Façam como lhes fiz

Aristarco Pereira Coelho
Vim para servir  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 30 views

Um exemplo a ser seguido e o ensino de Jesus sobre a dignidade do serviço

Notes
Transcript

Começando

Estamos continuando a série de mensagens Vim para servir. Como falei antes, temos três objetivos com essas mensagens:
Investigar a convicção de Jesus sobre sua condição de servo, isto é, a disposição dele para gastar sua vida em prol das necessidades das pessoas a sua volta.
Entender melhor como esse posicionamento de Jesus impactou os primeiros discípulos, marcou o ensino e o testemunho dos cristãos, moldando assim a vida da igreja.
Compreender em que precisamos mudar como igreja para que nossa existência aqui em Paratibe seja marcada pelas convicções de Jesus e pelo testemunho dos primeiros discípulos.
Domingo passado vimos Jesus chamar seus discípulos para uma conversa, a fim de explicar que no Reino de Deus as pessoas mais importantes são aquelas que servem. Ele deixou claro que o poder deve sempre ser usado para servir e atender as necessidades das outras pessoas. Assim aquele que quiser ser o maior deve tornar-se servo dos outros, seguindo o exemplo que ele mesmo deu.
Nesta segunda mensagem vamos examinar outra passagem bíblica bem conhecida, o momento em que Jesus lavou os pés de seus discípulos. Leia o texto que está em João 13.1-17
João 13.1–17 NVI
1 Um pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. 2 Estava sendo servido o jantar, e o Diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, a trair Jesus. 3 Jesus sabia que o Pai havia colocado todas as coisas debaixo do seu poder, e que viera de Deus e estava voltando para Deus; 4 assim, levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura. 5 Depois disso, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura. 6 Chegou-se a Simão Pedro, que lhe disse: “Senhor, vais lavar os meus pés?” 7 Respondeu Jesus: “Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá”. 8 Disse Pedro: “Não; nunca lavarás os meus pés!”. Jesus respondeu: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo”. 9 Respondeu Simão Pedro: “Então, Senhor, não apenas os meus pés, mas também as minhas mãos e a minha cabeça!” 10 Respondeu Jesus: “Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; todo o seu corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas nem todos”. 11 Pois ele sabia quem iria traí-lo, e por isso disse que nem todos estavam limpos. 12 Quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: “Vocês entendem o que lhes fiz? 13 Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. 14 Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. 15 Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. 16 Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou. 17 Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem.

Até o fim

O texto que você leu foi escrito por João. Foi ele quem pediu para Jesus um lugar de destaque entre os outros discípulos. Mas agora ele compreendia não apenas o que Jesus falara sobre serviço, mas também estava convicto de sua própria condição de servo. Ele foi movido pelo Espírito Santo a registrar sua percepção sobre as coisas que Jesus disse e fez, com o propósito de que seus leitores cressem que ele é o filho de Deus e tivessem vida eterna por causa disso.
João afirmou que Jesus viveu intensamente tudo que estava diante dele até que sua missão terminasse (13.1), mesmo sabendo que o dia de voltar para o Pai estava próximo. Em outras palavras, ele não deu por acabado aquilo que ainda estava acontecendo. Ele amou seus discípulos até o fim, foi fiel até o fim, disse a verdade até o fim e foi obediente até o fim.
Há uma lição preciosa aqui. A determinação de perseverar precisa ser aprendida na prática. Quem desiste nas primeiras dificuldades dificilmente colhe os frutos da perseverança. Esse aprendizado é de grande importância porque o caminho do serviço é árduo e cheio de dificuldades. Mas de onde vem a força para perseverar?
João explicou que essa força vinha da convicção de Jesus quanto à missão que ele tinha, de que tudo aquilo era por um momento e de que em breve ele ia se encontrar com o Pai. Ele estava passando por momentos difíceis, sofrendo em si a expectativa da morte pelos pecados da humanidade, mas parar antes do fim não era a demonstração de amor que Deus queria dar através dele. Por isso Jesus foi até às últimas consequências, para que pudesse se apresentar ao Pai como tendo feito tudo aquilo para o que ele havia sido enviado a fazer.
Há discípulos de Jesus que desistem de amar quando as coisas ficam difíceis. Alguns deles já não se lembram mais da missão que receberam de Deus e outros perderam a perspectiva de que em breve irão se encontrar com Deus para falar sobre como suas vidas demonstraram o amor do Pai. Não tenho dúvidas de que precisamos aprender, com Jesus, a enfrentar o desafio de amar até o fim.
Aliás, há algo interessante aqui. Por que João falou tanto de amor ao introduzir uma história cujo foco parece ser o serviço? É simples. Porque serviço e amor não existem separados um do outro. Vejamos como aquele jantar ficou marcado na memória do apóstolo do amor.

O traidor

João lembra (13.2) aos seus leitores que naquele jantar, um pouco antes da Páscoa em que Jesus foi crucificado, Judas já havia decidido trair o Senhor. Ele destaca isso porque era inimaginável a decisão que Jesus tomou de lavar os pés de todos ali, inclusive do traidor; mas foi exatamente isso que ele fez, deixando claro que o serviço não é um prêmio que se dá para pessoas boazinhas, mas um compromisso de amor que se tem com Deus.
Para algumas pessoas servir é algo que se faz para os amigos ou alguma pessoa de quem gostamos, mas Jesus ensinou que servir pode incluir inclusive aqueles que maquinam o mal contra nós. Além disso, servir as pessoas apenas para premiá-las não leva ninguém muito longe, porque logo a gente se vê frustrado, decepcionado e até traído. Por outro lado, quem serve por causa de sua conexão de amor com o Senhor tornar-se resistente às dificuldades da vida e não desiste fácil do compromisso de amar.

