O DOM DO TEMPO

Dez Dias de Oração 2022  •  Sermon  •  Submitted
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O DOM DO TEMPO
TEXTO: Oseias 10.12-13; Apocalipse 3.20
INTRODUÇÃO
Que diferença três minutos e meio podem fazer? Bem, depende. Depende de quem você é; depende do que acontece ao seu redor; depende do que você está fazendo.
A noite era clara e fria; a lua e as estrelas brilhavam no céu do Ruhr, na Alemanha. Porém, durante a noite um homem caiu de uma altura de quase seis mil metros; caiu sem perder a consciência, e sem paraquedas. Estava muito assustado.
Era 4 de novembro de 1944. O tenente Joseph Herman, pilotava um avião da Real Força Aérea Australiana: o bombardeiro Handley Page Halifax B.III. Ele estava em uma missão de guerra sobrevoando uma região da Alemanha. Quando estava acima de seis mil metros, foi atingido por um fogo inimigo. O avião de Herman começou a pegar fogo. Então, ele deu a ordem para saltar. Pouco tempo antes, ele havia tirado seu próprio paraquedas porque estava incomodado com ele. Enquanto ele estava caindo no vazio, o avião explodiu.
Enquanto caía, ele tentou pensar em quanto tempo levaria para percorrer aqueles quase seis mil metros. Ao seu redor, os raios bruxuleantes de holofotes iluminavam o céu. E agora muitos objetos escuros estavam caindo junto com ele. Eram os escombros de seu próprio avião que caíam a 150 quilômetros por hora. Talvez seu paraquedas também estivesse caindo. Ele poderia estender a mão e colocá-lo e…?
Enquanto ainda caía em posição invertida – com a cabeça para baixo e os pés para cima – ele se preparou para morrer. Na verdade, primeiro ele começou a tremer e gritar, mas percebeu que não servia para nada além de perder energia. Então, ele decidiu relaxar os músculos e olhar para os rios e lagos abaixo. Quanto tempo levaria até ele morrer? Quanto tempo mais ele viveria?
PUM! Algo caiu em cima dele. Instintivamente, ele pegou essa coisa e realmente a segurou com todas as suas forças usando os dois braços. Deixemos Herman por um momento, segurando algo no ar.
O tempo seria crucial enquanto ele caía sem paraquedas? O que acontece com sua vida, irmão? E com a minha? O tempo é crucial? Existe qualidade de tempo compartilhado com aqueles que são importantes para nós? Ou esses relacionamentos estão distanciados? Há alguns em quem mal prestamos atenção ou até evitamos? Será que nossa raiva, dor, nojo, orgulho e falta de misericórdia e perdão estão colocando barreiras? Será que vencemos uma batalha, mas perdemos a guerra ao desperdiçar coisas preciosas e ternas? E isso, por causa da dureza de nossos corações?
Conhecido por seu famoso livro The Last Lecture (A Lição Final), Randy Pausch, quando estava morrendo de câncer no pâncreas, disse: “Estou tentando ter o melhor tempo de qualidade possível com minha esposa e meus filhos e, embora seja muito frustrante saber que não poderei vencer o câncer, é uma satisfação saber que não deixo este mundo com remorso”.
Então surge a pergunta: Como podemos viver a vida sem ter coisas para nos censurar? Estamos com pressa. Somos pressionados por obrigações. Temos expectativas e sonhos. Muitas vezes estamos tão cansados que sentimos como se estivéssemos em queda livre. E como podemos ter tempo de qualidade com nossos entes queridos no meio de um mundo assim?
I – FORMAS DE CRIAR TEMPO DE QUALIDADE
A qualidade de tempo com nossos seres amados – especialmente com as crianças – é mais importante que um café da manhã apressado ou um programa de TV favorito, ou nossas atividades sociais na Internet, ou nossa corrida pela vida. Alguns devem se lembrar da música Cat’s in the cradle (O gato está no berço), de Harry Chapin. Esta é uma versão em português. Não tem a rima do inglês, mas tem a mensagem:
Meu filho nasceu outro dia
Veio ao mundo de uma maneira comum
Mas havia aviões para pegar e contas a pagar
Ele aprendeu a andar enquanto eu estava longe
E já falava antes de eu conhecê-lo
E enquanto crescia, ele dizia:
“Vou ser igual a você, papai.
