Não há um justo sequer
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Não há um justo sequer
Não há um justo sequer
15 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há perverso que prolonga os seus dias na sua perversidade.16 Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?17 Não sejas demasiadamente perverso, nem sejas louco; por que morrerias fora do teu tempo?18 Bom é que retenhas isto e também daquilo não retires a mão; pois quem teme a Deus de tudo isto sai ileso. 19 A sabedoria fortalece ao sábio, mais do que dez poderosos que haja na cidade.20 Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.21 Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas a ouvir o teu servo a amaldiçoar-te,22 pois tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a outros.
Vimos nas últimos domingos Salomão nos advertindo que, "para reconciliarmos corretamente os caminhos de Deus com os desapontamentos dos homens, devemos evitar julgar pessoas e eventos por meras impressões ou aparências exteriores, quer resultem de prosperidade (6.1–12) ou de adversidade e aflição (7.1–15)". Kaiser, W. C., Jr. (2015). Eclesiastes. (C. A. B. Marra, Org., P. S. Gomes, Trad.) (1a edição, p. 116–117). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã.
Uma segunda consideração é agora introduzida: Aquelas pessoas que imaginávamos estarem experimentando um sofrimento injusto podem não ser tão boas quanto pensávamos que fossem.
Com base nesse texto, Eclesiastes, nos alerta a termos três tipos de atitudes sábias:
Não devemos exigir nada com base na nossa justiça (Ec 7.15, cf. Sl 73)
15 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há perverso que prolonga os seus dias na sua perversidade.
O Salmo 73 mostra esse cenário onde o impio prospera e o justo sofre. Asafe confessa que quase tropeçou por não conseguir compreender esse mistério.
O justo pode vir a perecer na sua justiça - isso quer dizer que o justo, mesmo agindo de forma correta, pode sofrer. Ele pode sofrer exatamente porque é justo e vive num mundo injusto, mas ele pode sofrer apesar de ser justo com todos os tipos de mazelas que alcançam os homens que vivem debaixo do sol, num mundo caído e entregue à vaidade por causa do pecado. O justo também fica doente, tem os seus bens roubados e é vítima da maldade dos homens perversos (p.ex. Jó)
O perverso pode prolongar os seus dias na sua perversidade - sim, por mais incompreensível que seja, os perversos podem prolongar os seus dias. Você e eu podemos não entender como Deus permite que o mal se mantenha e os perversos prevaleçam contra os justos, vivam vidas sadias, prósperas e longíquas, mas de uma coisa podemos ter certeza, o caminho da perversidade não prevalecerá. O julgamento adiado não é um julgamento cancelado. Deus julgará os ímpios e maus.
No próximo capítulo, o sábio afirma que:
12 Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus.13 Mas o perverso não irá bem, nem prolongará os seus dias; será como a sombra, visto que não teme diante de Deus.
O pecador, o perverso pode até ter uma vida longa, sadia e próspera, mas ele não irá bem e a sua vida não passará da sepultura. Ele viverá insatisfeito, insaciável e inseguro por que não teme a Deus.O justo por sua vez, mesmo passando por lutas e podendo perecer cedo, por temer a Deus desfrutam do bem, da alegria, da satisfação e segurança que Deus lhe promete.
A verdadeira vida longa é aquela que ultrapassa a sepultura e se vê gozando da eternidade com Deus. A verdadeira riqueza é ser conduzido(a) à realidade de que a vida só tem sentido se vivida na presença de Deus e para Deus. "O Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá" (Sl 1.6)
Talvez, uma das razões de Deus não destruir o perverso, mas muitas vezes usar de bondade para com ele, esteja no desejo de condizí-los ao arrependimento (Rm 2.4).
Concordo com John MacArthur quando ele diz que "o verdadeiro evangelho não promete saúde. Não promete bem-estar. Não promete matrimônio perfeito. Não promete dinheiro. Não promete nada mais que perdão e poder divino. Promete coisas celestiais e não terrenas" (John MacArthur).
Não devemos confiar na nossa própria justiça (Ec 7.16-20)
Com absoluta certeza, poucos versículos são mais suscetíveis a interpretações incorretas do que estes. Alguns entendem que Eclesiastes está dando um conselho para que as pessoas vivam "em cima do muro". Nem tão santo e nem tão profano, mas que pequem com moderação. Será isso mesmo que ele está dizendo? Salomão está dando uma carta branca para que seus leitores pequem contra o Deus santo que julgará a todos os homens?
Parece que o Pregador está produzindo, com suas palavras, a ideia de uma pessoa que se esforça para ser justa e sábia para si mesma em uma busca que costuma levar a extremos, nos quais a pessoa mantém práticas e condutas que ela considera mais justas e sábias que da sociedade em geral.
