Vós sois a nossa carta

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A autenticação dada pelo Espírito na vida dos convertidos capacita o ministro a dispensar elogios humanos (3:1–3). Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Foco e desenvolvimento no Novo Testamento; Foco no Novo Testamento (São Paulo: Hagnos, 2008), 302.

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Vós sois a nossa carta

2Coríntios 3.1–3 RAStr
1 Começamos, porventura, outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou temos necessidade como alguns, de cartas de recomendação para vós outros ou de vós?2 Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens,3 estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações.
Nesse nosso texto nós olharemos para três afirmativas de Paulo a respeito do problema levantado em Corínto a respeito de carta de recomendação:
Paulo não precisa de carta de recomendação (2Co 3.1)
2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

A diferença entre a primeira e a segunda das cartas canônicas aos coríntios escritas por Paulo é que na segunda ele precisa enfrentar intrusos que iam a Corinto com cartas de recomendação. Em contraste, Paulo chegou a Corinto como apóstolo de Cristo, mas todos sabiam que ele não tinha sido um dos 12 que seguiram a Jesus. Paulo teve de defender-se e apresentar prova concreta de que não lhe era necessária nenhuma recomendação

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

o trabalho de Paulo como apóstolo era prova da legitimidade de sua posição. Seus sofrimentos por Cristo e sua posição de pai espiritual dos coríntios evidenciavam que ele era na verdade um apóstolo.1

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

A discussão de Paulo sobre cartas de recomendação é apropriada à cultura de seu tempo, na qual essas cartas eram comuns (ver At 9.2; 18.27; 22.5). O próprio Paulo recomendou Febe aos romanos (Rm 16.1), Timóteo aos coríntios (1Co 16.10–11) e Onésimo a Filemon (Fm 10–17).

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

Cartas de recomendação geralmente vêm dos amigos da pessoa que se candidata a um cargo.2 Em alguns casos, essas cartas diminuem ou até invalidam o valor dos elogios escritos. Quando alguém se recomenda, as pessoas que avaliam essa pessoa geralmente não levam a sério essa autorrecomendação

Entretanto...
2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

Paulo precisava defender não só a si como a Cristo que o havia comissionado. Sua apostolicidade, sua integridade, suas cartas, suas palavras e conduta estavam em jogo. Encarando o problema de frente, Paulo fez aos coríntios uma pergunta retórica que só podiam responder no negativo.

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

“Ou será que precisamos, como alguns, de cartas de recomendação para vocês, ou de vocês?” Paulo espera que seus leitores respondam não à sua interrogação, mas a pergunta ataca diretamente os falsos apóstolos que tinham ido a Corinto com cartas de recomendação. Eles se orgulhavam de possuir tais cartas e pelas costas censuravam Paulo por não possuir isso

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

Os impostores entraram na igreja com cartas de recomendação que não tinham a autoridade que Paulo possuía como apóstolo. Podemos estar certos de que essas cartas não foram escritas pelos líderes da igreja em Jerusalém nem tinham a aprovação dos 12. Talvez tenham sido produzidas por um grupo de judeus em Jerusalém e outro lugar que fizesse oposição ao ensino e à conduta de Paulo (comparar com At 21.20–21).

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

Eles queriam exercer autoridade sobre os cristãos em Corinto e fazer com que se conformassem às práticas judaicas de Jerusalém.

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

Paulo pede aos coríntios que avaliem seu trabalho de apóstolo missionário que havia fundado a igreja mediante a pregação do evangelho da salvação. Como seu pastor, Paulo mantinha vivo interesse pela vida e pela conduta do povo. Correspondia-se com eles, aconselhava-os, e até os visitou. A pergunta que Paulo faz é se ele precisa de carta de recomendação agora, pois não teve nada disso quando foi a Corinto antes. Jesus o enviou como apóstolo aos gentios e isso excedia o que qualquer documento escrito poderia dizer. Ele aparecer com uma carta seria absurdo, desnecessário, e uma afronta a Jesus Cristo.

