Evidências do Novo Nascimento

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Introdução

O quanto você tem desejado o céu? Estou fazendo essa pergunta porque este assunto saiu de moda nas últimas décadas na igreja brasileira. Apesar de ter saido de moda vemos claramente no capítulo 3 de Colossenses um imperativo para nós: Pensai nas coisas do alto. O verbo pensar aqui envolve intelecto e vontade, conhecimento e sentimento, coração e mente. Por isso te pergunto, o quanto o céu tem ocupado espaço no seu coração e na sua mente?
O céu saiu tanto de moda que eu me arrisco a dizer que se você navegar pelas pregações evangelicas pela internet esse não vai ser um assunto muito fácil de encontrar. Me arrisco a dizer que é mais fácil inclusive alguém citando esse mesmo versículo como se referisse aos lugares mais altos desse mundo relacionados a prosperidade financeira, sucesso e fama.
A igreja evangélica passou por alguns movimentos ao longo das últimas décadas que explicam um pouco isso. Há uns cinquenta anos ou mais começou um movimento que evidenciava apenas curas e libertação, depois disso surge a primeira filha deste movimento, a chamada teologia da prosperidade que evidenciava prosperidade financeira para os crentes. Essa "teologia" também teve a sua filha, a teologia do coach que alguns chamam de teologia da prosperidade 2.0, onde a evidência não é simplesmente a prosperidade financeira, mas sucesso pessoal. Há uns anos atrás surgiu também um movimento conhecido como a visão profética das sete montanhas de influência. Esse movimento prega que para realmente transformar qualquer nação com o Evangelho de Jesus Cristo, essas sete esferas da sociedade devem ser alcançadas: Religião, Família, Educação, Governo, Mídia, Artes e Entretenimento e Negócios. No final das contas o que isso se traduz: Acreditar que o nosso papel como igreja é impor a fé evangélica como religião oficial do estado, uma redenção a partir da família (que é diferente de buscar redenção para a família), proselitismo na educação, um governo teocrático (messias político), proselitismo nas mídias arte e entretenimento e nos negócios como se a prosperidadefosse a evidência da bênção de Deus.
No fim das contas tudo isso se resume a uma só idéia: Um deus que serve apenas para proporcinar uma vida melhor aqui na terra. Mas quando olhamos para as Escrituras, a proposta do Evangelho é algo muito maior, é um novo nascimento e uma pespectiva para a Eternidade. Onde meus afetos são transformados, minhas paixões mudam de foco entendendo que mesmo que eu desfrute de tudo de bom que esse mundo pode oferecer, nada disso tem o meu coração, e mesmo que eu não desfrute do melhor dessa terra ainda assim estarei satisfeito porque eu estou olhando para o alto. Parafraseando o Salmo 23, se o Senhor é o meu pastor tudo que eu não tenho eu não preciso.
Por isso vemos na carta ao Colossenses, Paulo alertando aqueles irmãos sobre a importância do foco que nosso coração precisa estar e quais são as verdadeiras evidências do novo nascimento:

Mais o céu, e menos a Terra.

O novo nascimento não significa somente ser aceito por Cristo, mas também se evidencia em desejar mais a Cristo. Ser aceito por Cristo e não desejá-lo é uma incoerência, porque Jesus não simplesmente morreu por nós, mas também nós morremos com Ele (identificação). A nossa velha natureza morre com Cristo na cruz, logo Jesus não somente paga a nossa dívida como quebra o poder do pecado em nossas vidas. Por isso quando Cristo ressucita, nós ressucitamos com Ele e vivendo Cristo nós vivemos com Ele. Paulo usa a expressão "estaos escondidos em Cristo", que aponta para essa nova vida em Cristo e com Cristo.
A nossa esfera de vida não é mais terrena, mas eterna, se nascemos do alto, evidentemente buscamos as coisas do alto, e a nossa pátria agora é o Reino de Deus.Eu não vivo mais buscando a glória deste mundo, mas vivo para glorificar a Deus em tudo. Busco de mente e coração as coisas do alto, uma busca perseverante pelas coisas do céu. Como o próprio Senhor Jesus falou em Mateus 6.21
Mateus 6.21 NAA
21 Porque, onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração.

