Sem título Sermão (16)

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Nova Versão Internacional (5.1 As Bem-aventuranças)
7 Bem-aventuradosos misericordiosos, pois obterão misericórdia.8 Bem-aventuradosos puros de coração,pois verão a Deus.9 Bem-aventuradosos pacificadores,pois serão chamadosfilhos de Deus.10 Bem-aventuradosos perseguidospor causa da justiça,pois deles é o Reino dos céus.11 “Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. 12 Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.
Introdução:
Resumo do contexto fazendo link com a pregação da semana passada, as quatro primeiras bem aventuranças.
Mateus, Volumes 1 e 2 A Quinta Beatitude

Bem-aventurados os misericordiosos, porque misericórdia lhes será demonstrada. Misericórdia é amor demonstrado em favor de quem vive em miséria, e um espírito perdoador para com o pecador. Ela abrange tanto um sentimento de bondade quanto um ato bondoso. Vemo-la exemplificada na parábola do bom samaritano (Lc 10), e especialmente em Cristo, o misericordioso Sumo Sacerdote (Hb 2.17).

Embora seja falta de realismo negar que, pela disposição do amor de Deus, há evidências de compaixão e bondade ao nosso redor, lembradas e esquecidas, mesmo no mundo dos não regenerados (At 28.2), a misericórdia de que fala essa beatitude nasce “da experiência pessoal com a misericórdia de Deus” (Lenski). Como tal, ela é uma virtude peculiarmente cristã, que vale também para as demais características mencionadas nas beatitudes. Todas elas indicam qualidades dos cidadãos do reino do céu. A esse respeito não se deve esquecer que, enquanto os romanos falavam de quatro virtudes cardeais – sabedoria, justiça, temperança e coragem –, a misericórdia não figurava entre elas. E para obter-se um ponto de vista equilibrado da semelhança desta graça no mundo, é justo confrontar At 28.2 com Pv 12.10: “mas o coração dos perversos é cruel”.

É digno de nota que a Escritura repetidas vezes exorta os crentes a demonstrarem misericórdia, movidos por gratidão, para que eles mesmos sejam tratados com misericórdia. Um notável exemplo é a parábola do servo incompassivo (Mt 18.23–25). Ver também Mt 25.31–46; Rm 15.7,25–27; 2Co 1.3,4; Ef 4.32; 5.1; Cl 3.12–14. Essa misericórdia deve ser exercida em favor daqueles que pertencem à “família da fé”, porém não deve limitar-se a eles (Gl 6.10). Na verdade, ela deve ser exercida em prol de “todos os homens”, não excluindo nem mesmo aqueles que odeiam e perseguem os crentes (Mt 5.44–48). Percebe-se imediatamente que, se o que está implícito na quinta beatitude fosse posto em prática com mais zelo e consistência, a pregação do evangelho seria muito mais eficaz! Que bênção para a humanidade isso seria!

“Porque misericórdia lhes será concedida.” Aqueles – e tão somente aqueles! – que exercem misericórdia podem esperar receber do Senhor misericórdia como recompensa, como pode provar-se não só de algumas das passagens mencionadas no parágrafo anterior, como também de 2Sm 22.26; Mt 6.14,15; e Tg 2.13. Quando essa semente de ouro é semeada, efetua-se uma colheita muitíssimo abundante (Mt 7.2; Lc 6.38).

A sexta beatitude

8. Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus. Tem-se afirmado amiúde que os puros de coração são as pessoas sinceras e honestas, os homens que possuem integridade. Um passeio pelo Sl 24.3, 4 parece confirmar isso:

“Quem subirá ao monte de Jeová?

E quem permanecerá em seu santo lugar?

Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro;

Aquele que não apresentou sua alma à falsidade

E não jurou enganosamente”.

A pureza de coração é também enaltecida no Sl 73.1. Semelhantemente, em 1Tm 1.5, puro é sinônimo de sincero. E examinem-se também 2Tm 2.22 e 1Pe 1.22. Tudo isso poderia conduzir-nos facilmente à conclusão de que as pessoas que são designadas como bem-aventuradas na sexta beatitude são, sem nenhuma outra qualidade, os indivíduos sinceros, os homens que pensam, falam e agem sem hipocrisia.

