A ilusão do livre-arbítrio - IX Do Livre Arbítrio

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Introdução

“Que o coração cristão fique longe de tal filosofia pagã no tocante ao livre-arbítrio, e que cada um de nós saiba conhecer-se tal como realmente é, ou seja: servo do pecado, e que só pode ser posto em liberdade e viver realmente livre pela graça de Cristo” – João Calvino. Romanos, p. 277
Esse é um dos temas mais debatidos e também estudados, dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil encontramos membros que afirmam a existência do livre-arbítrio. Como esse tema é amplamente debatido, existem escritos desde os filósofos do primeiro século, debruçando sobre o assunto, concordo com C. H. Spurgeon quando ele diz que já foi provado além de toda controvérsia que o livre-arbítrio é uma ilusão. A liberdade não pode pertencer ao arbítrio, como a ponderação não pode pertencer é eletricidade. Elas são coisas completamente diferentes, podemos crer em agente livre, porém, o livre-arbítrio é simplesmente uma mera ilusão. É bem conhecido de todos que a vontade é dirigida pelo entendimento, movida por motivos, conduzida por outros componentes da alma e considerada como algo secundário.
O estudo da Confissão de Fé de Westminster tem demonstrado a grandeza da corrupção que o pecado trouxe à raça humana. O Apostolo Paulo deixa claro em suas cartas que o coração do homem é desesperadamente corrupto. A escritura mostra a fonte do mal no pecado original e as correntes lodosas que daí fluem para os pecados atuais. Ora, mais propriamente, requer-se considerar o estado miserável do homem e a servidão em extremo, degradante do livre arbítrio sob o pecado. Esse é um dos temas mais dolorosos a ser estudado, pois ele entra no mais profundo e combate a pior das idolatrias, aqui somos apresentados a nossa vaidade e destruídos pela nossa convicção de que somos agentes decisivos de nossos cursos de vida.
Confesso ser esse um espetáculo muito doloroso, no entanto extremamente útil e altamente necessário, a fim de podermos conhecer plenamente a grandeza de nossa miséria, e compreender com mais certeza e buscar com mais energia a necessidade da graça que é concedida a nós, por intermédio de Cristo Jesus. Por essa razão, o argumento deve ser perseguido muito mais diligentemente, porque tem provocado as mais pesadas controvérsias, deflagradas por vários adversários quase desde os mais remotos primórdios, e são fomentadas mesmo em nossos dias. O debates levantados por filósofos, estudiosos, teólogos aflora grandes discussão, para convencer que o homem é sim o escritor autodeterminante de sua própria história.
Filósofos pagãos cometem erros sutis, quando é ignorado a bíblia, e colocam de lado a corrupção da natureza. Muitos continuam a defender que o homem pode ser o arquiteto e edificador da própria sorte, e, ao tornar os homens livres, os fizeram profanos. Negam totalmente a impureza da natureza, ou lutam com excessivo ardor para enaltecer de forma chocante a força do livre arbítrio. Nem a autoridade de vários concílios, nem o labor e diligência dos mais brilhantes luminares da igreja, a saber Jerônimo, Agostinho, Prosper, Hilário, Fulgêncio, entre outros outros estudiosos e propagadores do evangelho, tudo fizeram para impedir a propagação e que não brotassem novamente as mesmas coisas em épocas sucessivas. O ídolo do livre arbítrio tem sido empregado e crescido de forma perigosa em nosso púlpitos e lares.
A neurociência tem se dedicado em responder a questão crer ou não crer no livre-arbítrio. Os estudos da neurociência demonstram que seu cérebro decide o que você vai decidir meio segundo antes de você achar que está decidindo por você mesmo, ou seja, a sua mente recebe a decisão que vem do seu cérebro e não o contrário.
Quando somos expostos a ensinos filosóficos que acreditam no livre arbítrio, com a profundidade dos estudos seremos condicionados a crer na minha decisão por vontade do meu ser, porém se formos expostos a estudos que ensinam que somos escravos, nascemos escravos e não temos liberdade de escolher o que queremos, seremos condicionados a crer na existência do não liberdade absoluta na escolha.
Neste sentido encontramos a frase "o homem é produto do meio" escrita por Jean-Jacques Rousseau. Para Rousseau, a desigualdade é socialmente criada e convencionada, enquanto as diferenças entre os indivíduos advêm da natureza. Muito dos nossos valores e condicionamentos são condicionados e implantados com o tempo e nesse sentido não temos escolha de como seremos, nem agiremos. Mas mudando o meio, seremos moldados aos local que assim estivermos.
Nesses pensamentos encontramos que não há liberdade de ação, sem a condição anterior a ação tomada, assim, os filósofos chegam a conclusão de que o livre arbítrio é uma ilusão.
Tanto a filosofia como a religião, descartam de uma vez a idéia de livre-arbítrio, Marinho Lutero um dos reformadores mais citados por conta de sua atuação, faz uma forte afirmação:"se algum homem, de alguma maneira, atribuir a salvação ao livre-arbítrio do homem - mesmo a íntima parte - nada sabe sobre a graça e não conheceu Jesus Cristo corretamente". Essas declaração nos parede um tão quanto severa, todavia, aquele que em sua alma crê que o homem faz o seu próprio livre-arbítrio, voltar-se para Deus. Você não pode ter sido instruído por Deus, pois esse é um dos primeiros princípios que nos é ensinado quando Deus começa Sua obra em nós: não temos nem vontade nem poder, posto que Ele concede ambos; porquanto Ele é "o Alfa e o Ômega" na salvação do homem.

