Ladrões da Alegria (2)

Introdução: A epístola aos filipenses é considerada uma das mais belas cartas de Paulo, onde o apóstolo abre seu coração em gratidão, consideração, amor e afeto para com os irmãos de Filipos.

O tema da carta é a alegria cristã, palavra que aparece na epístola 19 vezes.

(1:4) está a alegria da oração cristã: a alegria de levar os que amamos e os que nos são queridos perante a misericórdia de Deus.

(1.18) A alegria em ver o evangelho sendo proclamado. Há alegria ao pensar que o evangelho é pregado por todo mundo e que um e outro e outro são ganhos pelo amor de Cristo.

Há a alegria da fé (1:25). Se o cristianismo não for capaz de fazer feliz a um homem, não há nada que possa fazê-lo. Há certo tipo de cristianismo que é sempre torturado e agonizante.

Há a alegria de ver unidos os cristãos (2:2).

Há a alegria do sofrimento por Cristo (2:17). No momento de ser martirizado pelo fogo Policarpo orou dizendo: "Dou-te graças, Pai, porque me julgaste digno desta hora".

Há a alegria do encontro com a pessoa amada (2:28).

Há a alegria da hospitalidade cristã (2:29).

Há a alegria do homem em Cristo (3:1)

Há a alegria daquele que ganhou uma alma para Cristo (4:1).

Para o cristão a evangelização não é um dever, é uma alegria.

A palavra xapà (chara), que é traduzida como “alegria” ou “gozo”, apesar de estar relacionada com felicidade, destaca-se por ser um estilo de vida, uma decisão ou uma maneira de pensar ao inves de ser um sentimento sujeito ao bem estar.

De fato é o desejo de Deus que nós tenhamos alegria. Em João 15.11 nós lemos:

João 15.11 (RA)

11 Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo (alegria) esteja em vós, e o vosso gozo (alegria) seja completo.

O Salmos 16.11 diz que nós temos plenitude de “alegria” nele.

Salmo 16.11 (RA)

11 Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente.

Mesmo assim, muitos cristãos falham em viver nesta realidade. e neste privilégio. Muitos vivem em uma nuvem de desespero e disapontamento quando poderiam estar vivendo sobre o sol do alegria. Wiersbe

O QUE PODE ESTAR ROUBANDO NOSSA ALEGRIA?

A resposta para esta pergunta está descrita da carta de Paulo aos filipenses. Paulo escreve esta carta quando estava preso em Roma, por volta de 62 a.d. quando esperava pela resultado de seu julgamento que podia levá-lo à liberdade ou a decaptação. É uma carta de gratidão pelas doações enviadas pelos irmãos de Filipos onde Paulo abra o seu coração de missionário, fala de suas lutas, dificuldades, mas deixa claro que tinha “Alegria”.

O interessante desta carta, é que, humanamente falando, não havia nenhuma clima para que Paulo tivesse tanta alegria. 1) era um prisioneira de Roma; 2) Desejava ir como pregador para Roma (Rm 1.13-16), mas foi como prisioneiro; alguns crentes de Roma se opunham a Paulo e sua pregação (Fl 1.15-17).

No entanto, mesmo com tantas dificuldades e perseguições, Paulo tinha alegria plena. A chave para viver assim está em outra palavra mencionada muitas vezes nesta carta: “Mente”.

Filipenses 2.2 NVI

2 completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude.

Filipenses 4.7 NVI

7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.

Paulo usa a palavra mente 10 vezes, e a palavra pensamento 5 vezes. Em outras palavras, a alegria do cristão provém da maneira como ele pensa - suas atitudes. Não tem a ver com auto-ajuda, palavras positivas, etc. Mas é um livro que expressa a maneira como o Cristão deve pensar, caso ele queira experimentar a “Alegria de Cristo”.

Mas, em primeiro lugar, nós vamos ver hoje coisas que podem roubar nossa alegria.

I - Circunstâncias

As circustâncias da nossa vida muitas vezes são responsáveis por nos afastar da “alegria” de Cristã. Estamos sujeitos a passar todo tipo de dificuldade e muitas vezes deixamos as circustâncias da vida serem mais fortes do que a “alegria” do Espírito.

Que circunstâncias tem tirado a sua alegria?