Ora, não pode haver dúvidas sobre o fato de que a sinceridade, a honestidade, a condição de ser isento de dolosidade é certamente a ênfase aqui. Diante de toda duplicidade humana, seja ela farisaica ou de outra espécie, Jesus pronuncia sua bênção sobre as pessoas cuja manifestação exterior está em harmonia com a sua disposição interior.

Não obstante, um estudo do contexto em cada uma das referências precedentes torna claro que é mister acrescentar-se algo. A sinceridade ou integridade não é suficiente em e por si mesma. Um homem pode estar sinceramente certo, como também pode estar sinceramente errado. Sem dúvida que os profetas de Baal eram realmente sinceros quando desde a manhã até ao meio-dia saltavam sobre o altar, retalhando-se com facas e clamando sem cessar: “Ouve-nos, ó Baal!” (1Rs 18.26–28). Porém, eram sinceros na direção errada. Assim também, numa passagem que é citada com frequência na explicação da sexta beatitude (Gn 20.6), o próprio Jeová testifica que Abimeleque, na integridade de seu coração, defraudara Abraão, levando Sara. Não obstante, o Senhor não aprovou o que o rei fizera e o ameaçou de morte caso não devolvesse Sara ao seu legítimo marido (v. 7). De forma semelhante, os “puros de coração” do Sl 73.1 são aqueles que com toda sinceridade são guiados “pelo conselho de Deus” (v. 24). A fé não fingida de 1Tm 1.5 adere à “sã doutrina” (v. 10). E as pessoas a quem Pedro faz referência (1Pe 1.22) são aquelas que purificam suas almas “na obediência à verdade”.

Portanto, é evidente que a bênção da sexta beatitude não é pronunciada indiscriminadamente sobre todos quantos são sinceros, mas, antes, sobre aqueles que, em sua adoração ao Deus verdadeiro, em consonância com a verdade revelada em sua Palavra, se empenham sem hipocrisia para agradá-lo e glorificá-lo. Estes – e somente estes! – são “os puros de coração”. Eles adoram a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.24), e amam meditar e praticar as virtudes mencionadas em 1Co 13; Gl 5.22,23; Ef 4.32; 5.1; Fp 2.1–4; 4.8,9; Cl 3.1–17; etc. Seu coração, a própria fonte principal das disposições tanto quanto dos sentimentos e pensamentos (Mt 15.19; 22.37; Ef 1.18; 3.17; Fp 1.7; I Tm 1.5), é uma só melodia com o coração de Deus.

Daí não ser realmente surpreendente lermos que os puros de coração “verão a Deus”, e que isso constitui a essência de sua bem-aventurança. O homem cujo deleite não repousa verdadeiramente nas coisas pertencentes a Deus não é capaz de apreciar o amor de Deus em Cristo para com os pecadores. A semelhança é o pré-requisito indispensável da comunhão e compreensão pessoal. Para que alguém conheça a Deus é preciso que seja semelhante a ele. Assim como para o caçador desprovido de qualquer conhecimento e apreciação pela música a voz do vento que soa através da floresta nada significava além da possibilidade de a lebre sair de sua toca e tornar-se uma vítima fácil, enquanto para o seu companheiro Mozart o mesmo som profundo significava uma nota majestosa do grande órgão de Deus, assim também, para o impuro, Deus permanece sendo desconhecido, mas para quem é “imitador de Deus como filho amado e anda em amor”, ele se revela a si mesmo.

Ora, a beleza dessa visão de Deus, essa percepção espiritual de seu ser e de seus atributos, e o deleitar-se neles, é que produz transformação (2Co 3.18). Entretanto, aqui na terra é ainda um “ver como em espelho, obscuramente”, porém no céu e no universo renovado, em que as condições do céu serão encontradas também na terra (Ap 21.10), de sorte que “a terra será cheia do conhecimento de Jeová como as águas cobrem o mar” (Is 11.9), essa visão beatífica equivalerá à comunhão sem pecado e ininterrupta das almas de todos os redimidos com Deus em Cristo, um contemplar “face a face” (1Co 13.12).

