Quem é Jesus

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Gabriel Borges Boeira

QUEM É JESUS?

Introdução

O evangelho de Mateus, assim como o de Marcos e Lucas, narra um episódio crucial no relacionamento de Jesus e seus discípulos. Nos apresenta que o Mestre, certa vez, dirigia-se a Cesareia de Filipe, às suas aldeias, quando em determinada parte do caminho, logo após ter orado, lança uma pergunta aos discípulos: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” (Mt 16:13; Mc 8:27 e Lc 9:18).

Sobre a cidade

Originalmente, a cidade de Cesareia de Filipe se chamava Panium ou Paneas, em homenagem ao deus grego Pan. No entanto, Filipe, tetrarca de Galileia, filho de Herodes, o grande, dedicou-a a César e, para diferenciá-la de outra Cesareia, pôs também seu próprio nome.[i]É próximo a esse lugar, onde Pan e César foram exaltados, recebendo literalmente adoração em cultos, usurpando prerrogativas que não eram suas, que o Messias, o único digno de tais glórias, indaga sobre o que se pensava dele e recebe a grande confissão de Pedro. A cena se torna mais impressionante por se passar exatamente num lugar assim.

O porquê da pergunta

Longe de simples curiosidade sobre sua imagem, sua pergunta possuía um caráter pedagógico. Desejava uma compreensão completa de seus discípulos, gravando a sua verdadeira imagem. É justamente isso que a torna tão, ou até mais, interessante quanto sua resposta. Mateus é o único a registrar o nome enigmático e messiânico que Jesus utiliza, “o Filho do Homem” (Mt 16:13). Era essa sua forma predileta de chamar a si mesmo, aparecendo 80 vezes nos evangelhos. Parece uma maneira intrigante de nos antecipar a resposta de Pedro.[ii]

A primeira resposta

Os discípulos lhe responderam alguns nomes, dos quais dois se repetem em todos os evangelhos. O primeiro deles foi João Batista, o que mostra que o raciocínio de Herodes, logo após a decapitação de João, não fora uma loucura (Mt 14:1, 2).[iii] O segundo personagem é Elias, que não viu a morte e, aparentemente, alguns judeus consideravam que Jeremias também não, o que explicaria sua citação especial em Mateus.[iv] Lucas também complementa: “outros dizem que ressurgiu um dos antigos profetas” (Lc 9:19).

Reflexão sobre a resposta

No entanto, ainda que todos fossem profetas, bons homens, escolhidos e usados por Deus, não bastaria ver a Jesus dessa maneira. Se somente o reconhecessem como um mestre que “ensina da parte de Deus” (Jo 3:2) ou como um profeta que ressuscitou, sua morte já não teria sentido, pois não faria diferença alguma, seria simplesmente mais um mártir.[v]Jesus necessitava preparar seus discípulos, não emocionalmente, mas para sua iminente morte; tinham de entender quem Ele era e sua missão.

A mesma resposta hoje em dia

Exatamente dessa forma o Mundo tem tentado definir Jesus Cristo: um bom homem que nos serviu de exemplo; nada além de uma história criada para que as pessoas encontrem conforto; um incrível filosofo; alguém usado por Deus. Porém, nada disso basta, é preciso reconhecer quem Cristo foi realmente. Não é possível um meio termo, ou Jesus foi o maior mentiroso que já existiu, ou é quem dizia ser.

A pergunta para os discípulos e sua resposta

Talvez, perguntando aos que mais próximos estiveram dEle em seu ministério até então, pudesse encontrar sua mensagem com efeito germinada, sobre quem de fato Ele era. Por isso, quando pergunta aos discípulos, espera uma resposta diferente daquela que o Mundo dá, uma confissão tanto de lábios quanto de coração. De igual maneira, a Igreja, a qual reúne os fiéis discípulos, deve responder contrastando ao mundo, como Pedro o fez: “Tu és o Cristo” (Mt 16:16). Essa era não somente a convicção do apóstolo, mas como a de todos os demais.[vi]Cristo é a tradução grega do termo Messias, portanto, a resposta de Pedro foi ousada. Jesus, naturalmente, a aceitou, pois outras vezes deixara claro quem era (Jo 14:9, 16:28). Porém, o evangelho de Mateus, diferente dos demais, complementa a resposta de Pedro com: “o Filho do Deus vivo”. Nossas ações diárias, como cristãos, são também uma forma de confissão e devem ser não somente palavras vazias, mas partir de uma entrega verdadeira do coração.[vii]
Tal ação, resultará em algo. Os discípulos não podiam simplesmente aceita-lo como Messias e, ainda assim, permanecerem parados. Um verdadeira entrega resulta em atitudes, ainda que nem sempre fáceis.

A pergunta permanece

Entretanto, ainda que tanto tempo tenha se passado e que outros a tenham respondido, a pergunta permanece: “Quem é o Filho do Homem?”. Suas ações, palavras e mensagem transformaram o mundo a partir de tão somente doze discípulos, os quais entregaram o resto de suas vidas por Ele. Dividiu a história em antes e depois de si. Sempre falava a verdade, sem para isso abandonar o amor. “Nunca Se mostrava rude, jamais pronunciava uma palavra severa sem necessidade...”.[viii]Muitos lhe seguiram e outros tanto lhe combateram. Multidões tomaram sobre si o peso de mártir, isto é, a morte, pelo Seu nome. Não bastou para eles o definirem como alguém que melhorou suas vidas, estavam dispostos a morrer se os exigissem negar a Jesus.

A mesma resposta esperada hoje

As palavras do Mestre parecem atravessar os séculos e soar aos ouvidos de quem lhas encontra. "E vocês? Insistiu Jesus. Quem acham que eu sou?" (Mat 16:15 SBP). O momento do clímax chega, onde o silêncio precede o acontecimento, até que milhares de Pedros começam a se levantar e, movidos pelo Espírito Santo, declararam: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!
[i] Robert Jamieson, A. R. Fausset, e David Brown, Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible, vol. 2 (Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc., 1997), 47. [ii] Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (ed. Francis D. Nichol; 7 vols.: ACES, 1992). [iii] Robert Jamieson, A. R. Fausset, e David Brown, Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible, vol. 2 (Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc., 1997), 47. [iv] P. P. Levertoff, “Special Introduction”, in A New Commentary on Holy Scripture: Including the Apocrypha, org. Charles Gore, Henry Leighton Goudge, e Alfred [v] Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (ed. Francis D. Nichol; 7 vols.: ACES, 1992). [vi] Texto extraído do livro O Desejado de Todas as Nações, p. 380, 383. [vii] Lenski, R. C. H., The Interpretation of St. Mattherw’s Gospel (Augsburg Fortress, 1998), 619, 620. [viii] Texto extraído do livro Caminho a Cristo, p. 1.
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