Ele faz um paralelo entre dois extremos daquele que observa a realidade do versículo anterior e aconselha a:
Não sermos demasiadamente justos nem sábios(Ec 7.16)
Esse texto não proibe alguém de ser justo, de possuir uma justiça autêntica, o que o autor condena aqui é o perigo do auto engano e de enganar outras pessoas por meio de uma multiplicidade de ações pseudoreligiosas de santimônia ou ostentação no ato de adoração.
É impossível não nos lembrarmos dos fariseus da época de Jesus que eram como sepulcros caiados, bonitos por fora, mas cheios de morte por dentro. Homens que faziam orações em praça pública, cobrava atos religiosos dos outros, mas que adoravam a Deus em vão. Ele estabeleciam regras e as colocavam acima das Escrituras cobrando os homens a viverem segundo os seus costumes e tradições.
Esse verbo "ser sábio", de acordo com Kaiser, deve ser traduzido reflexiavamente (pois é a forma hebraica do hithpael) como "pensar de si mesmo como dotado de sabedoria". O "não sejas sábio" deve ser entendido como em Pv.3.7 que diz:
7 Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal;
Essa pseudosabedoria leva o santarrão a estabeler suas leis como se fosse tão sábio quanto o próprio Deus. Estabelecendo padrões de comportamento como meios para a santidade e salvação. Tornam-se legalistas e, por fim, hipócritas, por não conseguirem carregar os próprios fardos que ataram sobre as suas próprias costas.
Além do legalismo, o ascetismo é outra carta na manga que eles lançam para tentar atingir uma justiça acima da média e, quem sabe, ter o direito de receber as benécies da parte de Deus.
Tronco diz que "Se, para o legalista, qualquer ato fora das suas regras de vida está errado, para o asceta, qualquer alegria ou prazer é mau. Não é de espantar que o escritor pergunte a quem busca tais coisas: “Por que você poria sua vida a perder?”, ou, em outras palavras, “por que você desperdiçaria sua vida?”. Com isso, o autor ressalta a inutilidade dessas posições exageradas, pois fazem o homem ignorar que há um Deus bom sobre ele que lhe dá presentes e relacionamentos aprazíveis para que os aproveite (cf. 3.13; 5.18; 9.9 ), mesmo num mundo cheio de futilidades. (Santos, Thomas Tronco dos. O Caminho Acima do Céu: Comentário de Eclesiastes (Portuguese Edition) (Locais do Kindle 3995-4000). Redenção Publicações. Edição do Kindle.)
Não sejamos demasiadamente perversos e tolos (Ec 7.17)
Duas questões podem estar envolvidas aqui:
Aquele que por procurar ser religioso é estúpido e exigente com os outros, tentando estabelecer as suas leis. Quem é excessivamente justo e religioso, sábio aos próprios olhos e se acha melhor que os outros, já que a sua justiça é uma justiça própria e não baseada na graça, não só exige-se em demasia, como também coloca fardos pesados nas costas dos outros. Agem com um espítiro de hipercriticismo contra pequenos desvios de suas normas, equiparadas às de Deus, tudo isso com uma presunção repulsiva e arrogante, como se fossem mais santos que os outros.
Aquele que, por não ter garantias que a justiça no presente poderá trazer recompensas pra ele, vive uma vida sem lei. Em vez de se cercar de regrinhas, como os legalistas, estes abolem completamente qualquer norma moral e ética. Em lugar de evitar alegrias e distrações, como fazem os ascetas, estes mergulham de cabeça em todas as sensações e divertimento que o mundo pode lhes oferecer, não se importando se é certo ou errado, se é bom ou mal, se é justo ou injusto, se é moral ou imoral, se é honesto ou desonesto, se é sábio ou louco. Esses se entregam ao mal com todas as suas forças a fim de aproveitar tudo que puderem arrancar da vida.
A consequência dessas atitudes pode levar à própria destruição, a morrer fora de tempo (se é que isso pode acontecer). Isso pode estar relacionado ao fato de que:
O escessivamente justo e sábio mais cedo ou mais tarde sofrerá o terrível sentimento de culpa e vergonha por não conseguir viver no padrão que ele mesmo, de forma tão acirrada e venenosa, ensinou aos outros, vivendo com hipocrisia por muitos e muitos anos.
Sofrerá às consequências dos atos maus, ilegais e imorais, punidos frequentemente com a morte nos dias antigos.
Para mostrar que nenhum dos dois extremos é positivo ou mesmo aceitável, o Pregador fala de um modo curioso, mas eloquente ( v.18a ) :
“É bom que você agarre este conselho e que não largue aquele outro” .