Doença, uma enfermidade? Violência? Circunstâncias emocionais afetivas? Um acidente, um divórcio, um pai que abandonou, empresa faliu, desempregado, traído pelo cônjuge, namoro acabou, noivado rompido.

Paulo sabia muito bem o que eram circunstâncias difíceis.Ele mesmo relata em 2Co 11.23-28

2Coríntios 11.23–28 NVI

23 São eles servos de Cristo? — estou fora de mim para falar desta forma — eu ainda mais: trabalhei muito mais, fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto à morte repetidas vezes. 24 Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. 25 Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do mar. 26 Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. 27 Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. 28 Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas.

Circunstâncias de Paulo. Perseguido em Damascos, Rejeitado em Jerusalém, enviado para Tarso contra sua vontade, apedrejamento em Lista, preso e açoitado em Filipos, combateu “feras” em Éfeso, aprisionado em Jerusalém, passou por naufrágio, foi picado por uma cobra e aprisionado em Roma.

Jó – perdeu bens – filhos – saúde – companheirismo da esposa – amigos.

Davi – perseguição de Saul. Jeremias – prisão.

Um homem experimentado em sofrimento, dores e circunstâncias difíceis. Contudo ele diz em Fp 1.12 que tudo serviu para o progresso do evangelho.

Filipenses 1.12 RA

12 Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho;

Não havia tempo ruim para Paulo.

Paulo diz em Fp 4.11-13 que precisamos aprender a viver contentes em todas as circunstâncias da nossa vida.

Filipenses 4.11–13 RA

11 Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. 12 Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; 13 tudo posso naquele que me fortalece.

II- A Falta de Perdão (4.2)

Filipenses 4.2 NVI

2 O que eu rogo a Evódia e também a Síntique é que vivam em harmonia no Senhor.

Evódia e Sintíque. Mágoas, feridas, humilhação, surra, abuso sexual, perseguição, injustiça, calúnia.

Qual motivo você tem para não perdoar?

Parábola do credor incompassivo= Mateus 18.21-35.

1 Talento= + ou – 33 kilos (ouro) – Os impostos de um ano naquele pais somavam 800 talentos. 10.000 eram os impostos de 13 anos.

1 denário= 1 dia de trabalho. Para pagar a divida, aquele homem teria que trabalhar 150 mil anos. O conservo devia o equivalente a 3 meses de trabalho.

Doenças causadas pela falta de perdão.

Dissensões na igreja. Rivalidade entre os membros Falta de zelo pelo serviço cristão. Falta de zelo pelo próximo.

III - As coisas terrenas (3.19)

Filipenses 3.19 NVI

19 O destino deles é a perdição, o seu deus é o estômago e eles têm orgulho do que é vergonhoso; só pensam nas coisas terrenas.

O dinheiro.=As posses= Coisas transitórias (política, fama, futebol, entretenimento, viagens, relacionamentos, etc.)

Seu deus é o ventre = viver para comer = corpo = cosméticos

Agimos como se nossa pátria fosse aqui (3.20). Conceito cidadão do céu- Hebreus 11.13-16

Hebreus 11.13–16 RA

13 Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. 14 Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. 15 E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. 16 Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.

Paulo entendia isso= vida ou morte (1.19-26).

IV - Ansiedade (4.6-7)

Filipenses 4.6–7 NVI

6 Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. 7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.

Ansiedade = estrangulamento = Estresse=Preocupação excessiva com sustento. Testemunho pessoal = Gastrite nervosa = Preocupação = Pré-ocupação.

Mateus 6.25-34 Aves do Céu e Lírios do campo.

Mateus 6.25–34 RA

25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? 26 Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? 27 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? 28 E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. 29 Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? 31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? 32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; 33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 34 Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.

CONCLUSÃO:

Será que ainda sabemos que “alegria” não é um adorno secundário eventual no cristianismo para os dias favoráveis, mas conteúdo essencial do ser cristão? Será que os cristãos e as congregações cristãs podem ser reconhecidos por sua alegria radiante em um mundo que precariamente oculta seu profundo medo de viver e sua decepção por trás de seus “divertimentos”? Porventura o brilho da alegria paira sobre todas as reuniões e cultos cristãos? Será que dessa forma o cristianismo atrai as pessoas famintas de alegria? Werner de Boer