Exposição de João 8.21-30

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Culto Dominical 13 de agosto de 2017 – Exposições no Evangelho de João
Por Phylippe Santos
Jo 8.21-30
21 De outra feita, lhes falou, dizendo: Vou retirar-me, e vós me procurareis, mas perecereis no vosso pecado; para onde eu vou vós não podeis ir. Em primeiro lugar: quem são esses aos quais Jesus lhes falou? No contexto anterior, o público com o qual Jesus interage em seus diálogos era dos fariseus. No presente capítulo, o versículo 22 aponta para os judeus. Com toda probabilidade, os termos fariseus e judeus se sobrepõem neste texto. Conforme William Hendrisken (2004)[1], o termo “judeus geralmente indica a classe dominante [e seus seguidores] hostil a Jesus, sendo que, nesse grande grupo certamente existiam fariseus. Na sequência do texto, o mesmo grupo é chamado de “presentes”.
Nas palavras a seguir existe um certo paralelo com Jo 7.33-35. Jesus fala de seu destino junto ao Pai e seus ouvintes zombam e imaginam seu destino em situações terrenas. Existe uma sentença intrigante nesse texto: “e vós me procurareis”. Que procura seria essa que os fariseus e religiosos fariam? Não estavam eles zombando das palavras de Jesus e procurando matá-lo? Seria essa busca pela fé e pelo arrependimento? Não é disso que o texto fala. Todo aquele que procura a Jesus, mesmo que no menor sussurro, com arrependimento e fé é acolhido por ele – aquele que vier a mim, de maneira alguma jogarei fora. Por isso, Jesus não está se contradizendo neste texto. Aqueles homens, como muitos outros, o buscariam meramente em lágrimas egoístas em tempos de sofrimento[2]. É a busca pelo alívio de Jesus, mas sem a sua presença de Jesus. Procurar sem procurar. Estes homens queriam que Jesus se conformasse a eles para aceitá-lo, mas o necessário era justamente o contrário. Eles um dia se depararão com uma angústia tão grande que clamarão por socorro, mas sem nenhum proveito. O procurarão, mas morrerão em seus pecados. Ou seja, é possível procurar a Jesus Cristo em vão. Eu conheço alguns casos assim: uma colega de faculdade sofreu um acidente e quase perdeu a vida. Em sua recuperação viveu momentos de intensa religiosidade – porém, essa intensidade foi indo embora juntamente com a recuperação.
O texto também nos informa que Jesus Cristo iria se retirar. Diante de declarada objeção e rejeição, o Filho se retiraria. Não podemos deixar de notar que Cristo se apresentara a pouco como a luz do mundo, oferecendo a si mesmo como graça. Por outro lado, como julgamento, nada mais óbvio que ele ofereça a sua ausência. A anterior fala de graça se torna uma fala dura. O incrédulo quer a distância de Jesus [interessante que não existe realidade sem Jesus, o sustentado do universo. Notemos que, sem a presença de Jesus os homens não ficam num estado neutro, mas permanecem em seus pecados e neles morrem. Aí está a condição do homem natural sem Cristo: caminhando voluntariamente no pecado para a morte. Toda condenação está no apego que o homem tem ao pecado de tal forma que persevera nele até a morte. Por isso, aqueles que rejeitam a Jesus tem a ira de Deus permanecendo sobre si (Jo 3.36). O fim de todos que rejeitam o evangelho é a destruição. Como diz João Calvino[3], a causa de sua destruição será esta: foram desobedientes e rebeldes até o fim. O homem que não crê [O texto fala de pecadono singular, referindo-se a incredulidade] não tem esperança. A incredulidade não torna o homem um cidadão do céu – vocês não irão para onde eu irei, confirme o pastor Paulo Brasil.
22 Então, diziam os judeus: Terá ele, acaso, a intenção de suicidar-se? Porque diz: Para onde eu vou vós não podeis ir. 23 E prosseguiu: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou. 24 Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que Eu Sou, morrereis nos vossos pecados. Jesus havia acabado de dizer que eles pereceriam em seus pecados, mas, tão cegos e obstinados por condenar Jesus, pensaram apenas na morte dele e não nas suas. A incredulidade te traz a convicção de que você já encontrou uma redenção para si mesmo em coisas terrenas – incredulidade e idolatria estão juntas em matrimônio. Eles pensam “ele só pode querer se suicidar, e esse pecado não cometeremos” – embora não saibam que ele daria sua vida em resgate por muitos (10.11, cf. Mt 20.28). Assim como Nicodemos e a mulher samaritana, o coração sem fé não consegue compreender as palavras de Jesus, como falamos na pregação passada. O problema está no entendimento e no coração.
Aprendemos que existe uma ampla diferença entre os ímpios e Cristo. Os ímpios, incrédulos, por serem terrenos estão sufocados por coisas terrenas. Os seus pensamentos estão voltados para as coisas deste mundo. Onde tem estado os seus pensamentos? O que tem ocupado sua mente e tempo? As afeições de Jesus e de seus discípulos estão centralizadas nas coisas do alto (Jo 15.19).
