Exposição de João 3.22-36

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Exposição de João 3.22-36
Por Phylippe Santos
Introdução ao contexto da passagem:
Após o encontro com Nicodemos, Jesus se retirou da Galileia e foi para a região da Judeia, segundo aponta o texto, para a área rural (“a terra da Judeia”). Lá começou a batizar e muitas pessoas iam até o local. João Batista também batizava na região, e os seus discípulos levantaram uma contenda a respeito do batismo realizado por Jesus. Diante disto, João Batista faz uma das profissões mais belas de todo o novo testamento acerca de Jesus. Que na exposição deste texto, aprendamos mais sobre quem é Jesus e sobre glorificar o seu nome em alegria e fé. Vamos para o texto:
Vs. 22 “depois disto, foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judeia; ali permaneceu com eles e batizava”.
Jesus batizava? Considerando Jo 4.2, sabemos que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos realizavam o batismo. João, o apóstolo, utiliza a expressão “[...] foi Jesus [...] e batizava [...]” para remeter que o batismo realizado pelo grupo era assim feito pela autoridade de Jesus. Provavelmente, este ainda não era o batismo ensinado por Jesus antes de sua ascensão, o que se faz em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas o batismo de arrependimento como o de João Batista – mas não temos certeza. O batismo realizado ali atraia muitas pessoas. Conforme o relato dos discípulos de João Batista, “todos lhe saem ao encontro”, ou seja, vinha atraído a atenção das pessoas.
Vs. 23 e 24 “Ora, João estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas, e para lá concorria o povo e era batizado. Pois João ainda não tinha sido encarcerado“.
João Batista estava próximo da região onde estava Jesus e fazia a mesma coisa: realizava o batismo de arrependimento. No local também haviam expressivas pessoas, conforme o texto “para lá concorria o povo”. Ambos estavam em situações parecidas e algo chama a atenção dos seguidores de João, como veremos a seguir. Percebemos também que o ministério de Jesus não começou com a prisão de João, como poderíamos inferir de Mt 4.12 e Mc 1.14.
Outro ponto é que João ainda não havia sido preso (Mt 14.3-12; Mc 6.17-29), e isso nos leva a pensar na sua disposição ao trabalho da pregação.
Vs. 25 e 26 “Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação. E Foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro”.
De acordo com alguns estudiosos, como David Brown, Jesus e João eram os únicos mestres da época que ensinavam a batizar judeus. Por esse motivo, esse tipo de contenda poderia ser facilmente levantada entre os discípulos de João ou por judeus que negavam esse tipo de batismo. Aqui temos dois exemplos a avaliarmos: um a ser reprovado e outro a ser aprovado. Os discípulos de João estavam mais preocupados em qual batismo era mais purificador ou mesmo pelo fato de Jesus já estar atraindo mais discípulos que João Batista. Era como se dissessem, “mestre, aquele a quem dirige palavras tão generosas, te retribui a generosidade atraindo os teus seguidores”. Estes discípulos poderiam até abandonar João Batista se soubessem que o batismo de Jesus era mais purificador? Não sabemos. Contudo, percebemos que os discípulos de João estavam distraídos com as questões erradas e secundárias, quando o próprio João já lhes havia apontado que “eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! [...] após mim vem aquele que tem a primazia” (1.29), “ele é o Filho de Deus” (1.34). Que Deus nos abençoe com a graça de darmos o valor devido a todas as coisas e não nos distraiamos, perdendo as coisas centrais e que estão escancaradas. As coisas secundárias são importantes, mas decorrem das primeiras – não o contrário.
Longe desse péssimo exemplo, seguem as afetuosas palavras dos lábios de João.
Vs. 27, 28, 29 e 30 “Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu percussor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua”.
J. C. Ryle, comentando este texto, diz que a passagem apresenta um modelo de verdadeira e piedosa humildade da parte de João Batista. Primeiramente afirmando o princípio de que o dom de persuadir aos homens vem de Deus. Ou seja, não devemos nos gloriar nem nos queixar caso nosso serviço cristão seja mais ou menos exitoso se comparado os dos outros. Tudo aquilo que o cristão entrega e que os ouvintes recebem vem do alto – não vem da habilidade ou do carisma do entregador, mas tudo vem de Deus. Se este texto tem algum proveito e você o recebe, não vem de quem escreveu, mas vem de Deus. As palavras de João soam como “o meu trabalho é prescrito do céu e isso é suficiente para mim”.
João Batista também lembra que o fato de Jesus atrair mais pessoas do que ele não é algo novo, mas sempre esteve em seu parecer: “eu vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu percussor”. Nunca ele arrogou para si algo mais do que Deus lhe outorgou. Quando há ciúme no coração do pregador por Cristo receber toda a glória, isto foi antecedido por um coração que se colocou onde não deveria. João Batista não cometeu este pecado. Ele entendia que toda a glória por seus atos era devida a Jesus – nunca é indevida a gloria a Ele. Nas palavras de Ryle, “as nossas ideias a respeito de Jesus não podem nunca ser mais elevadas do que devem. Se o amamos e nele confiamos, não é possível que o glorifiquemos mais do que ele merece. Ele é digno de toda a gloria que lhe possamos tributar”.
