Homo Deus - Seu Ser

Homo Deus - Seu Ser (João 3:1-15).

Nova Versão Internacional 3.1 O Encontro de Jesus com Nicodemos

Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os judeus. 2 Ele veio a Jesus, à noite, e disse: “Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele”.

3 Em resposta, Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”.

4 Perguntou Nicodemos: “Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer!”

5 Respondeu Jesus: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. 6 O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito. 7 Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês nasçam de novo. 8 O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito”.

9 Perguntou Nicodemos: “Como pode ser isso?”

10 Disse Jesus: “Você é mestre em Israel e não entende essas coisas? 11 Asseguro-lhe que nós falamos do que conhecemos e testemunhamos do que vimos, mas mesmo assim vocês não aceitam o nosso testemunho. 12 Eu lhes falei de coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais? 13 Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céu: o Filho do homem. 14 Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, 15 para que todo o que nele crer tenha a vida eterna.

Introdução:

Todos já ouviram falar sobre nós sermos o "homo sapiens" na escola. O homem que sabe, o homem que pensa. Diferente de todos os ancestrais, segundo pensamentos científicos, o ser humano atual é um ser muito mais racional que instintivo. Para a ciência isso já significava muita coisa, afinal, havia um reconhecimento da parte de todos que nós éramos evoluídos. Seres acima dos demais.

Pois bem, nada mudou desde então, mas esses dias me deparei com um livro na internet que tinha como título "Homo Deus" - Yuval Harari. Aquele nome me chamou muito a atenção, porque seria uma nova evolução que estaria chegando? E então procurei saber mais sobre o livro. A proposta do autor é fazer uma análise histórica, filosófica e científica para afirmar que estamos entrando numa nova era. Homo Deus é uma referência a quem seremos no futuro, com todos os avanços tecnológicos, todo poder que a humanidade tem conquistado, influência e tudo mais.

Achei o nome muito chamativo, mas completamente absurdo. Independente dos nossos avanços, nos comparar a Deus continua sendo uma tolice.

Por outro lado, enquanto jamais nos compararíamos a Deus, o próprio Deus veio à terra e habitou entre nós. Ele se comparou a nós. Se reduziu a nós.

Jesus foi o verdadeiro e único Homo Deus. Cremos assim. Aquele que era homem e também era o próprio Senhor. Aquele que mesmo vivendo entre nós, sempre foi a imagem do Deus invisível.

É sobre Ele, o verdadeiro Homem-Deus que quero falar com vocês.

João escreve esse Evangelho com características muito diferentes dos outros 3. João tem por intenção enfatizar a divindade de Jesus. Logo no capítulo 1 temos a declaração de que ele é o Verbo, que estava com Deus e que era Deus. E João vai enfatizar isso em todo o livro, com sinais e diálogos de Jesus.

Nesse texto Jesus conversa com um homem fariseu chamado Nicodemos. Homem respeitado, grande autoridade religiosa e intelectual da época. Homem importante e dentre os fariseus que aparecem nas escrituras talvez seja um dos mais sensatos. Ele não tinha intenção de derrubar Jesus como os outros faziam sempre que encontravam com ele.

Pois bem, vamos ao sermão:

Uma visão limitada (v. 1-2):

1 Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os judeus. 2 Ele veio a Jesus, à noite, e disse: “Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele”.

João nos diz que Nicodemos foi visitar Jesus a noite. O que aparentemente João quer nos dizer é que Nicodemos, por ser quem era, por fazer parte do grupo que fazia, preferia encontrar Jesus com toda discrição. Não queria ser visto. Aquele encontro não poderia ser público, isso colocaria em risco sua reputação. Mas o ponto não é em que momento ele vai ao encontro de Jesus, mas com que Jesus ele vai se encontrar.

Nicodemos era uma autoridade intelectual-religiosa naquele lugar e ele respeitosamente chama Jesus de "Rabi". Para ele como mestre da lei, chamar Jesus de "Rabi" era reconhecer que Jesus estava acima dele. Era confessar que Jesus era a maior autoridade daquela conversa.

Por quê? Porque ele sabia que Jesus ensinava da parte de Deus. Para Nicodemos era de se perceber que Jesus era um homem diferente dos outros. Ele tinha uma proximidade com Deus que os outros mestres não tinham, e isso lhe chamava a atenção. Normalmente os fariseus são homens orgulhosos, que só se achegam a Jesus para procurar algo que o condenasse, mas Nicodemos era diferente. Ele tinha respeito e era sincero naquilo que dizia a Jesus. Ele estava convicto que Jesus ensinava da parte de Deus.

Mas, de onde vem essa convicção? O próprio versículo 2 nos mostra. "Ninguém pode realizar os sinais milagrosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele". Nicodemos entendia que os milagres que Jesus realizava só podiam vir de Deus. Homem nenhum teria poder para fazer aquelas coisas. Alguns atribuíam os sinais de Jesus a demônios. Mas Nicodemos sabia que aquilo era obra de Deus.