Na sequência, Jesus aponta claramente para o pecado da incredulidade: eles vão perecer pois não creem que ele é o Messias e Deus. Eles precisam de um Redentor que veio dos céus para serem salvos. Crer neste Messias verdadeiramente é necessário para a salvação – se não credes que eu sou, morrereis em visão pecado. Os anseios daqueles homens estavam apenas nas coisas terrenas e, por isso, nada podiam almejar das coisas celestiais muito menos compreende-las. A incredulidade encrava o homem nesse mundo.
Perceba que é necessário crer que Ele é. A verdadeira fé precisa estar na verdadeira pessoa de Cristo. É como o argumento de Francis Schaeffer acerca da Palavra Deus – não é só crer em Deus, mas na pessoa revelada nas Escrituras que se chama por Deus. Assim, não é qualquer Cristo que é Salvador, mas o Cristo revelado nas Escrituras: Eu Sou o que Sou. Aqui eu discordo de João Calvino (que ousadia), penso que não é errado atribuir a essas palavras de Jesus a crença de sua divindade. Jesus ser o Messias também compreende a divindade de Jesus. O credo niceno diz: “Creio em um Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo da Virgem Maria, e foi feito homem; e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos. Ele padeceu e foi sepultado; e no terceiro dia ressuscitou conforme as Escrituras; e subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim”.
A incredulidade é iluminada com a fé verdadeira de quem é Cristo. Se cremos nele temos a vida eterna. Quem é Cristo para você?
25 Então, lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que desde o princípio vos tenho dito? 26 Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo. 27 Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai. 28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que Eu Sou e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou. 29 E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. 30 Ditas estas coisas, muitos creram nele.
Eles, então, perguntam: quem és tu? Jesus responde que essa resposta está dita desde o princípio. Ele é a palavra por meio da qual todas as coisas foram criadas e subsistem, ele é o descendente da mulher que há de esmagar a cabeça da serpente, é sacerdote da ordem Melquisedeque, é o Cordeiro provido pelo Senhor, é o libertador e Salvador revelado pelos profetas, é o Deus encarnado que haveria de morrer mas ressuscitaria. Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo.
O Senhor acrescenta que poderia continuar apontando sobre todas as coisas horrendas feitas por aqueles homens. Já falei sobre o destino de vocês e sobre o seu coração. Porém, sou profeta e falo acerca do que tenho ouvido de meu Pai e falo sobre Ele. O que eu digo acerca de vocês é verdade e o que falo sobre mim é verdade. E mais, aquilo que falo sobre o Pai é verdade pois falo o que Ele me diz, por isso sou verdadeiro.
Eles não entendem que Jesus falava acerca do Pai. Agora, não mais como profeta, ele se mostra como sacerdote e sacrifício: quando eu for levantado na cruz. A sua declaração de Deus está na cruz do calvário.
Por que isso revela que ele é Deus? Ora, Deus tem o poder para perdoar. Em primeiro lugar Ele poderia nos destruir com uma só palavra. Mas Ele se mostra como Deus oferecendo o perfeito sacrifício para o perdão de pecados. A cruz traz Glória ao nome de Jesus. O que é escândalo e feiura para o mundo, é beleza salvífica para os santos. O prazer da cruz está na salvação conquistada por Cristo em sua morte (Is 53).
Por outro lado, morrer em nossa própria justiça é infrutífero, é morrer em nossos próprios pecados. Como está escrito: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3:10). Apenas Cristo cumpriu toda a Lei e só nele Deus tem alegria – “Este é o meu filho amado em quem me agrado”. Ele é enviado por Deus é goza de sua companhia. Embora os judeus pensem que Jesus estava sozinho, o Pai estava sempre com ele.
Ditas estas coisas, muitos confiaram em Cristo. A incredulidade só pode ser vencida pelo Evangelho.
Aplicações:
- As pessoas que não confiam em Jesus Cristo, no final, entrarão em desespero, ainda que em vida gozem de toda riqueza material [tudo para eles está relacionado a esse mundo], pois morrem em seus próprios pecados;
- Quem é Cristo para você? Se você não crê nele como as Escrituras revelam, morrerá em seus pecados;
- Uma das coisas mais importantes da sua divindade é o poder para perdoar pecados: aí reside majestosa Glória;
- A nossa esperança está na nossa união com Cristo: onde ele estiver estaremos com ele;
- Onde está a sua segurança? Nas coisas terrenas? O pecado é um hábito? A incredulidade nos faz amar o pecado. Que triste fim será o seu se você estiver escravizado pelos prazeres deste mundo.
[1]Hendriken, William. O Evangelho de João. São Paul: Cultura Cristã, 2004. [2]Talvez Jesus tivesse em mente a destruição de Jerusalém em 70 d.C. [3]Calvino, João. O evangelho segundo João - Volume 1. São José dos Campos: Fiel, 2015.
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