A COMPAIXÃO DO DISCÍPULO

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A COMPAIXÃO DO DISCÍPULO (Ef 4.32)
(Efésios 4:32 | NAA)
Pelo contrário, sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros, como também Deus, em Cristo, perdoou vocês.
INTRODUÇÃO: Uma das verdades mais duras que temos de engolir nessa vida, é que o nosso mundo é um mundo de sofrimento. É um mundo de dores e lágrimas. Quando andamos pelas ruas, quando visitamos os hospitais, quando passamos na frente de cemitérios, quando vemos as notícias da TV, fica claro que o sofrimento faz parte do dia a dia de cada um. O sofrimento que a fome traz. O sofrimento que a doença traz. O sofrimento que o luto traz. O sofrimento que a guerra traz. O sofrimento que a violência traz. O sofrimento que alcança as pessoas por diferentes caminhos.
E é exatamente por causa disto, que a compaixão é uma virtude extremamente necessária. Como crentes, nós devemos saber que a melhor resposta que podemos dar ao sofrimento das pessoas é a compaixão. A compaixão é a melhor reação que podemos ter diante desse mundo de dor. E é exatamente sobre isso que o nosso texto fala. Ao escrever a sua carta aos crentes de Éfeso, o apóstolo Paulo usa breves e profundas palavras para ensinar aqueles crentes sobre a compaixão. Uma compaixão que eles deveriam viver tanto dentro da igreja quanto fora da igreja. E falando sobre essa compaixão, Paulo destaca pelo menos três marcas sobre a compaixão do discípulo. Primeiro, é uma compaixão que age. Segundo, é uma compaixão que perdoa. E, terceiro, é uma compaixão que reflete. É com essas três verdades em mente que iremos aprender um pouco mais sobre como vivemos essa compaixão.
I. UMA COMPAIXÃO QUE AGE (v. 32a).
1. AGE COM BONDADE (v. 32a). “sejam bondosos [...] uns para com os outros.“ Quando nós falamos sobre bondade, nós estamos nos referindo ao desejo de ajudar. É a vontade de abençoar o próximo nas diferentes necessidades que ele possa ter. É aquela pessoa que está disposta a pensar além dos seus próprios interessas. Ela leva em consideração também o interesse dos outros, as necessidades dos outros, as lutas e conquistas dos outros. Isso é bondade. E esse é o tipo de bondade que é pura; que age sem segundas intenções. Sem querer algo em troca. Aqueles que são mais atentos as notícias, devem ter tomado conhecimento do escândalo envolvendo um deputado estadual essa semana. Ao visitar a guerra na Ucrânia, o dito deputado, que estava lá supostamente para ajudar o povo, mostrou a sua verdadeira face num áudio de WhatsApp, dizendo que estava lá também para se aproveitar das mulheres que estavam sexualmente vulneráveis naquela situação de guerra. Uma bondade extremamente hipócrita.
PONTE: O tipo de vontade que devemos evitar.
2. A VERDADEIRA BONDADE é aquela que não procura ganhar alguma coisa. Pelo contrário, ela é colocada em prática mesmo quando isso exige a perda de alguma coisa. É o tipo de coisa que poderíamos chamar de uma bondade sacrificial. É aquela pessoa que está disposta ajudar mesmo quando isso implica em sacrifícios pessoais. Mesmo quando ela tem de abrir mão do seu conforto pessoal para ajudar; abrir mão do seu conforto emocional para ajudar; abrir mão do seu conforto material e financeiro para ajudar. Uma bondade sacrificial. É a bondade que vimos na vida do nosso Senhor Jesus, que teve de descer, sofrer e morrer nesse mundo para ajudar a humanidade. É essa bondade que devemos imitar.
PONTE: Esse é o tipo de bondade que existe, não apenas no coração de Jesus, mas também no coração de cada crente. É uns dos resultados do Espírito de Deus morando dentro de nós.
