POR QUE CEIA ULTRA-RESTRITA?

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O QUE É A CEIA DO SENHOR?
Introdução
O pastor puritano Thomas Watson descreveu a ceia como um sermão visível, um espelho através do qual podemos contemplar o Salvador que morreu em nosso lugar, a casa do banquete na qual podemos nos alimentar de Jesus pela fé, e um vislumbre da glória celestial.
I. O que a Ceia do Senhor significa?
A ceia do Senhor tem o seu antecedente na Páscoa, quando Deus salvou o seu povo do anjo da morte (Ex. 12.12-13). Deus ordenou que o seu povo celebrasse essa refeição da Páscoa como um memorial anualmente. Essa refeição marcou o nascimento de Israel como nação. A Páscoa definia a identidade de Israel, pois, só podia participar dela quem fizesse parte da “congregação de Israel” (Ex. 12.47 “Toda a congregação de Israel o fará.”
Jesus celebrou a Páscoa com os discípulos, na noite anterior à sua crucificação (Lc. 22.14-15 “Chegada a hora,pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos. E disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento.”
No entanto, Jesus transformou a Páscoa em algo novo, algo que não apontava para a libertação do Egito, mas para a libertação que Deus realizou na cruz (Mt. 26.17-28 ; Mc. 14.12-26; Lc. 22.7-22).
Muitas passagens dos Evangelhos, mostram Jesus reconstruindo a Páscoa a fim de dizer aos seus discípulos como compreender a morte que ele está prestes a morrer.
Séculos antes, Deus havia prometido fazer uma NOVA ALIANÇA com o seu povo - Jr. 31.31-34:
“Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliançacom a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.”
Essa promessa teve o seu cumprimento por meio da morte de Jesus. Assim, Deus selou essa promessa com o sangue de Jesus.
1. Como Jesus identificou os elementos dessa refeição consigo mesmo?
Jesus tomou o pão e disse:
Mt. 26.26-28 : Tomai, comei; isto é o meu corpo.
Depois, pegou o cálice e disse: porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.”
Jesus fez do pão e do vinho um sinal da nova aliança. Jesus não disse que o pão e o vinho se transformam em algo que não eram antes. Em vez disso, Jesus está designando o sinal para o qual aqueles elementos apontam. Jesus faz do pão e do vinho um sinal da promessa da NOVA ALIANÇA de Deus, e, então, Jesus ordena aos seus discípulos que repitam essa refeição, lembrando-se dele
Lc.22.19 “E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpooferecido por vós; fazei isto em memória de mim.”
A ceia foi instituída pelo Senhor para o seu povo observá-la até o fim do mundo, a fim de lembrar perpetuamente da morte de Cristo e de seu caráter sacrificial em nosso favor, um símbolo de nossa ligação vital com o Senhor e um testemunho de sua segunda vinda.
2. Como Jesus está presente na Ceia?
Existem três visões básicas sobre como Cristo está presente na Ceia, ou, como compartilhamos de Cristo por meio da Ceia do Senhor.
Nós da Pib de Tubarão cremos na presença simbólica e espiritual de Cristo na Ceia do Senhor, baseados na nossa Confissão de Fé de 1689, que diz:
“De fato e em verdade, os que recebem exteriormente os elementos desta ordenança, desde que comungando dignamente, - pela fé, não de maneira carnal ou corporal, mas espiritual - recebem a Cristo crucificado e dEle se alimentam, bem como todos os benefício de sua morte. Para os que crêem, o corpo e o sangue de Cristo estão presentes na ordenança, não de maneira corporal ou carnal, mas de modo espiritual, tanto quanto estão presentes os elementos visíveis.”
Para nós, o pão continua sendo pão, o suco de uva continua sendo o suco de uva. O pão e o suco de uva são símbolos do sofrimento e da morte de Cristo, e quando participamos deles e os levamos para nossos corpos, eles são um lembrete da rica comunhão que compartilhamos com Cristo por meio do Espírito Santo que habita em nós., mas também, cremos que Cristo está espiritualmente presente de modo especial quando participamos da ceia do Senhor.
3. Para onde aponta a ceia do Senhor?
3.1. Em primeiro lugar, aponta para a morte de Cristo:
O pão partido significa o corpo de Cristo moído na cruz, e o cálice simboliza o derramar do sangue de Cristo em nosso favor
1Co.11.26 “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.”
Ao participar da Ceia o crente é lembrado que Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi sacrificado
1Co. 5.7 “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.”
