Samuel
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Introdução
Introdução
Hoje encerraremos a nossa segunda temporada da série de mensagens "Jesus a.C.", onde falamos sobre fatos do Antigo Testamento que apontam para Cristo. O objetivo desta série foi exatamente caminharmos por esses fatos até o culto de Natal, onde falaremos sobre o nascimento de Jesus. Hoje falaremos sobre uma pessoa que marca um novo início na história de da nação de Israel, logo, uma nova etapa na história de redenção (Israel foi a nação que Deus escolheu para trazer seu Filho ao mundo e criar um novo povo). Se você está aqui na igreja há pelo menos um ano ou um pouco mais, vai se lembrar de uma série que fizemos no livros de Juízes (Um só Deus), aprendemos que o livro conta um período que não havia rei em Israel e e o povo foi liderado por líderes militares conhecidos como juízes. O último juiz foi Sansão, e hoje falaremos sobre o nascimento de um homem que foi ao mesmo tempo juiz, profeta e sacerdote. Foi quem ungiu os primeiros reis dessa nação. Marcou a transição do período dos juízes para o período da monarquia. Hoje falaremos sobre Samuel. Se você não conhece a história deste homem, vai ter a oportunidade de conhecer um pouco hoje.
1 Houve um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efraimita. 2 Elcana tinha duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra se chamava Penina. Penina tinha filhos; Ana, porém, não tinha.
3 Todos os anos esse homem ia da sua cidade para adorar e sacrificar ao Senhor dos Exércitos, em Siló, onde Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli, eram sacerdotes do Senhor. 4 No dia em que Elcana oferecia o seu sacrifício, ele dava porções deste a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos e filhas. 5 A Ana, porém, dava uma porção dobrada, porque ele a amava, mesmo que o Senhor a tivesse deixado estéril. 6 Penina, sua rival, a provocava excessivamente para a irritar, porque o Senhor a tinha deixado sem filhos. 7 Isso acontecia ano após ano. Todas as vezes que Ana ia à Casa do Senhor, a outra a irritava. Por isso Ana se punha a chorar e não comia nada. 8 Então Elcana, seu marido, lhe disse:
— Ana, por que você está chorando? E por que não quer comer? E por que está tão triste? Será que eu não sou melhor para você do que dez filhos?
9 Certa vez após terem comido e bebido em Siló, Ana se levantou, quando o sacerdote Eli estava sentado na sua cadeira, junto a um pilar do templo do Senhor. 10 E Ana, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou muito. 11 Ela fez um voto, dizendo:
— Senhor dos Exércitos, se de fato olhares para a aflição da tua serva, e te lembrares de mim, e não te esqueceres da tua serva, e lhe deres um filho homem, eu o dedicarei ao Senhor por todos os dias da sua vida, e sobre a cabeça dele não passará navalha.
12 Ana continuava a orar diante do Senhor, e o sacerdote Eli começou a observar o movimento dos lábios dela, 13 porque Ana só falava em seu coração. Os seus lábios se moviam, porém não se ouvia voz nenhuma. Por isso Eli pensou que ela estava embriagada 14 e lhe disse:
— Até quando você vai ficar embriagada? Trate de ficar longe do vinho!
15 Porém Ana respondeu:
— Não, meu senhor! Eu sou uma mulher angustiada de espírito. Não bebi vinho nem bebida forte. Apenas estava derramando a minha alma diante do Senhor. 16 Não pense que esta sua serva é ímpia. Eu estava orando assim até agora porque é grande a minha ansiedade e a minha aflição.
17 Então Eli disse:
— Vá em paz, e que o Deus de Israel lhe conceda o que você pediu.
18 Ana respondeu:
— Que eu possa encontrar favor aos seus olhos.
Então ela seguiu o seu caminho, comeu alguma coisa, e o seu semblante já não era triste.
19 Eles se levantaram de madrugada e adoraram diante do Senhor. Depois, voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com Ana, sua mulher, e o Senhor se lembrou dela. 20 Ana ficou grávida e, passado o devido tempo, teve um filho, a quem deu o nome de Samuel, pois dizia:
— Do Senhor o pedi.