“Quando em justiça por fim

Teu rosto glorioso puder ver,

Quando toda a noite atroz tiver passado

E me vir acordado ao teu lado,

Para ver a glória permanente,

Então, só então, estarei satisfeito.”

(F. F. Bullard, baseado no Sl 17.15)

Assim se cumprirá a oração de Jesus: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo” (Jo 17.24).

A sétima beatitude

9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. Aqui é pronunciada uma bênção sobre todos aqueles que, tendo recebido para si mesmos a reconciliação com Deus por meio da cruz, agora procuram, por meio de sua mensagem e conduta, ser instrumentos para comunicar este mesmo dom aos outros. Por meio da palavra e do exemplo, esses pacificadores, que amam a Deus, amam uns aos outros e até mesmo aos seus inimigos, também promovem a paz entre os homens.

Num mundo onde a paz foi rompida, essa beatitude revela que o Cristianismo é uma força “relevante”, vital e dinâmica. A igreja é incessantemente caluniada no sentido de que sua influência nessa direção é lamentavelmente insignificante. Se ao empregar a palavra “igreja” a referência é a uma instituição na qual nada prevalece senão uma ortodoxia morta, a acusação pode ser procedente. Por outro lado, se a referência é ao “exército de Cristo”, ou seja, a soma total de todos os genuínos soldados cristãos, homens e mulheres redimidos oriundos de todas as gerações, religiões e raças que pelejam a batalha do Senhor contra o mal em prol da justiça e da verdade, a resposta é, na forma de uma contrapergunta: “Sem a influência desse poderoso exército, as condições do mundo atual não seriam muitíssimo piores? Não é a igreja o próprio salva-vidas no qual o mundo permanece flutuando?” (Gn 18.26,28–32).

Pacificadores genuínos são todos aqueles cujo Líder é o Deus de paz (1Co 14.33; Ef 6.15; 1Ts 5.23), que aspiram viver em paz com todos os homens (Rm 12.18; Hb 12.14), proclamam o evangelho da paz (Ef 6.15) e modelam suas vidas em harmonia com o Príncipe da Paz (Lc 19.10; Jo 13.12–15; cf. Mt 10.8).

Entretanto, o evangelho da paz é, ao mesmo tempo, a pregação do Cristo Crucificado (1Co 1.18). O homem, por natureza, querendo estabelecer sua própria justiça, não se sente inclinado a aceitar este evangelho (1Co 1.23). Por isso, sua proclamação provoca uma guerra em seu coração. Se pela graça de Deus o pecador, finalmente, se entrega e recebe o Príncipe da Paz como seu Salvador e Senhor pessoal, então ele pode enfrentar outra batalha, ou seja, dentro de sua própria família. É por essa razão que Jesus, ao qualificar os pacificadores de bem-aventurados, não caiu em contradição quando disse: “Não penseis que vim trazer paz à terra. Eu não vim trazer paz, e, sim, espada […] os inimigos do homem serão os de sua própria casa” (Mt 10.34–36). Entretanto, essa situação não é em virtude de Cristo, e, sim, do homem. É Deus em Cristo quem prossegue insistindo com o homem para encontrar nele a reconciliação e a paz definitiva (Mt 11.27–30; 2Co 5.20).

Além do mais, esta não é uma paz a qualquer preço. Ela não é produzida comprometendo a verdade sob o disfarce do “amor”(?). Ao contrário disso, ela é uma paz preciosíssima para o coração de todos aqueles que falam a verdade em amor (Ef 4.15).

Aqueles que, pela palavra e pelo exemplo, são promotores dessa paz são também designados como bem-aventurados. O seu título é “filhos de Deus”, uma designação de elevada honra e dignidade, revelando com isso que, por meio de sua promoção da paz, penetraram na própria esfera de atividade de seu próprio Pai. São seus cooperadores. Através de sua atitude confiante e de muitas boas obras, realizadas em decorrência da gratidão e para a glória de Deus, se transformaram em agentes de seu Senhor, e por toda parte estão comprometidos na tarefa de erradicar o mal dos corações humanos, enchendo-os de tudo aquilo que é bom e nobre (Rm 12.21; Fp 4.8, 9). Eles são, por assim dizer, “o corpo de paz” do próprio Deus. Já são filhos de Deus (1Jo 3.1). No dia do juízo sua gloriosa adoção como filhos será publicamente revelada (Rm 8.23; 1Jo 3.2).

