. Paulo fechou as cortinas do seu ministério quando foi executado em Roma, nos idos de 67 d.C. Timóteo, porém, continuou seu trabalho como pastor da igreja de Éfeso. Segundo a tradição eclesiástica, Timóteo foi bispo de Éfeso e sofreu o martírio no ano 97 d.C., sob o imperador Nerva.

1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra A Época em que a Epístola Foi Escrita

A época em que a epístola foi escrita

Paulo escreveu a primeira carta a Timóteo no interregno da sua primeira e segunda prisões em Roma, por volta do ano 63 d.C. E escreveu a segunda carta durante sua segunda prisão em Roma, pouco antes de seu martírio em 67 d.C

1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra Os Propósitos da Epístola

Os propósitos da epístola

Paulo tinha alguns propósitos em vista ao escrever essas duas cartas. Charles Erdman explica que o conteúdo básico das epístolas pastorais consiste no direcionamento aos ministros com respeito à organização, à doutrina e à vida da igreja cristã. Na primeira carta a Timóteo, o tema básico é a organização da igreja; na segunda carta, Paulo insiste na pureza da doutrina

1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra Os Atributos da Igreja de Deus (3.14,15)

Os atributos da igreja de Deus (3.14,15)

Depois de tratar das qualificações dos presbíteros e dos diáconos, Paulo passa a falar sobre os atributos da igreja de Deus. O propósito do apóstolo é orientar o jovem pastor Timóteo acerca do correto procedimento na casa de Deus. Timóteo deve saber supervisionar o culto e a eleição de oficiais. Stott tem razão em dizer que, se as instruções dos apóstolos com respeito a doutrina, ética, unidade e missão da igreja tivessem sido dadas apenas sob a forma oral, a igreja teria ficado como um viajante sem mapa ou como uma embarcação sem leme. Contudo, pelo fato de as instruções apostólicas terem sido dadas por escrito, sabemos algo de que de outro modo não teríamos tido conhecimento; ou seja, qual deve ser a conduta das pessoas na igreja.

Duas verdades importantes acerca da igreja são colocadas em relevo.

Em primeiro lugar, a igreja é a morada do Deus vivo. – Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo… (3.14,15a). A igreja é a casa de Deus, a morada do Altíssimo, o santuário do Espírito. Deus habita na igreja. Nós, povo de Deus, somos sua habitação (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16). Aquele que nem o céu dos céus pode conter habita em nós, frágeis vasos de barro. Deus mandou fazer um santuário para habitar no meio do povo (Êx 25.8). Depois, o templo foi edificado, e Deus habitou no templo. Na plenitude dos tempos, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). Agora, Deus habita na igreja.

A palavra grega oikos, traduzida por casa, mostra que a igreja é uma família. Se a igreja não é um grupo de irmãos, então não é uma verdadeira igreja. A palavra oikos pode significar tanto o edifício quanto a família que ocupa o edifício. A igreja é a casa de Deus nos dois sentidos. Ela é tanto a morada de Deus (1Co 3.16) quanto a família de Deus (3.15).

Em segundo lugar, a igreja é a coluna e baluarte da verdade (3.15b). – … coluna e baluarte da verdade. A igreja é fundamento da verdade na medida em que se baseia em Cristo, pois ele é o fundamento da igreja (1Co 3.11). O próprio Cristo é a verdade (Jo 14.6).

William Barclay explica que a palavra coluna tinha um significado muito importante na cidade de Éfeso, onde Timóteo era pastor. A maior glória de Éfeso era o templo de Diana (At 19.28). Esse templo era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Uma de suas características eram suas colunas. Havia nesse templo 127 colunas jônicas de mais de 18 metros de altura, cada uma das quais havia sido presente de um rei. Todas eram feitas de mármore, e algumas continham pedras preciosas incrustadas ou estavam cobertas de ouro.

A ideia nesta passagem é que o dever da igreja é levantar a verdade de tal forma que todos a vejam. A palavra grega hedraioma, traduzida por baluarte, significa aquilo que sustenta um edifício. O baluarte mantém o edifício em equilíbrio e intacto. O baluarte é o fundamento.

A igreja é comparada com uma coluna e um fundamento. Como a coluna sustenta o teto e como o fundamento sustenta toda a estrutura da casa, assim a igreja sustenta a gloriosa verdade do evangelho no mundo. A igreja sustenta a verdade por ouvi-la e obedecer-lhe (Mt 13.9), por usá-la corretamente (2Tm 2.15), por guardá-la no coração (Sl 119.11), por defendê-la (Fp 1.16), por proclamá-la (Mt 28.18–20).

Analisando essas duas metáforas, John Stott assevera que a igreja tem dupla responsabilidade em relação à verdade. Primeiro, como fundamento, sua função é sustentar a verdade com firmeza, de tal forma que ela não caia por terra sob o peso de falsos ensinos. Segundo, como coluna, tem a função de mantê-la nas alturas, de modo que não fique escondida do mundo. Sustentar com firmeza a verdade é a defesa e a confirmação do evangelho; mantê-la bem alto é a proclamação do evangelho. A igreja é chamada para esses dois ministérios. Há uma estreita conexão entre a igreja e a verdade. A igreja depende da verdade para sua existência, e a verdade depende da igreja para sua defesa e proclamação.36

Lopes, H. D. (2014). 1Timóteo: O Pastor, Sua Vida e Sua Obra. (J. C. Martinez, Org.) (1a edição, p. 12–13). São Paulo: Hagnos. assembléia de cristãos, lavados e remidos pelo sangue de Jesus, que creem pela fé na justifucação que alcançamos em Cristo
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