A singularidade do Evangelho - Gl 1.6-9

Introdução

Singularidade é um termo que se refere a algo ou alguém que possui a característica de ser único, que se distingue dos demais, extraordinário.

O que precisamos saber para não sermos confundidos com respeito ao Evangelho?

Mostrar as notas de 20 reais, e perguntar qual a verdadeira e qual a falsa. Falar como se distingue uma nota falsa, conhecendo a verdadeira.

Paulo diz que qualquer mudança no Evangelho significa transformá-lo em algo que na realidade não é o evangelho da graça. (Gl 1.7).

Por que?

Porque qualquer mudança no evangelho o anula e o esvazia, não porque ele é fraca, mas porque é singular, porque é único.

Para saber quando o Evangelho está sendo pervertido, precisamos conhecer o verdadeiro Evangelho.

Assim como identificamos a nota falsa, por conhecermos as características e detalhes da nota verdadeira, assim temos de conhecer o Evangelho de Cristo.

Desenvolvimento

Paulo diz:

Gálatas 1.6 NAA

6 Estou muito surpreso em ver que vocês estão passando tão depressa daquele que os chamou na graça de Cristo para outro evangelho,

Paulo se admira, porque na verdade os Gálatas deveriam estar melhor preparados, afinal, o Evangelho não é complexo. O Evangelho não é apenas para pessoas espertas.

Mas eles estavam “passando” ou seja, transferindo a fidelidade a Cristo, a outro meio de salvação, logo a outro salvador.

Porque crer em outro Evangelho, implica em crer num falso cristo.

Mas o que Paulo ensinou?

Poderia resumir o Evangelho em um trecho das escrituras.

Tito 3.3–7 NAA

3 Pois nós também, no passado, éramos insensatos, desobedientes, desgarrados, escravos de todo tipo de paixões e prazeres, vivendo em maldade e inveja, sendo odiados e odiando-nos uns aos outros. 4 Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor por todos, 5 ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, 6 que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, 7 a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.

Em outras palavras, sabemos que o Evangelho defende que:

Pecamos demais, a ponto de não podermos contribuir com nossa salvação, precisamos de um Salvador que nos liberte por completo.

Somos salvos pela fé, na obra de Jesus, a Graça de Cristo, e nada mais.

Assim como uma nota falsa não tem valor para comprar nada, um evangelho pervertido, não é evangelho e não tem poder de nos libertar do pecado, e tão pouco valor para pagar a dívida pelos pecados.

Paulo está querendo mostrar que é com uma mensagem confusa, misturada e pervertida que os falsos apóstolos estão tentado persuadir os crentes da Galácia.

Vale lembrar que falsos mestres não atuam de fora da igreja, mas de dentro.

Atos dos Apóstolos 20.29–30 NAA

29 Eu sei que, depois da minha partida, aparecerão no meio de vocês lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. 30 E que até mesmo entre vocês se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás de si.

Gálatas 1.7 NAA

7 o qual, na verdade, não é outro. Porém, há alguns que estão perturbando vocês e querem perverter o evangelho de Cristo.

Perturbar literalmente, significa sacudir, revolver, agitar, transtornar, turvar, assim como a escritura descreve que o rei do Egito que era como um crocodilo que turvava as águas com seus pés, e dessa forma contaminava os rios (Ez 32.2).

Em sentido figurado, como aqui, faz referência a transtornar a mente e/ou o coração.

Nesse sentido o Evangelho é como as águas límpidas de um oceano que nos permite ver toda a beleza no fundo do mar, mas os falsos apóstolos, mexiam com seus pés a areia do fundo do mar, turvando a visão, enebriando os Gálatas, a ponto de serem conduzidos pela sua mensagem.

Paulo valoriza tanto o Evangelho, que é capaz de colocar a si mesmo sob maldição, se por acaso pregar outro Evangelho.

Gálatas 1.8–9 NAA

8 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu pregue a vocês um evangelho diferente daquele que temos pregado, que esse seja anátema. 9 Como já dissemos, e agora repito, se alguém está pregando a vocês um evangelho diferente daquele que já receberam, que esse seja anátema.

Isso nos ensina que o Evangelho não é só uma mensagem poderosa para nos salvar, mais o meio pelo qual nos certificamos da verdade de Deus.

Gálatas e Efésios O Evangelho Ultrapassa Qualquer Autoridade Humana

Paulo diz que a autoridade do verdadeiro evangelho é tão grande que não só as autoridades humanas e apostólicas, mas também as angelicais, têm de se render a ela.

Quando uma nova mensagem, diferente da original, do Evangelho da Graça de Deus, for ensinada você descarta, você não guarda uma nota falsa, você descarta, você queima, você destrói.

