A IGREJA E AS DUAS ERAS (2)
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INTRODUÇÃO
Segundo Benjamin L. Gladd a história bíblica é dividida em duas eras distintas: a era da promessa, na qual Deus promete consertar todas as coisas estabelecendo seu reino e governando por meio de seu Messias, e a era do cumprimento, que é a era em que as promessas de Deus estão sendo cumpridas, na qual os cristãos estão vivendo agora, e que continuará para sempre.
Os profetas do Antigo Testamento falaram sobre a era do cumprimento como os “últimos dias”. Enquanto esperavam que esses últimos dias viessem com o Messias no final de muita tribulação e sofrimento, os autores do Novo Testamento nos dizem que esses dias se entremearam na história antes da volta de Jesus Cristo.
Agora, vivemos na superposição dessas eras, no "ainda não" - a era do cumprimento, os últimos dias, tendo "agora já” com o reino de Deus por meio de Jesus Cristo, e a era da promessa, acompanhada de sofrimento e tribulação, ainda permanecendo até a segunda vinda de Jesus Cristo.
UMA NOVA CRIAÇÃO DENTRO DA VELHA CRIAÇÃO
O que é importante reconhecer é que a era da criação e da nova criação atualmente se sobrepõem.
Ambas as criações tem seus dirigente representativo, a saber, Adão e Cristo. Esses dois indivíduos, surgem dentro da estrutura pactual da Bíblia, e, representam tipologicamente:
Adão: a “velha criação” e o “velho homem”;
Cristo: a “nova criação” e o “novo homem”.
O velho homem, trouxe condenação e morte sobre toda a estrutura da velha criação;
O novo homem trouxe justificação e vida Rm. 5.12-19
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte,assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei. Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir. Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo,foram abundantes sobre muitos. O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação. Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Je…”
O velho homem é animado pelo poder do mundo, da carne e do diabo Ef. 2.1-3
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”
O novo homem é vivificado pelo Espírito 2Co. 4.16
“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.”
No entanto, ambas as criações têm suas próprias autoridades institucionais.
A velha criação tem o casamento, a família e o Estado.
A nova criação tem a igreja e os oficiais ordenados.
As instituições de ambas as criações usam meios que a Bíblia autorizam para exercer seus mandatos: por exemplo, o Estado usa o poder da espada, enquanto a igreja usa a palavra e o poder das chaves do reino.
DUAS CABEÇAS, PODERES E AUTORIDADES
Ambas as criações possuem uma cabeça representativa: dois indivíduos que emergem da estrutura de aliança da Bíblia e que correspondem tipoticamente ao "velho" e ao "novo homem" de Paulo, ou seja, Adão e Cristo.
Um traz condenação e morte; a outra traz justificação e vida Rom. 5:12-19.
Ambas as criações são animadas por diferentes poderes:
Uma é animado pelo Espírito;
A outra pelo mundo, a carne e o diabo Ef. 2:1-3.
E ambas possuem suas próprias autoridades institucionais:
A velha criação possui o casamento, a família e o Estado.
A nova criação possui a igreja e oficiais ordenados.
As instituições de ambas as criações dependem de meios biblicamente autorizados para cumprir seus respectivos mandatos: o Estado, por exemplo, conta com os poderes coercitivos da espada e seu aparato, enquanto a igreja conta com a Palavra e as chaves do reino.
DUAS CRIAÇÕES SIMULTÂNEAS — PECAMINOSA E JUSTIFICADA
O que é importante reconhecer, então, é que A NOVA CRIAÇÃO está sendo criada em cima da antiga criação para que sejam simultâneas.
A nova criação apresenta um quadro de toda a pessoa (mente e corpo) vivendo dentro das estruturas institucionais legítimas, mas caídas da criação (família, estado, e assim por diante);
e simultaneamente uma imagem de toda a pessoa, uma vez regenerada, vivendo pelo poder do Espírito dentro das estruturas institucionais da nova criação (igreja, anciãos ordenados).
Na verdade, é porque essas duas criações se movem simultaneamente no presente que a luta cristã entre o "velho" e o "novo" é tão bem capturada pelo apostolo Paulo - Gl. 5. 16-18
“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.”
