ELEIÇÃO INCONDICIONAL (Parte 02)
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Teologia Sistemática, Volumes 1 & 2 I. Eleição
Eleição é o ato eterno de Deus pelo qual, em Seu soberano agrado e não por mérito algum previsto nos homens Ele escolhe alguns dos numerosos pecadores para serem os receptores da graça especial do Seu Espírito e assim serem participantes voluntários da salvação de Cristo.
JONATHAN EDWARDS (1703-1758) E A DOUTRINA DA ELEIÇÃO
Desde a infância, minha mente esteve cheia de objeções contra a doutrina da soberania de Deus, na Sua escolha de quem iria para a vida eterna, e Sua rejeição a quem desejasse; deixando-os perecer eternamente, e sendo eternamente atormentado no inferno. Parecia ser uma doutrina horrível para mim. Mas eu me lembro muito bem do tempo quando eu parecia estar convencido, e totalmente satisfeito, com a soberania de Deus e a sua justiça em assim eliminar eternamente os homens, de acordo com a sua vontade soberana.
No entanto, minha mente descansou nisso; e pôs fim a todas essas contestações e objeções. Houve uma alteração maravilhosa em minha mente, no que diz respeito à doutrina da soberania de Deus, desde aquele dia até hoje... A soberania absoluta de Deus e Sua justiça, no que diz respeito à salvação e condenação, é o que minha mente descansa convencida, assim como qualquer coisa que eu vejo com meus olhos... Essa doutrina tem muitas vezes sido agradável, brilhante e doce. Soberania absoluta é o que eu amo nomear Deus.
(Jonathan Edwards, Selections [New York: Hill and Wang, 1962], pp. 58-59).
5.3. OUTRA AFIRMAÇÃO PODEROSA DA INCONDICIONALIDADE:
5.3.1. Outra afirmação poderosa da incondicionalidade de nossa eleição e nossa predestinação para a FILIAÇÃO está em Efésios 1:3-6
5.3.2. Alguns intérpretes argumentam que esta eleição antes da fundação do mundo foi apenas uma eleição de Cristo, mas não uma eleição de quais indivíduos estariam REALMENTE em Cristo.
5.3.3. Isto equivale a dizer que Cristo é apresentado como o escolhido de Deus, e a salvação de indivíduos depende de sua PRÓPRIA INICIATIVA, para vencerem sua depravação e serem unidos a Cristo pela fé.
5.3.4. Ou seja, Deus não os escolhe, e, por isso, Deus NÃO PODE convertê-los eficazmente. Pode apenas INICIAR a convicção, mas tem de ESPERAR E VER quem proverá o impulso decisivo para DESPERTAR A SI MESMO dentre os mortos e escolhê-lo.
· Está interpretação não se harmoniza bem com o versículo 11.
· Também não se harmoniza com a fraseologia do versículo 4. O significado normal da palavra traduzida por ESCOLHEU, no versículo 4, é SELECIONAR OU PEGAR DE UM GRUPO. Lucas 6:13; 14:7; João 13:18; 15:16,19
· Portanto, o significado natural do versículo é que Deus escolheu pessoas dentre toda a humanidade, antes da fundação do mundo, por vê-las em relacionamento com Cristo, seu redentor. Esta é a maneira natural de entendermos o versículo.
5.3.5. É verdade que toda a eleição se deu em RELAÇÃO A CRISTO. Na mente de Deus, Cristo estava crucificado ANTES MESMO da fundação do mundo. Apocalipse 13:8
5.3.6. Não haveria eleição de pecadores para a salvação se Cristo não tivesse sido designado para MORRER EM FAVOR DO PECADO DELES. Portanto, nesse sentido eles são eleitos em Cristo. Mas são eles que são ESCOLHIDOS DO MUNDO para estarem em Cristo.
· Igualmente, a fraseologia do versículo 5 sugere a eleição de pessoas para estarem em Cristo e não somente a eleição de Cristo.
· Nós somos predestinados e não Cristo. Ele é aquele que TORNA POSSIVELa eleição, a predestinação e a adoção de pecadores.
· Os cristãos vêm a fé, são unidos a Cristo e cobertos por seu sangue porque foram ESCOLHIDOSantes da fundação do mundo para este DESTINO EM SANTIDADE.