A oitava beatitude

10. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Quando a fé dos filhos de Deus se desenvolve a ponto de se manifestar exteriormente, de modo que aqueles que não participam com eles da mesma experiência começam a notar, então o resultado é a perseguição. A perseguição a que Jesus faz referência não emana de causas puramente sociais, raciais, econômicas ou políticas, antes se acha radicada na religião. É uma perseguição distintamente motivada “pela justiça”. Em virtude de os homens referidos desejarem estar em harmonia com Deus e viver em sintonia com a santa vontade de Deus é que sofrem a perseguição e se mantêm firmes sem se importar com o que lhes venha a acontecer. Não há necessidade de mudar a definição do termo “justiça”, aqui é a mesma justiça do v. 6. Os ímpios não podem tolerar os que aos olhos de Deus são considerados “justos”. O seu próprio caráter é um constante protesto contra o caráter de seus opositores. É por essa razão que o “mundo” odeia os filhos de Deus (Mt 10.22; 24.9; Jo 15.19; 1Jo 3.12,13). Esse ódio é que motiva a perseguição de que fala 5.10.

O Senhor assegura que esses perseguidos são bem-aventurados. Lendo constantemente esta beatitude, tendo-a, provavelmente, memorizado desde a infância (em qualquer idioma), já nos acostumamos tanto a ela, que não sentimos mais seu impacto original. A impressão que ela causou nas pessoas que então ouviam a Jesus deve ter sido tremenda, pois era bastante comum entre os judeus que todo sofrimento, inclusive a perseguição (ver Lc 13.1–5), fosse uma indicação do desprazer de Deus e da especial maldade daquele que era assim afligido. Cristo, aqui, reverte esse ponto de vista, mas somente com referência àqueles que suportam perseguição por causa da justiça (v. 10), por causa de Cristo mesmo (“por minha causa”, v. 11) e por causa do reino dos céus (19.12).

Poderíamos acrescentar que a significação desta beatitude não é perdida tampouco por aqueles que hoje, enquanto este comentário está sendo escrito ou lido, estão sendo perseguidos em virtude de sua lealdade a Cristo. Que jamais nos esqueçamos deles em nossas orações e de outras formas pelas quais poderiam ser beneficiados por nós! “Deles é o reino dos céus”, diz Jesus, voltando assim a pronunciar a bênção encontrada no final da primeira beatitude (v. 3). Toda a graça e toda a glória que resplandecem quando Deus em Cristo é reconhecido e é obedecido como Soberano é deles mesmo agora, e será deles numa medida sempre crescente.

11,12. Bem-aventurados sois vós quando alguém, por minha causa, vos insultar e vos perseguir e disser falsamente toda espécie de males contra vós. Regozijai-vos, sim, enchei-vos de alegria incontida, porque a vossa recompensa é grande nos céus, porque da mesma forma eles perseguiram os profetas que viveram antes de vosso tempo. Note-se a mudança da terceira para a segunda pessoa, que começa aqui e prossegue (seja com vós ou com tu) permeando a maior parte do sermão. Não obstante, em substância este é o seguimento da oitava beatitude. Aos que sofrem abusos em virtude de sua fé permanente em Jesus não só são denominados bem-aventurados, mas também é dito que se regozijem, sim, mas não só se regozijem, como também se encham (ou: saltem de) alegria irrefreável (exuberante).

