Exposição de Hebreus
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Tema: A prática do amor cristão
Série: Exposição Hebreus
Texto base: Hebreus 13:1-6
Referencial base: Hernandes Dias Lopes, Hebreus: A Superioridade de Cristo, org. Juan Carlos Martinez, 1a edição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2018), 209–217.
Hebreus 13:1-6:
1 Permaneça o amor fraternal.
2 Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.
3 Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo.
4 Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará.
5 Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei.
6 E assim com confiança ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem. (ACF2007)
1. INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Durante toda a epístola o autor fez severas exortações, advertências, sobre a falta de constância dos crentes, principalmente em vacilar no regresso ao judaísmo, mesmo após terem recebido revelação maior e superior em Cristo.
Apesar de pensarmos que esta epístola está muito distante de nossos dias, a mensagem de hebreus é muito contemporânea.
O perigo que enfrentamos hoje não é voltarmos ao judaísmo, mas retrocedermos rumo aos rudimentos desse mundo. Infelizmente quanto mais o tempo se passa, mais a igreja do Senhor Jesus Cristo está aceitando o ingresso de princípios seculares em nosso meio. Já não estamos mais separados (santos) desse mundo, pelo contrário, estamos tão submersos pelo mundanismo, que não nos diferenciamos mais dos que já são do mundo.
Por isso no começo de sua carta o autor nos diz:
ACF2007 - Hebreus 2:1:Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas.
Agora em sua última parte o autor está concluindo sua epístola e, nessa parte final, mostra como o verdadeiro cristianismo pode ser conhecido de forma prática. A sã doutrina sempre desemboca em vida transformada.
A teologia não é algo só teórico, mas deve nortear nossa ética diária. O que cremos determina o que fazemos. Tudo o que nos foi ensinado aqui não é apenas para enriquecer nosso vocabulário teológico, ou para estudarmos a história de nossos irmãos do passado. Tudo o que foi ensinado visa, em última análise, uma vida cristã prática, colocando tudo o que nos foi ensinado em nosso dia a dia. Devemos transformar nossa vida pela palavra.
Quais são os ensinos práticos deixados nessa primeira parte?
2. UMA VIDA TRANSFORMADA É CONHECIDA POR SUA CONDUTA EXEMPLAR (13.1–6)
2. UMA VIDA TRANSFORMADA É CONHECIDA POR SUA CONDUTA EXEMPLAR (13.1–6)
O autor destaca três áreas em que devemos demonstrar nosso testemunho como cristãos: no trato com o nosso próximo, no relacionamento conjugal e na maneira como lidamos com o dinheiro.
Um cristão é alguém que cuida do próximo, respeita o cônjuge e se contenta com o que tem.
Examinemos essas três áreas.
2.1. Em primeiro lugar, em relação ao próximo(13.1–3).
2.1. Em primeiro lugar, em relação ao próximo(13.1–3).
Nosso amor a Deus deve ser provado por nosso amor ao próximo. O apóstolo João afirma:
“Aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4.20).
Aquilo em que cremos precisa influenciar aquilo que praticamos.
NOTA: Infelizmente a falta de uma cosmovisão cristã adequada, tem criado uma geração de cristãos que dicotomizam sua vida. Eles dicotomizam o santo do profano, a vida religiosa da vida secular. Eles não conseguem compreender que aquilo que cremos tem que influenciar toda a nossa vida, todos os aspectos de nossa vida, seja ela secular ou religiosa.
O autor destaca três áreas da nossa atitude exemplar em relação ao próximo:
1.
2.
2.1.
2.1.1. Primeiro: amor fraternal (13.1).
2.1.1. Primeiro: amor fraternal (13.1).
3. Seja constante o amor fraternal.
A palavra amor usada aqui não é agape, mas philadelphia, “amor de irmão de sangue” “amor fraternal”.
Eles já tinham mostrado esse amor no passado, servindo aos santos e tendo compaixão pelos irmãos afligidos conforme menciona a própria carta aos hebreus.
ACF2007 - Hebreus 6:10: Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis.
Esse mesmo tipo de amor é recomendado por Paulo:
· Romanos 12:10:Amai-vos de coração uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. (ALM21)
· 1 Tessalonicenses 4:9-10: (4:9) Mas, quanto ao amor fraternal, não é preciso que eu vos escreva, visto que vós mesmos sois instruídos por Deus a vos amardes uns aos outros; (4:10) pois é certo que já procedeis assim com todos os irmãos de toda a Macedônia. Irmãos, também vos exortamos a que vos aperfeiçoeis nisso cada vez mais (ALM21)
O apóstolo Pedro também exorta os irmãos ao amor fraternal:
· 1 Pedro 1:22: Assim, já que tendes a vossa vida purificada pela obediência à verdade que leva ao amor fraternal não fingido, amai uns aos outros de todo coração. (ALM21)
· 2 Pedro 1:5-7: (1:5) E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, (1:6) E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, (1:7) E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. (ALM21)
O autor aos Hebreus está dizendo que devemos considerar-nos uns aos outros não apenas como santos irmãos (3.1), mas também como amados irmãos (13.1).
Raymond Brown escreve: “Se os crentes pertencem à mesma família, então o amor do Pai deve ser expresso em sua vida”. Isso porque a igreja não é uma organização nem um clube, mas uma fraternidade.
Calvino chega a dizer: “Não podemos ser cristãos sem que sejamos irmãos”.
De que forma se manifesta o amor philadelphia? Amamos nossos irmãos de sangue como amamos a nós mesmos. Nosso amor por eles não é apenas por causa de seus méritos, mas apesar de seus deméritos; não apenas por causa de suas virtudes, mas a despeito de suas fraquezas.
