Sabedoria de Deus ou do diabo
Notes
Transcript
1. Introdução - Revolução
1. Introdução - Revolução
Revolução da informação. Nos dá impressão de que somos sábios.
Será?
2. Como saber se somos, de fato, sábios?
2. Como saber se somos, de fato, sábios?
O texto em que vamos meditar essa noite está no Livro de Tiago, capítulo 3, verso 13 a 18. Nesse texto o autor se lança especificamente na pergunta de como identificar a verdadeira sabedoria. Aliás, a grande preocupação de Tiago durante todo esse o livro é saber como se manifesta a vida daquele que de fato pertence ao Senhor.
Uma das primeiras passagens do livro é exortar aquele que se acha desprovido de sabedoria a orar para que Deus a conceda.
Mas durante todo o texto, o autor nos leva refletir se de fato nossa é coerente com aquilo que dizemos ser em Cristo e se andamos de acordo com a lei da liberdade que nos é dado por Cristo. PROVÉRBIOS DO NT
É isso que está em pauta, por exemplo, quando Tiago faz a forte e perturbadora afirmação de que a fé sem obras é morta. Perturbadora para todo aquele que encontrou conforto no evangelho da graça. Entretanto, tudo o que Tiago estava ensinando ali é aquilo com o que o apóstolo Paulo afirmou quando disse que fomos salvos pela graça, para as boas obras. Ou seja, que o fruto da salvação pela graça são boas obras. Ou também Cristo, que propôs uma pequena parábola para dizer que aquilo que somos por dentro se revela através daquilo que fazemos. Uma fé que não tem boas obras é uma simulação de fé. Tem boca, mas não fala, ouvidos, mas não ouve.
Então, Tiago, em toda sua pequena carta, nos faz refletir sobre como deve ser a vida cristã genuína e aqui ele faz isso no tema da sabedoria.
TEXTO
2. Como o diabo gosta
2. Como o diabo gosta
A palavra nos fala aqui de dois tipos de sabedoria, descrevendo o que ela é e o que ela gera.
Nós vamos começar por aquela que autor denomina de sabedoria terrena.
a) Terrena
a) Terrena
Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. V. 15
Tiago diz que existe uma sabedoria que é animal, ele quer dizer apenas que não é espiritual. Em outra tradução, essa palavra é traduzida por sabedoria sensual.Seria essa uma sabedoria que se insinua sexualmente a alguém. Não é esse o ponto.
A questão é que essa sabedoria é aquela que se constrói a partir dos nossos sentidos.
Ela não é construída sobre os pilares das verdades eternas de Deus e não leva em consideração a realidade espiritual do seu controle sobre todas as coisas, da redenção do mundo em Cristo e da adoção pelo Pai daquele que crê em Jesus.
Ela é uma sabedoria comum. Uma sabedoria terrena. Você observa a vida, vê como as coisas parecem funcionar e tentar lidar com isso. É uma sabedoria dos sentidos, daquilo que se vê e daquilo que se ouve.
Talvez fosse aquela sabedoria em relação a qual a gente tenha algum respeito. Ainda que não a respeitássemos, não iríamos, em geral, considerá-la muito perigosa.
Entretanto, o autor nos diz que essa sabedoria tem uma origem. Ela é do diabo.
Várias vezes deixamos esse adjetivo “do diabo” para coisas mais vistosas: um despacho em uma encruzilhada, uma banda de rock que queima a Bíblia, uma novela que nos ensine a torcer pela separação de um casal.
Não que essas coisas não sejam diabólicas – provavelmente o são. Mas aqui ele chama atenção para o fato de que algo muito mais sutil tem origem no diabo. A sabedoria terrena, construída com base na observação desse mundo apenas e não nas verdades eternas de Deus. Ela é diabólica na medida em que nos leva viver um ateísmo prático. Essa é a intenção de satanás desde o início: nos fazer ignorar a palavra de Deus e andar de acordo apenas com o que nos parece melhor.
Quando vivemos de acordo com esse tipo de sabedoria, estamos do jeito que o diabo gosta. Isso mesmo. Não precisamos necessariamente estar nos drogando, em um local de devassidão sexual para estarmos do jeito que o diabo gosta. Basta andar de acordo com os ditames de uma sabedoria que não leva em consideração as verdades espirituais.
b) Características e frutos
b) Características e frutos
Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. v. a16
Mas como saber se eu estou sendo conduzido por esse tipo de sabedoria?
Essa sabedoria é caracterizada por amargura e divisão.
O livro de Eclesiastes nos diz que quem aumenta em conhecimento aumenta em tristezas. Quando todo nosso conhecimento é interpretado sem levar em consideração as verdades eternas de Deus, isso é verdade.
Quanto mais se conhece, mais se percebe o quanto somos frágeis, o quanto as pessoas ao nosso redor são perigosas e o quanto muito do que elas tem e mostram foi obtido de maneira fraudulenta ou desonesta. Com o tempo, começamos a ficar cínicos. Nada nos agrada, nada nos impressiona.
É possível que comecemos a nos achar melhor que os outros. Seja como for, existe uma permanente amargura em nosso coração. Esse é um sentimento gerado pela sabedoria terrena e sensual.
Quem é controlado por esse tipo de percepção do mundo traz divisão para onde vai. A sabedoria terrena nos diz para estarmos sempre de olho no padre e na missa. Sempre desconfiados. Quem carrega isso no coração, tenderá a criar divisões onde quer que chegue. É alguém faccioso.
As características de um coração que abriga esse tipo de sabedoria é a amargura e divisão – o sentimento de que as pessoas devem ser evitadas e que, por isso, quanto mais divisões houver, melhor.
O fruto dela é completa confusão e todo o tipo de obra perversa.
