A Ética do Discípulo (Mt 5.33-48)

A Ética do Reino dos Céus  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

—> A Ética do Sermão do Monte. “Ninguém tropeça em montanha”
Nós temos sido desafiados de estudar juntos, como igreja, o sermão do monte. Esse sermão com certeza é o mais marcante do ensino de Jesus. E o que eu percebo ao analisá-lo, é que a caminhada de discipulo de Jesus em muitos momentos ela é formada por viver uma síndrome. A síndrome do extraordinário. Nós desejamos ardentemente viver algo novo, revolucionário a cada dia. Porém, a caminhada do discipulo ela é formada por momentos ordinários, rotineiros.
Devido a essa síndrome generalizada que vivemos, a caminhada de discipulo começa a ficar “chata” e “maçante” fazendo-nos desviar para alguma realidade mais “atrante”. Por isso, em muitos casos vemos grandes escândalos acontecendo entre os ditos “seguidores de Jesus”, porque perderam a dimensão que o discipulado com Jesus é dia-a-dia. E nós, olhamos para esses grandes escândalos que grandes homens de Deus ou de pessoas ao nosso redor e dizemos: “é, a carne é fraca né?” ou qualquer outra observação sobre o acontecido. Porém, o que eu quero desafiar você a perceber através de nossa reflexão de hoje, é que NINGUÉM TROPEÇA EM MONTANHA, MAS NAS PEQUENAS PEDRAS NO CAMINHO. Uma pequena pedra em nosso caminho se chama “jeitinho brasileiro”.
—> Jeitinho Brasileiro
É a maneira como a nossa cultura reage a realidade ao seu redor. Existem leis, mas nós somos incrivelmente inteligentes para conseguir de alguma maneira encontrar uma brecha na lei, para nos gerar “privilégios”. Essa é a característica do jeitinho brasileiro. E o que Jesus vem nos ensina em nossa reflexão hoje, é totalmente oposto a essa realidade, porque se nós negociarmos de alguma maneira para tentar encontrar “brechas”, a ética do discipulo será totalmente distorcida.
—> Estrutura do ensino de Jesus
A. A Lei (Tradição)
Estava relacionada a maneira como o povo da época via a realidade ao seu redor, a luz do ensino da Lei. Havia uma paridade de autoridade com relação a Lei e a tradição, e os mestres da Lei conseguiram ensinar de uma maneira que contemplava aquilo que os agradava da Lei. E Jesus não veio revogar a Lei, mas cumpri-la! (Mateus 5.17,19,20 “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.” )
B. O ensino de Jesus
O ensino de Jesus realmente contempla a Lei, trazendo a realidade dela, não mais enrustida de tradição e legalismo proposto pelos judeus da época. É por esse motivo, que ela é tão diferente da realidade dos seus dias. Ele veio cumprir não revogar a Lei (Mt 5.17 “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.” )
C. Aplicação para os discípulos
Uma ordem, o uso do imperativo, nos ajudam a compreender então como os discipulos de Jesus devem viver a sua ética.
Essa será a estrutura que vamos utilizar para analisar cada um dos assuntos que Jesus tratou. Vamos ler juntos cada parte e compreender o que Jesus estava querendo ensinar.

Ponto 1: O Juramento (Mt 5.33-37)

A tradição do juramento
“Classificação de juramentos entre mais santo e menos santo.”
O juramento fazia parte da vida e da realidade do povo de Deus
A Lei ensinava sobre os juramentos:
Lv 19.12 “nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o Senhor.”
Nm 30.2 “Quando um homem fizer voto ao Senhor ou juramento para obrigar-se a alguma abstinência, não violará a sua palavra; segundo tudo o que prometeu, fará.”
Não havia nenhuma lei que proibia os juramentos, era apenas uma realidade que deveria ser contemplada, prometeu, cumpra!
Porém, os escribas e fariseus levados pela realidade da tradição “encutiram” a ideia de diferentes níveis de juramento.