Essa é a história do nascimento de Samuel.
1 - O problema de Ana - Ela era estéril. Isso fica bem claro que era um problema, especialmente naquela época. Mas, além da esterilidade, ela tinha outro problema. Seu marido, Elcana era casado com outra mulher, chamada Penina que tinha filhos e a provocava continuamente. Além da infertilidade, havia uma "competição".
Todos os anos, eles iam para Siló, a fim de Elcana adorar e oferecer sacrifícios a Deus (v3). Parte desse ritual envolvia o marido dar carne para a sua família. E Elcana dava porção dobrada para Ana, porque ele a amava (v.5). Mas Penina a provocava, ela chorava e nem comia. Ano após ano, a mesma história se repetia.
Elcana tentava ser gentil. No verso 8, ele pergunta a ela porque estava triste, porque estava chorando, porque não comia. Ana aparentemente não respondeu. Mas Elcana sabia qual era o problema, a ponto de perguntar: Será que eu não sou melhor para você do que dez filhos? Homem corajoso e ousado por fazer essa pergunta.
Esse era o problema de Ana. Isto a deixava amargurada. Mas é interessante perceber que o texto deixa claro que Deus está agindo na vida de Ana, embora ela não soubesse disso.
Duas vezes nesta passagem, somos informados de que foi o Senhor quem fechou o ventre dela. Textos como esses destroem a idéia equivocada de um Deus "realizador de sonhos", até mesmo quando lemos equivocadamente o Salmo 37 que diz nos versos 4 e 5":
4 Agrade-se do Senhor,
e ele satisfará os desejos do seu coração.
5 Entregue o seu caminho ao Senhor,
confie nele, e o mais ele fará.
O que faltava a Ana era confiar no Senhor, se agradar Nele, independente do que estava acontecendo (Quando não entendemos o que Deus está fazendo, precisamos confiar em quem Ele é - Confiar no caráter de Deus e não simplesmente nas suas ações - não podemos desassociar uma coisa da outra). Mesmo em nossas situações mais desesperadoras e dolorosas, devemos confiar que Deus está no controle e por mais que não saibamos explicar, Deus segue Soberano!
Mas o que ela faz a partir disso? E chegamos ao segundo ponto…
2 - A oração de Ana - No verso 10, ela com a alma amargurada ora ao Senhor. Ela não permitiu que sua amargura a deixasse cética. Não saiu descontando nos outros as suas frustrações. Ela fez o que nós deveríamos fazer: apresentou diante de Deus. Se nossos problemas nos levam à oração, devemos agradecer a Deus por eles. E a oração dela nos ensina de inúmeras formas:
A oração de Ana é honesta - Você sabia que pode ser honesto diante do Senhor em oração? Que você não precisa ir a Deus fingindo ser alguém que não é? Que você pode abrir seu coração para Ele com todas as suas perguntas, dúvidas, crises, amarguras, sofrimentos e dores? Ana fez isso, e Deus ouviu sua oração. Ela chora diante de Deus, diz exatamente o que sentia e faz um voto se comprometendo a dedicar Samuel a Deus por toda a sua vida. Você tem sido honesto com Deus nas suas orações ou você se apresenta diante de Deus com uma linda oração e palavras que não representam realmente quem você é e o que você está sentindo?
A oração de Ana é fervorosa - Seus lábios se mexiam, mas não se ouvia a sua voz. Ela estava cansada, amargurada, triste. E por orar assim, o sacerdote, que era alguém que deveria ajudá-la, pensa que ela está bêbada e a repreende, nos versos 13 e 14. Ela responde que está angustiada, que não tinha bebido, mas que estava derramando a alma diante do Senhor. Chega de goteiras ou de escolher o que apresentar diante de Deus. Chega de setorizar a vida em áreas que na prática não queremos que Deus seja o Senhor. Ana derrama a alma totalmente diante do Deus Todo Poderoso. Qual a intensidade da sua oração, é um ritual simplesmente formal e mecânico ou é um ato de mente e coração? Envolve razão e vontade? Envolve a consciência que está diante do Deus Todo poderoso que é Seu Pai?