Você percebe esse tipo de atitude em si mesmo? Se sim, é possível que você esteja como o diabo gosta.
3. Sabedoria do alto
3. Sabedoria do alto
a) Vem de Deus
A sabedoria, porém, lá do alto é v.17a
A outra espécie de sabedoria, por outro lado, vem do alto. Mas como assim, vem do alto?
O próprio Tiago no diz, no capítulo 1.17 que todo o dom perfeito vem de Deus, logo depois de chamar seus leitores a pedir por sabedoria.
Então essa sabedoria, ao contrário da terrena, é recebida da parte de Deus e não desenvolvida pelo homem. Ela não é sensual. Ou seja, não é aquela que se baseia naquilo que homem percebe com seus sentidos.
Ela olha para o que não se vê e se firma naquilo que se espera. O segundo tipo de sabedoria é aquela que olha para a palavra do Senhor e nela se firma.
Ela vem de Deus de duas maneiras, uma vez que se baseia na palavra de Deus, que é um presente da parte dEle para pecadores como nós e existe no coração que nela confia pela fé, que também é um dom de Deus.
Ela parte de um princípio de vida completamente diferente e muda completamente os caminhos de quem a possui. Ela não é diabólica, justamente por que parte não da desconfiança em Deus, mas no oposto disso, que é a fé plena na palavra revelada por Ele.
b) Características
primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. V17b
Pacífica
Essa sabedoria, diferentemente da anterior, é aquela que, depositando suas esperanças em Cristo, se esforça para gerar paz onde está. Como diz o apóstolo Paulo, o portador dessa paz, se esforça para que, no que depender dele, haja paz entre todos. Por vezes não depende, mas quando depender, o portador dessa sabedoria fará o que estiver em suas mãos para que a paz segundo a verdade de Deus seja estabelecida. O portador dessa sabedoria é o “bem-aventurado pacificador” de que Jesus fala.
Lembre-se... a sabedoria demoníaca gera partidos, a que vem do alto gera reconciliação.
Indulgente
Em outras traduções, a palavra aqui é traduzida por imparcial. A ideia aqui é que a sabedoria que vem do alto não é rápida para fazer julgamento, mas está pronta para dar graça. Ela não apressa para for juízos, mas é “pronta para ouvir, tardia para falar e tardia para se irar”.
Tratável
Em engraçado que a palavra aqui traduzida por tratável vem de uma raiz que significa obedecer. Existem algumas traduções que a traduzem por submissa. A ideia aqui é aquele a sabedoria que vem do alto é a daquele que é fácil de lidar. É sabedoria daquele que se deixa convencer por bons argumentos. É a sabedoria daquele que se esforça para compreender os que estão ao seu redor.
Misericórdia
Não precisa comentar. O sábio perdoa.
4. A sabedoria mansa gera a justiça
4. A sabedoria mansa gera a justiça
Por incrível que pareça, essa sabedoria perdoadora, pacífica, é aquela que gera o ambiente em que a justiça de Deus é cultivada.
Quem busca sabedoria por vezes o faz com o desejo de mudar as coisas, de ser instrumento de justiça. E isso é o que esse texto afirma ser o fim ao qual se chega ao se viver de acordo com a sabedoria do alto, por mais que pareça que ela não levaria nessa direção.
5. Conclusão: quem é você?
5. Conclusão: quem é você?
Tiago começa o texto afirmando que quem acredita ser sábio deve mostrar isso através do seu procedimento.
Ao contrário do que se possa afirmar em uma leitura apressada de Tiago, ele não afirma que a fé precisa de obras, mas que a verdadeira fé produz obras que dela testificam. O próprio autor disse que mostraria sua fé através de suas obras e não que suas obras geravam sua fé.
Da mesma maneira, ele afirma que aquele que possui a sabedoria que vem do alto, a sabedoria que confia na palavra de Deus e não nos próprios olhos e ouvidos, produz seus próprios frutos e pode ser reconhecida por eles.
Esses são os frutos da paz e da mansidão, em resumo.
Por outro lado, a sabedoria demoníaca é amarga, cínica, difícil de lidar e traz consigo a divisão.
A pergunta que eu faço é: o que a sua sabedoria fez de você?Tornou você um pacificador ou alguém amargo, difícil, faccioso. O que dizem suas redes sociais?
Quando você tem que lidar com aquela pessoa com quem suas ideias não se afinam, que sabedoria fica evidente em você?
Você, pai e mãe, quando tem que lidar com os maus hábitos de seu filho, que sabedoria se revela através de suas atitudes?
Se tivessem que perguntar a seus colegas de trabalho, eles diriam que sua sabedoria vem do alto ou do diabo?
Seja sincero nesse juízo. Quando somos confrontados pela palavras, o somos para que possamos conhecer o nosso próprio coração. Temos que entender que nossas atitudes, especialmente aquelas que de quando ninguém está nos assistindo, falam de quem na verdade somos.
É verdade que haverá momentos que teremos que aceitar divisões se quisermos ser fieis à Palavra de Deus. É verdade que por vezes teremos que ser firmes para sermos fieis às responsabilidades colocadas por Deus em nossas mãos.
Tais circunstâncias, no entanto, são como o azorrague nas mãos de Jesus. São o chicote nas mãos do pacificador.
Entretanto, o que suas atitudes cotidianas dizem da sabedoria que te controla?
Meu amado, se você tem se deixado controlar pela sabedoria sensual, o caminho não é tentar produzir os frutos da sabedoria. O caminho é se arrepender daquilo que, no seu coração, ainda confia em seus olhos e não na palavra de Deus. Se arrepender da amargura decorrente de se basear sua vida na dureza da vida e não nas promessas de vida d e Cristo e nos seus mandamentos de amor.