Em outras palavras, no pensamento dos escribas e fariseus e seus precursores, um voto jurado “ao Senhor” devia ser guardado; ao contrário, um voto em conexão com o qual não se mencionava expressamente o nome do Senhor era considerado de somenos importância. Não era necessário cumpri-lo tão conscienciosamente. E assim, na conversação diária os juramentos começaram a multiplicar-se, “pelo céu”, “pela terra” e “por Jerusalém”, e, de acordo com 23.16 e 18, ainda “pelo templo” e “pelo altar”. Com o fim de impressionar, uma pessoa podia pronunciar um juramento desses “exagerando” e fazendo enormes promessas. Se a afirmação feita era mentira e se a promessa fora feita sem a intenção de cumpri-la, isso não era tão ruim assim, contanto que não se jurasse em nome do Senhor. (William Hendriksen, São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2010), p. 380.
Mateus 23.16 “Ai de vós, guias cegos, que dizeis: Quem jurar pelo santuário, isso é nada; mas, se alguém jurar pelo ouro do santuário, fica obrigado pelo que jurou!”
Os juramentos da época serviam para empenhar a palavra, como assim fazemos hoje, e os Mestres da Lei abriram uma oportunidade para uma “mentira mansa” com relação aos seus juramentos, enquanto faziam não mais juramento “ao Senhor”.
2. O ensino de Jesus
“Não existe juramento mais santo, todo juramento deve ser cumprido e compreendido a luz do terceiro mandamento.”
Jesus vem quebrar toda essa realidade. “Não existe juramento mais santo, menos santo. (Mateus 5.34-36 “Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.” )
Jesus está quebrando a “tradição”, mostrando que não existe essa diferença entre “sagrado” e “menos sagrado” no juramento, toda palavra empenhada deve ser cumprida.
Jesus está proibindo os juramentos? Muitos cristãos a luz deste texto diziam que sim. Até em momentos de comemorações solenes (ex. forças armadas), alguns cristãos se abdicavam de estar, pois acreditavam que estavam em desacordo com esse trecho da Palavra de Deus. Porém, Jesus não proibi os juramentos.
Mateus, Volumes 1 e 2 (Quarta Antítese: O Mandamento concernente ao Juramento)
Foi com um juramento que Abrão confirmou suas promessas ao rei de Sodoma e a Abimeleque (Gn 14.22–24. 21.23,24). Abraão igualmente exigiu que seu servo jurasse (Gn 24.3,9). O juramento é igualmente mencionado em conexão com Isaque (Gn 26.31), Jacó (Gn 31.53; cf. 28.20–22), José (Gn 47.31; 50.5), com “os príncipes da congregação” (Js 9.15) e com os filhos de Israel (Jz 21.5). Ver também Rt 1.16–18; 2Sm 15.21; 1Rs 18.10; e 2Cr 15.14,15.Com respeito aos próprios juramentos de Deus, às referências já mencionadas (p. 379) podem-se acrescentar Gn 22.16; 26.3; Sl 89.3,49; 110.4; Jr 11.5; e Lc 1.73.
Finalmente, foi sob juramento que Jesus declarou ser ele mesmo o Filho de Deus (Mt 26.63,64). Neste mundo de desonestidade e decepção, o juramento é necessário para imprimir solenidade e garantia de confiabilidade a uma afirmação ou promessa importante. Não há nada em Mt 5.33–37, nem em qualquer outro lugar na Escritura, que proíba isso. Hb 6.16 confirma essa prática sem qualquer palavra de crítica negativa. O que temos em Mt 5.33–37 (cf. Tg 5.12) é a condenação do juramento improcedente, profano, desnecessário e, com frequência, hipócrita, usado para impressionar e para condimentar a conversação diária. Contra esse mal Jesus recomenda a veracidade singela, tanto de pensamento como de palavras e atos.
- Hb 6.16 “Pois os homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo de garantia, para eles, é o fim de toda contenda.”
3. Aplicação
“O discípulo deve ser conhecido por falar a verdade e se comprometer com o que diz”
Esse é o desafio deixado por Jesus, (Mateus 5.37 “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.”).
Não existe meio termo, não temos meia palavra nem “meia verdade”, os discípulos de Jesus devem ser conhecidos pelo seu falar, e um falar coerente com a verdade. Não existe brechas para argumentação nem outro caminho.
Por isso que a Lei não é problema, mas a tradição enrustida juntamente com ela, pois a lei tem essa função muito perspicaz de revelar o coração! É no coração que é a arena de batalha do discípulo.