3.2. Em segundo lugar, a Ceia do Senhor aponta para uma refeição de comunhão na presença de Deus:
Mt.26.29 “E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai.”
No futuro, maravilhosa, quando a comunhão quebrada no Édem será restaurada definitivamente, porque todos os que comerão naquele dia terão seus pecados definitivamente perdoados e não mais pecarão outra vez e sua alegria será completa. Dessa forma, a ceia do Senhor aponta para o passado e para o futuro: para o sacrifício de Jesus no Calvário e para o banquete messiânico.
II. Quem pode participar da Ceia?
A Bíblia não nos oferece nenhuma resposta conclusiva para essa pergunta.
1. Existem algumas posições:
O falecido pastor batista e professor de eclesiologia, João Falcão Sobrinho, em seu livro A Túnica Inconsútil: Um estudo sobre a doutrina da Igreja elenca quatro posições, a saber: Ceia Universal (ou ceia aberta ou ultra-livre); . Ceia Livre; Ceia Restrita e Ceia Ultra-Restrita. Cada posição tem uma teologia por detrás dela – um pressuposto teológico.
1.1. Ceia Universal: também chamada de Ceia Aberta ou Ultra-Livre, defende a a ideia de que todos devem receber o pão e o vinho, independente do seu credo, da fé salvadora no Senhor Jesus Cristo e da religião. A ceia é servida indistintamente a todos os presentes sem nenhum critério de membresia.
1.2. Ceia Livre: defende que todo crente em Cristo Jesus, confessante e batizado, independente da denominação ou tradição de fé protestante, é convidado a participar da Ceia do Senhor.
1.3. Ceia Restrita: defende que somente os membros da denominação, “mesma fé e ordem” podem participar da Ceia do Senhor.
1.4. Ceia ultra-restrita: defende que somente os membros da igreja local devem participar da Ceia do Senhor. O pastor Ebenézer Soares Ferreira salienta que é a posição mais sensata porque a ceia é da igreja local.
2. Como foi dito, por detrás de cada posição há uma crença, ou um pressuposto teológico sobre a igreja:
2.1. Ceia Universal, acredita no universalismo, uma fé universalista que incorpora todos na igreja;
2.2. Ceia Livre, acredita que todos que se declaram batizados, e que fazem parte de uma igreja deve participar da ceia, porque compreende que a igreja é tanto local quanto universal, tanto visível quanto invisível.
2.3. Ceia restrita: não distingue os dois aspectos da natureza da igreja.
2.4. Ceia ultra-restrita, acredita na existência da igreja universal ou invisível que se expressa de modo visível nas igrejas locais.
Já que o pressuposto por trás de cada posição é a igreja, então, precisamos buscar uma compreensão bíblica do que é igreja.
III. Mas o que vem a ser igreja?
Em Mt. 16.18 encontramos pela primeira vez a palavra ekklesia (greg.), e depois só em Mt.18.17 – embora, a palavra igreja só apareça somente aqui em todos os evangelhos – essas duas referências são cruciais para uma compreensão bíblica da igreja.
1. Origem e definição da palavra igreja
No A. T. a palavra que mais se assemelha à palavra igreja é o substantivo qahal (heb.), que se refere ao ato de pessoas se reunirem, isto é, uma assembleia.
No N. T. a palavra grega ekklesia - transliterada para o português como igreja, significa assembleia.
Contudo, a palavra igreja tem dois sentidos no N.T.:
1.1. Num certo sentido, a igreja como povo de Deus, inclui um grande número de membros - é oque os teólogos chamam de Igreja universal :todos no mundo inteiro que creem em Cristo (Mt 16:18; Ef. 5.25-27).
1.2. Por outro sentido, a igreja como uma assembleia local ou igreja local, inclui um número bem limitado de membros - grupo de pessoas que congregam em determinada localidade.
De qualquer forma, tanto no primeiro sentido quanto no segundo, Jesus usa a palavra igreja para se referir ao novo povo de Deus, isto é, os salvos, os remidos e lavados pelo seu próprio sangue.
2. Por que Jesus escolheu essa palavra?
Por que Jesus não usou outro termo como sinagoga, p.ex.? Talvez, porque “sinagoga” tivesse um sentido mais de grupo religioso, enquanto igreja tem o sentido de assembleia pública.
2.1. A palavra eclesia é um termo caracteristicamente político:
Na Grécia antiga, a a palavra eclesia era usada para designar a assembleia daqueles que tinham direitos de cidadãos em determinada polis.