Poder

João aproveitou para explicar (13.3) o que ele aprendera de Jesus sobre a relação entre poder e serviço, que no Reino de Deus o poder não é para oprimir, controlar ou exigir subserviência. Ele esclareceu que uma das premissas para Jesus ter lavado os pés dos discípulos foi que ele sabia que todas as coisas estavam debaixo de seu poder por causa da determinação do Pai.
Várias pessoas quando percebem que têm uma condição social, política, econômica ou física privilegiada logo veem nisso a oportunidade de controlar os outros e de exigir que suas vontades sejam obedecidas. João explica que Jesus pensava diferente, para ele tudo que temos e somos deveria ser usado para servir, e não para ser servido.
E quanto a você? Já se sentiu de alguma forma com o destino de uma pessoa em suas mãos? Como você é ao lidar com crianças? Como você fala com idosos e pessoas que precisam de atenção especial? Como você reage quando uma decisão que vai afetar a vida de alguém está em suas mãos? Mesmo que o mundo dos homens diga que você deve usar poder, posição e autoridade para promover a si mesmo, Jesus o convida a usá-los para servir as pessoas.

Iniciativa

O jantar ia acontecer normalmente, sem alterações, se Jesus não tivesse tomado a iniciativa de fazer algo diferente. João lembra que Jesus se levantou (13.4) de onde estava, tirou a roupa de festa e colocou uma roupa de trabalho. Certamente todos ali acompanharam com os olhos os seus movimentos, que eram completamente fora do script, e ninguém estava entendendo o que se passava.
Quando Jesus derramou (13.5) água na bacia usada para lavar os pés, todos na sala devem ter engolido seco e prendido a respiração diante do que ele estava prestes a fazer. Aí Jesus, de bacia e toalha na mão, se voltou para seus discípulos e começou a lavar os pés deles. A iniciativa de Jesus mudou a história daquele jantar e da vida de seus discípulos.
Há um aprendizado importante aqui. Servir tem muito a ver com tomar a iniciativa. Servir é parar de apenas olhar e lamentar diante de uma situação e de fato fazer algo de concreto, seja para aliviar a dor, aquietar a alma, matar a fome ou simplesmente fazer a vida de alguém menos desconfortável, como fez Jesus lavando os pés de seus discípulos.
Se você continuar fazendo tudo do mesmo jeito, nada vai mudar. Não basta apenas saber o que é certo, é preciso fazer o que é certo, mesmo que seja algo inesperado para as pessoas a sua volta.

Resistências

Quando Jesus começou a fazer algo diferente, lavando os pés de seus discípulos, Pedro achou que alguma coisa estava errada e reagiu (13.6,8). Talvez ele pensasse que aquela não era uma tarefa à altura de Jesus. Ele resistiu à ideia de que servir fosse algo honrado e importante. A razão dessa resistência é simples: no mundo dos homens quem serve é inferior a quem é servido. Pedro tinha convicção de que Jesus não era inferior a ele, por isso podia admitir que o mestre lhe lavasse os pés.
Você já perdeu a oportunidade de ajudar alguém porque pensou que aquela tarefa não era para uma pessoa com sua formação, status ou experiência? Quantas vezes você esbarrou nas resistências do mundo dos homens e deixou de lado o ensino do Reino de Deus sobre o serviço? Sem dúvida, no mundo dos homens, servir é coisa de gente pequena e as pessoas realmente importantes são aquelas que mandam; mas no Reino de Deus é diferente, servir é coisa de gente grande, e os que servem é que são importantes.
Jesus deixou claro para Pedro que embora ele estivesse confuso com o que estava acontecendo, servir era inegociável (13.7,8). Ele não deixaria que os escrúpulos de Pedro impedissem o filho de Deus de fazer o que ele veio fazer: servir e dar sua vida em resgate de muitos. Com essa atitude, Jesus afirmou claramente que aqueles que não abraçarem o serviço como um modo de vida, não têm parte com ele e não podem dizer que são seus discípulos.

Terminando

Ao terminar de lavar (13.12) os pés de seus discípulos, Jesus tirou a roupa de serviço, vestiu a roupa de festa e voltou a falar com eles. “Vocês entenderam?” Olhares mudos e expressões de dúvida fizeram jesus continuar: “Eu sou mestre e senhor, vocês me chamam assim e isso é verdade. Ainda assim eu lavei os pés de vocês para que se sentissem mais confortáveis à mesa. Sigam o meu exemplo.”
Aqui há outro aprendizado importante. Algumas pessoas, quando compreendem a importância do serviço para a vida cristã, iniciam campanhas para convencer os outros de que eles devem servir. Isso pode parecer um caminho nobre, mas não é assim que funciona no Reino de Deus. A melhor maneira de ajudar outras pessoas a compreenderem a importância do serviço e servir. Eu dei o exemplo, disse Jesus, eu rompi com os padrões, enfrentei as resistências e entreguei minha vida como uma oferta de serviço ao Pai. Façam o mesmo.
O jantar ainda não tinha terminado e Jesus ainda tinha algo importante para dizer. Ele lembrou (13.17) que saber tudo isso é apenas o começo, não o fim. Seguir a Jesus não termina quando a gente entende a importância do serviço, na verdade esses são os primeiros passos do caminho que nos leva ao estado de felicidade que tanto almejamos. O senso de realização de que necessitamos, a vida plena que Jesus prometeu, só chegam de fato para quem depois de entender o evangelho, vive conforme o ensino de Cristo.
Façam como lhes fiz, disse Jesus. Que o Senhor nos ajude em nossas fraquezas e nos encha do seu poder, para vivermos a vida de Cristo enquanto andamos pelas ruas e casas de nossa cidade.
Related Media
See more
Related Sermons
See more