Mateus, Volumes 1 e 2 (Quarta Antítese: O Mandamento concernente ao Juramento)
A real solução do problema está no coração. A verdade deve reinar de forma suprema no coração. Por isso, na conversação diária com o nosso próximo, devemos evitar os juramentos de forma cabal. De fato, a pessoa deve tornar-se tão verdadeira, tão plenamente confiável, que suas palavras sejam acreditadas. Quando o crente deseja afirmar algo, que simplesmente diga: “sim!”. E quando deseja negar algo, que simplesmente diga: “não!”. Qualquer coisa que seja “mais forte” que isso é de origem maligna.
Precisamos restaurar essa perspectiva. Não existe maneira mais incrível disso do que tratar o nosso coração contra o “jeitinho brasileiro” que habita em nós. Me chama atenção em nossas convesações diárias o tanto que somos imparciais e tendenciosos a não sermos corretos em nossas palavras. Se você empenha a sua palavra e algo acontece que não vai te privilegiar mas te gerar a necessidade de um custo, somos facilmente bons para quebrar nossa fala.
POR ISSO, TE DESAFIO, EM SEU DIA A DIA:
Ore: Sl 39.1 “Disse comigo mesmo: guardarei os meus caminhos, para não pecar com a língua; porei mordaça à minha boca, enquanto estiver na minha presença o ímpio.”
Viva: Ef 4.25 “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.”

Ponto 2: A Vingança e o amor aos inimigos (Mt 5.38-47)

A tradição da vingança e do amor
“A vingança deve acontecer debaixo do código de Hamurabi, pois devo amar apenas algumas pessoas.”
Com relação a vingança, era claro, “olho por olho, dente por dente”. Uma tentativa de gerar “justiça” com relação ao ato.
Lv 24.20 “fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará.”
Lv 19.18 “Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.”
Existe nesse ato uma realidade muito interessante… Até mesmo o conceito das cidades refúgios tinham esse mesmo alvo.
Mateus, Volumes 1 e 2 (Quinta Antítese: O Mandamento concernente à Retaliação)
Esta era uma lei para os tribunais civis, estabelecida com o fim de desencorajar a prática da vingança privada. As passagens do Antigo Testamento não dizem: “Vinga-te pessoalmente quando te fizerem dano”. Significam exatamente o oposto: “Não te vingues por ti mesmo, porém deixa que a justiça seja administrada publicamente”. Isso se depreende de Lv 24.14: “Tira o que blasfemou para fora do arraial; e todos os que o ouviram porão as mãos sobre a cabeça dele, e toda a congregação o apedrejará”. Cf. Dt 19.15–21.
E a tradição tratava esse entendimento jurídico proposto, como uma oportunidade de “deixar de amar”para agir “pela Lei”. Porém, o próprio Antigo Testamento testemunho momentos onde havia a possibilidade real de vingança, mas não foi tomada.
Davi diante de Saul poderia ter exercido vingança (1Sm 24.12 “Julgue o Senhor entre mim e ti e vingue-me o Senhor a teu respeito; porém a minha mão não será contra ti.”).
E com relação ao amor aos inimigos da mesma maneira. Em nenhum lugar era permitido esse adendo a Lei com relação ao inimigo.
Mateus, Volumes 1 e 2 (Sexta Antítese: Sumário da Segunda Tábua da Lei)
Amarás ao teu próximo e odiarás ao teu inimigo” deve ter sido a forma popular como a média dos israelitas dos dias de Cristo sumariava a segunda tábua da lei e regulava sua vida com respeito aos amigos e inimigos. É provável que o tenham aprendido dos escribas e fariseus, ainda que não necessariamente de todos eles sem exceção. Pelo menos sabemos que o escriba, cuja síntese é relatada em Mc 12.32,33, e o doutor da lei (perito da lei judaica), que fala em Lc 10.25–27, foram cuidadosos em não omitir “como a ti mesmo” ao citar Lv 19.18. O que era ainda pior que essa omissão (ver 5.43) era o acréscimo “e odiarás o teu inimigo”.
Em nenhuma parte do Antigo Testamento encontramos semelhante coisa. De fato, por meio desse acréscimo, a ênfase foi outra vez desviada da intenção original da lei, como aconteceu também em conexão com o mandamento sobre o juramento […] Sua perversão na formação de culpa popular estabelecia um agudo contraste entre o próximo e o inimigo, como se o propósito do mandamento fosse que se amasse àqueles e odiasse a estes. Tal atitude resultava-se na pergunta: “E quem é o meu próximo?”. (Lc 10.29). Era somente o israelita? Ou era o israelita e o prosélito? Ver Lv 19.34.
