A Nova Vida em Cristo - Parte 2

Introdução

Por que devo eu estar na igreja? Por que, em pleno século 21, em um mundo pós-pandêmico, devo continuar frequentando uma igreja?

A igreja ainda tem relevância para a minha vida? Para ter uma nova vida em Jesus Cristo, eu preciso da igreja?

Se eu devo estar na igreja? Como devo me relacionar com as pessoas? Posso mostrar zelo por Deus sem vivenciar esse meio?

Um artigo publicado pela revista destaca que o enfraquecimento da religião, um fenômeno comum na Europa desenvolvida, se reflete no fechamento literal de igrejas. Um levantamento feito pelo jornal Telegraph mostrou que mais de 400 igrejas fecharam em 10 anos na Inglaterra. Em trinta anos foram 970. Além dos fiéis que encolhem e não se renovam, o fenômeno também é produto do despovoamento das pequenas cidades, com menos oportunidades e atrativos para os mais jovens.

Os crentes da galácia estavam meio abalados com Paulo, devido ao seu zelo e admoestação com relação ao seu entendimento do Evangelho. Paulo prezava tanto por aqueles irmãos, que não encontrou outra forma de chamar a atenção deles, senão sendo duro e firme quanto ao que estavam crendo e a forma como estavam vivendo.

Paulo abordou sobre a nova vida em Cristo nos primeiros 11 versículos desse texto, afirmando a identidade de filhos, herdeiros e livres que os gálatas estavam abandonando ao abraçarem um legalismo judaizante;

Nos próximos versiculos (12-20) Paulo afirma que a nova vida consiste em:

II. A nova vida consiste em relacionamento vívido e sincero uns com os outros (vs. 12-16)

A imitação de Cristo - imitando o modelo apostólico:

A nova vida transborda para a vida na família de Deus. Os falsos ensinos não estavam apenas trazendo confusão no que diz respeito a vida e a moralidade dos gálatas, mas estava trazendo consequências para vida em comunhão.

Paulo faz então um apelo para que os gálatas se lembrassem da sua história, do seu primeiro amor e seguissem o exemplo do apóstolo - At. 14

Relacionamentos firmados no evangelho - Paulo plantou a igreja da Galácia quando vivia um período de enfermidade (v. 13);

Não se sabe que enfermidade era essa, alguns afirmam que Paulo estava com problemas na visão, no entanto, o que destaca Lucas é que essa enfermidade foi o motivo pelo qual Paulo foi pregar o evangelho;

Há duas possibilidades aqui da tradução da palavra “por causa”: 1. em meio ou 2. por causa dessa enfermidade, Paulo resolveu passar na Galácia a fim de buscar tratamento, no entanto, aproveitou a oportunidade para pregar o evangelho.

Relacionamentos que produzem acolhimento e hospitalidade - Paulo foi cuidado por seus jovens cristãos e irmãos em um momento de necessidade de Paulo, suportando com paciência os sofrimentos dos apóstolos (v.14);

Talvez por se tratar de uma enfermidade externa, o costume dos moradores, sejam gentios ou judeus, era tratar com desprezo, as vezes até cupindo a face do moribundo;

Mas não foi assim que Paulo foi tratado. Além de receberem a sua mensagem com apreço, os gálatas estavam cuidando de Paulo, recebendo-o como um anjo de Deus, como o próprio Jesus Cristo, mesmo que fosse de uma cultura completamente diferente, de uma religião diferente, o evangelho uniu a vida dos gálatas e Paulo.

Relacionamentos que produzem genuína alegria e felicidade - Paulo mostra sua surpresa ao ver o quanto os falsos ensinos impactaram o relacionamento dos gálatas com ele, especialmente a forma como enxergavam a Paulo. A verdadeira felicidade trazida pelo evangelho foi mudada por um legalismo vazio de significado (v.15).

Tirar os próprios olhos - uma figura de linguagem que se refere a um grande sacrifício, enfatizando o amor e amizade que esses irmãos tinham com o apóstolo;

Na grécia antiga, a maior prova que você poderia dar a um amigo era sacrificando algo de si mesmo, renunciando algo de si mesmo;

Relacionamentos sustentados pela verdade em amor - Os gálatas não estavam suportando os ensinos de Paulo, pois confrontava sua idolatria e os ensinos vãos que estavam seguindo. Isso fez com que os gálatas enxergassem a Paulo como um inimigo deles (v.16)

Ilustração: É como aquele amigo que fica com raiva de você por lhe falar algo que está errado e passa a tratá-lo como se você não quisesse o seu bem, ou o amasse de fato;

Paulo demonstrava verdadeiro amor pelos seus irmãos falando-lhes a verdade, apelando para que eles deixassem o erro e voltassem a viver como ele vivia, como Cristo quer que vivamos;

Aplicação 3: Não é possível viver uma nova vida em Cristo longe de sua igreja.