O imperativo que se junta a “regozijai-vos” foi bem traduzido pela AV: “estai excessivamente alegres”; pela Phillips: “estai tremendamente alegres”; e pela Williams: “conservai-vos […] saltando em êxtase”. Esse é o tipo de exultação com que, segundo o discurso de Pedro no Pentecostes, Davi reagiu ante o fato de que Jeová estava continuamente à sua direita (At 2.26); com que o carcereiro convertido e toda a sua casa louvaram a Deus (At 16.34); com que Abraão recebeu a notícia de que iria ver o dia de Cristo (Jo 8.56); com que o próprio Pedro, contemplando a graça e a glória de Jesus Cristo agora invisível, descrevia a seus leitores, que compartilharam com ele dessa contemplação, como aqueles que “se alegram com uma alegria inefável e gloriosa” (1Pe 1.8); e com que a grande multidão celestialmente triunfante responderá um dia à vinda do Esposo para levar consigo a sua esposa: “Alegremo-nos, exultemos, e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou” (Ap 19.7).

A perseguição referida toma várias formas:

a. Opróbrio: acumulando insultos sobre os crentes; por exemplo: “Tu és nascido todo em pecado, e nos ensinas a nós?” (Jo 9.34). Certamente como aqueles que não hesitaram em dirigir-se assim a Jesus: “Porventura não temos razão em dizer que és samaritano e tens demônio?” (Jo 8.48; cf. 15.20).

b. Calúnia: “e disser falsamente toda espécie de males contra vós”. “[…] vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno […]” (Lc 6.22). Com referência àqueles que ficaram profundamente impressionados com as palavras de Jesus e tiveram a coragem de o admitir, os fariseus iriam dizer: “Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita” (Jo 7.49). Semelhantemente, pouco depois, durante as primeiras perseguições da igreja, os cristãos iriam ser qualificados de ateus pela razão de não adorarem um deus visível; de imorais pela razão de serem forçados a reunir-se com frequência em lugares secretos; e de antipatriotas pela razão de confessarem sua lealdade a Cristo como seu Rei e de se recusarem a adorar ao imperador.

c. Perseguição ativa. Ainda que não faça menção disto aqui, ver a exposição de 10.16–36.

Razões por que os que são perseguidos por causa de Cristo são instados a regozijar-se grandemente:

a. Porque essa perseguição indica o genuíno caráter de sua fé: “Porque da mesma forma eles perseguiram os profetas que viveram antes de vosso tempo”. Cf. Lc 21.13; 1Pe 4.13. Justino, o Mártir, em seu Diálogo com Trifon, acusa os judeus de terem serrado Isaías com uma serra de madeira. É possível que haja uma referência a esse respeito em Hb 11.37. Jeremias foi submetido repetidas vezes a maus-tratos (ver Jr 12; 20; 26; 36; 37; 43). Se a tradição merece confiança, por fim ele foi apedrejado até a morte pelo povo que o forçara a descer com ele ao Egito. Ezequias saiu-se um pouco melhor (ver Ez 2.6; 20.49; 33.31,32). A Amós foi dito que fugisse e proclamasse suas profecias em outro lugar (Am 7.10–13). Os labores de Zacarias não foram apreciados segundo o seu real valor (Zc 11.12). Essa rejeição dos profetas pelos judeus era a regra, não a exceção. Isso pode ser deduzido não somente das palavras de Jesus aqui em 5.12, mas também de suas palavras como registradas por Mateus em 23.31, 37; Lc 6.23; 11.49–51; 13.33,34; Jo 12.36–43 (cf. Is 53.1). E não eram profetas também homens tais como Moisés, Samuel, Elias e Eliseu? E foram tratados de forma diferenciada?

b. Porque o caráter cristão é purificado e amadurecido através do sofrimento (Rm 5.3,5; Tg 1.3,4; livro de Jó).

c. Porque a perseguição é seguida de grande recompensa no céu; não um salário grangeado pelos méritos humanos, mas, sim, uma recompensa graciosa. Esta recompensa é proporcional, embora seja muito maior que o sacrifício (Rm 8.18; 2Co 4.17,18).

Quando Jesus pronunciou as palavras dos v. 11,12, ele quis dizer de forma bastante clara que o seu próprio ensino não era uma contradição dos anúncios proféticos, senão que esse ensino estava em plena sintonia com aqueles anúncios. Ele não viera destruí-los ou anulá-los; ele viera dar-lhes cumprimento (5.17).

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