Mateus, Volumes 1 e 2 (Sexta Antítese: Sumário da Segunda Tábua da Lei)
É evidente que em resultado dessa lamentável má interpretação da lei construía-se um muro de separação entre judeus e gentios; aqueles, para serem amados e estes, para serem odiados. Porém, era difícil parar por aqui. Outra barricada foi erigida entre os bons israelitas, como os escribas e fariseus, e os maus israelitas, como os renegados, os publicanos (ver v. 46) e, em geral, toda a ralé que não conhecia a lei (Jo 7.49). Numa atmosfera tal, era impossível que o ódio morresse de inanição; fogo é que não faltava para alimentá-lo.
Esse é o resultado claro gerado pela má compreensão de toda a segunda tábua da Lei. Não há nenhuma possibilidade de conter na Lei, essas verdades tão facilmente enrustidas na vida do povo na época de Jesus.
2. O ensino de Jesus
“Não existe vingança aos discípulos de Jesus, antes uma atitude de amor e serviço aos inimigos.”
É aqui que aparecem as ilustrações do dia a dia da época, que justificam o ensino de Jesus.
Com relação a vingança
a. Não resistam ao perverso
a.Dar a outra face - Ato claro de se abster de se defender. Mostrar em palavras, atos o amor divino! (Rm 12.19-21 “não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”)
b. Dar a capa - Era uma realidade da época. Em disputas jurídicas era solicitado a roupa íntima, a camisa (túnica), para o pagamento de dívidas. Sem responder de maneira rude, entregue também a capa.
Mateus, Volumes 1 e 2 (Quinta Antítese: O Mandamento concernente à Retaliação)
Essa roupa externa (túnica) era considerada tão indispensável que quando era tomada como penhor devia ser devolvida antes do pôr-do-sol, visto que ela também servia como roupa de cama – às vezes ela era a única roupa do pobre – durante o sono (Êx 22.26,27; Dt 24.12,13; Ez 18.7; e Am 2.8). Resumindo: não temos o direito de odiar a pessoa que tenta privar-nos de nossas posses. Nosso coração deveria encher-se de amor para com tal pessoa, e este amor deveria revelar-se em nossas ações.
c. Caminhar mais uma milha - “Se alguém o forçar” esse verbo tem uma origem muito interessante, pois vem do idioma persa.
Mateus, Volumes 1 e 2 (Quinta Antítese: O Mandamento concernente à Retaliação)
O famoso correio real persa autorizava que os seus condutores, sempre que necessário, obrigassem ao serviço alguém disponível e/ou o animal deste. Não devia haver demora no despacho e na entrega dos decretos reais, etc. Cf. Et 3.13,15; 8.10. Como acontece com frequência, assim também aqui, o verbo adquiriu gradualmente o sentido mais geral de compelir alguém a prestar qualquer tipo de serviço. Ele é empregado em conexão com Simão de Cirene que foi obrigado a carregar a cruz de Cristo (Mt 27.32; Mc 15.21). Ora, o que Jesus está dizendo é que em vez de revelar um espírito de amargura ou tristeza para com aquele que força uma pessoa a levar uma carga, esta deveria assumir tal posição com um sorriso. Alguém te pediu que o acompanhasse levando sua carga ao longo de uma milha? Então vai com ele duas milhas!
Com relação ao amor ao próximo
a. Amem os seus inimigos
Orem por aqueles que os perseguem
Ele faz raiar o seu sol sobre justos e injustos - Graça comum, é o motivo pelo qual o próprio Deus abençoa a sua criação. Ele derrama a sua benção até mesmo sobre injustos, porque o seu amor e sua graça é estendida a eles, porém não de maneira salvífica.
Qual recompensa terão? - Como vocês podem se dizer seguidores de um amor que nem mesmo vos faz agir como o Senhor seu Deus?
Até os pagãos fazem isso! - Que diferença há entre vocês e os demais?
Mateus, Volumes 1 e 2 (Sexta Antítese: Sumário da Segunda Tábua da Lei)
Jesus não exige de seus discípulos o impossível. Ele não lhes pede que sejam apaixonados por seus perseguidores. Porém, de forma definitiva ele pede que aqueles por quem iria morrer, embora por natureza sejam ainda inimigos de Deus (Rm 5.8,10), orassem pela salvação de seus inimigos, querendo dizer “pela salvação daqueles que os odeiam”.