Aplicação:

Meus irmãos, nós percebemos que Nicodemos tinha sua própria visão de quem era Jesus. Ele sai a noite para se encontrar com um Jesus que é sábio e cheio de autoridade, autoridade divina, confirmada por seus sinais e maravilhas, mas essa visão de quem é Jesus é muito limitada.

Nicodemos não via Jesus como Messias, como Cristo. Não o via como Deus; ou como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; ou o Pão da Vida; a Luz do Mundo; aquele que Era, É e que Há de vir. Ele era um mero mestre. Ainda que fosse reconhecido por Nicodemos como um mestre maior que todos os outros da época, não passava disso.

Mas Nicodemos não está sozinho. Muitas pessoas em nosso dias encaram Jesus de forma limitada. Ele é por diversas vezes analisado como um exemplo de liderança. E então as pessoas leem os Evangelhos para aprender a liderar como Jesus, e então escrevem livros e mais livros em torno disso. Ou quem sabe, um exemplo de sabedoria e intelectualidade. Aí as pessoas leem os Evangelhos, escrevem livros sobre como ser inteligente e sábio tomando o exemplo de Jesus, coisa e tal. Ou até mesmo, tomam Jesus como um exemplo de filantropia, e mais uma vez as pessoas leem os Evangelhos, escrevem livros e dão palestras sobre a importância da ajuda ao necessitado e tudo o mais. Essas e tantas outras visões de Jesus não estão inteiramente erradas, mas o problema é que enxergar Jesus de uma única maneira é limitar Cristo a uma figura.

Slide: C. S. Lewis disse o seguinte em Cristianismo Puro e Simples: "Quero evitar aqui que alguém diga a enorme tolice que muitos costumam dizer a respeito dele: 'Estou pronto para aceitar Jesus como um grande mestre de moral, mas não aceito sua reivindicação de ser Deus'. Esse é o tipo de coisa que não se deve dizer. Um homem que fosse meramente um ser humano e dissesse o tipo de coisa que Jesus disse não seria um grande mestre de moral. De duas uma, ou ele seria um lunático - do nível de alguém que afirmasse ser um ovo frito - ou então seria o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus; ou então um louco ou algo pior. Você pode descartá-lo como sendo um tolo ou pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou, então, poderá cair de joelhos a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não me venha com essa conversa mole de ele ter sido um grande mestre da moral, pois ele não nos deu essa alternativa e nem tinha essa pretensão."

Não tem como fingir que Jesus era uma figura qualquer, com habilidades, carisma ou intelecto avançado. Como Lewis disse, declarar o que ele declarou, dizer que profecias sobre o Messias que viria se cumpriram nele; se chamar de Filho do Homem; receber adoração; se entregar para a morte em favor de muitos, quando se fosse qualquer homem esse sacrifício de nada valeria. Esse homem precisa ser reconhecido como um doido, um lunático, um absurdo em pessoa. Ou então um tremendo mentiroso, que se vestiu de um personagem a vida toda e morreu assim. Agora, se Jesus não era um louco e nem um mentiroso, só nos resta o reconhecermos como Deus. Nada menos que isso.

Jesus era, e é, o próprio Deus. Paulo nos diz que Cristo é a imagem do Deus. Ele é o Verbo que estava com Deus e era Deus. Ele é a Luz dos homens que habitou entre nós.

Depois disso, Jesus começou a falar sobre novo nascimento com Nicodemos.

É necessário nascer de novo (v. 3-8):

3 Em resposta, Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”.

4 Perguntou Nicodemos: “Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer!”

5 Respondeu Jesus: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. 6 O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito. 7 Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês nasçam de novo. 8 O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito”.

Jesus conhecendo o coração daquele mestre responde: "Digo a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo".

A forma como Jesus responde Nicodemos me faz lembrar do diálogo que ele tem com a mulher samaritana no capítulo seguinte de João. Nicodemos não perguntou quem era Jesus, na verdade ele até já tinha uma ideia de quem ele era. Nicodemos reconhece que aquilo que Cristo faz é da parte de Deus, mas então Jesus questiona sua avaliação.

Aquele que não é nascido de novo não pode ver o Reino de Deus. Ou seja, Nicodemos diz que o que Jesus faz é da parte de Deus, mas Jesus diz que ele não poderia julgar aquilo como sendo divino se não fosse nascido de novo. Nicodemos tem um conhecimento limitado de quem Jesus é, porque, o que ele reconhece de Jesus são apenas os milagres e os ensinamentos. Era necessário que ele nascesse de novo para reconhecer Jesus como realmente Ele é.

"Como alguém pode nascer já sendo velho?" Nicodemos não entendia como seria possível nascer uma segunda vez, já que seria impossível entrar novamente no ventre de uma mãe um homem velho.

Jesus não corrige ele, mas insiste que só se entra no Reino de Deus aquele que é nascido de novo. Agora ele acrescenta "água" e "Espírito". Versículo 6: "O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito."

Como se ele dissesse: Você tá pensando no nascimento em carne, nascimento terreno, mas eu falo do nascimento do alto. O nascimento da carne é uma coisa, o nascimento do alto é outra bem diferente. Passa pela conversão, passa pelo batismo.