E foi exatamente, a palvra eclesia, que Jesus escolheu palavra para definir a nova comunidade do povo de Deus.
Portanto, ao se autodenominar eclesia, a igreja está se identificando como uma entidade totalmente pública (que não pode se reunir de forma privada), e, mais que isso, - a que a igreja está se identificando como uma instituição com estrutura de regras que molda comportamento e dá identidade áqueles que dela fazem parte.
3. Então o que é uma igreja local?
3.1. Podemos dizer que uma igreja local é uma espécie de pólis, na qual estão ao cidadãos do reino de Cristo. Só que diferentemente da pólis grega, que se reunia para tratar de interesses particulares da cidade, a igreja é outro tipo de polis que é uma antecipação da cidade celestial aqui na terra.
4. Quais as implicações disso?
Isso deve nos levar a entender que a igreja local é uma instituição, uma espécie de polis dos cristão, que ainda estão exilados aqui neste mundo, e, à semelhança das polis gregas, a igreja local possui estruturas de regras que moldam comportamentos. Então cada membro da igreja local precisa saber o que as regras exigem dele e dos outros. Isso só é possível, num ambiente de aceitação comum de um governo, juntamente com uma consciência dessa aceitação comum.
5. E qual objetivo disso?
A igreja local deve ser um modelo contrastante com todas as politeias (instituições) que não conhecem a Deus.
A autoridade da igreja local
Em Mateus 16.19, Jesus entrega a Pedro, como representante dos apóstolos, as chaves do reino para ligar e desligar.
Porém, mais adiante em Mateus 18:18-19 Jesus também dá as chaves do reino para ligar e desligar para uma assembleia reunida: UMA IGREJA LOCAL.
IV. Que autoridade Jesus dá a uma igreja?
Então, vimos em Mateus 18.15-18 “Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus.”
1. Jesus dando as chaves do reino para a igreja reunida.
Assim sendo, a igreja reunida tem autoridade para remover alguém da membresia (v. 17) porque possui as chaves de ligar e desligar.
2. O que significa dizer que uma igreja local tem autoridade das chaves para ligar ou desligar?
Significa dizer, que uma IGREJA LOCAL pode exercer a mesma autoridade que Pedro, como representante do colégio apostólico, recebeu de Jesus Mateus 16.18 :
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
Podemos afirmar isso, porque em Mateus 18:18:
“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus.”
Jesus transfere a autoridade das chaves do reino para uma IGREJA LOCAL.
Revestida dessa autoridade, uma igreja local tem o poder de pronunciar um julgamento oficial em nome de Deus, diante de alguém que confessa o evangelho, e, considerar essa confissão.
O usar das chaves pela igreja local é fazer um julgamento sobre o QUE é o evangelho e QUEM participa dele.
O que é o evangelho e quem fez uma confissão verdadeira a respeito dele.
3. Como a igreja exerce a autoridade das chaves?
Pregando o evangelho, fazendo discípulos e batizando-os, confirmando-os na fé através da Ceia do Senhor, disciplinando-os e até mesmo excluindo alguém da comunhão.
4. Quando a igreja exerce a autoridade das chaves?
Como vimos, toda a igreja é responsável pelo QUE é o evangelho e pelo QUEM participa do evangelho. A igreja exerce sua autoridade quando proclama o evangelho conforntando o pecador a tomar uma decisão; quando recebe alguém como membro ou quando exclui; quando reconhece que a fé de alguém é genuina permitindo este a participar da ceia do Senhor (Mt. 18:17-20; 1 Co. 5.1-5 ; Gl.1.6-9).
Conclusão
Embora, não tenhamos um mandamento claro das Escrituras dizendo que é essa ou aquela posição, podemos concluir, afirmando que a ceia do Senhor é para crentes batizados que pertencem à igreja local, porque uma vez que a igreja tem a autoridade das chaves do reino, ela só poderá exercer esse poder sobre os seus membros – a igreja só terá condição de dizer que a confissão de tal irmão é genuína se esse irmão desenvolver relacionamento de comunhão com os demais membros da igreja. A Pib de Tubarão não tem autoridade para emitir um julgamento oficial em nome de Jesus, a não ser para os seu próprios membros. Isso não quer dizer que os que não são membros desta igreja não são cristãos genuínos, mas quer dizer apenas que esta igreja não está autorizada a isso.
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