O amor philadelphia precisa ser constante, e não apenas em algumas ocasiões ou circunstâncias especiais. É oportuna a recomendação de Raymond Brown: “O amor cristão não deve se degenerar em mera emoção piedosa, mas deve ser expresso em contínuo cuidado prático”.
Por isso, Calvino alerta: “Nada evapora mais facilmente do que o amor, quando cada um pensa de si mesmo mais do que convém e quando pensa menos nos outros do que deveria”.
2.1.2. Segundo: hospitalidade (13.2).
2.1.2. Segundo: hospitalidade (13.2).
Hebreus 13:2: Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. (ACF2007).
Onde há verdadeiro amor cristão, aí também há hospitalidade. O amor não se limita a palavras, mas demonstra sua realidade através de obras compassivas. Uma das expressões do amor fraternal é a hospitalidade. O cristão é alguém que tem o coração, as mãos, o bolso e a casa abertos.
Essa hospitalidade é mais significativa no Oriente Médio do que para nós hoje em dia. Talvez falar em hospitalidade numa sociedade tão exclusivista como a de hoje parece loucura. No ocidente moderno de hoje, nós queremos é o isolamento social, quanto mais distantes melhor.
No oriente médio a hospitalidade é um meio de amizade. Convidar uma pessoa para uma refeição é oferecer-lhe comunhão. Por isso, o cristianismo deve ser a religião de portas abertas.
Por que a hospitalidade era tão importante naquele tempo?Porque no primeiro século os cristãos foram perseguidos e muitos precisavam fugir de sua cidade (Atos 8:1); outros perdiam seus bens (Hebreus 10;34) e andavam foragidos pelo Império Romano a fim de salvar a própria vida.
Os irmãos crentes abriam suas casas a esses fugitivos, colocando em risco sua própria segurança. Os irmãos perseguidos precisavam de um lar hospitaleiro para acolhê-los tanto em seu deslocamento como em suas urgentes necessidades. Também os evangelistas e pregadores itinerantes dependiam da hospitalidade dos crentes para cumprirem sua agenda de pregação e pastoreio (3Jo 5–8).
Outrossim, as pensões e hospedarias no primeiro século eram raras, caras, sujas e mal-afamadas. Por essas razões, os crentes precisavam ter o coração aberto e a casa aberta para acolher irmãos que eles nem conheciam. A palavra grega philoxenia, traduzida por hospitalidade, significa literalmente “amor ao estrangeiro”.
A mesma ideia ocorre em Romanos 12.13. A hospitalidade é uma das qualidades requeridas do presbítero (1Tm 3.2; Tt 1.8) e das viúvas (1Tm 5.10). O apóstolo Pedro também recomendou a mesma prática (1Pe 4.9).
O autor ainda mostra que a hospitalidade abençoa não apenas quem é recebido, mas sobretudo quem recebe, pois alguns nessa prática, sem o saber, hospedaram anjos, como aconteceu com Abraão e Ló (Gn 18.1–5; 19.1–22). Quem pode saber quem será o nosso próximo hóspede ou que bênçãos resultarão dessa visita? Esses hóspedes podem trazer mais bênçãos espirituais que a ajuda material que receberam.
Por outro lado, os crentes precisam de discernimento para que, em nome da hospitalidade, não transgridam os preceitos divinos, recebendo em casa aqueles que são pregoeiros de falsas doutrinas (2Jo 10,11).
2.1.3. Terceiro: compaixão (13.3).
2.1.3. Terceiro: compaixão (13.3).
Hebreus 13:3: Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo. (ACF2007).
Agora, o autor passa da ideia de abrir a casa a fim de receber forasteiros e itinerantes, para sair de casa a fim de visitar os encarcerados e os que sofrem maus-tratos, colocando-se no lugar deles e levando, assim, não apenas simpatia, mas também ajuda. Vale destacar que, naquele tempo, os crentes já estavam sofrendo por causa de sua fé (Hebreus 10.34). Ainda hoje, irmãos em muitas nações fechadas ao evangelho estão presos e sofrem torturas por causa de sua fé. Não podemos nos esquecer dessas pessoas!
O apóstolo Paulo dá o seu testemunho, mostrando como em suas várias prisões, por causa do evangelho, ele recebeu o cuidado e ajuda de irmãos e amigos, que cuidaram dele e supriram suas necessidades (At 24.23; 27.3; 28.10,16,30; Fp 4.12; 2Tm 1.16; 4.13,21).
A compaixão significa que devemos considerar os problemas alheios como nossos.
Calvino reforça essa ideia quando escreve: “Não há nada que nos mova ao mais profundo senso de compaixão do que nos pormos no lugar daqueles que são afligidos”.
O apóstolo Paulo escreveu: Se um membro do corpo sofre, todos sofrem com ele (1Co 12.26). A melhor maneira de lidar com o sofrimento do outro é permitindo que ele lateje debaixo de nossa própria pele e sentindo-o como se estivesse dentro da nossa própria família.
Olyott assim expressa essa ideia:
Se hoje eu soubesse que meu irmão de sangue está preso, o que eu faria? Imediatamente pensaria em como ele se sentiria. Pensaria no que estaria precisando, fosse ajuda, cartas, uma visita, roupas, papel, livros, o que fosse. Pensaria em seguida em seus entes queridos – esposa, filhos, parentes próximos, amigos – e passaria a telefonar-lhes, visitá-los, suprir suas necessidades, passear com eles. Minha mente estaria cheia de pensamentos amáveis e práticos.