Sabe? Vou ser igual a você”. [...]
“Quando você vem para casa, papai?”
“Não sei quando, mas vamos ficar juntos logo, filho
E você sabe que vamos nos divertir então”.
Meu filho fez dez anos outro dia
Ele disse: “Obrigado pela bola, papai! Vamos brincar
Você pode me ensinar a jogá-la?”
Eu disse: “Hoje não. Tenho muito o que fazer”.
Ele me respondeu “Tudo bem”, e foi embora
Mas seu sorriso nunca desapareceu
E disse: “Sabe? Eu vou ser igual a ele, sim.
Sabe? Eu vou ser igual a ele”.
Bem, ele voltou da universidade um dia desses Parecendo um homem já, e eu tive que dizer
“Filho, estou orgulhoso de você. Você pode se sentar aqui um pouco?”
Ele balançou a cabeça e disse com um sorriso
“O que eu queria mesmo, pai,
Eram as chaves do carro.
Te vejo mais tarde. Você me empresta, por favor?
Estaremos juntos em breve
E vamos nos divertir muito”.
Faz muito tempo que me aposentei. Meu filho se mudou
Liguei para ele um dia desses e disse:
“Eu gostaria de te ver, se você não se importar”
Ele respondeu: “Eu adoraria, papai, se tivesse tempo”.
Mas sabe? Meu novo emprego é uma droga e as crianças estão gripadas
Mas é bom falar com você, papai.
Foi muito bom conversar com você”.
E quando desliguei o telefone, eu me dei conta
De que ele cresceu como eu
Meu filho era igual a mim.
Há algo profundamente triste nesta canção. O pai estava muito ocupado para se relacionar com seu filhinho quando este era criança. Porém, quando o pai está pronto para passar tempo com o filho, ele está muito ocupado e tem que viver sua vida, em vez de passar tempo com seu pai. Como evitar a ruína familiar e desfrutar do bem-estar integral?
II – CULTO FAMILIAR
Um bom lugar para começar esse relacionamento íntimo é através do culto familiar. Orar juntos cada manhã e cada noite estreita vínculos, enquanto adoramos a Pessoa mais importante em nossas vidas e famílias. Quando nossos filhos são pequenos o culto familiar pode ser um dos momentos mais alegres passados em família. Cante, conte histórias, compartilhe momentos de oração. Agindo assim, será difícil não ter excelentes lembranças desse momento.
III – CONVERSAS ATENCIOSAS E SIGNIFICATIVAS
Tempo de qualidade significa deixar eletrônico e tudo mais de lado. Significa olhar nos olhos, escutar e participar de uma conversa ativa.
Imagine… Você ficou acordado até tarde assistindo a um filme e acordou no último minuto. Você tem um plano para esse dia e quer cumpri-lo. Está prestes a pegar um prato, descascar uma banana, procurar uma torrada e sair. Mas alguém bate à sua porta. Ao abrir a porta, você encontra seu melhor amigo que não via há muito tempo. Ele só tem uma hora para visitar você. Que dilema!!! Correr para cumprir o plano pessoal e não dedicar tempo para seu amigo ou convidá-lo para entrar e escutar sobre a vida dele e as coisas que lhe aconteceram nos últimos meses?
EXPERIENCIA – Passando tempo com alguém. Jesus, que nos ama excessivamente, que morreu por nós e intercede por nós, anela passar o máximo de tempo possível compartilhando a sobremesa conosco.
IV – ATIVIDADES EM FAMÍLIA
Tempo de qualidade é fazer coisas juntos, ler, comentar um livro, descobrir os desejos e necessidades da família.
Surge a pergunta: É possível ter tempo de qualidade quando estamos a vários quilômetros de distância? A tecnologia facilita isso. Podemos ligar um para o outro, escrever cartas, e-mails, mensagens etc. O importante é estar em contato; demonstrar interesse.
O salmista diz no capítulo 34:18: “O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido”.
Deus quer nos dar uma rega de tempo por meio de um relacionamento de qualidade com Ele.
João descreve com belas palavras: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3:20).
Oh! O Criador, a Testemunha Fiel, o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Redentor, deseja ter um lugar à mesa com todos nós, do menor ao maior. Ele quer passar um tempo com o menino Samuel, de cinco anos, e com o ancião Moisés, de cento e vinte anos.
