Ministros de Jesus, o Messias (2)

PALAVRA IGREJA BATISTA DO VALE:

CULTO DE CONSAGRAÇÃO AO MINISTÉRIO PASTORAL DO PASTOR VÍTOR – pr. José Ribeiro Neto - 12 de março de 2022

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TÍTULO: Ministros de Jesus, o Messias

TEXTO: 1Co 4.1-5

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INTRODUÇÃO:

O que o pastor não é (por John Stott[1]):

“O pastor, primeiramente, não é como o profeta que recebeu a revelação original da boca de Deus. Basicamente, Deus já nos revelou tudo o que queria revelar. Tudo que nós precisamos para a vida já está na Bíblia. Quando Ele fala hoje, por meio do Seu Espírito, é para aplicar a Palavra às nossas vidas.

O pastor também não é um apóstolo, como os doze discípulos. Eles foram testemunhas oculares da ressurreição de Jesus e foram ordenados pessoalmente por Jesus Cristo a apascentar as Suas ovelhas. O pastor não tem a autoridade de uma pessoa que recebeu tudo pessoalmente das mãos de Jesus. O que ele fala é sujeito a discussão, porque ele não tem o monopólio da interpretação.

Em terceiro lugar, o pastor não é um papagaio. Ele não é uma pessoa que colhe idéias de outros e repassa-as adiante como conhecimento próprio.

Suas idéias não são achadas em qualquer lugar. Os seus sermões não são sacolas de trapos; quer dizer, idéias e pensamentos simplesmente colhidos de livros e de sermões que outros já pregaram. Não é errado usar as idéias de outras pessoas ou citar outros em nossos sermões. O problema com o papagaio é que ele não usa sua própria mente. Ele usa idéias, palavras e pensamentos de outros porque é preguiçoso”.

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AFIRMAÇÃO TEOLÓGICA: Deus chama homens que tenham qualidades que demonstrem o seu caráter, de modo que possam estar qualificados para serem Ministros de Jesus, o Messias

ORAÇÃO INTERROGATIVA: Quais as qualidades de um ministro de Jesus, o Messias?

SENTENÇA DE TRANSIÇÃO: Meditemos com base nesse texto sobre três qualidades de um ministro de Jesus, o Messias:

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1.a qualidade de um ministro de Jesus: Credibilidade

Que os homens nos considerem (λογιζέσθω)

Ilustr.: Muitos candidatos reclamam do processo para vir a ser aceito na ORMIBAN (Ordem dos Ministros Batistas Nacionais). Há em todas as grandes denominações processos e requisitos para ser aceito nas ordens de pastores. O nosso não está entre os mais difíceis e nem entre os mais fáceis. Não é perfeito, mas procura minimizar os riscos de se aceitar na ordem alguém que não tenha sido chamado por Deus. E dos que eu conheço, os processos e requisitos entre os batistas são os que mais envolvem a participação da Igreja.

Um processo com requisitos muito pesados pode dar a impressão de elitização ou injustiça;

Um processo muito fácil pode atrair gatunos e sacrificar a seriedade do ministério pastoral;

Por isso as ordens batistas adotam um processo com requisitos equilibrados de modo a minimizar o erro de aceitar gatunos e aproveitadores, e, ao mesmo tempo, trazer credibilidade.

Ao passar por todo o processo: 1) reconhecimento da igreja; 2) assembleia solicitando que o aspirante inicie o processo; 3) sindicância; 4) exame da ordem; 5) período probatório de um ano; 6) culto de ordenação e, por fim, 7) recebimento oficial na ORMIBAN; após tudo isso, um ministro da ORMIBAN pode ter certeza de que ele tem credibilidade.

credibilidade da igreja;

credibilidade da ORMIBAN;

credibilidade dos de fora: pois pode se orgulhar de ter passado por vários processos para poder ser reconhecido como pastor.

Daí para frente, podem discordar dele, podem não gostar de sua maneira de pastorear, de pregar, de ensinar. Mas não podem negar sua credibilidade.

Após a ordenação e recebimento, um pastor batista nacional continua a estar debaixo da autoridade da assembleia da igreja e da ORMIBAN, mas a sua credibilidade não pode ser menosprezada por ninguém.

Até aqui, tudo o que fizemos como igreja, como pastores e como convenção batista nacional dá ao pastor Vítor a credibilidade necessária para pastorear qualquer igreja da nossa convenção e de outras denominações, caso um dia ele se descontente conosco.

Mas daqui pra frente é ele que terá que manter e conquistar dia após dia mais e mais credibilidade.

É no pastoreio, como auxiliar e como titular que ele atrairá o afastará a igreja e a sociedade para si;

Vale um alerta: a credibilidade é difícil de ser conquistada, mas fácil de ser perdida.

Paulo está escrevendo a uma igreja hostil ao seu ministério. Imagine: quem não gostaria de ter o apóstolo Paulo como pastor? Pois é, isso é tristeza e alento para os novos pastores: sem até mesmo o ministério de Paulo foi desprezado, Ai de nós!

Mas o que o apóstolo está exortando é que podem tirar tudo dele, menos a credibilidade.

Assim, uma igreja pode maltratar muito um pastor, pode ser injusta com ele, pode não honrá-lo com um salário digno, podem reclamar de seu ensino e pregação, de sua administração, seja lá do que for...

Mas nunca ninguém poderá tirar a credibilidade de um homem de caráter.

Duas vezes lemos em Ezequiel:

Ezequiel 2.5

E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde), hão de saber que esteve no meio deles um profeta.