Um dos maiores estímulos ao amor prático demonstrado na assistência a um enfermo, prisioneiro ou necessitado é que, ao socorrermos essas pessoas, estamos fazendo isso ao próprio Jesus (Mt 24.34–40).
2.2. Em segundo lugar, em relação ao cônjuge (13.4).
2.2. Em segundo lugar, em relação ao cônjuge (13.4).
Hebreus 13:4: Venerado (Digno de honra) seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição (porneia=impureza), e aos adúlteros, Deus os julgará. (ACF2007)
O lar é o primeiro lugar onde o amor cristão deve ser praticado. Lealdade e pureza devem ser o oxigênio do casamento. No primeiro século, o casamento não era tido em alta conta, seja pela influência da cultura pagã, altamente rendida à depravação moral, seja pela influência do ascetismo, que motivava as pessoas a fugirem dos prazeres da vida.
É claro que o autor da epístola teve como objetivo transmitir uma advertência contra a depreciação do casamento pela imoralidade e também contra certa classe de gnósticos, os quais, por causa de suas tendências ascéticas, tinham o casamento em pouca estima ou o proibiam totalmente (1Tm 4.3).
Os impuros e adúlteros são mencionados separadamente no texto porque a língua grega faz uma distinção entre ambos. Adultério (moicheia)indica infidelidade por parte de pessoas casadas, e impureza (porneia)é de natureza mais geral e inclui toda sorte de vícios e anormalidades sexuais.
Hoje, mais que em qualquer outro tempo, vemos uma conspiração deliberada contra o casamento e a pureza sexual. A decadência moral chegou ao fundo do poço. A inversão de valores é gritante. Os heterossexuais estão se abstendo do casamento ou fugindo dele pelas largas portas do divórcio, enquanto os homossexuais lutam para legitimar o “casamento” homoafetivo.
O casamento heterossexual, monogâmico e monossomático, conforme instituído por Deus (Gn 2.24), está sendo escarnecido e tratado como instituição ultrapassada. Nesse contexto de perversão moral sem precedentes, o imperativo divino é absolutamente oportuno: Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.
Três verdades são ensinadas aqui.
2.1
2.2
2.2.1. O matrimônio é honroso.
2.2.1. O matrimônio é honroso.
O autor diz que o casamento deve ser visto como algo honroso não somente para os cristãos, mas para todas as pessoas, indistintamente. O matrimônio não foi invenção humana, mas instituição divina. Não nasceu no coração do homem, mas no coração de Deus. Foi Deus quem disse: Não é bom que o homem esteja só (Gn 2.18).
2.2.2. O matrimônio exige um relacionamento sexual puro.
2.2.2. O matrimônio exige um relacionamento sexual puro.
O leito conjugal precisa ser sem mácula. O termo leito aqui vem de uma palavra grega que significa “coito”, “relação sexual”.
A expressão leito aqui é um eufemismo para a intimidade física do casamento. O que o texto está ensinando é que o relacionamento sexual é uma bênção a ser desfrutada no casamento, e não antes ou fora dele.
Mais ainda, o texto deixa claro que marido e mulher não podem levar para sua intimidade sexual, no leito conjugal, nenhuma prática que destoe da santidade da relação sexual. Num tempo em que a pornografia despeja seu fétido esgoto na televisão, no cinema, no teatro e na internet, e numa época em que cerca de 30% dos homens e não poucas mulheres se tornaram viciados em pornografia, esse alerta das Escrituras é absolutamente imperativo.
2.2.3. Deus julgará os impuros e adúlteros.
2.2.3. Deus julgará os impuros e adúlteros.
A palavra usada aqui para impuros é um termo amplo que inclui não apenas os que praticam sexo antes do casamento, mas também outras formas pecaminosas de lidar com o sexo.
Já a palavra usada para adúlteros especifica a relação fora do casamento. O texto é claro em afirmar que esses pecados, ainda que não conhecidos dos homens, não passarão impunes aos olhos de Deus.
Deus sabe quantos pecados acontecem às escondidas, que jamais serão investigados por um tribunal humano. Ele, porém, tem o poder de julgar também os pecados ocultos, e o fará no seu devido tempo.
Hebreus 13:4: Venerado (Digno de honra) seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição (porneia=impureza), e aos adúlteros, Deus os julgará. (ACF2007)
A cláusula “e a cama de casal mantida pura” é um eufemismo. O autor adverte as pessoas para que não quebrem os votos do casamento cometendo adultério. O casamento é sagrado, e a violação dele é pecado. Por que ter relacionamentos fora dos laços do matrimônio é pecado? Aqui está a resposta: “Deus julgará o adúltero e toda sexualidade imoral”.
O mundo no qual vivemos considera uma vida sem limites como irrelevante: sexo é diversão, não pecado. Mas aos olhos de Deus o sexo ilícito é pecado que merece punição. O escritor de Hebreus fala claramente aos ofensores e os adverte sobre o julgamento divino (10.30–31).
Que tipo de punição Deus administra?
A Escritura diz que nenhum sexualmente imoral, nem idólatra, nem adúltero, nem prostitutos, nem ofensores homossexuais herdarão o reino de Deus. (1Co 6.9–10; Ef 5.5; Ap 21.8; 22.15).
· 1 Coríntios 6:9-10: 9 Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem os que se submetem a práticas homossexuais, nem os que as procuram, 10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem caluniadores, nem os que cometem fraudes herdarão o reino de Deus. (ALM21)
· Efésios 5:5: Porque bem sabeis que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. (ALM21)
· Apocalipse 21:8: Mas, quanto aos covardes, incrédulos, abomináveis, homicidas, adúlteros, feiticeiros, idólatras e todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte. (ALM21)
O pecado hoje é muito tolerado nas igrejas em razão da proliferação da teologia liberal moderna, onde baratearam demais a graça, e quase nada é pecado mais. Estes teólogos liberais estão relativizando pecados objetivos.