5.4. TALVEZ O TEXTO MAIS IMPORTANTE:
5.4.1. Talvez o texto mais importante de todos em relação ao ensino da eleição incondicional seja Romanos 8:28-33
5.4.2. Esta passagem é usada frequentemente para argumentar CONTRA a eleição incondicional, com base no versículo 29. Alguns dizem que pessoas não são eleitas incondicionalmente. São eleitas com base NO CONHECIMENTO ANTECIPADO DE SUA FÉ, que elas produzem sem a ajuda da graça irresistível e que Deus viu de antemão.
· No entanto isso não se harmoniza com a maneira como Paulo desenvolveu seu argumento. Observe que Romanos 8:30 diz. Focalize por um momento o fato de que todos os que Deus CHAMA ele também JUSTIFICA. Há uma CONEXÃO INFALIVEL entre chamados e justificados.
· O chamar do versículo 30 é feito somente àqueles que Deus predestinou para serem conformados à imagem de seu Filho. É um chamar que leva necessariamente à justificação.
· Esse ato tem de ser SOBERANO. Ou seja, ele vence a resistência que se coloca no caminho. Portanto, o chamar do versículo 30 é a obra soberana de Deus que traz uma pessoa a fé, pela qual ela é justificada.
· A causa decisiva da fé nos justificados não é a vontade humana caída e sim o SOBERANO CHAMADO DE DEUS. Todo aquele que crê foi CHAMADO à fé pela graça soberana de Deus. Quando Deus olhou desde a eternidade para o futuro e viu a fé dos eleitos, ele VIU A SUA PRÓPRIA OBRA.
· E escolheu fazer INCONDICIONALMENTE essa obra por pecadores mortos, cegos e rebeldes. Pois não éramos capazes de satisfazer a condição de fé. Somos espiritualmente mortos e cegos.
· Portanto o conhecer de antemão mencionado em Romanos 8:29 aponta para o Antigo Testamento em Gênesis 18:19; Jeremias 1:5; e Amós 3:2
5.4.3. Logo, o que este magnificante texto de Romanos 8:28-30 ensina é que Deus realiza a redenção completa de seu povo, desde o COMEÇO ATÉ O FIM. Ele conhece de antemão – ELEGE – um povo para si mesmo, antes da fundação do mundo, PREDESTINA este povo para ser conformado à imagem de seu Filho, os CHAMA para si mesmo pela fé, os JUSTIFICA somente pela fé e, finalmente, os GLORIFICA. E nada pode separá-lo do amor de Deus em Cristo, para sempre e sempre. Romanos 8:30
5.4.4. Não podemos nos VANGLORIAR de nossa eleição. Isso seria uma profunda incompreensão do significado de incondicionalidade. Quando não tínhamos nada, de maneira alguma, a nos recomendar para com Deus, ele colocou ESPONTANEAMENTE o seu favor sobre nós. Foi o mesmo que aconteceu na eleição de Israel. Deuteronômio 7:7-8
CONCLUSÃO:
J. I. Packer:
A doutrina da eleição, como toda verdade acerca de Deus, envolve mistério e, algumas vezes, incita à controvérsia. Mas na Escritura é uma doutrina pastoral, incluída ali para ajudar os cristãos a verem quão grande é a graça que os salva, conduzindo-os à humildade, confiança, alegria, louvor, fidelidade e santidade como resposta. É o segredo de família dos filhos de Deus. Não sabemos quem mais Ele escolheu entre aqueles que ainda não crêem, nem tampouco a razão por que nos escolheu em particular. O que de fato sabemos é que, primeiro, se não tivéssemos sido escolhidos para a vida, não seríamos crentes agora (pois somente o eleito é trazido à fé), e, em segundo lugar, como crentes eleitos podemos confiar que Deus completará em nós a boa obra que Ele começou (1 Co 1.8,9; Fp 1.6; 1 Ts 5.23,24; 2 Tm 1.12; 4.18). Assim, o conhecimento da eleição por parte de uma pessoa traz conforto e alegria.
LEIA COM ATENÇÃO
John Piper:
“Ele o ama porque o ama. Ele resolveu fazer isso na eternidade. E, porque o seu amor por você nunca teve um começo, não pode ter fim. O que estamos estudando neste livro é apenas a maneira com Deus realiza este amor eterno na história, para salvar o seu povo próprio e trazer-nos ao gozo eterno dele mesmo.”