Mortificar a velha natureza

Como desejar as coisas do alto, se ao invés de matar a velha natureza eu só a alimento? Devemos nos considerar mortos para o pecado, entender que Deus deve ser glorificado em tudo que eu faço, na minha ética pessoal, familiar e social. Observe a sua agenda e analise a importância que Jesus tem nas suas prioridades, analise suas decisões e examine a motivação para cada uma delas. Elas visam a glória de quem?
por isso Paulo fala sobre três tipos de pecados que devemos fugir a fim de matar a velha natureza:
Pecados morais: Imoralidade sexual que significa todo tipo de prática, desejo e perversão nesta área. Como os pecados nessa área afetam nossa comunhão com Deus pois são frutos da velha natureza, completamente incompatível com aqueles que estão escondidos em Cristo, que vivem com Ele e para Ele.
Pecados sociais: Paulo fala sobre avareza como idolatria. Temos a tendência de achar somente o ganancioso pecador, mas a avareza é uma expressão diferente do mesmo pecado de idolatria ao dinheiro. Ter dinheiro não é problema, o problema é quando o dinheiro te tem, de forma que ele te transforma em um ganancioso ou em um avarento. Amo mais ao dinheiro do que a Deus e as pessoas, faço do dinheiro o meu deus. E Deus na verdade se torna apenas uma escada para quem de fato está assentado no trono do meu coração. Logo eu preciso ganhar mais para encontrar satisfação, contentamento e realização. Ou, eu preciso ser avarento e não doar, contribuir e ofertar com o próximo e com a igreja porque o que eu tenho é meu e sempre vai me fazer falta. Generosidade é um ato de fé, não que Deus vai me dar mais, mas que Ele já me deu tudo, por isso a bíblia ensina que o que eu doo primeiro fala a respeito das minhas prioridades e a certeza de quem de fato me sustenta.
Mateus 6.24 NAA
24 — Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou irá odiar um e amar o outro, ou irá se dedicar a um e desprezar o outro. Vocês não podem servir a Deus e às riquezas.
Pecados da língua: A forma como falamos revela diretamente quem de fato somos e o que está em nosso coração. Você só pode doar aquilo que você possui, logo aqueles que só distriubuem rancor são evidentemente pessoas rancorosas. Paulo fala sobre maledicência, o popular fofoqueiro e também sobre aqueles que usam habitualmente linguagem obscena (famoso boca suja), e também o mentiroso.
Maledicência - O pecado que Deus abomina.
Provérbios 6.16–19 NAA
16 Seis coisas o Senhor Deus odeia, e uma sétima a sua alma detesta: 17 olhos cheios de orgulho, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 18 coração que faz planos perversos, pés que se apressam a fazer o mal, 19 testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia discórdia entre irmãos.
Mentira e discórdia, são pecados que Deus odeia e ainda assim insistimos em ouvir pessoas assim.
Linguagem obscena - Esse pecado vem sendo normalizado, Paulo usa uma expressão como linguagem agressiva, grosseira e todo tipo de palavra torpe, comunicação vulgar e de baixo calão. É impressionante como esse tipo de linguagem está presente nos lábios de crentes ou de pessoas consideradas admiráves por crentes. Eu tenho muita dificuldade em ouvir e muito menos admirar pessoas que tenham um discurso que eu concorde em partes mas fala desta forma. Isso revela muito sobre quem eles são, não é uma opinião minha, mas o que Deus diz.

Novo nascimento

Se o velho homem morreu, o novo homem precisa estar no controle. Esse novo homem é a vida em Cristo, logo, dirigida pelo Espírito. No novo nascimento, em Cristo recebemos um novo coração (nossos afetos são transformados), uma nova vida (uma nova forma de viver), uma nova família (comunhão com a igreja de Cristo) e uma nova pátria (sou peregrino neste mundo e os muros de separação caem).
Porque o velho homem morreu, o novo homem é continuamente renovado em Cristo. Na medida que conhecemos a Cristo vamos nos parecendo mais com Ele. A imagem e semelhança arranhada pelo pecado é constantemente restaurada até aeternidade quando seremos completamente restaurados.
Por isso há implicações pessoais mais coletivas também, caem os muros de separação e Cristo se torna o único mediador enre os cristãos. Caem as barreiras:
Raciais: EM Cristo não há grego nem judeu, como está escrito:
Apocalipse 5.9 NAA
9 e cantavam um cântico novo, dizendo: “Digno és de pegar o livro e de quebrar os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação
Religiosa: Os ritos do judaísmo que separavam judeus e gentios não existem mais, por isso todo rito judaico perdeu o sentido em Cristo.
Culturais: Não há barbaro nem cita. Os gregos consideravam qualquer não grego como bárbaro e o citas eram os bárbaros mais atrasados. Em Cristo não existe uma cultura que sobrepõe a outra (cultural e o que é supra cultural). Em Cristo não há diferenças e a cultura ou erudição não redimem o homem, embora muitos creiam nisso de forma completamente equivocada.
Sociais: Não há escravos nem livres, ambos adoravam a Deus juntos e comungavam juntos. Em Cristo não há guerra de classes, não que isso não seja possível de alguma forma, mas em Cristo há valor no trabalho e há generosidade nas relações e no tratamento.
Qualquer um desses muros são "ladrões do evangelho", retiram da suficiência de Cristo e sua obra redentora para reconectar os homens ao seu criador e formar um povo particularmente de Deus.
Conclusão
Conversão é muito mais do que mudar de religião (ateísmo também como religião - humanismo - egoísmo), mas uma experiência sobrenatural de novo nascimento. A partir disso viver todos os desdobramentos práticos desse novo nascimento na minha relação com Deus, com o próximo e comigo mesmo.
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