Estamos sim debaixo da graça, mas isto não é um sinal verde para o pecado desenfreado.
Notem que somente neste livro de Hebreus, que está no Novo Testamento, quantas vezes ficamos diante de advertências severas contra o pecado, e advertência de que Deus não deixará impune os pecados:
· Hebreus 6:4-6:4 Pois é impossível que aqueles que uma vez foram iluminados, experimentaram o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo, 5 e experimentaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, 6 e caíram, sejam outra vez renovados para o arrependimento; visto que eles estão crucificando de novo o Filho de Deus e expondo-o à vergonha pública. (ALM21)
· Hebreus 10:26-27:26 Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, 27 Mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. (ACF2007)
· Hebreus 10:29-31:29 De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? 30 Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. 31 Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo. (ACF2007)
· Hebreus 12:25:Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus; (ACF2007)
· Hebreus 12:29:Porque o nosso Deus é um fogo consumidor. (ACF2007)
· Hebreus 13:4:Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará. (ACF2007)
Eles perecem em seu pecado. Os cristãos, então, devem dar o exemplo de uma vida sexualmente pura (1Ts 4.7) e guardar o mandamento “Não adulterarás”.
2.3. Em terceiro lugar, em relação ao dinheiro (13.5,6).
2.3. Em terceiro lugar, em relação ao dinheiro (13.5,6).
Hebreus 13:5-6:
5 Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei.
6 E assim com confiança ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem. (ACF2007)
Depois de falar a respeito dos perigos do sexo, o autor passa a falar sobre os perigos do dinheiro. Sexo e dinheiro são constantes ameaças a uma vida de santidade.
A palavra avareza significa literalmente “amor ao dinheiro”. O problema não é o dinheiro, mas o amor a ele. O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é possuir dinheiro, mas o dinheiro nos possuir. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas entronizá-lo no coração.
O antídoto contra o amor ao dinheiro é o contentamento (Lc 12.15). O apóstolo Paulo diz que o amor ao dinheiro é raiz de todos os males (1Tm 6.10), mas a piedade com contentamento é grande fonte de lucro (1Tm 6.6). O apóstolo Paulo diz que o contentamento é um aprendizado: Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação (Fp 4.11).
A cobiça é o desejo desmedido de ter mais, e nisso se consubstancia o descontentamento do mundo. Ela traz seu próprio castigo, pois o coração que cobiça é amaldiçoado pela insatisfação, e o espírito descontente é amaldiçoado pela cobiça. Por outro lado, o contentamento significa mais que uma aceitação passiva do inevitável. Envolve um reconhecimento positivo de que o dinheiro é relativo.574
Em vez de amar o dinheiro e pôr nossa confiança nele, devemos confiar no cuidado permanente de Deus. O dinheiro não pode nos trazer felicidade nem segurança, mas Deus é nosso auxílio permanente. O dinheiro pode nos faltar, mas Deus nunca nos desampara. Os homens podem tirar de nós nosso dinheiro, nossa liberdade e até nossa vida, mas não nos podem tirar nosso tesouro que está no céu. Deus jamais nos abandonará.
Quando a perseguição viesse sobre eles, poderiam perder seus bens materiais, mas não seriam abandonados. Poderiam ser ameaçados de injúrias físicas, mas ninguém iria fazer-lhes mal se estivessem do lado do Senhor.
Wiley compartilha uma bela ilustração da ousadia da fé quando registra o testemunho de João Crisóstomo, o pregador conhecido como “boca de ouro”, que foi levado à presença do imperador, o qual lhe disse:
· “Vou desterrar-te”.
· Crisóstomo respondeu: “Não podes fazê-lo, pois o mundo é a casa de meu Pai”.
· “Matar-te-ei”, disse então o imperador.
· De novo replicou o pregador: “Isso não está nas tuas forças, pois minha vida está escondida com Cristo em Deus”.
· O imperador ameaçou-o: “Privar-te-ei de tudo o que possuis”.
· Crisóstomo respondeu: “Isso também é impossível, pois o meu tesouro está no céu, e as minhas riquezas estão dentro de mim”.
· “Vou separar-te, então, de todos os teus companheiros e não te restará um único amigo.”
· Eis, então, a resposta do pregador: “Nem isso podes fazer-me, pois o meu Amigo divino jamais me deixará. Desafio-te, orgulhoso imperador. Não podes fazer-me mal algum”.
3. UMA VIDA TRANSFORMADA É CONHECIDA POR SUA FIDELIDADE INEGOCIÁVEL (13.7–9)
3. UMA VIDA TRANSFORMADA É CONHECIDA POR SUA FIDELIDADE INEGOCIÁVEL (13.7–9)
Hebreus 13:7-9:
7. Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.
8. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.
9 Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram. (ACF)
Esse capítulo menciona três atitudes que os crentes precisam ter em relação aos seus pastores e líderes:
1) Devem se lembrar deles (13.7);
2) Devem obedecer e ser submissos a eles (13.17);
3) Devem saudá-los (13.24).
Vamos tratar, no texto em tela, da fidelidade que os crentes devem demonstrar com seus guias, com Jesus Cristo, o Pastor supremo, e com a Palavra de Deus.
Três verdades devem ser aqui destacadas.
3.1. Em primeiro lugar, a fidelidade a seus antigos líderes espirituais (13.7).
3.1. Em primeiro lugar, a fidelidade a seus antigos líderes espirituais (13.7).
Hebreus 13:7. Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.