3. AGE COMO UM FRUTO DO ESPÍRITO. Nós devemos lembrar que um dos frutos que é destacado em Gálatas 5.22 é a benignidade e a bondade. Isso quer dizer que toda bondade que temos em nosso coração, toda disposição que temos de ajudar e abençoar os outros, não vem de nós ou da nossa herança genética, vem do próprio Deus que nos capacita para isso. A bondade que somos chamados a praticar é tanto sacrificial, como também sobrenatural. É o Espírito de Deus que nos desliga do nosso ego; é ele que abate o nosso orgulho; é ele que faz todos processos necessários para que venhamos a viver aquilo que chamamos de bondade. É o espírito de Deus que tem o poder de transformar um coração ensimesmado, num coração de servo.
4. AGE COM MISERICÓRDIA. “sejam [...] compassivos uns para com os outros”. É assim que Paulo como a bondade ao lado da compaixão. O coração bondoso é um coração cheio de compaixão. É aquela pessoa que consegue se colocar no lugar do seu semelhante. É aquela pessoa que consegue sentir a dor do outro. Ele vive aquilo que chamados de empatia. E empatia é experimentada toda vez que nós somos afetados pelo sofrimento do outro. É quando a tristeza do outro se torna a nossa tristeza. Isso é compaixão. Essa é a gasolina da bondade. É esse sentimento que faz com que venhamos a amar uns aos outros de forma sincera. Faz com que venhamos a levar os fardos uns dos outros de forma resoluta. É um coração repleto de misericórdia pelo próximo.
O CHAMADO DO DISCIPULO É PARA FAZER COISAS BOAS NUM MUNDO DE MALDADES. Todos vocês sabem que nós vivemos num mundo onde a bondade está em processo extinção. Vivemos num mundo onde o próximo é geralmente visto, não como uma pessoa a ser ajudada, mas sim como uma pessoa a ser explorada. É o velho lema do cada um por si. E é essa raiz de maldade presente em nosso mundo que desemboca em todos os problemas que presenciamos em nosso dia a dia: corrupção, estupro, roubo, assassinato, violência, calúnia, calotes e todo tipo de maldade que a mente humana possa imagina. É o nosso mundo. Mas o chamado do discípulo é estar na contra mão desse mundo. Precisamos viver a bondade.
POR UM LADO, PRECISAMOS FAZER O BEM AOS NOSSOS IRMÃOS NA FÉ. É você saber que um irmão está passando por uma luta, e você se dispor a orar e ajudar aquele irmão. É você saber que o seu irmão está passando por uma tristeza, e você trazer uma palavra de consolo, ou pelo whatsapp ou pessoalmente. É você saber que o seu irmão está passando por uma crise financeira e você ter a atitude de abrir a carteira e ajudar. É você saber que seu irmão está numa fase de confusão da vida e você compartilhar experiencias parecidas de como você atravessou essa fase. Esse é o tipo de bondade que devemos vivenciar em nosso dia a dia como igreja.
PONTE: Mas não apenas em igreja. Devemos viver isso também no mundo.
POR OUTRO LADO, PRECISAMOS FAZER O BEM A TODOS. Isso inclui descrentes. Isso inclui pessoas que você não conhece. Isso inclui também pessoas que não gostam de você. Inclui o mundo. O discípulo precisa aprender a arte de fazer o bem a todos em todos os lugares. Quer seja sendo prestativo com um idoso que precisa de ajuda na rua. Quer seja sendo gentil com o caixa do supermercado. Quer seja agradecendo a um frentista num posto de gasolina. Quer seja dando bom dia a um vizinho ou vizinha. Ou qualquer outra situação onde temos a oportunidade de oferecer bondade. Mas principalmente, não podemos esquecer que a maior bondade que podemos fazer uma pessoa nesse mundo, é pregar o evangelho para ela. É dizer para ela que Jesus é a salvação de Deus para nossas vidas. É com esse testemunho, através da vida e das palavras, que marca a vida de um discípulo vive a compaixão. Uma compaixão que age em atos de bondade.
PONTE: Um dos grandes obstáculos de agir com bondade é quando somos atacados e ficamos ressentidos. É por isso que Paulo prossegue...