Mesmo que seja seu pregador favorito, que seja carismático, com uma ministério grandioso, com milhares de seguidores em redes sociais e no Youtube, se ensinar algo diferente, descarte.

Mesmo que seja uma igreja que tenham muitos anos de história, se anuncia que você precisa de algo além da graça de Cristo, que é o favor imerecido de Deus, para ser salvo, ignore-a.

Não importa quem é o mensageiro, se ele faz chover milagres, mas ensina algo diferente do que as escrituras ensinam, não o ouçam.

Gálatas e Efésios A Simplicidade é Melhor do que Milagres

desse versículo, aprendemos que é mais importante apresentar a verdade de modo claro e simples do que correr atrás de ensinos, línguas, milagres, esplendor angelical ou da santidade e autoridade de grandes homens. Se esse conselho tivesse sido ouvido em tempos passados, não teríamos nos desviado tanto do caminho simples e claro do Senhor.

Paulo invoca maldição sobre aqueles que pervertem o Evangelho, caso eles preguem algo diferente do que Paulo já havia ensinado.

A palavra grega anátema, era usada para indicar banimento divino, a maldição de Deus sobre qualquer coisa ou pessoa entregue pelo próprio Deus à destruição e ruína.

Paulo deseja, assim, que os falsos mestres sejam colocados sob banimento, maldição e destruição. Ele expressa desejo de que o juízo de Deus recaia sobre eles e qualquer um de nós que pregue, ensine, e se apegue a um falso evangelho.

O evangelho pregado por Paulo não era o verdadeiro evangelho porque Paulo era quem o pregava; era o verdadeiro evangelho porque foi o Cristo ressurreto quem o entregou a Paulo para ser pregado.

A prova do ministério de uma pessoa não é sua popularidade ou uma mensagem agradável a todos.

Mateus 24.11 NAA

11 Muitos falsos profetas se levantarão e enganarão a muitos.

Nem os sinais e prodígios miraculosos que ela realiza.

Mateus 24.24 NAA

24 Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando grandes sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos.

Mas sim sua fidelidade à Palavra de Deus 1Co 4.2

1Coríntios 4.2 NAA

2 Ora, além disso, o que se requer destes encarregados é que cada um deles seja encontrado fiel.

Qualquer indivíduo que se levantar para perturbar a igreja, perverter o evangelho e pregar outro que vá além do evangelho da graça deve ser rejeitado.

Talvez você se pergunte, mas Paulo não foi duro demais em amaldiçoar a mensagem e os mensageiros desse falso evangelho, afinal era um pequeno acréscimo?

A questão é que o acréscimo possuía a natureza de repúdio completo à obra completa de Cristo para nos salvar.

Gálatas 5.2 NAA

2 Eu, Paulo, lhes digo que, se vocês se deixarem circuncidar, Cristo não terá valor nenhum para vocês.

Com respeito ao evangelho não podemos ficar aquém nem ir além; não podemos retirar nem acrescentar nada. O evangelho é completo em si mesmo. Qualquer subtração ou adição perverte-o.

Mas será que sofremos com a perversão do Evangelho ainda hoje?

Vale lembrar que o resume do Evangelho diz que:

Pecamos demais, a ponto de não podermos contribuir com nossa salvação, precisamos de um Salvador que nos liberte por completo.

Somos salvos pela fé, na obra de Jesus, a Graça de Cristo, e nada mais.

i. Alguns ensinam que você é salvo por meio de sua entrega a Cristo, somado a um conjunto de novas crenças e comportamento correto.

Essa é uma perversão muito comum, as pessoas são desafiadas a entregar suas vidas a Jesus, ou convidá-lo a entrar em seu coração.

Isso parece ser profundamente bíblico.

Mas rejeita a verdade que somos salvos somente pela graça, mediante a fé em Jesus.

Ou seja, não diz respeito ao que fazemos ou apresentamos a Deus com relação aos nossos esforços ou comportamento, mas somente pelo o que Cristo fez em sua vida, morte e ressurreição.

Isso gera nas pessoas uma ideia de que primeiro tem de se livrar das coisas erradas e de comportamentos que não agradam a Deus, para que então possam ser aceitas.

Isso levará a outro problema, de continuarem a fazer grandes esforços para se manterem salvas.

Em alguma medida, se ensina que somos salvos devido ao nosso alto nível de fé.

Porém, o Evangelho diz que somos salvos pela graça, mediante a fé.

A primeira abordagem, diz que somos salvos por nosso desempenho, já a segunda, faz do desempenho perfeito de Cristo, o motivo de nossa salvação.

