Advertências que nos ensinam a caminhar
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INTRODUÇÃO
Quero começar o sermão fazendo uma pergunta aos irmãos: qual é a sua atitude diante dos erros cometidos por outras pessoas? Talvez você seja o tipo de pessoa que diante dos erros cometidos por outras pessoas, gosta de intensificálos ainda mais. Talvez você seja o tipo de pessoa que, a não ser que o erro tenha te afetado, você não se importa com ele.
Esse tipo de reação se tornou bem comum em nosso mundo. Afinal, muitos gostam de olhar para si mesmos como superiores as outras pessoas, assim quando outros erram eles rapidamente querem demonstrar a inferioridade daquele que errou. Já outros vivem uma vida tão corrida que não possuem tempo para se preocupar com os erros cometidos por individuos, grupos, instituições e outros.
Mas será que esse é o tipo de comportamento correto? A Palavra de Deus nos ensina que não. Por exemplo, em Provérbios 24: 32, o autor, um homem sábio, diz que ao observar o comportamento cheio de erros do preguiçoso, ele então considerou e recebeu instrução. Ou seja, ele aprendeu, adquiriu conhecimento por meio daqueles erros.
Esse princípio é visto inclusive na chamada sabedoria popular, quem não conhece o ditado: o sábio aprende com os erros. É o princípio que observamos, por exemplo, nas mudanças feitas em leis dos EUA após o ataque terrorista de 11 de setembro.
Mas acima de tudo esse é um princípio que deve estar presente entre o povo de Deus. E o texto que acabamos de ler nos ajuda exatamente nesse sentido. Isso porque o livro de números foi escrito para a segunda geração de israelitas, a geração que entraria na terra prometida, e um dos objetivos era levá-los a aprender com os erros cometidos por aquela primeira geração que pereceu no deserto, para que então eles não cometessem os mesmos erros.
Só que as advertências contidas aqui não são apenas para aquela segunda geração, escrevendo aos coríntios o apóstolo Paulo faz muitas referências a fatos ocorridos na história de Israel, muitos deles presentes em números, e após fazer referências a esses fatos ele então diz em 1 Coríntios 10: 6, 11.
“Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. 11- Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado”.
Isso significa que as advertências aqui presentes também são para nós. Por esse motivo quero trabalhar com os irmãos o seguinte tema: Advertências que nos ensinam a caminhar.
Chamo a atenção dos irmãos para a primeira cena do nosso texto, que ocorre nos 1-3.
CUIDADO COM AS QUEIXAS
CUIDADO COM AS QUEIXAS
Não sei se algum dos irmãos já passou por um momento na vida de grande dificuldade, mas um momento que passou e hoje a condição é melhor. Se você já passou por isso ou conhece alguém que passou, deve ter percebido que é comum que esse tipo de pessoa não reclame por qualquer coisa, pois ela sempre lembra da antiga condição que era pior.
E esse era justamente o tipo de comportamento que se esperava de Israel, afinal pouco tempo antes esse povo sofria como escravo no Egito, e um sofrimento realmente intenso, mas a condição tinha mudado.
Israel agora era um povo livre e que tinha recebido a garantia de que o Deus que havia humilhado a Faraó e os deuses do Egito, estaria ao lado deles para abençoá-los, isso foi garantido com Palavras e sinais. Veja comigo o que é dito por Moisés a um familiar dele chamado Hobebe (10: 29, 32). A expectativa era muito boa, o povo tinha acabado de partir do Sinai e iniciado sua jornada rumo a terra prometida por Deus (10: 13).
Mas quando olhamos para esses três primeiros versículos o que nós encontramos é algo bem diferente e que caracterizaria aquele povo durante toda essa jornada. Israel era um povo queixoso, murmurador, e que só sabia reclamar.
Entendo ser importante pontuar algo aqui: esse comportamento de Israel nada tem a ver com os lamentos que, por exemplo, encontramos em alguns salmos. O que nós temos aqui é algo pecaminoso que revela a incredulidade, ingratidão e rebeldia de um povo que se queixava até por coisas que não tinham acontecido (14: 1).
Diante de tudo isso o que esperar de um Deus Santo? a resposta não poderia ser outra, diferente da reação nas primeiras queixas registradas em Êxodo, onde Deus deu fim ao exército de Faraó e deu comida e agua para o povo, agora sua reação é de ira (v. 2). Uma ira que só foi apaziguada com a intercessão de Moisés.
Meus irmãos, não tem como ler esse texto e sentir uma certa revolta não é? como esse povo pode fazer essas coisas?
Mas eu quero que vocês leiam comigo o que Paulo diz em 1 Coríntios 10: 10.
“Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador”.
Vocês conseguem perceber que Paulo continua a apresentar a murmuração, a queixa, como um perigo para nós também? Quem de nós pode levantar as mãos e dizer: eu sou melhor do que os israelitas, eu nunca me queixei. Quem de nós pode fazer isso?
É por esse motivo que a primeira advertência que temos é: Cuidado com as queixas.
Todos nós estamos sujeitos a tentações que nos façam levantar queixas: o jovem pode ser tentado a se queixar de seus pais que não dão a ele o que os pais de seus amigos dão a eles; os casados podem ser tentados a se queixar porque seu conjuge não é igual ao conjuge do outro; a liderança da igreja pode ser tentada a se queixar porque sua igreja não é como outras igrejas de bancos cheios e grande fama. Todos nós estamos sujeitos a isso.
E o povo de Deus precisa saber que em última instância as nossas queixas são sempre contra Deus. Se reconhecemos sua soberania em todas as areas de nossa vida, devemos entender que quando nos queixamos da nossa condição, daquilo que temos ou de coisas assim, é contra ele que estamos murmurando.
Não somos melhores do que aquele povo e saiba de algo muito importante, Deus ainda é o mesmo Deus Santo que se ira contra a murmuração.
A pergunta que surge então é: por que então não somos consumidos por essa ira, visto que cometemos os mesmos pecados. Visto que temos a revelação completa de Deus sobre quem ele é e sobre todas as suas obras, não tendo motivos para se queixar?
Se você ler o livro de Números, em especial os capítulos 11- 14 vai perceber que há um ciclo que se repete: o povo se queixa, Deus se ira e a ira só para quando o mediador intercede.
O motivo de não sermos consumidos é justamente porque alguém intercede por nós. E esse alguém não é Moisés, sua intercessão apazigou momentaneamente a ira de Deus, ela volta nos v. 33-34 do nosso capítulo. Essa primeira geração vai perecer no deserto.
Nós precisamos de um mediador perfeito, cuja a efetividade da intercessão seja perfeita, e só existe uma pessoa que pode fazer isso: Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens.
O Filho de Deus também esteve no deserto, ele foi tentado, teve sede, teve fome, sofreu um sofrimento inigualável, alguém que tinha todos os motivos para se queixar. Mas diferente de Israel e diferente de nós, ele não se queixou, não somente nos 40 dias no deserto, como também em toda a sua obra ele confiou em Deus.
Por isso, nós precisamos dele, nós precisamos de sua intercessão. Que em sua caminhada você atente para essa primeira advertência; cuidado com as queixas, mas lembre-se que você não tem força em si mesmo, e assim, se vier a cair faça como o povo no v. 2, clame. Mas clame ao mediador perfeito.