Em face do perigo que alguns crentes estavam correndo de voltar para o judaísmo, o autor os exorta a se lembrarem de seus primitivos líderes espirituais, que pregaram a eles a Palavra de Deus. Eles eram líderes fiéis. Mesmo que esses líderes já tivessem partido para a glória (martírio), haviam deixado um legado digno de ser imitado.
Temos a tendência de esquecer o bem que recebemos de pessoas de Deus que passaram pela nossa vida. A Palavra de Deus não aprova a atitude de colocar líderes no pedestal e venerá-los, mas recomenda honrá-los por sua fidelidade (1Ts 5.12,13).
1 Tessalonicenses 5:12-13:
12 E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam;
13 E que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre vós. (ACF)
Que tipo de líder deve ser relembrado e honrado? Como identificar um pastor verdadeiro? Para encontrar a resposta, três perguntas devem ser feitas.
É um pastor que prega a Palavra de Deus? (13.7).
Há líderes que pregam a si mesmos, pregam doutrinas estranhas, pregam outro evangelho. Mas o verdadeiro líder espiritual é aquele que prega a Palavra de Deus com fidelidade.
É um pastor que vive a Palavra de Deus? (13.7).
Os crentes devem olhar para esses guias espirituais e considerar atentamente o fim de sua vida: como viveram, como completaram a carreira e como guardaram a fé. Esses guias do passado pregaram a eles a Palavra de Deus
É um pastor digno de ser imitado? (13.7).
A ordem é expressa: Imitai a fé que tiveram. Esses guias foram homens de Deus que viveram e morreram na fé, por isso servem de exemplo e modelo para os crentes.
A pergunta que devemos fazer agora é:
· Os líderes que nos governam estão andando em santidade?
· Estão empenhados em buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça?
· Estão comprometidos em cumprir a Grande Comissão?
· Vivem o que pregam?
· São padrão dos fiéis na doutrina e na conduta?
Os leitores da epístola deveriam imitar a fé demonstrada pelos pastores que lhes pregaram a Palavra!
3.2. Em segundo lugar, fidelidade a Jesus Cristo, nosso modelo imutável (13.8).
3.2. Em segundo lugar, fidelidade a Jesus Cristo, nosso modelo imutável (13.8).
Hebreus 13:8: Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. (ALM21)
Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre. Este versículo está entre a recomendação de líderes fiéis e a condenação de líderes falsos, ou seja, está posicionado entre os guias que deviam ser imitados (13.7) e os pregadores que disseminavam doutrinas novas e estranhas (13.9).
Alguns dos crentes hebreus podem ter desviado os olhos de Jesus e começaram a dar guarida a essas novas e estranhas doutrinas que trata o verso (13.9). Aparentemente os crentes hebreus pensavam, de algum modo, que a palavra que a eles foi pregada, deveria sofrer algumas mudanças, renovações, ou adequações, algo muito parecido com o que vemos quando pastores liberais tentam relativizar a bíblia.
É nesse contexto que o autor relembra a seus leitores que Jesus Cristo é imutável. Ele é o nosso modelo supremo. Nunca precisará ser substituído. Sua preeminência é permanente, e sua liderança é eterna.
É para Jesus Cristo que precisamos olhar. Ele é o bom, o grande e o supremo Pastor da igreja. Os líderes da igreja são transitórios. Eles vêm e vão. Chegam e passam. Infelizmente, líderes espirituais fiéis podem ser sucedidos por líderes infiéis, que introduzem na igreja falsas doutrinas. Os guias podem desviar-se do curso e cometer erros, porém Jesus Cristo permanece imutável. Nossos olhos devem estar nele. Ele nunca mudou. O mesmo que ontem desceu da glória, morreu, ressuscitou e está assentado à destra de Deus é aquele que agora intercede por nós e que voltará em glória. Nele não há mudança. Nele podemos confiar.
“Nunca construa sua vida sobre nenhum servo de Deus. Construa sua vida sobre Jesus. Ele jamais muda”. Warren Wiersbe
3.3. Em terceiro lugar, fidelidade à sã doutrina (13.9).
3.3. Em terceiro lugar, fidelidade à sã doutrina (13.9).
Hebreus 13:9: Não vos deixeis levar por doutrinas diversas e estranhas; pois é bom que o coração seja fortificado pela graça, e não por alimentos, que não trouxeram benefício algum aos que se preocuparam com eles. (ALM21)
Toda geração deve travar sua própria luta com a questão da doutrina pura. Para os leitores originais dessa carta o problema eram as restrições alimentares e dietéticas, ou seja, não comer determinados alimentos para buscar através dessa prática uma vida agradável a Deus.
Kashrut Cashrut ou kashrut (em hebraico: כַּשְרוּת), também conhecido como kashruth ou kashrus na tradição asquenazita, é o termo que se refere às leis dietéticas do judaísmo. A comida, de acordo com a halachá (lei judaica), é chamada de kasher (kosher em iídiche), do termo hebraico כשר (kashér), que significa "próprio" (neste caso, próprio para consumo pelos judeus, de acordo com a lei judaica). Entre as numerosas leis kashrut estão proibições sobre o consumo de certos animais (como carne de porco e frutos do mar), misturas de carne e leite, e o mandamento de abater mamíferos e aves de acordo com um processo conhecido como shechita
Essas coisas eram muito populares no primeiro século tanto entre os judeus como entre os gentios (9.10). Alguns ainda ficavam impressionados com as leis dietéticas, como se fossem espirituais, mas são apenas sombras da realidade que está em Cristo (Cl 2.16–23).