Tim Keller diz, não é o nível de fé que nos salva, mas o objeto de nosso fé, Jesus Cristo.

ii. Em outros lugares, se ensina que não importa tanto o que você crê, importa que sejas uma pessoa boa.

Esse é uma segunda perversão muito comum.

Diz que toda pessoa boa, independente de ter ou não religião, encontrará a Deus.

Parece bastante interessante essa ideia, porém perverte profundamente a graça de Deus. De duas formas:

1. Ensina que as boas obras são suficientes para chegar a Deus, e anula a ideia bíblica da incapacidade humana, conforme;

Romanos 3.10–12 NAA

10 Como está escrito: “Não há justo, nem um sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus. 12 Todos se desviaram e juntamente se tornaram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.

Se isso for verdade, Cristo morreu em vão, foi apenas um bom mestre, mas não precisava morrer.

Gálatas 2.21 NAA

21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão.

2. Encoraja as pessoas a pensarem que podem viver como quiserem e agradarão a Deus, elas não precisam de graça, não precisam do favor de Deus, por no fim, conseguem a vida eterna sozinhas.

Mas, o Evangelho desafia cada um de nós a ver a radicalidade do nosso pecado, pois sem o senso de nossa própria maldade, o conhecimento da graça divina não terá valor, não será transformador.

iii. Um terceiro exemplo que encontramos são aqueles que ensinam sobre a intolerância sobre certos tipos de roupas, corte de cabelo, adereços.

Além de um controle firme sobre seus membros, sobre o que comer, quem namorar, como se divertir, e quais bençãos podem ou não receber.

Ensinam que a salvação se dá pela guarda exterior de costumes e tradições humanas e obediência irrestrita a líderes e gurus espirituais.

Colossenses 2.21–22 NAA

21 “Não toque nisto”, “não coma disso”, “não pegue naquilo”. 22 Todas estas coisas se destroem com o uso; são preceitos e doutrinas dos homens.

Nós precisamos ter clareza que cremos no verdadeiro Evangelho.

O evangelho é a mensagem de que somos piores do que jamais ousamos imaginar, somos maus, porém, somos mais amados e aceitos por Deus em Cristo do que jamais ousamos esperar.

Conclusão

Como devemos evitar viver o mesmo que os Gálatas que estavam a ponto de abandonarem o Evanelho?

Primeira coisa é entender e conhecer a Bíblia como nossa única regra de fé e prática, como a verdade de Deus, é alimentar-se das escrituras diariamente.

Entender que a bíblia é que julga a igreja, a igreja não julga a Bíblia. Devemos nos colocar sob o prumo das escrituras.

A Bíblia cria e fundamenta a igreja, não é a igreja que cria a Bíblia, ou que seleciona as partes mais importantes e descarta outras.

Nesse sentido, devemos nos preocupar com a perversão do Evangelho, e só podemos nos proteger disso, se nos apegarmos às escrituras a fim de conhecê-la.

2Timóteo 3.15–16 NAA

15 e que, desde a infância, você conhece as sagradas letras, que podem torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,

Segundo, Sermos vigilantes, começando por ensinar o evangelho em nossas casas, protegendo nossas famílias, ensinando nossos filhos, e faremos da igreja coluna e fundamento da verdade graciosa de Deus.

1Timóteo 3.15 NAA

15 Mas, se eu demorar, você saberá como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade.

Por fim, zelando pela sã doutrina, pelo ensino do Evangelho genuíno da graça de Deus.

Pois um evangelho pervertido, só pode gerar maldição, destruição e perdição eterna.

1Timóteo 4.15–16 NAA

15 Medite estas coisas e dedique-se a elas, para que o seu progresso seja visto por todos. 16 Cuide de você mesmo e da doutrina. Continue nestes deveres, porque, fazendo assim, você salvará tanto a si mesmo como aos que o ouvem.

Se o Evangelho que dizemos confessar não é singular e único como este que ensina as escrituras, ou como Paulo fiz aos Efésios.

Efésios 2.8–9 NAA

8 Porque pela graça vocês são salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês, é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie.

Estaremos sob maldição e destruição, pois uma mensagem que não concorda com o Evangelho anunciado por Paulo nas escrituras, não tem poder para salvar pecadores e lhes conceder vida eterna em Cristo Jesus.

Se queremos ser uma igreja centrada no Evangelho, temos de entender que a igreja é feita de discípulos de Jesus que foram salvos por Jesus, pela Graça, mediante a fé.

E que por sua vez, devem viver pelo Evangelho, anunciar o evangelho, defender o Evangelho, serem apaixonados pelo Evangelho e fazerem discípulos de Jesus por meio do Evangelho de Jesus.

SDG