Por meio da atitude de amar seus inimigos e orar por eles, os seguidores de Cristo provarão a si mesmos e aos demais que são genuínos filhos do Pai celestial. Certamente que ao dizer: “para que possais ser filhos”, etc., Jesus não pretendia dizer: “para que, fazendo isso, vos torneis filhos, ou conquisteis a posição de filhos”. Pela graça eles já eram filhos, porém seu comportamento ou conduta como filhos é que confirmaria esse fato, porquanto os filhos imitam seus pais (Ef 5.1,2).
3. Aplicação
“Sirva aqueles que te fazem o mal, que bem há amar aos que te amam?”
O diferencial dos cristãos está nesse ponto. O amor do discípulo de Jesus o faz amar até mesmo aquele que lhe fere, pega sua túnica e lhe dá motivos de odiá-lo.

Conclusão - O desafio do discípulo (Mt 5.48)

(Mateus 5.48) “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.”
O que Jesus NÃO DISSE?
Que você deve ser perfeito em seus próprios padrãos - O padrão do povo é um padrão muito baixo. Em nosso meio existe um padrão que pode levar as pessoas a serem reconhecidas por uma ética ilibada, pura. Jesus não disse que devemos ter um padrão das pessoas
Jesus não nos pediu perfeição - Parece contraditório, mas quanto mais andamos com a realidade de seguir a Jesus, menos percebemos que em nós há uma possibilidade de encontrar um caminho de infalibilidade. Quanto mais tempo passava, mais claramente Paulo via quem ele era. Até o fim de sua vida, ele dizer que era o “pior dos pecadores” (1Tm 1.15 “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”)
Que a nossa salvação depende da nossa ação - Essa é uma das piores e mais cruéis visões. Em nenhum momento Ele está exigindo isso de você e de mim, a salvação é uma obra de inteira graça! (Ef 2.8 “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;” )
O que Jesus nos desafia?
Se você é discipulo, há algo de especial em você!
“Eu vou dizer-lhe o que é um crente. Ele é alguém que se tomou filho de Deus, que está num relacionamento ímpar com Deus. É isso que faz dele uma pessoa “especial”. “... que fazeis de mais...?” (Mateus 5:47). O crente deve ser uma pessoa especial. Você deveria ser especial, isso pela simples razão que você é uma pessoa especial. Todos dizem que vale muito o “pedigree” de um animal de raça. Se as coisas são assim, qual é o valor do crente? É o seguinte: Ele nasceu de novo, nasceu espiritualmente, e agora é filho de Deus. Você já notou como foi que o Senhor colocou a questão? […] Deus tornou-se o Pai espiritual do crente. Deus não é Pai do incrédulo. É Deus para eles e nada mais; é o Grande Legislador. Mas, para o crente, Deus é Pai. Em acréscimo a isso, nosso Senhor não nos diz: “Sede vós perfeitos como perfeito é Deus nos céus”. Não, graças damos a Deus por isso; mas diz: “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”. Ora, se Deus é seu Pai, então você é alguém especial, não havendo como escapar dessa conclusão. Se a natureza divina lhe foi proporcionada, por meio da dádiva do Espírito Santo, então você não pode ser como outra pessoa qualquer; forçosamente você será uma pessoa diferente. E é acerca disso que somos informados a nosso respeito, por todas as Sagradas Escrituras, isto é, que Cristo habita ricamente em nossos corações, por meio do Espírito Santo.” (Lloyd-Jones, D. Martyn. Estudos no sermão do monte . Editora Fiel. Edição do Kindle.
O Pai está em busca daqueles que o ama profundamente, a ponto de segui-lo em seus termos, radicalmente, sem jeitinho brasileiro sem meias palavras e meio amor.
Porque o próprio Deus nos deixou o seu grande exemplo de amor abnegado! Lá, na cruz, de braços abertos estava o grande e perfeito Deus, abrindo mão da sua glória para amar aos seus inimigos, se abster de se vingar e cumprindo o que prometeu! Você deseja seguir a Jesus, o desafio está claro, imite ao seu pai! E desta maneira, há uma ética diferente no mundo.
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