Motivos para Confiar em Deus
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Introdução
Introdução
1. "Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança" (Mais uma vez, de Renato Russo);
1. "Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança" (Mais uma vez, de Renato Russo);
2. Reflete o pensamento de uma geração que deixou Deus esquecido no passado (isso se ele existiu) e exaltou o homem em toda a sua razão, experiências e sentimentos;
2. Reflete o pensamento de uma geração que deixou Deus esquecido no passado (isso se ele existiu) e exaltou o homem em toda a sua razão, experiências e sentimentos;
3. Em quem o cristão deve declarar a sua confiança? Veremos, à luz do Salmo 62, que a confiança do crente deve estar exclusivamente em Deus.
3. Em quem o cristão deve declarar a sua confiança? Veremos, à luz do Salmo 62, que a confiança do crente deve estar exclusivamente em Deus.
I. DEVEMOS CONFIAR EM DEUS PORQUE DELE VEM A NOSSA SALVAÇÃO (vs.1-4)
I. DEVEMOS CONFIAR EM DEUS PORQUE DELE VEM A NOSSA SALVAÇÃO (vs.1-4)
A. O primeiro motivo que listamos está expresso no v.1. " Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele vem a minha salvação" (ênfase minha).
B. O salmista expressa a certeza de sua confiança em Deus usando a palavra "somente" seis vezes no salmo todo;
C. Essa confiança exclusiva se caracteriza por uma atitude de espera resignada, uma espera silenciosa, isto é, em perfeita submissão, aguardando a vontade de Deus.
D. O motivo para tal confiança, está, então, expresso na frase "dele vem a minha salvação".
E. Deus é descrito como "rocha", um "alto refúgio", - destacar refrão (vs.2,6)
F. Ilustração do ensino médio
G. O Conceito de salvação
H. Voz dirigida aos Inimigos que se opunham ao fraco ou ao forte - mentira e hipocrisia.
Aplicação:
Aplicação:
1. Deus é aquele que salva seus eleitos.
1. Deus é aquele que salva seus eleitos.
Davi foi um homem rodeado de adversários. Sua história nos mostra que, desde o princípio, ele sofreu perseguições as do rei Saul, dos inimigos comuns ao povo de Israel e do próprio filho. Semelhantemente, Cristo sofreu as perseguições de Herodes, ao nascer, do seu próprio povo, que não o recebeu, dos romanos, ao ser torturado e crucificado por ordem de Pôncio Pilatos. De igual modo, a igreja também foi e é perseguida. Quantos não foram aqueles que sofreram o abandono de seus familiares, de seu povo, sendo martirizados. Homens cheios de ira, inveja, mentira, perversão, hipocrisia se levantaram contra Davi, contra Cristo e contra o seu povo. A realidade está impregnada pela maldade. Contudo, Deus é aquele que salva seus eleitos. Deus salvou Davi dos seus inimigos, deu vitória ao Filho de Deus sobre o pecado, a morte e o Diabo, e também nos salvou de nossos pecados, dando-nos em Cristo, também, a vitória sobre o mundo, o pecado e o Diabo.
Pensando nisso, o que você pode dizer sobre sua confiança em Cristo? Diante dos inimigos que o espreitam seja quando você está fraco, como um muro prestes a cair, ou forte, em posição elevada, vivendo uma vida devocional, familiar e acadêmica vibrante, qual é o testemunho sobre sua fé em Deus? Você crê na salvação que ele lhe deu, por meio de Cristo Jesus?
Ilustração: Palavras do bispo Latimer a Ridley na estaca, prestes a serem queimados: "Ânimo, irmão, porta-te como um varão; nós, hoje, acenderemos na Inglaterra um facho que, pela graça de Deus, nunca se apagará!"
II. DEVEMOS CONFIAR EM DEUS PORQUE DELE VEM A NOSSA ESPERANÇA (vs.5-8)
II. DEVEMOS CONFIAR EM DEUS PORQUE DELE VEM A NOSSA ESPERANÇA (vs.5-8)
A. A maioria das pessoas declaram ter esperança em alguém ou em alguma coisa. Contudo, o que é a verdadeira esperança? De onde ela procede?
B. Davi nos reponde que a verdadeira esperança procede de Deus. No v. 5 ele diz "Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança" (ênfase minha).
C. Davi dá uma ordem a si mesmo, não apenas declara.
D. A esperança verdadeira procede de Deus, assim como a salvação.
E. No v.6, Davi usa mais uma vez as palavras "rocha" e "refúgio" para se referir a Deus.
F. Comparação entre v.2 x v.6. "muito abalado" x "jamais seria abalado."
G. Davi reconhece que não apenas a salvação depende de Deus, mas também a sua glória.
H. Sua glória não estaria no fato de ser um herói que vence batalhas, na sua fama de guerreiro, ou mesmo por causa de suas extraordinárias qualidades. Mas repousava no fato de saber quem é Deus e no que ele pode fazer. Por isso, aguarda com expectativa resignada no Deus que é sua forte rocha e o seu alto refúgio.