II. UMA COMPAIXÃO QUE PERDOA
1. O PERDÃO (v. 32b). ...perdoando uns aos outros”. Esse é o segundo resultado de um coração que está encharcado de compaixão e bondade. Esse tipo de coração tem a capacidade de perdoar. É o coração que tem a prontidão em não revidar os ataques que sofre. É o coração que está disposto a chorar sem se vingar. Essa é a essência do perdão. Perdoar é não pagar na mesma moeda. Perdoar é não guardar rancor. Perdoar é não contra atacar. Perdoar é ignorar as mágoas. Perdoar é não ficar ressentido. Notem bem,não se trata de esquecer o ataque sofrido e fingir que nada aconteceu. Isso é impossível. A dor sempre será lembrada. Por mais que a ferida não esteja mais doendo, a cicatriz ainda vai continuar lá. Mas o perdão capacita a gente não remoer essa dor. O perdão capacita a gente não ficar descascando a ferida diariamente. É disso que se trata o perdão.
PONTE: E é aqui onde chegamos a uma verdade muito interessante.
2. O PERDÃO PRESSUPÔE FERIDAS. Se Paulo está dizendo que nós devemos perdoar uns aos outros, nas entrelinhas, ele está dizendo também que nós vamos ferir uns aos outros. Isso faz parte do nosso caminhar como igreja desse lado da eternidade. E entender isso é importante. Nesse assunto, geralmente os crentes caem em dois extremos. Primeiro, temos o extremo do romantismo.É aquele tipo de crente que acha que na sua vida em igreja ele nunca será machucado, ferido, desiludido, escandalizado ou decepcionado pelo seu irmão. É aquele que tem uma visão romântica da igreja, como se todo crente fosse um anjo na terra. É o extremo do romantismo. Mas existe o outro lado dessa história. Segundo, temos o extremo do pessimismo. É aquela pessoa que acha que todo crente é um demônio. Que a vida em igreja é só decepção, amargura e falsidade. Que todo crente é fofoqueiro, que todo pastor é ladrão, que todo líder é arrogante, e por aí vai. É aquele tipo de pessoa que transforma a igreja num inferno na terra. São esses extremos que temos de evitar. Como crentes devemos ter uma visão realista da igreja. Nós não somos anjos, mas também não somos demônios. O que nós somos, então? Somos pecadores redimidos em um processo de restauração. Estamos sendo aperfeiçoados dia após dia, uns com os outros e uns pelos outros. E as vezes, nesse processo de restauração, acontece da nós ferimos uns aos outros. De falharmos uns com os outros. E é por isso que Paulo está falando nesse texto sobre a importância do perdão.
ESSE É O MELHOR CAMINHO PARA NOSSA CONVIVÊNCIA COMO IGREJA. É bem verdade que nós vivemos num mundo que não conhece essa virtude. Um mundo rancoroso que não sabe o que é perdoar. Nós vivemos na cultura do cancelamento. Basta você dizer ou digitar algumas palavras erradas nas redes sociais e você verá uma avalanche de pessoas criticando e humilhando você por causa daquilo. A internet não vai perdoar. E não apenas a internet é assim, a vida é assim. Uma cultura de vingança. Uma cultura que não deixa barato, que paga na mesma moeda, que não leva desaforo para casa. E é nesse contexto de mundo que devemos fazer a diferença como igreja. E fazemos essa diferença quando perdoamos uns aos outros. E por que fazemos isso? Porque o crente entende que as imperfeições que existe em sua vida, pode existir na vida do outro, por isso ele perdoa. Porque o crente entende que os erros que ele pode cometer, pode ser cometido pelo outro, por isso ele perdoa. O crente sabe que a única resposta santa e racional que podemos dar em um mundo de imperfeição, é a resposta do perdão. O perdão que damos a um marido, uma esposa, um amigo ou um estranho na internet. É assim que vivemos, de fato, a compaixão em nosso dia a dia.