Os cristãos são capazes de agir tanto de acordo com a carne quanto de acordo com o Espírito.
Ou seja, as atividades da carne e do Espírito informarão em que criação o crente está operando.
Por essa razão, as igrejas ainda cometem erros pecaminosos, enquanto os membros cristãos dos governos serão capazes de tomar decisões informadas do Espírito sobre o curso da justiça e da justiça. E vice-versa.
A VIDA NO ESPÍRITO VS. A VIDA NA CARNE
A doutrina da velha criação e da nova criação, não começa com um contraste de dois governos e a divisão da vida de uma pessoa entre diferentes domínios (espiritual/secular; interior/externo).
Começa com um contraste entre dois aspectos da nova criação, que efetivamente divide dois tipos de vida exatamente onde a Bíblia as divide - a vida na carne versus a vida no Espírito.
A chave dessa divisão antropológica, então, não está entre a pessoa interior e externa inseparável, mas entre o "velho homem" e o "novo homem".
E o termo a ser contrastado com secular não é sagrado ou espiritual, mas eterno. A velha criação com suas isntituições está passando; e a nova está indo para consumação.
A linha existencial entre as duas criações, na verdade, é a morte. Tudo na velha criação, que está fora da nova criação, ainda está sob a maldição da Queda.
INSTITUIÇÕES DE CADA ERA SERVEM UMA A OUTRA
A atual simultaneidade das duas criações significa que Deus muitas vezes emprega as instituições de uma criação para servir as instituições da outra, seja de forma direta ou tipológica.
O Estado existe para fornecer uma plataforma para o trabalho de redenção da Igreja, enquanto a justiça e a retidão da igreja servem como testemunha profética para o Estado.
O amor e a fidelidade de um marido e mulher cristãos servem como um símbolo do amor de Cristo pela igreja, enquanto os oficiais de uma igreja devem apresentar um exemplo de instrução paciente para os pais.
De forma mais ampla, podemos dizer que os novos membros do pacto ainda pertencem à velha criação. Assim, devem submeter-se às instituições da velha criação, e devem empregar, quando a ocasião permitir, os mecanismos institucionais divinamente autorizados desta era atual, como a espada ou a criação de filhos para os fins especificamente dados a essas instituições.
INSTITUIÇÕES DA VELHA CRIAÇÃO IRÁ PASSAR
Ao mesmo tempo, os novos membros do pacto preveem que, após a consumação dessa presente era chegará ao final, as instituições da velha criação passarão, ou pelo menos mudarão radicalmente de forma. O casamento, diz Jesus, não continuará além da ressurreição enquanto a sombra dá lugar à substância (22:30). E, presumivelmente, algum tipo de governança continuará na era final, pois os santos compartilham o domínio de Cristo, mas a regra da arrecadação de impostos e julgamento que impõe os governos de Gênesis 9:5-6 e Romanos 13 chegará ao fim, ou pelo menos será transformada além da imaginação (ver Mt. 17:24-27
“Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam o imposto das duas dracmas e perguntaram: Não paga o vosso Mestre as duas dracmas? Sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo, estão isentos os filhos. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti.”
CONCLUSÃO
Finalmente, podemos dizer que a igreja possui autoridade não sobre "religião" ou "pessoa interior/privada", mas sobre o "novo homem" como ele pode ser discernido em todo o homem. Por outro lado, as isntituições da velha criação, tipo o Esta ou a família, possui autoridade não sobre "política" ou "a pessoa externa/pública", mas sobre o "velho", novamente, como ele pode ser discernido em todo o homem.
Por Os governos deste mundo, entretanto, são empurrados para um papel periférico, autorizados a manter a paz, proferindo julgamento contra transgressores. César deve ser homenageado, não porque ele possa alcançar a salvação, mas porque ele usa a espada do julgamento para servir os propósitos maiores de Deus de fornecer um espaço para o evangelho ir adiante.
Por isso, a IGREJA, COMO NOVA CRIAÇÃO, deve ser conhecida pelo caráter das pessoas que a constituem, e se falta esse caráter , a velha criação conclui corretamente que o Deus que nós adoramos é na verdade um falso deus.