I. Davi ordena ao povo para confiar em Deus:
J. Oração: "derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio". Essa referência aparece também em Lm 2.19 "derrame o seu coração como água". Essas palavras indicam que nossa confiança é declarada não apenas quando esperamos resignadamente, mas quando derramamos o nosso coração diante de Deus em oração.
Aplicações:
Aplicações:
2. A esperança verdadeira é definida por estar fundamentada em Deus.
2. A esperança verdadeira é definida por estar fundamentada em Deus.
Não é o governo, não é a medicina, não é o emprego, não é o diploma e os vários títulos que se alcança, não são os familiares, não é a economia que irá salvar-nos da situação deplorável em que se encontra nosso país, pois o governo pode falhar (e como tem falhado!), a medicina pode falhar, o desemprego pode vir, os feitos pessoais podem ser esquecidos, os familiares podem nos abandonar, a economia pode não alavancar, mas nosso Deus é infalível e permanece para sempre. A salvação foi nos dada por suas mãos em Jesus Cristo. Nossa esperança está em Deus, porque o conhecemos e sabemos quem ele é.
3. Não nos apeguemos a uma falsa esperança, mas confiemos em Deus.
3. Não nos apeguemos a uma falsa esperança, mas confiemos em Deus.
Nas palavras de Matthew Henry: "Quando a nossa alma espera em Deus, quando entregamos os nossos assuntos à sua vontade e sabedoria, e a nós mesmos aos caminhos da sua providência, e pacientemente esperamos os acontecimentos com plena satisfação em sua bondade, podemos dizer que estamos no caminho do dever e consolo."
4. A oração é o meio de graça para conforto e alegria.
4. A oração é o meio de graça para conforto e alegria.
Os salmos se apresentam a nós como belas orações, feitas por homens comuns como eu e você que experimentaram momentos de tristeza, de abandono, de angústia, também de alegria, contentamento e consolo. Somos encorajados pela Escritura a orar o tempo todo. O próprio Senhor Jesus, quando veio a este mundo, orou ao pai por diversas vezes e não só nos ensinou, mas também nos encorajou a orar (Mt 7.7-12). Devemos dar atenção especial a essas palavras, pois tendo o dever de orar, oramos realmente? Nossa alma, assim como Davi, busca deleite na oração? De fato, viver em uma cidade como São Paulo, ter uma rotina apressada, pode nos desviar do caminho da oração. Contudo, maior contentamento encontraremos, e grande consolo para nossa alma em dias tristes, quando derramarmos perante Deus o nosso coração.
III. DEVEMOS CONFIAR EM DEUS PORQUE A ELE PERTENCEM O PODER E A GRAÇA (vs.9-12)
III. DEVEMOS CONFIAR EM DEUS PORQUE A ELE PERTENCEM O PODER E A GRAÇA (vs.9-12)
A. Davi só expõe o motivo nos versículos finais (vs.11-12): "Uma vez falou Deus, duas vezes ouvi isto: Que o poder pertence a Deus, e a ti, Senhor, pertence a graça, pois a cada um retribuis segundo as suas obras" (ênfase minha).
B. Contraste entre os homens e Deus;
C. Vaidade - sopro
D. Falsidade - mentira
E. Riquezas ganhas de forma ilícita
F. Recurso literário - Uma vez Deus falou, duas ouvi - obediência;
G. Poder. No Antigo Testamento, comumente, Deus é retratado como o Todo-Poderoso (El-Shaddai). Todo poder no céu e na terra pertence a ele. Dele também emana todo o poder. O salmista traz essa ideia, ao dizer que o poder pertence a Deus e não ao homem. Deus é poderoso para salvar, poderoso para julgar e livrá-lo em toda a situação. Por seu poder, Deus derrotou a morte, fazendo seu Filho ressuscitar dos mortos e o fazendo triunfar sobre o pecado.
H. Graça. A palavra "graça" denota não apenas a misericórdia, mas o amor leal de Deus, característica não identificada nos homens vaidosos. Na perspectiva de Van Groningen, "a ideia é a de conceder amor sobre aqueles que não o merecem. Pecadores receberam graça. O amor de Deus Javé não é meritório". "Davi e os outros salmistas estavam plenamente cientes de Deus Javé revelar sua atitude graciosa a pecadores que não mereciam". Esse amor também é retratado em outras passagens no A.T. e fala do amor pactual de Deus para com seu povo. Assim, a confiança do povo deveria residir no Deus que é fiel a sua aliança, e derrama graça sobre os pecadores. A maior expressão dessa graça foi revelada na pessoa de Jesus Cristo e na obra que realizou na cruz do Calvário, ao morrer pelos seus eleitos.
I. Justiça. O salmista finaliza apontando a perfeição do Deus da aliança, o Salvador, que retribui a cada um conforme seus atos, em contraste com os homens maus. Podemos confiar certamente nele, pois toda a maldade terá seu fim, pois a justiça de Deus se manifestou em seu Filho, que voltará e trará a condenação aos incrédulos e a salvação aos seus eleitos.