A oração de Ana é ouvida e respondida - O diálogo segue e Eli a abençoa. E é interessante perceber no verso 18 que ela se foi, seguiu o caminho, comeu e o rosto não estava mais abatido. Samuel já havia nascido? NÃO. Ela já estava grávida? NÃO. Mas ela já estava diferente. A oração nem sempre muda as circunstâncias, mas sempre muda quem ora. Pode ser que no teu caso, a resposta não seja positiva, mas só de você estar orando, Deus está te transformando e cumprindo o Seu propósito na tua vida. Nem sempre Deus realiza aquilo que desejamos, mas Ele pode mudar o que desejamos. Quando oramos quem muda somos nós e não Deus. E o propósito Dele é que sejamos levados a nos deleitarmos Nele sempre!
O grande valor da oração não é o que podemos receber de Deus, mas é estarmos diante Dele, porque nada é mais valioso para nós do que a presença do próprio Deus. Orar, conversar com Deus, se relacionar com Ele te transforma e te molda à vontade Dele que é boa, perfeita e agradável.
O verso 19 dá a sequência dos acontecimentos. Se levantaram, adoraram o Senhor, voltaram para casa, tiveram relações (também não adianta pedir a Deus um filho e não agir). E o Senhor se lembrou dela! Ela engravidou e deu à luz um filho. Deu-lhe o nome de Samuel, dizendo: “Eu o pedi ao Senhor”.
3 - O plano de Deus por meio da vida de Ana - Deus tinha um propósito maior. Ele não apenas respondeu à oração de Ana por um filho, Deus também cumpriu esse propósito. Samuel foi uma resposta à oração de Ana por um filho, mas também foi a resposta de Deus para Israel, Seu povo. É Samuel quem unge Davi, homem segundo o coração de Deus, de cuja linhagem vem o Rei dos Reis que reinará para todo o sempre!
Ana cumpre o seu voto, a partir do verso 21. Ela o dedica ao Senhor e adora ao Senhor. Ana reconhece que o seu problema que a levou à oração, oração que foi ouvida e respondida de modo que ela teve um filho é ação do Senhor na vida dela, na sua família e por meio disso, Deus revela Seu plano maior para o seu povo.
Mas, além disso, essa história aponta para algo muito maior e quero traçar alguns paralelos a fim de entender um pouco melhor.
Samuel significa: Seu nome é Deus. Um menino, uma criança cujo nome apontava para a identidade de Deus e Sua ação em prol do Seu povo. Assim como no NT, no maior nascimento miraculoso, um anjo diz para uma virgem que ela teria um filho e seu nome seria Jesus porque Ele salvaria o seu povo dos seus pecados (Mt 1:21)
Essa mesma virgem, recebe o Anjo, mensageiro do Senhor que a chama por duas vezes de agraciada (Lucas 1:28,30). O nome Ana significa “agraciada”. A história de Ana nos remete à de Maria, assim como Samuel prefigura Jesus, o nosso Salvador.
E por último, no capítulo 2 de I Samuel, Ana faz uma oração a Deus, O exaltando pelo nascimento de seu filho. Do mesmo modo que vemos o cântico de Maria em Lucas 1. Observe algumas semelhanças: (I Sm 2:1-2 / Lc 1:46-49) - ( II Sm 2:3-5 / Lc 1:51-53) - ( II Sm 2:10b / Lc 1:30-33).
1 Então Ana orou assim:
O meu coração exulta no Senhor.
A minha força está exaltada no Senhor.
A minha boca se ri dos meus inimigos,
porque me alegro na tua salvação.
2 Ninguém é santo como o Senhor,
porque não há outro além de ti,
e não há rocha como o nosso Deus.
46 Então Maria disse:
“A minha alma engrandece ao Senhor,
47 e o meu espírito se alegrou
em Deus, meu Salvador,
48 porque ele atentou
para a humildade da sua serva.
Pois, desde agora, todas as gerações
me considerarão bem-aventurada,
49 porque o Poderoso me fez
grandes coisas.
Santo é o seu nome.