Estes falsos mestres estão aqui trazendo novamente a surrada heresia da abstinência de determinados alimentos como condição de santificação. Estão colocando a graça em contraste com a comida. Vale a pena destacar que o apóstolo Paulo já reprovou, de forma incontroversa, essa heresia em suas cartas (Rm 14.1–6,17; 1Co 8.8–13; Cl 2.16,17; 1Tm 4.1–5). Resta claro que aquilo que nos confirma diante de Deus não é o alimento que entra e sai de nosso estômago, mas a graça que alimenta o nosso coração.
“A comida vai para o estômago para fortalecer o corpo; mas somente a graça fortalece o coração, isto é, o centro vital do ser do homem e de sua personalidade e a fonte de sua conduta e caráter”. Kistemaker
Muitas foram as heresias que se infiltraram na igreja no passado.
Hoje, novas heresias tentam se aninhar sorrateiramente na igreja, como o liberalismo, o ecumenismo, o sincretismo, o misticismo, a teologia da libertação, a teologia da prosperidade, a teologia da confissão positiva, a idolatria do ego, o niilismo cristão, o anaxiologismo, hedonismo cristão entre outros.
Muitas outras heresias tentarão perverter a verdade e enganar os crentes nos anos por vir. Precisamos estar atentos. Não podemos nos tornar prisioneiros daqueles que torcem a verdade e querem tirar nossa liberdade em Cristo.
4. UMA VIDA TRANSFORMADA É CONHECIDA PELA CENTRALIDADE DE CRISTO (13.10–14)
4. UMA VIDA TRANSFORMADA É CONHECIDA PELA CENTRALIDADE DE CRISTO (13.10–14)
Hebreus 13:10-14:
10 Temos um altar do qual os que servem no tabernáculo não têm direito de comer.
11 Porque os corpos dos animais, cujo sangue é trazido pelo sumo sacerdote para dentro do lugar santíssimo, como oferta pelo pecado, são queimados fora do acampamento.
12 Por isso, para santificar o povo por meio do seu sangue, Jesus também sofreu fora da porta da cidade.
13 Saiamos, pois, até ele, fora do acampamento, levando a afronta que ele sofreu.
14 Pois aqui não temos cidade permanente, mas buscamos a que virá. (ALM21)
O autor aos Hebreus volta ao seu tema da centralidade de Cristo tratado anteriormente. É um apelo final que faz aos seus leitores para se desligarem definitivamente do judaísmo e focarem somente em Jesus Cristo.
Essa centralidade de Cristo pode ser percebida em uma vida transformada quando observamos as seguintes características:
4.1. Quando a cruz é o nosso altar (13.10-11).
4.1. Quando a cruz é o nosso altar (13.10-11).
10 Temos um altar do qual os que servem no tabernáculo não têm direito de comer.
11 Porque os corpos dos animais, cujo sangue é trazido pelo sumo sacerdote para dentro do lugar santíssimo, como oferta pelo pecado, são queimados fora do acampamento.
No santuário do Antigo Testamento, havia dois altares: o altar de bronze do sacrifício e o altar de ouro da queima de incenso, mas o altar do novo concerto é Jesus. É por meio dele que oferecemos sacrifícios espirituais a Deus (13.15).
No verso a palavra “altar” é usada aqui por metonímia para “sacrifício” e refere-se ao sacrifício de Cristo, cujos benefícios são eternamente acessíveis.
Outro fato importante aqui é mencionado no verso onze, quando se fala do local onde o sacrifício era oferecido. No sistema levítico o corpo da vítima era queimado fora do acampamento, vejamos:
Levítico 16:27 (ALM21) Mas o novilho e o bode da oferta pelo pecado, cujo sangue foi levado para fazer expiação no lugar santíssimo, serão levados para fora do acampamento; e o couro, a carne e o excremento serão queimados no fogo.
Como o corpo da vítima era queimado fora do acampamento, assim também foi Jesus crucificado fora das portas de Jerusalém. Para que nos tornemos participantes daquele sacrifício, devemos sair do arraial do judaísmo (da religião), mesmo que isso signifique levar o opróbrio de Cristo.
4.2. Quando compreendemos a razão do sacrifício de Cristo (13.12).
4.2. Quando compreendemos a razão do sacrifício de Cristo (13.12).
12 Por isso, para santificar o povo por meio do seu sangue, Jesus também sofreu fora da porta da cidade.
Chegamos, agora, ao clímax de toda a epístola, isto é, o alto e sagrado propósito de Jesus: “santificar o povo com seu próprio sangue, para o que ele sofreu fora do arraial” (João 19.20).
Por santificação devemos entender da forma bíblica de apresentar a palavra. Fala de separação do mundo. O sangue de Jesus Cristo nos marca, e com isso nos tornamos separados do mundo, pois possuímos uma marca distintiva dos demais.
4.3. Quando encontramos Cristo fora da porta (13.13a).
4.3. Quando encontramos Cristo fora da porta (13.13a).
13 Saiamos, pois, até ele, fora do acampamento, levando a afronta que ele sofreu.
Saiamos, pois, a ele, fora do arraial…
A pena capital no mundo antigo era sempre infligida fora da cidade.
A PENA PARA O PECADO DE BLASFÊMIA
Levítico 24:10-14:
10 E apareceu, no meio dos filhos de Israel o filho de uma mulher israelita, o qual era filho de um homem egípcio; e o filho da israelita e um homem israelita discutiram no arraial.
11 Então o filho da mulher israelita blasfemou o nome do SENHOR, e o amaldiçoou, por isso o trouxeram a Moisés; e o nome de sua mãe era Selomite, filha de Dibri, da tribo de Dã.