1. Origem do Livre-Arbítrio

1.1. Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade natural que ela nem é forçada para o bem nem para o mal, nem a isso é determinada por qualquer necessidade absoluta de sua natureza.
O termo “livre arbítrio” ou “poder autodeterminante” [autexousiou], usado pelos pais gregos, não ocorre na Escritura. Ele foi recebido pelas escolas cristãs como mais adequado para designar aquela faculdade da alma racional pela qual a vontade faz espontaneamente o que lhe apraz. Existe um pequeno equivoco para os que crêem que o encontraram no que Paulo chama “o poder de sua própria vontade” (exousian peri tou idiou thelēmatos, 1Coríntios 7.37).
A palavra exousia não significa liberdade da vontade, mas facilidade de executar, nem to thelēma significa um ato da vontade, mas um objeto. Neste sentido, a origem dessa palavra parece antes ser extraída da escola platônica, dentre cujos seguidores foram muitos dos pais antes que se convertessem a Cristo.
O que os paripatéticos chamavam de eleutheran proairesin e os estóicos de to eph’ hēmin, os platonistas chamavam de autexourion. Os filósofos acreditavam que o homem existia por seu próprio poder, e por seu direito, ele não depende e nem pode depender absolutamente de ninguém.
Referências Bíblicas:
Deuteronômio 30.19: “19 Hoje tomo o céu e a terra por testemunhas contra vocês, que lhes propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolham, pois, a vida, para que vivam, vocês e os seus descendentes,”
Mateus 17.12: “12 Eu, porém, lhes digo que Elias já veio, e não o reconheceram; pelo contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem irá sofrer nas mãos deles.”
Tiago 1.14: “14 Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.”

2. Livre-Arbítrio Antes do Pecado

O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse cair dessa liberdade e poder.
2.1. O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer aquilo que é bom e agradável a Deus,
Referências Bíblicas:
Gênesis 1.26: “26 E Deus disse: — Façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os animais que rastejam pela terra.”
Eclesiastes 7.29: “29 O que descobri é tão somente isto: que Deus fez o ser humano reto, mas ele se meteu em muitos problemas.”
2.2. mas mudavelmente, de sorte que pudesse cair dessa liberdade e poder.
Referências Bíblicas:
Gênesis 2.16-17: “16 E o Senhor Deus ordenou ao homem: — De toda árvore do jardim você pode comer livremente, 17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal você não deve comer; porque, no dia em que dela comer, você certamente morrerá.”
Gênesis 3.6: “6 Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto e comeu; e deu também ao marido, e ele comeu.”