É como se alguém precisasse segurar com as duas mãos os pesos capazes de estabilizá-lo sobre uma corda bamba.
O Pregador fala que seu aprendiz deve viver sem ignorar o conselho do versículo 17 , ao mesmo tempo que cuida de praticar o conselho do versículo 16 . Caso contrário, não aproveitará coisas boas que ele deve aproveitar, ou aproveitará coisas na vida que ele não deve. Resumindo, é preciso evitar os dois extremos, frutos de uma visão equivocada a respeito das contradições e dificuldades da existência humana.
A ideia fica completa quando é dito que o temor do Senhor é o que mantém tal equilíbrio ( v.18b ) : “Pois aquele que teme a Deus evitará ambos os extremos” .
O temor do Senhor sempre será melhor antídoto contra a loucura e a justiça presunçosa e forçada. Nenhuma dessas coisas servirão de guia, ou roupagem, para disfarçar a verdadeira necessidades dos homens. Todos devem temer a Deus e reconhecer a sua real fragilidade, pois não há um justo sequer, não há homem que não peque.
Concordo com Kaiser quando ele afirma que:
Comentários do Antigo Testamento: Eclesiastes B. 7.16–8.1— Uma correta avaliação de nosso caráter interior ajudará a explicar as aparentes desigualdades na providência divina
Nunca é demais ter cautela em nossa avaliação do caráter dos homens. Muita coisa que passa por verdadeira piedade não é nenhuma piedade. A única coisa que uma escrupulosidade do tipo pseudopiedosa renderá é o julgamento de Deus.
Não devemos confiar na justiça dos outros (Ec 7.21-22)
Devemos ter duas grandes convicções:
Habitamos no meio de pecadores de lábios impuros.
Muito provavelmente Paulo usou essa afirmação de Salomão, juntamente com a afirmação anterior de que não há nenhum justo diante de Deus.
10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus; 12 todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. 13 A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, 14 a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;
Não devemos ficar procurando saber o que os outros falam a nosso respeito
Pessoas que vivem perto de nós e são acolhidas na nossa casa e comem da nossa comida podem nos amaldiçoar
Comentários do Antigo Testamento: Eclesiastes B. 7.16–8.1— Uma correta avaliação de nosso caráter interior ajudará a explicar as aparentes desigualdades na providência divina
Em vez de existir alguém demasiadamente piedoso, a verdade é que ninguém está isento de falta em ação ou em palavra (v. 20–22). Os homens são universalmente depravados, e todos estamos aquém da glória de Deus.
Comentários do Antigo Testamento: Eclesiastes B. 7.16–8.1— Uma correta avaliação de nosso caráter interior ajudará a explicar as aparentes desigualdades na providência divina
É tolice preocupar-se em demasia e perturbar-se com aquilo que as pessoas pensam e dizem a nosso respeito em seus momentos de imprudência, malevolência e insensatez (v. 21–22).
Somos, nós mesmos, pessoas de lábios impuros.
Conclusão:
Que aplicações podemos fazer depois de analisar esse texto? Gosto das observações que Tronco fez.
Temos de nos conformar com a situação de vida em que estamos inseridos, na qual há e sempre haverá injustiças e contradições;
Precisamos entender e crer que Deus tem propósitos e modos misteriosos de lidar com a humanidade caída, incluindo seus servos, e devemos nos submeter a ele assim mesmo, sem impor condições à sujeição;
Devemos afirmar os conceitos e aplicações de certo e errado, segundo as Escrituras , mas temos de conviver com o pecado, nosso e alheio, sem ser indulgentes com o mal, nem assumir condutas extremas, como legalismo e ascetismo ou como liberalismo e antinomismo;
Precisamos evitar circunstâncias que nos impulsionam a reações negativas e exageradas, mas também temos de aprender a lidar com elas, sem supervalorizar os erros alheios ou os nossos sentimentos;
Temos de buscar a verdadeira sabedoria, fruto do temor do Senhor, a fim de manter a estabilidade interior e exterior diante das contradições da vida, dos problemas sociais e das intemperanças nos relacionamentos. Santos, Thomas Tronco dos. O Caminho Acima do Céu: Comentário de Eclesiastes (Portuguese Edition) (Locais do Kindle 4100-4109). Redenção Publicações. Edição do Kindle.
Temos de buscar a justiça que vem de Deus por meio da fé em Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro motivo do Natal. Jesus nasceu para salvar os que creem. Nele somos feitos justiça de Deus.
21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção,23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus. 27 Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.28 Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.