João Batista também destaca que ele é o amigo do noivo. Ele não é o noivo e o povo de Deus, a noiva, não pertence a ele. No contexto da época, os amigos do noivo eram encarregados de levar mensagens do noivo para a noiva – além disso, de superar todas as dificuldades que surgiam e que pudessem comprometer o casamento. Os ministros do Evangelho comunicam aquilo que o noivo quer que a noiva saiba. Por isso, João glorificava o senhor Jesus. É maravilhoso ouvir a voz do noivo. O reconhecimento de que Jesus é o autor da salvação e aquele que é o verdadeiro pastor das ovelhas causa alegria em João. Será que estamos dispostos a fazer seguidores de Jesus e não de nós mesmos? De outro ângulo, será que temos seguido a Jesus ou a homens?
Resumindo: aquele que entende a glorificação do nome de Jesus como João Batista entendeu é tomado de enorme alegria. João demonstrava que ele não apenas aceitava humildemente como servo a magnificação do ministério de Jesus, como também “muito se regozijava” e se alegrava com isso – “as palavras que vocês me trazem não me geram inveja mas alegria!”. Além de ser o seu sentimento pessoal, as palavras de João intencionavam motivar os seus discípulos a mesma alegria e regozijo. Aquele que maneja a palavra ou serve em qualquer outro ministério vindo da parte de Cristo deve se alegrar em glorifica-lo e motivar aqueles a quem ensina ou serve, a se alegrarem também em glorificá-lo. Diminuímos como a noite ao ceder lugar ao dia no amanhecer.
Vs. 31 Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de todos”
Aqui temos a explicação porque Jesus tem que crescer enquanto todos os mestres humanos devem diminuir: Jesus veio das alturas, daquilo que ele mesmo veio revelar. Os servos, ao contrário, brotam da terra, e seu testemunho, embora divino em autoridade, participa necessariamente de sua própria origem terrena.
Vs. 32 “e testifica o que tem visto e ouvido; contudo, ninguém aceita o seu testemunho”.
Os seguidores de João Batista enxergaram que todos saiam ao encontro de Jesus, enquanto o parecer de João era espiritualmente discernido: “ninguém aceita o seu testemunho”. O que chamava a atenção de João Batista era que as pessoas seguiam Jesus mas não reagiam adequadamente às suas palavras.
Vs. 33 Quem, todavia, lhe aceita o testemunho, por sua vez, certifica que Deus é verdadeiro.
Aqui remete ao significado de que aqueles que aceitam o testemunho de Jesus certificam que a mensagem de Cristo é verdadeira, expressando publicamente as suas convicções – é como a selagem de um documento oficial declarando a sua origem e a veracidade de seu conteúdo.
Vs. 34 “Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida”.
No contexto imediato, João se refere à Jesus desfrutando da plenitude do Espírito Santo. Jesus veio do alto e falava as coisas do Pai, pela atuação graciosa do Espírito. Aplicando a nós, estendendo o significado deste texto, podemos lembrar que não somos chamados a falar nossas próprias palavras, mas as palavras de Deus. Não somos os donos da mensagem, mas os mensageiros. E que Deus nos dá abundância do seu Espírito para isso. Que coisa maravilhosa! Quando pregamos fielmente a Palavra somos tomados pelo Espírito e ele cumprirá os seus propósitos!
Vs. 35 e 36 “O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos. Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantem rebelde contra o filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”.
Primeiro, todo relacionamento com Deus acontece pelo intermédio de Cristo: aqueles que crêem nele são salvos, os que o rejeitam permanecem afastados de Deus. Nosso relacionamento com Deus, e o seu amor para conosco, é baseado no amor que Deus tem pelo seu Filho (3.36). Deus amou o mundo ao enviar o seu Filho – isto ficou claro em Jo 3.16. Porém, todo amor de Deus está personificado na pessoa de Jesus, e Deus ama muito o seu Filho. Para termos o amor de Deus realizado em nossas vidas precisamos amar o Filho, crer nele. Rejeitarmos ao Filho ou odiá-lo, é continuar distante de Deus, não desfrutar de seu amor e experimentar já as consequências da rebeldia e desta rejeição, ainda que em parte.
Também aprendemos com essa passagem que longe de Jesus não existem pessoas num estado neutro, pois a ira santa e justa de Deus está sobre os homens e, quando confrontados pelo Evangelho, eles o rejeitam, ou como o texto afirma, mantemos a rebeldia, a ira de Deus não é agora posta, mas permanece sobre eles. Existem consequências presentes no texto: para os que creem já tem a vida eterna, para os que permanecem rebeldes, a ira de Deus.
Também existe uma correlação no texto entre crer e obedecer. Aqueles que verdadeiramente creem obedecem ao Filho. Aqueles que não creem, são rebeldes, ou seja, não podem obedecer ao Filho. É impossível obedecer a Deus, no sentido de santificação, sem crermos em Jesus.
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