A vida de Samuel, bem como o seu nascimento representam a ação de Deus em prol do Seu povo. Ele liderou esse povo como juiz, ele intercedeu pelo povo como sacerdote e ele falou a palavra do Senhor ao povo como profeta.
Jesus é o perfeito profeta, sacerdote e Rei. Jesus é o Samuel melhor e verdadeiro. Samuel fez parte do plano de Deus para o Seu povo, Jesus é o cumprimento desse plano eterno e perfeito. E agora, povo de Deus é todo o que crê em Jesus.
Cristo é o Profeta que precisamos para nos instruir nas coisas de Deus, a fim de curar a nossa cegueira e ignorância. Como o Profeta, Jesus é o único que pode revelar o que Deus tem planejado na história “desde a fundação do mundo”, e que pode ensinar e manifestar o real significado das “escrituras dos profetas”. Podemos esperar progredir em nossa vida cristã apenas se dermos ouvidos à sua instrução e ensino.
Cristo também é o sumo SACERDOTE, nosso extremamente necessário Sumo Sacerdote. A salvação está somente em Jesus Cristo, porque há duas condições que, não importa o quanto nos esforcemos, nunca poderemos satisfazer. No entanto, elas devem ser cumpridas se estamos para ser salvos. A primeira é satisfazer a justiça de Deus pela obediência à lei. A segunda é pagar o preço de nossos pecados. Nós não podemos cumprir nenhuma dessas condições, mas Cristo as cumpriu perfeitamente. O sacrifício de Jesus ocorreu apenas uma vez, mas ele ainda continua sendo nosso grande Sumo Sacerdote, aquele através do qual toda a oração e louvor são feitos aceitáveis a Deus. Nos lugares celestiais, ele continua sendo nosso constante Intercessor e Advogado.
Por fim, ele é o grande REI, o REI dos reis, que reina sobre todas as coisas. Ele reina sobre sua Igreja por meio de seu Espírito Santo (Atos 2:30-33). Ele soberanamente dá o arrependimento ao impenitente e concede perdão ao culpado (Atos 5:31). Neste sentido, podemos concordar com João Calvino quando ele diz: “Nós podemos passar pacientemente por esta vida com sua miséria, frieza, desprezo, injúrias e outros problemas—satisfeitos com uma coisa: que o nosso Rei nunca nos deixará desamparados, mas suprirá as nossas necessidades, até que, ao terminar nossa luta, sejamos chamados para o triunfo”. Podemos crescer na vida cristã apenas se vivermos obedientemente sob o domínio de Cristo e pelo seu poder.
Conclusão
Conclusão
Deus havia criado o homem e havia um relacionamento perfeito entre Deus e nossos primeiros pais, Adão e Eva, que decidiram pecar. O pecado nos atingiu e fez com que todos nascêssemos separados Dele. Não poderíamos fazer nada para refazer essa relação. Diante disso, Deus envia Jesus, o Sacerdote, o Profeta, o Rei perfeito. Ele vive uma vida perfeita, morre assumindo a nossa condenação, ressuscita ao terceiro dia provando que o sacrifício foi aceito por Deus. Ele prometeu que voltará para levar o Seu povo para morar com Ele eternamente. Como ser parte desse povo? Fé e arrependimento! Crer que o que Jesus fez é suficiente para nos apresentar sem culpa diante de Deus, ainda que sejamos pecadores. Por isso nos arrependemos dos nossos pecados e confiamos na justiça perfeita de Jesus!
Que a história de Ana nos inspire sobre como devemos agir diante de um problema. Que levemos isso a Deus em oração. Que cumpramos o que nos comprometemos a fazer, assim como ela fez.
Que a história de Samuel nos ensine sobre um menino que desde muito cedo se dispôs a servir a Deus e se tornou um grande homem na história do seu povo.
Mas que essas duas histórias, que na verdade, se tornam apenas uma apontem para A GRANDE HISTÓRIA que é a história da redenção. Ou seja, do que Deus em Jesus fez por nós que cremos Nele!
Que Jesus, o Samuel melhor e verdadeiro seja exaltado hoje e sempre!