​Ezequiel 33.33

Mas, quando vier isto (eis que está para vir), então, saberão que houve no meio deles um profeta.

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2.a qualidade de um ministro de Jesus: Serviço

Ministros (ὑπηρέτας) do Messias (Cristo)

É difícil saber o que Paulo quis dizer com a palavra grega que utilizou aqui ὑπηρέτας < ὑπηρέτης, -ου, ὁ, ministro, ajudante, “assistente”, oficial (subordinado) de justiça (especialmente do Sinédrio) (…) (Taylor, William Carey . Dicionário do Novo Testamento Grego. Rio de Janeiro, RJ: JUERP, 2011, p. 232).

Os significados mais prováveis: servos que ministram, assistente que era responsável pela entrega do rolo da Lei na sinagoga.

A realidade é que o pastor não deve ser visto e nem se ver como “sacerdote”, “tirano”, “dominador do rebanho”.

1Pe 5.1-4 “Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.

Os termos utilizados para “pastor” não têm sentido hierárquico, mas expressam as funções executadas pelo pastor e incluem: servo, administrador, ancião, ministro.

No geral, as pessoas até preferem um autoritário, um tirano, um autocrata. Pois querem se dirimir das suas responsabilidades como membros para buscarem idolatrar certos líderes.

Mas um pastor não deve se importam com as tendências contemporâneas de liderança que não sejam bíblicas.

Somos servos de Jesus, o Messias, essa é a maior honra do ministro.

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3.a. qualidade de um ministro de Jesus: Mordomia

Despenseiros (οἰκονόμους) dos mistérios de Deus

Nessa última parte temos uma última palavra importante:

οἰκονόμος, -ου, ὁ, administrador, mordomo, despenseiro, feitor: “(a) geralmente, um escravo ou liberto que era responsável pela escrituração e administração da casa ou fazenda; (b) superintendente das finanças de uma cidade, tesoureiro, Rom. 16:3; (c) curador, administrador dos bens de um menor, até a idade de 25 anos” — Souter[2].

Como já expliquei algumas vezes, o ministro é um mordomo.

Não é o dono da casa, não é proprietário de nada. A casa não é dele, os bens não são dele. Os moradores da casa não são dele. A dispensa não é dele.

Mas todas essas coisas estão sob seus cuidados. Ele tem de zelar por elas. Qualquer coisa que acontecer será cobrado dele. Ele tem de prestar contas.

Duas coisas Paulo afirma sobre os despenseiros (οἰκονόμους):

1) Que são despenseiros dos mistérios de Deus;

Em outra passagem Paulo parece deixar claro o que isso significa:

7Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. 8Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; 9perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 10trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. 11E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal. 12De maneira que em nós opera a morte, mas em vós, a vida.

Um ministro de Jesus, o Messias carrega um enorme peso de glória. Tem sob sua responsabilidade a arma mais poderosa de todo o universo: A Palavra de Deus.

Carrega essa arma poderosa, esse tesouro – porém, é frágil, é vaso de barro: no grego uma louça frágil (ὁστράκινος, -η, -ον, de barro, de louça de barro[3]).

2) Que é preciso que se ache fiel.

Ilustr.: na antiguidade, como hoje. Homens muito ricos não conseguem usufruir de sua riqueza se ficarem tendo que administrar tudo o que têm. Por isso, é preciso contratar um administrador, alguém que cuide dos bens. Contudo, se contratar um administrador e toda hora ter que ficar fiscalizando o que o administrador faz vai dar na mesma. Assim, é preciso contratar um administrador fiel. Um que tenha a confiança do dono de tal modo que não precise ficar fiscalizando.

Um dia, cada um de nós ministros terá de dar conta do que nos foi confiado, enquanto esse dia não chega é preciso que nos achemos fiéis ao que nos foi confiado.

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CONCLUSÃO

Tendo lido inicialmente o que o Pastor não é, agora aprendemos o que ele é: 1) alguém que tem credibilidade; 2) alguém que serve e 3) um despenseiro fiel dos mistérios de Deus.

Hoje é um dia de grande alegria para essa igreja e para o Pastor Vítor

Hoje é um dia de festa no Reino de Deus. Mais um ministro é definitivamente separado para o sagrado ministério pastoral

Que nesse dia de alegria, Pastor Vítor, você honre essa consagração que já foi operada nos céus, mas que está sendo confirmada pela igreja e pelo presbitério da Ordem dos Ministros Batistas Nacionais.

1. A igreja, junto com o presbitério está te confiando: Credibilidade, que essa credibilidade sempre cresça e que você nunca a perca;

2. A igreja, junto com o presbitério está esperando de você: Serviço, que você sirva essa igreja, sirva outras igrejas, sirva o Evangelho do Reino;

3. A igreja, junto com o presbitério e o dono da casa, está te entregando: Mordomia, que você esteja sempre diante do conselho do Senhor para tirar da dispensa os mistérios da Palavra de Deus para o corpo de Cristo.

Que você seja encontrado sempre como um despenseiro fiel daquilo que o Senhor da seara te confiar.

[1]Disponível em: O Pastor como Despenseiro - John Stott (monergismo.com), acesso em: 09 mar. 2022. [2]William Carey Taylor, Dicionário do Novo Testamento Grego(Rio de Janeiro, RJ: JUERP, 2011), 147. [3]William Carey Taylor, Dicionário do Novo Testamento Grego(Rio de Janeiro, RJ: JUERP, 2011), 155.