V. 8: "O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito."

Nicodemos pergunta: "Preciso voltar pro ventre da minha mãe?"

Jesus diz: "Cara, não é assim que funciona. Novo nascimento vem do alto, é obra do Espírito. Ele é soberano sobre essas coisas, não dá pra explicar, assim como o vento. Mas, assim como o vento, a obra que ele realiza é perceptível, você pode ouvir, você pode perceber na vida daquele que é nascido de novo.

Incredulidade (v. 9-15):

9 Perguntou Nicodemos: “Como pode ser isso?”10 Disse Jesus: “Você é mestre em Israel e não entende essas coisas? 11 Asseguro-lhe que nós falamos do que conhecemos e testemunhamos do que vimos, mas mesmo assim vocês não aceitam o nosso testemunho. 12 Eu lhes falei de coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais? 13 Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céu: o Filho do homem. 14 Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, 15 para que todo o que nele crer tenha a vida eterna.

Nicodemos era familiarizado com o "Reino de Deus". Ele sabia o que era aquele Reino, sabia que Jesus se referia a vida eterna. Ele era mestre em Israel, sabia o que era isso, mas como esse Reino Se dá a nós era uma dificuldade para ele. Acostumado com doutrinas legalistas, que dizia que o Reino de Deus era exclusivo de alguns, e que para entrar nesse Reino era necessário que fosse cumpridas várias normas cerimoniais e civis, ou até mesmo normas que eles mesmos criavam. Reino de Deus, na cabeça de Nicodemos, como fariseu que era, seria visto por mim quando eu praticasse tudo o que a lei judaica dizia, enquanto Jesus disse que esse Reino era visto por aqueles que nasceriam do alto. O Reino de Nicodemos vinha das obras, o Reino de Jesus vinha do céu. O Reino de Deus é para aqueles que nasceram de novo. É para aqueles que reconheceram Jesus como Cristo, como Senhor. Isso é difícil para ele compreender. "Como pode ser isso?"

Nicodemos não entendia. Jesus diz que falava daquilo que conhecia, e testemunhava o que via, mas Nicodemos não cria em seu testemunho. Como então entenderia? Para entender as coisas celestiais era necessário conhecer quem realmente era Jesus, e Nicodemos não entendia. Era necessário ser nascido de novo, e Nicodemos não era. Por quê? O problema é que ele não entendia? Com certeza não. O problema é que ele não cria. Ele não cria no testemunho de Jesus.

V. 14: "Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos que nele crer tenha a vida eterna."

Aqui Jesus fala de algo que Nicodemos certamente conhecia. Em Números 21 aconteceu um episódio onde o povo era picado por serpentes e estavam morrendo. Então Moisés forja uma serpente de bronze e a coloca de pé no arraial, para que todo aquele que fosse picado e estivesse prestes a morrer, recebesse uma nova vida. Nicodemos cria que isso havia acontecido, mas precisava crer que Jesus era aquele que, assim como a serpente, poderia dar uma nova vida. Não física, como a serpente, mas espiritual.

"É necessário que o FIlho do Homem seja levantado".

Irmãos, para que todos tinham vida eterna ao crer em Jesus era necessário que fosse levantado pendurado num madeiro. Não haveria esperança sem pagamento pelos nossos pecados. Não haveria redenção se não houvesse morte. Não há perdão de pecados sem derramamento de sangue.

Também era necessário que o Filho do Homem fosse levantado em exaltação e glória, em majestade e poder, para sacramentar a vitória sobre a morte e o pecado. Se Jesus tivesse simplesmente morrido por nossos pecados, estaríamos perdoados, mas isso não nos torna justos diante de Deus. Isso não nos torna filhos de Deus. Mas cristo ressuscitou, foi exaltado e está à direita de Deus Pai, governando todas as coisas, com um nome que está acima de todo nome, e diante dele todo joelho se dobrará. Agora sim, Cristo vivo e reinando eternamente, temos esperança de vida eterna. Aquele que ressuscitou há nos ressuscitar consigo no último dia. É necessário que o Filho do Homem seja levantado. Graças a Deus por isso.

Aplicação:

Jesus nos fala sobre o Novo Nascimento. Esse Novo Nascimento vem da parte de Deus, vem do alto. É o nascer do Espírito. Tenhamos convicção de que o Novo Nascimento não é produzido por nós, mas é obra do Espírito Santo.

O Espírito que nos conduz à fé em Jesus Cristo. Nosso reconhecimento de Cristo é muito limitado assim como Nicodemos. Sem que nós nasçamos de novo, é impossível ter uma visão clara de quem é Jesus. Jesus precisa ser levantado sobre nossas vidas, como o texto nos diz. Quando nós exaltarmos Jesus por aquilo que ele verdadeiramente é, aí sim teremos certeza de que nascemos para uma nova vida no Espírito.

Tenhamos nossas esperanças todas em Jesus, que nos garante a vida eterna que ele conquistou para nós com sua ressurreição.

Nicodemos tem uma ideia de quem é Jesus e vai falar com ele. Será que ele estava preparado para quem Jesus realmente é? Não aquele que é um mestre maior que os outros, mas aquele que dá vida aos homens?