3. Livre-Arbítrio Pós-Pecado

O homem, ao cair no estado de pecado, perdeu inteiramente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; de sorte que um homem natural, inteiramente avesso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso.
3.1. O homem, ao cair no estado de pecado, perdeu inteiramente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação;
Referências Bíblicas:
João 15.5: “5 — Eu sou a videira, vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim vocês não podem fazer nada.”
Romanos 5.6: “6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.”
Romanos 8.7: “7 Porque a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar.”
3.2. de sorte que um homem natural, inteiramente avesso a esse bem
Romanos 3.10-12: “10 Como está escrito: “Não há justo, nem um sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus. 12 Todos se desviaram e juntamente se tornaram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.”
3.3. e morto no pecado,
Referência Bíblica:
Efésios 2.1: “1 Ele lhes deu vida, quando vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados,”
Efésios 2.5: “5 e estando nós mortos em nossas transgressões, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça vocês são salvos —”
Colossenses 2.13: “13 E quando vocês estavam mortos nos seus pecados e na incircuncisão da carne, Ele lhes deu vida juntamente com Cristo, perdoando todos os nossos pecados.”
3.4. é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso.
Referência Bíblica:
João 6.44: “44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.”
João 6.65: “65 E prosseguiu: — Por causa disto é que falei para vocês que ninguém poderá vir a mim, se não lhe for concedido pelo Pai.”
1Coríntios 2.14: “14 Ora, o a pessoa natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura. E ela não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”
Efésios 2.2-5: “2 nos quais vocês andaram noutro tempo, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência. 3 Entre eles também nós todos andamos no passado, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. 4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, 5 e estando nós mortos em nossas transgressões, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça vocês são salvos —”
Tito 3.3-5: “3 Pois nós também, no passado, éramos insensatos, desobedientes, desgarrados, escravos de todo tipo de paixões e prazeres, vivendo em maldade e inveja, sendo odiados e odiando-nos uns aos outros. 4 Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor por todos, 5 ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,”

4. Libertos para o Bem

Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, Ele o liberta de sua natural escravidão ao pecado e, somente por sua graça, o habilita a querer e a fazer com toda liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção ainda existente nele, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau.
4.1. Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, Ele o liberta de sua natural escravidão ao pecado
Referências Bíblicas:
João 8.34-36: “34 Jesus respondeu: — Em verdade, em verdade lhes digo que todo o que comete pecado é escravo do pecado. 35 O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, fica para sempre. 36 Se, pois, o Filho os libertar, vocês serão verdadeiramente livres.”
Colossenses 1.13: “13 Ele nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado,”
4.2. e, somente por sua graça, o habilita a querer e a fazer com toda liberdade o que é espiritualmente bom,
Referências Bíblicas:
Romanos 6.18: “18 E, uma vez libertados do pecado, foram feitos servos da justiça.”
Romanos 6.22: “22 Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, o fruto que vocês colhem é para a santificação. E o fim, neste caso, é a vida eterna.”
4.3. mas isso de tal modo que, por causa da corrupção ainda existente nele, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau.
Referências Bíblicas:
Romanos 7.15: “15 Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.”
Romanos 7.18-19: “18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo. 19 Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço.”
Romanos 7.21-23: “21 Assim, encontro esta lei: quando quero fazer o bem, o mal reside em mim. 22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. 23 Mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.”
Gálatas 5.17: “17 Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito luta contra a carne, porque são opostos entre si, para que vocês não façam o que querem.”

5. Somente na Glória

5.1. É no estado de glória que a vontade do homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o bem só.
Referências Bíblicas:
Efésios 4.13: “13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo,”
Hebreus 12.23: “23 a igreja dos primogênitos arrolados nos céus. Vocês chegaram a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados,”
1João 3.2: “2 Amados, agora somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-lo como Ele é.”
Judas 1.24: “24 E ao Deus que é poderoso para evitar que vocês tropecem e que pode apresentá-los diante da sua glória, com grande alegria,”

Conclusão

“O homem, como foi corrompido pela queda, certamente peca porque o quer, não contra a vontade, nem coagido. Tudo faz por depravação da natureza, que não pode ser movido e impulsionado senão para o mal” – João Calvino. As Institutas: edição clássica - vol. II, p. 63.
1. Origem do Livre-Arbítrio
2. Livre-Arbítrio Antes do Pecado
3. Livre-Arbítrio Pós-Pecado
4. Libertos para o Bem
5. Somente na Glória

Aplicação

Você sabe que o livre arbítrio é uma ilusão, não existe, pois somos escravos do pecado quando não estamos em Cristo, quando estamos com Cristo lutamos contra o pecado, porém não somos capazes de vencer o pecado, nem capazes de ser obedientes na perfeição.
Você entende que jamais seriamos capazes de viver com a liberdade plena, por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e por meio de um único homem a graça foi concedida a cada um de nós.
Somente o Senhor tem poder para evitar que tropeçamos, quem está em Cristo Jesus, confia no Senhor esse entrará na glória e viverá em Glória para todo o sempre.
Se você não compreende quem Cristo Jesus é, o Senhor concede a você o entendimento de que existem dois caminhos apenas, a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Neste sentido assim como Moisés alertou o povo para que escolhessem, hoje alertamos a você, hoje tens a escolha vida ou morte, qual você irá seguir.
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