Aplicações:
Aplicações:
5. Esse verso faz referência a uma doutrina muito cara para os cristãos reformados, a doutrina da Depravação Total do homem.
5. Esse verso faz referência a uma doutrina muito cara para os cristãos reformados, a doutrina da Depravação Total do homem.
No ano em que celebramos os 400 anos do Sínodo de Dort, o qual, de forma sistemática e profunda, refutou falsos ensinamentos dos seguidores de Jacó Armínio, ao elaborar os conhecidos cinco pontos do Calvinismo, os quais dão sustentação a nossa doutrina, é de suma importância pensarmos no valor dessa doutrina à luz deste salmo. Quando nos referimos à depravação total do homem queremos dizer que ele é incapaz de fazer o bem por si mesmo, ou de declarar a sua confiança em Deus, por ser escravizado pelo pecado. Isto significa que o homem é "viciado em pecado". Como diz Joel Beeke, "não há nenhum pensamento, nenhuma palavra, nenhum ato, nenhuma área da vida humana que não seja afetada pelo pecado".[1]"A depravação total está ativa em nós. Ela não significa apenas ausência de retidão, mas também a presença de corrupção." Por isso o homem é capaz de fazer todas as maldades que faz. "Nos horrores do Holocausto, na monstruosidade do terrorismo e nas terríveis manchetes de nossos jornais, vemos do que a nossa natureza humana, corrupta e ativa, é capaz". O homem precisa da graça de Deus para transformar sua vida.
6. O lugar das riquezas em nosso coração.
6. O lugar das riquezas em nosso coração.
O Senhor Jesus, no sermão do monte, exorta-nos a não acumularmos "tesouros sobre a terra" "porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6.19-21). Na época em que os piores escândalos de corrupção da história recente vieram à tona no Brasil, faz-se tão necessária essa exortação! Quantos não foram os eleitores que confiaram de bom grado em políticos que prometeram zelar pelo povo, serem honestos e trabalhadores, e foram enganados ao ver o nome dos seus candidatos eleitos na "ficha suja", em processo de julgamento ou mesmo na cadeia? Quantos não ficaram tristes e decepcionados com isso, sentindo-se enganados por homens perversos e gananciosos? Contudo, o coração do homem é tão corrupto, que mesmo o que se diz honesto está sujeito a essa corrupção.
As riquezas são dádivas divinas, não dadas a todos, mas a alguns. Se Deus tem lhe dado esse privilégio, atente-se para que não seja imbuído pela ganância, ao declarar sua confiança nas riquezas. Como diz Timóteo, "exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida" (1Tm 6.17-19). E o mesmo vale para aqueles que lutam diariamente pelo pão de cada dia. A ambição e ganância não são apenas para os ricos, mas também para os pobres. Não faça das riquezas o maior desejo de seu coração, a ponto de declarar sua confiança nelas. Deus é aquele que provê as nossas necessidades e que cuida de nós. Se temos o que comer e com o que nos vestir, estejamos contentes (1Tm 6.8).
[1]BEEKE. Joel R. Vivendo para a Glória de Deus. São José dos Campos: Editora Fiel, 2010. p.73.
Conclusão
Conclusão
A Bíblia está recheada de motivos pelos quais devemos declarar nossa confiança em Deus.
A Bíblia está recheada de motivos pelos quais devemos declarar nossa confiança em Deus.
Mesmo em face da dúvida e das adversidades o cristão encontra consolo e encorajamento nas Escrituras para prosseguir em sua caminhada. O salmo 62, de forma bela, constituído de figuras e recursos literários peculiares da poesia hebraica, ensina-nos que a declaração de nossa fé deve ser exclusivamente direcionada a Deus, pois o conhecemos bem, sabemos que dele vem a salvação e a verdadeira esperança, assim como a ele pertencem o poder e a graça. Podemos confiar no Deus da Aliança pois sua mão tem poderosamente nos conduzido e nos fortalecido.
Diferentemente do que propõe a música de Renato Russo, quando diz "se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança", a confiança de um cristão nunca repousa sobre si mesmo, pois sabe bem que ele, como homem, não passa de vaidade e não pode fazer nada por si se Deus no que diz respeito a sua salvação. Nossa declaração de fé e confiança está em Jesus Cristo e suas promessas. Conforme diz o comentário da Bíblia de Estudo Herança Reformada:
Essa fé se expressa somente no Senhor. Primeiro, ela leva a pessoa a derramar seu coração diante de Deus em oração. Segundo, ela faz a pessoa avaliar corretamente as pessoas e as suas riquezas. Terceiro, ela cria um coração aberto e ansioso por ouvir a Palavra de Deus. Essa pessoa pode dizer verdadeiramente que sua alma espera somente em Deus para a sua salvação. Isso é verdade sobre você? Que evidências disso são encontradas em sua vida?[1]
Que o Senhor nos ajude a confiar nele em todo tempo e a declarar essa fé como testemunho de sua misericórdia.
Soli Deo Gloria
[1]BEEKE. Joel (org.). Bíblia de Estudo Herança Reformada. São Paulo: Cultura Cristã, 2017. p. 784.