Aplicação 4: A vida cristã não é baseada na autonomia mas no exemplo apostólico.

Aplicação 5: Somos exemplo uns para os outros sobre como glorificar a Deus ou não.

Aplicação 6: Dizer a verdade em amor é a maior prova de amizade que você pode dar ao seu amigo.

Como afirma T. K. : “As pessoas tem de olhar dentro do nosso coração e vida, avaliar como lidamos com os problemas, com as decepções e interrupções, como conduzimos nossos relacionamentos, como nos sentimos e agimos, de modo a conseguir ver se Cristo é real e de que maneira o evangelho afeta o dia a dia de uma vida humana.”

III. A nova vida consiste no zelo sincero por Deus (vs. 17-20)

O falso zelo, a falsa piedade (v.17):

Falso zelo dos falsos mestres - uma piedade aparente, marcada pela guarda de uma tradição que já não tinha significado algum depois da vinda de Jesus Cristo (v.17);

Eles queriam afastar Paulo da vida daquela igreja, fazendo isso eles estavam afastando os gálatas do verdadeiro Evangelho;

Zelo sem sinceridade - a motivação dos falsos mestres eram eles mesmos. Queriam impressionar as pessoas pois dependiam delas para sobreviver. Eram lisonjeiros;

Os falsos mestres dependem do engano e bajulação para manterem a sua estrutura corrupta e perniciosa;

A grande estratégia de ditadores, falsos religiosos, falsos profetas é enganar as pessoas para que mantenham seu status e sua influência - a história mostrou isso bem claro com Adolf Hitler, João de Deus, com os pretensos “apóstolos” de igrejas que se constituem mais como império dos nossos dias;

O verdadeiro zelo, a verdadeira piedade (v.18-20):

Um zelo sincero e não aparente era o que Paulo demonstrava para com os gálatas, quando estava perto deles, na ocasião em que pregou o evangelho a eles, e também quanto está longe, se comunicando com eles por meio dessa carta (v.18);

Era um costume romano tratar um mestre como a um pai, no entanto Paulo destaca aqui o afeto e sentimento que tinha para com esses seus filhos. (v.19-20);

Sofrendo para que Cristo seja formado nos outros - uma referencia a uma mulher que sofre para dar a luz ao seu filho. As dores de parto eram consideradas as dores humanas mais severas. Essa imagem exprime amor e sacrifício de Paulo pelos gálatas, assim como pela apostasia deles

Gentileza e amor paternal - preocupação real e sincera com o outro, mesmo quando Paulo estava consternado pelo modo como os gálatas estavam vivendo.

Aplicação 7: A verdadeira piedade consiste em um relacionamento sincero para com Deus.

Aplicação 8: Tenhamos cuidado com a falsa piedade pregada por líderes cristãos que está mais centralizada no homem do que em Deus.

Aplicação 9: O ministério fundamentado no evangelho é marcado pela sinceridade amorosa, não pela distorção dos fatos, pela preocupação com a imagem ou adulação. (Tim Keller)

“A verdadeira piedade consiste em um sincero sentimento que ama a Deus como Pai, enquanto o teme e o reverencia como Senhor, abraça sua justiça e teme ofendê-lo mais que a morte.” João Calvino

Conclusão

A nova vida em Cristo transborda para uma vida de relacionamento verdadeiro e sincero com os outros, especialmente com aqueles que também foram alcançados pelo mesmo amor que nós e vivem conjuntamente conosco essa nova vida, ou seja, a igreja.

A igreja continua e será sempre importante para a vida do cristão. É aqui que realmente aprendemos a nos relacionar com os outros, tendo por base não a pretensa autonomia buscada pela nossa geração, mas pela verdadeira imitação apostólica. De certo modo, vivemos como os crentes no passado, imitando o que Cristo disse e fez, assim como fez os apóstolos. Sejamos assim, imitadores de Cristo e exemplos de piedade e amor uns para com os outros, mesmo que ainda lidemos com defeitos e pecados uns dos outros. E por que Deus faz assim? Thomaz de Kempis nos dá a resposta:

“Ora, Deus assim o dispôs para que aprendamos a carregar uns o fardo dos outros; porque ninguém há sem defeito; ninguém sem carga; ninguém com força e juízo bastante para si; mas cumpre que uns aos outros nos suportemos, consolemos, auxiliemos, instruamos e aconselhemos.”