O profeta Oseias, ao falar com os filhos de Israel, lembra-os (10:13): “Mas vocês plantaram a impiedade, colheram o mal e comeram o fruto do engano. Visto que vocês têm confiado na sua própria força e nos seus muitos guerreiros”.
Irmãos, o que vocês estão arando? O que estão semeando? O que é realmente importante na sua vida? Você está semeando indiferença, crítica, orgulho? Ou você está semeando coisas de importância eterna?
Oseias também lhes disse (10:12): “Semeiem a retidão para si, colham o fruto da lealdade, e façam sulcos no seu solo não arado; pois é hora de buscar o Senhor, até que ele venha e faça chover justiça sobre vocês”.
Se compararmos o tempo que passamos com Deus, com o tempo dedicado a assistir TV, ler, estar conectados através da internet ou em qualquer outra coisa que monopolize nosso “tempo livre”, como seria essa comparação? Você está com fome e sede de conhecê-Lo melhor? Você aprecia o que Ele fez para salvá-lo? O que você fará para que seu tempo com Deus possa ser expandido para ficar mais tempo nessa mesa farta que Ele também oferece compartilhar?
CONCLUSÃO
Voltemos a Herman. Nós o deixamos quando repentinamente algo caiu em cima dele e ele instintivamente segurou essa coisa fortemente com os dois braços. O que era? Um par de pernas. Uma voz surgiu da escuridão e, um pouco mais acima, perguntou-lhe: “Quem é você?” Era a voz de um dos subordinados que estavam em missão dentro do mesmo avião: John Vivash. “Sou eu”, respondeu Herman. Os dois homens surpresos chegaram à terra juntos em silêncio. Os pés de Vivash atingiram o peito de Herman, quebrando duas costelas, mas milagrosamente, ambos sobreviveram com um único paraquedas. Quando puderam se acalmar, tentaram analisar como tudo havia acontecido. Vivash ficou inconsciente pela explosão e começou a cair rapidamente, até que acordou de sua inconsciência. Naquele momento, sem estar muito ligado à realidade, ele puxou as cordas do paraquedas. Quando o semi-inconsciente Vivash puxou a corda, enquanto o paraquedas saía do invólucro que estava contra seu peito, seu corpo começou a balançar no vazio como se fosse um pêndulo. Em um extremo desse vai e vem, ele se encontrou com o corpo de Herman, que nesse momento caía quase horizontalmente. Foi nesse instante que Herman pôde se agarrar às pernas de Vivash, que também estava quase na horizontal. Se Herman tivesse estado um pouco mais longe (apenas trinta centímetros ou um pé), não teria havido a colisão entre os dois. Se essa colisão tivesse ocorrido uma fração de tempo mais cedo ou mais tarde, o impacto teria matado os dois, ou teria sido de tal magnitude que Herman não teria podido se agarrar às pernas de Vivash. Porém, o milagre havia acontecido e, mesmo com dor nos braços devido ao tremendo esforço, ele foi capaz de se manter junto ao colega, mesmo quando Vivash pedia que ele não segurasse com tanta força. Mas para salvar sua vida, não havia alternativa: ele tinha que segurar com todas as suas forças.
APELO
Cada um de nós está em queda libre neste mundo. Como se o grande avião tivesse explodido, temos que nos agarrar a Jesus como nossa única esperança de poder alcançar com segurança a Pátria celestial. No entanto, há quem prefira desfrutar a emoção da queda livre, não totalmente conscientes do que está por baixo e de onde está se aproximando rapidamente. Existem também aqueles que, quando caem, atacam o corpo de Cristo, mas em vez de se apegar para permanecerem vivos, eles se recuperam em vários momentos em que se sentem no meio da crise, mas nunca se apegam realmente.
Meus irmãos e irmãs, nossa única esperança nessa queda livre do mundo é nos apegarmos fortemente a Cristo. Embora a maioria de nós não tenha que enfrentar a experiência de que uma fração de segundo é uma questão de vida ou morte, o que fazemos com nosso tempo ainda é vital.
Os segundos formam horas; as horas, dias; os dias, anos; e os anos formam a vida. O que faremos com eles? Estamos prontos para dedicar tempo a nos sentar à mesa com o Rei do Universo? Segure-se muito fortemente a Jesus. Apoie-se sabendo que sua vida depende disso. Porque realmente é assim.
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