E quanto aos outros?

O sabor da vida  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Nesta série estamos estudando a ação de Deus em nós, dando um sabor especial a vida, por sua ação sobrenatural, de dentro para fora. É bom lembrar que:

O fruto do Espírito não é um traço de personalidade ou qualidade; é Deus agindo em você!

No primeiro capítulo vimos quem é o Espírito, chamado por Jesus em Jo 14 de Ajudador e que viria como resultado do Seu sacrifício de redenção. Já no último capítulo, estudamos que a tendência humana autodestrutiva fica evidente no conflito entre as obras da carne e o fruto do Espírito. Estudamos também o a primeira parte do fruto: amor, alegria e paz. Hoje vamos estudar mais três partes desse fruto – paciência, clemência e bondade – e sua relação com as outras pessoas.
A razão de dividir o estudo dessa forma é a seguinte proposta de Hendriksen (2009, pág. 267-268):
“Talvez possamos dividir esses nove preciosos frutos em três grupos, perfazendo três frutos em cada grupo. Se isso for correto – de forma alguma se tem certeza! –, o primeiro grupo estaria se referindo às qualidades espirituais mais básicas: amor, alegria, paz. O segundo grupo indicaria aquelas virtudes que se manifestam nas relações sociais. Pressupomos que considera os crentes em seus diversos contatos entre si e com aqueles que não pertencem à comunidade cristã: longanimidade, benignidade, bondade. No último grupo, se bem que aqui há bastante espaço para divergência de opinião, o primeiro fruto poderia referir-se à relação dos crentes com Deus e sua vontade revelada na Bíblia: fidelidade ou lealdade. O segundo, presume-se, com seu contato com os homens: mansidão. O último, à relação que cada crente tem para consigomesmo, ou seja, com os próprios desejos e paixões: domínio próprio.”
Gálatas 5.22–23 RA
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.

Longanimidade/Paciência

Esta palavra aparece 25x em o NT com o sentido de longanimidade/paciência.
A paciência de Deus é salvação para nós conf. 2Pe 3:15 “Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu.”
Em se tratando das relações interpessoais, que é o foco da ação do Espírito em Gl 5:22, Paulo em outro texto nos diz em Ef 4:2:
Efésios 4.2 RA
com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
O ensino de Cristo sobre a paciência é fantástico em Mt 18. No v. 26 o servo diz ao rei “sê paciente comigo e tudo te pagarei.” No v. 29 o conservo diz a mesma coisa. Veja a relação de transferência entre aquilo que recebemos de Deus e o que damos aos outros.
Quanto a isso, você já teve a impressão de que quando se trata de princípios bíblicos, sua aplicação em épocas anteriores era mais fácil o que hoje. Um exemplo disso é a paciência. A condição pós-moderna é por natureza multitarefas, self service e fastfood. O desafio é separar nossa relação de consumo e entretenimento das nossas relações interpessoais. Aí é que percebemos a importância de entender a Bíblia como um conjunto, porque em Gl aprendemos que essa transferência só é possível por uma ação divina.

Como fruto do Espírito, a paciência é uma ação de Deus em mim para promover a paz entre nós!

Benignidade/clemência

Em Tt 3:4 está escrito que Deus é benigno. Ou seja, mais uma característica divina que deve encontrar eco na natureza humana e mais uma vez compreendemos que é uma ação divina em nós, já que é fruto do Espírito. Na língua do Novo Testamento é a mesma raiz da palavra suave em Mt 11:30.
Quando lemos Lc 6:35, está escrito que Deus é benigno com os ingratos e maus. Em Ef 4:32 “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo.” O padrão divino é mais uma vez a motivação para sermos clementes uns com os outros. Como isso é possível?

Só posso ser clemente com os outros, como Deus é comigo, se o Ajudador agir em mim!

Bondade

A palavra “bondade” é uma das faces do conceito de bom em o Novo Testamento. Um aspecto é o que é bom sendo belo portanto, estético, mas a palavra que aparece em Gl 5 está ligada a ideia de bondade do Antigo Testamento, ou seja, “o conceito do bem se vincula indissoluvelmente com a fé pessoal em Deus” (BROWN, 2000, pág. 240).
Foi por isso que quando perguntaram a Jesus ...Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que você me pergunta sobre o que é bom? Há somente um que é bom... Mt 19:16-17. Se só Deus é bom, mas em Gl está escrito que o fruto do Espírito é bondade. Exatamente:

Deus me faz uma pessoa boa, do jeito que só Ele pode!

Veja como Jesus explicou isso em Mt 25:21
Mateus 25.21 RA
Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
Se ninguém é bom (Mt 19), mas o servo é bom (Mt 25) creio que isso só pode ser possível por causa da frutífera ação do Espírito em nós. Ele é que transfere as características divinas para nós, de maneira que dá um sabor especial à vida.
De vez em quando meu filho de onze anos ajuda a fazer brigadiro ou almôndegas. Claro que não é com a mesma habilidade com que a minha esposa faz, mas quando termina eu digo: “está bom”. É como um dos cozinheiros do Masterchef que ele é avaliado? Forma e conteúdo estão de acordo com suas imitações e a avalição de como está bom, com o pai. O pai pode dizer que está bom aquilo que o filho faz.
É Deus quem produz paciência, clemência e bondade em mim, com o propósito de que em nossas realações possamos abençoar uns aos outros. É um milagre que o Ajudador faz em nós e é assim que Ele frutifica nossa vida.
Referências: Colin BROWN e Lothar COENEN (org.). Dicionario internacional de teologia do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2000; William HENDRIKSEN. Comentário do Novo Testamento: Gálatas. São Paulo: Cultura Cristã, 2014.
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