Os coríntios eram sua carta de recomendação (2Co 3.2)
A salvação dos coríntios era a carta de recomendação de Paulo àqueles que maliciosamente se levantavam contra o seu apostolado. É como se Paulo dissesse: "Já que sois cristãos, eu terei sobeja recomendação. Vossa fé me recomenda, porque ela é o selo de meu apostolado" (2Co 9.2)
O Dr.Carlos Osvaldo disse, a respeito do texto, que:
"A autenticação dada pelo Espírito na vida dos convertidos capacita o ministro a dispensar elogios humanos (3:1–3)".
Calvino sabiamente relembra que a "objeção movida contra Paulo parecia ter por base a impressão de que ele era muito extremado nos relatos de suas próprias realizações – uma acusação suscitada por aqueles que estavam sempre ofendidos com o fato de que as excelências superiores de Paulo os impediam de conquistar a glória que tanto almejavam para si". (João Calvino, 2 Coríntios, ed. Franklin Ferreira e Wellington Ferreira, trans. Valter Graciano Martins, Primeira Edição., Série Comentários Bíblicos (São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2008), 81.
"vocês mesmos são a nossa epístola" - O antigo provérbio, “A prova do pudim está em comê-lo”, é uma descrição apropriada do desafio que Paulo fazia aos intrusos. Que vejam o que Paulo já fez em Corinto por meio da pregação do evangelho de Cristo.
2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

A expressão nossa epístola é vívida e informativa. O pronome se refere ao trabalho espiritual que Paulo e seus companheiros realizaram. E a palavra epístola ocorre de modo figurado apenas nesse versículo e no seguinte. Paulo obviamente está fazendo um trocadilho com essa palavra e indica que uma carta não precisa ser um documento literal. Todas as suas epístolas apresentam Cristo, e a própria igreja não é nenhuma exceção

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

Se os adversários de Paulo deixam implícito que ele precisa apresentar uma carta de recomendação, ele responde a eles dizendo que essa carta está escrita no coração dele. O escritor da epístola é Cristo, aquele que recomenda Paulo como seu servo fiel. E Paulo é o mensageiro da epístola.10

c. “Conhecida e lida por todos os homens.” Onde quer que Paulo estivesse ou fosse (Judeia, Síria, Ásia Menor ou Macedônia), ele falava sobre as virtudes da congregação coríntia (7.14; 8.24; 9.2). Quem quer que se dispusesse a ouvir Paulo era informado de que Cristo por meio do evangelho efetuara o milagre da conversão entre os coríntios.

Sua carta era superior aos dos seus oponentes (2Co 3.3)
2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

“É evidente que vocês são uma carta de Cristo entregue por nós.” Paulo não está interessado em falar sobre si mesmo, pois ele não precisa de uma carta pessoal de recomendação. Em vez disso, ele põe em destaque os coríntios, revelando que pela graça de Deus eles estão demonstrando seu relacionamento com Cristo. Deus está operando na vida deles, e torna conhecido o fato de que eles pertencem a Jesus Cristo.

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

“Vocês são uma carta [vinda] de Cristo”. Ele afirma que os cristãos em Corinto são um testemunho vivo do Senhor e que são, portanto, uma epístola viva. Ele se torna mais específico do que na declaração anterior, “Vocês são nossa carta”. Agora declara que Cristo é o autor, isto é, não foi Paulo, e sim Cristo quem fundou a igreja em Corinto. Paulo atribui toda a glória e honra a Cristo, e se considera servo de Cristo.

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

Ele apresenta o conceito de escrever uma carta, mas declara que o processo de escrever não foi pelo meio comum de papel e tinta. A carta, ao contrário, é uma epístola espiritual escrita com o Espírito Santo. Cristo é o autor da carta, o Espírito o facilitador da vida, e Deus a fonte da vida. A escrita humana pode desbotar e desaparecer, mas a escrita divina é permanente, é viva e dá vida.

2 Coríntios 3. Recomendações (3.1–3)

O primeiro contraste entre materiais de escrita é o de tinta e Espírito; o segundo é entre pedra e corações humanos. Teríamos esperado que Paulo indicasse a diferença entre papel e corações, mas em vez disso ele introduz a palavra pedra. O segundo contraste ele toma das profecias de Ezequiel (11.19; 36.26), em que Deus remove o coração de pedra das pessoas e dá a elas um novo coração de carne e um novo espírito.

Além disso, por intermédio de Jeremias Deus diz ao povo de Israel que ele porá sua lei dentro deles e a escreverá no coração deles (31.33). Como Deus escrevia sua lei em tábuas de pedra (Êx 31.18; 32.15; Dt 9.10–11) na época do Antigo Testamento, assim escreveria sua lei no coração e na mente de seu povo do Novo Testamento. Paulo contrasta a lei do Antigo Testamento, que permaneceu exterior, com a lei do Novo Testamento, que age interiormente. De fato, Paulo dá a entender que a aliança do Antigo Testamento já se tornou obsoleta, e que a aliança do Novo Testamento, inaugurada por Jesus e a vinda do Espírito Santo, é agora operante (comparar com Hb 8.13).13

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