12 E eles o puseram na prisão, até que a vontade do SENHOR lhes pudesse ser declarada.
13 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
14 Tira o que tem blasfemado para fora do arraial; e todos os que o ouviram porão as suas mãos sobre a sua cabeça; então toda a congregação o apedrejará.
VIDE IDEM Números 15.35
Por isso, Jesus foi crucificado fora das portas de Jerusalém. Juntemo-nos, portanto, ao nosso Salvador, fora do arraial, não tendo mais ligação com os rituais e cerimoniais levíticos, nem mesmo com nenhum tipo de religiosidade.
Jesus está do lado de fora do portão. Você pode encontrá-lo na rua, na esquina, na vida, na escola, no trabalho, nas suas atividades, no vai e vem da vida. Jesus não pode ser encontrado apenas no templo. Ele é maior que o templo, a religião e as tradições religiosas.
A santidade precisa estar presente não apenas dentro da igreja, mas também e, sobretudo, no lar, na faculdade, na empresa, na rua. Não podemos nos contentar com uma santidade intramuros, prisioneira do confinamento religioso.
4.4. Quando sofremos por Cristo fora da porta (13.13b).
4.4. Quando sofremos por Cristo fora da porta (13.13b).
13 Saiamos, pois, até ele, fora do acampamento, levando a afronta que ele sofreu.
… levando o seu vitupério....
Soframos essa reprovação e identifiquemo-nos abertamente com nosso Senhor fora do arraial.
Todos nós nos encantamos com a ideia de juntar-nos a Jesus no Santo dos Santos, porém a ideia de unir-nos a ele na cruz não nos atrai. O que significa levar seu vitupério? Para os leitores originais da carta, simbolizava serem chamados a sofrer perseguição por sua fé.
Cristo havia sido crucificado fora da porta como desterrado, banido, expulso pelos homens; foi acusado de ser um criminoso; foi contado entre os transgressores. Semelhantemente nós devemos sair para fora das portas e carregar sobre nós a mesma reprovação que carregou Cristo. Os cristãos devem estar preparados para suportar o mesmo tratamento do mundo que Cristo suportou.
4.5. Quando compreendemos e aceitamos que somos peregrinos neste mundo (13.14).
4.5. Quando compreendemos e aceitamos que somos peregrinos neste mundo (13.14).
Hebreus 13:14:Pois aqui não temos cidade permanente, mas buscamos a que virá. (ALM21)
Nós precisamos estar plenamente conscientes da transitoriedade da vida. Qualquer provação que suportarmos nesta vida logo passará. Não estamos na terra para sempre. Logo estaremos no céu. Nossa esperança não se limita a uma cidade terrena ou ao que acontece por aqui. Nossa esperança está na cidade celestial prestes a tornar-se visível. Essa cidade permanecerá quando tudo mais tiver passado.
Nada material é de valor para os cristãos. Eles são párias e peregrinos; mas, como Abraão, aguardam a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (11.10). Não há nada aqui de permanente. Nossas raízes não são daqui. Nascemos de cima. Nosso destino não é aqui. Nosso lar é o céu. Nossa pátria não é aqui. Somos cidadãos do céu. Nosso tesouro não está aqui, mas no céu. Nossa recompensa não será recebida aqui, mas no céu. Tudo aqui é provisório. Moramos numa tenda provisória. Aqui estamos de passagem. Caminhamos para uma Pátria superior.
5. UMA VIDA TRANSFORMADA OFERECE SACRIFÍCIOS AGRADÁVEIS A DEUS (13.15,16)
5. UMA VIDA TRANSFORMADA OFERECE SACRIFÍCIOS AGRADÁVEIS A DEUS (13.15,16)
A vida transformada de um crente deve refletir em sacrifício de louvor a Deus, vejamos o que isto significa:
5.1. Em primeiro lugar, sacrifícios de louvor a Deus (13.15).
5.1. Em primeiro lugar, sacrifícios de louvor a Deus (13.15).
Hebreus 13:15:Assim, por intermédio dele, ofereçamos sempre a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto dos lábios que declaram publicamente o seu nome. (ALM21)
Os cristãos não fazem mais sacrifícios de animais nem abluções de sangue. Essa época já passou. O cristianismo não é uma religião de formas e cerimônias, ofertas e liturgias, sacerdotes e mistérios, ordens de faça isso e não faça aquilo, altares e velas, paramentos e placas, incensos e crucifixos, santos, ícones, sinos, sacrifícios ou qualquer outra coisa semelhante. Uma religião que dê atenção a essas coisas não é cristianismo.
Nossos sacrifícios agora são espirituais. Nós os oferecemos sempre a Deus por intermédio de Cristo. Que sacrifícios são esses? O sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome.
Mateus 15:8: Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. (ACF2007)
Esse sacrifício não é apenas música, mas sobretudo louvor, apesar das circunstâncias.
Por isso, devem estar em nossos lábios sempre, ou seja, de forma ultracircunstancial. É nossa ação de graças, nossas orações, nosso bendizer, é tudo que sai de nossa boca que redunde em glória ao Senhor.
Filipenses 4:8:Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. (ALM21)
Esses sacrifícios são, acima de tudo, o testemunho ousado, mesmo em face do perigo, do nome de Jesus, o nome que está acima de todo nome. Enquanto somos atacados, difamados, perseguidos, injustiçados, abrimos nossos lábios num sacrifício de louvor, confessando o nome de Cristo.
6. UMA VIDA TRANSFORMADA DEMONSTRA UMA OBEDIÊNCIA A DEUS (13.17–22)
6. UMA VIDA TRANSFORMADA DEMONSTRA UMA OBEDIÊNCIA A DEUS (13.17–22)
Hebreus 13:17-22:
17 Obedecei a vossos líderes, sendo-lhes submissos, pois eles estão cuidando de vós, como quem há de prestar contas; para que o façam com alegria e não gemendo, pois isso não vos seria útil.
18 Orai por nós, pois estamos convencidos de que temos boa consciência, desejando portar-nos corretamente em tudo.
19 É com insistência que vos exorto para que assim façais, para que logo eu vos seja restituído.
20 O Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna trouxe dentre os mortos nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas,
21 vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, realizando em nós o que perante ele é agradável, por meio de Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém.
22 Irmãos, suplico-vos que suporteis essa palavra de exortação, pois vos escrevi de modo resumido.
A vida transformada é uma vida de obediência. Vejamos alguns aspectos dessa obediência.
6.1. Crentes fiéis obedecem à sua liderança espiritual (13.17–19).
6.1. Crentes fiéis obedecem à sua liderança espiritual (13.17–19).
Hebreus 13:17-19:
17 Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.
Há aqui um grande equilíbrio. O autor está dizendo: saiam do confinamento, mas não se tornem autônomos; saiam para fora do portão, mas não se esqueçam de escutar seus líderes espirituais; venham para fora do portão, mas mantenham o coração e os ouvidos dependentes da Palavra de Deus.
O autor fala sobre os líderes presentes e como os crentes devem tratá-los.
O texto menciona duas atitudes:
· responsável obediência e respeitosa submissão.
Os pastores são chamados por Deus e constituídos pelo Espírito Santo como bispos para pastorearem o rebanho de Deus (At 20.28). Eles são divinamente constituídos como guias do rebanho, submissos ao Sumo Pastor, Jesus (At 20.28; 1Pe 5.1–4).
Embora todos devamos cuidar uns dos outros (3.13; 10.25), Cristo designou os presbíteros e os pastores para serem especialmente responsáveis por esse cuidado (At 20.28). No juízo final, eles prestarão contas de como desempenharam tal tarefa. Responderão ao Senhor pelo exemplo que deram, pelo ensino que ministraram na igreja e pelo cuidado que praticaram.
6.2. Devemos orar por nós e por aqueles que nos ministram (13.18,19).
6.2. Devemos orar por nós e por aqueles que nos ministram (13.18,19).
Hebreus 13:18-19:
18 Orai por nós, porque confiamos que temos boa consciência, como aqueles que em tudo querem portar-se honestamente.
19 E rogo-vos com instância que assim o façais, para que eu mais depressa vos seja restituído.
O autor da carta, como um pastor do rebanho, demonstra aqui sua humildade e sua dependência de Deus, rogando as orações da igreja em seu favor. Não se julga autossuficiente. Não obstante ser um profundo conhecedor das Escrituras e usar uma argumentação irresistível em favor do evangelho, reconhece sua plena necessidade da ajuda divina por intermédio das orações da igreja.
O apóstolo Paulo tinha a mesma atitude de pedir oração da igreja em seu favor: “Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor” (Rm 15.30).
Ao escrever à igreja de Éfeso, diz: “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho” (Ef 6.18,19).
6.3. A Obediência a Deus é um dever do crente transormado (13.20,21).
6.3. A Obediência a Deus é um dever do crente transormado (13.20,21).
Hebreus 13:20-21:
20 O Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna trouxe dentre os mortos nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas,
21 vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, realizando em nós o que perante ele é agradável, por meio de Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém.
Quem é o Deus Pai (13.20,21). Nessa sublime doxologia quatro verdades são apresentadas sobre Deus Pai:
1) Ele é o Deus da paz – Ele nos reconciliou consigo mesmo por intermédio de Cristo. Agora temos paz com Deus e a paz de Deus.
2) Ele é o Deus da vida – A ressurreição caracteriza o triunfo de Cristo sobre a morte e a aceitação do seu sangue como expiação pelo pecado.
3) Ele é o Deus aperfeiçoador dos santos.
4) Ele é o Deus operador de todo bem na vida dos santos.
Quem é o Deus Filho (13.20,21). De igual forma, quatro verdades são apresentadas sobre o Deus Filho:
1) Ele é o nosso Senhor.
2) Ele é o grande pastor das ovelhas – Cristo é o bom, o grande e o supremo pastor. Como bom pastor, ele morreu pelas ovelhas; como grande pastor, ele vive pelas ovelhas; como supremo pastor, ele voltará para as ovelhas.
3) Ele é o autor da eterna aliança – Cristo é o fiador da aliança e o ministro do santuário. Como o primeiro, ele age na terra; como o segundo, ministra do seu trono nos céus.
4) Ele é o recebedor da glória eterna.
6.4. Em último lugar, obediência à palavra (13.22).
6.4. Em último lugar, obediência à palavra (13.22).
Hebreus 13:22:Irmãos, suplico-vos que suporteis essa palavra de exortação, pois vos escrevi de modo resumido. (ALM21)
Essa epístola, que mais parece um tratado teológico do que uma carta, aqui é chamada pelo próprio autor de uma palavra de exortação. Ele prepara o caminho para a leitura da carta, pois sabe que foi enfático, firme, austero, e muitos crentes poderiam não suportar essa exortação. Ele roga aos crentes para acolherem a Palavra de Deus como uma mensagem exortativa. Sabe que o assunto é complexo e amplo, e que escreveu resumidamente, mas tem plena consciência da eficácia da Palavra de Deus.
“Nenhuma doutrina é bem compreendida antes de apelar à consciência, atingir o coração e afetar a conduta”.