PONTE: A compaixão do discípulo, é aquela que age e perdoa. Mas, em ultimo lugar, essa compaixão também reflete.
III. UMA COMPAIXÃO QUE REFLETE
1. REFLETE A COMPAIXÃO DE DEUS (v. 32c). como também Deus, em Cristo, perdoou vocês”. É como se com essas palavras o apóstolo Paulo dissesse que a prática da compaixão leva o crente, tanto a imitar a compaixão de Deus, como também a refletir a compaixão de Deus. O crente que está vivendo em compaixão é um espelho de Deus nesse mundo. Ele está mostrando para o mundo perdido, o caráter de um Deus compassivo. Um Deus de compaixão. Uma compaixão livre, ele não é obrigado a isso. Uma compaixão sincera, ele não ilude ninguém. Uma compaixão ardente, que vai até as ultimas consequências. Essa é a compaixão de Deus. E ao lermos a Bíblia, vemos inúmeros exemplos da compaixão de Deus. A compaixão que ele teve de Adão e Eva, ao poupar o casal da destruição imediata quando pecaram. A compaixão que ele teve de Noé, ao preservar a família dele no dilúvio. A compaixão que ele teve por Israel, ao livrar o povo da escravidão do Egito. São muitos os exemplos da compaixão de Deus em ação que encontramos nas Escrituras.
2. O EVANGELHO DE DEUS. Mas, sem sombra de dúvidas, o maior ato de compaixão que conhecemos em toda a Bíblia, não foi no Eden, nem no Dilúvio, nem no Egito. Foi no Gólgota. Foi na cruz, como diz o hino. O ato mais claro da compaixão de Deus pela humanidade, foi quando Deus enviou seu único Filho para morrer no lugar de pecadores sujos como eu e você. E esse é o exemplo específico que Paulo está mencionando em nosso texto. A compaixão da cruz. O Deus que tolerou os pecados da humanidade por um tempo, que refreou a sua própria ira contra a humanidade, para depois derramar essa condenação sobre o seu único Filho na cruz. Para que assim ele pudesse perdoar e transformar bilhões de seres humanos que estavam caminhando para o inferno. Essa é a compaixão que abençoou cada crente. E essa é a compaixão que cada crente deve imitar e refletir na sua vida. Perdoar os outros, como Deus nos perdoou.
PONTE: De um certo modo, o que Paulo está dizendo no texto é que...
3. O EVANGELHO DEVE MOLDAR NOSSA VIDA. O evangelho de Jesus não é apenas uma mensagem para acreditar, é também uma verdade para transformar. O evangelho é ao mesmo tempo, o maior exemplo de compaixão e o maior motivo para compaixão. É o evangelho que transforma a nossa vida a o ponto de transformar também nossos relacionamentos. O evangelho muda a maneira como fazemos coisas boas, mostrando um Deus que se fez carne e fez o bem nessa terra sem fazer distinção de pessoas. O evangelho muda a maneira de lidarmos com nossos inimigos, mostrando um Deus que perdoa e cuida dos seus próprios inimigos. O evangelho muda a maneira como ajudamos os mais pobres, mostrando um Deus que apesar de rico, se fez pobre nessa terra para enriquecer a muitos com a sua graça. O evangelho muda a maneira como lidamos com as injustiças sofridas, mostrando um Deus que apesar de injustiçado nesse mundo, ele intercede pelos seus difamadores na cruz. Essa é a mudança que o evangelho traz para nossa vida. É, por isso que ao falar sobre bondade, perdão e compaixão, o apóstolo Paulo lança mão do argumento mais poderoso que ele pode usar para promover essas virtudes: o argumento do evangelho.
A GRANDEZA DO EVANGELHO NA VIDA DO CRENTE. Uma das piores coisa que podemos fazer na vida cristã, é subestimar o poder do evangelho. Há muitos crentes que pensam que o evangelho serve apenas para descrentes, ou serve apenas para novos convertidos. É como se eles já estivessem num nível além do evangelho na vida cristã. Mas uma das coisas que descobrimos na Bíblia, especialmente nas cartas de Paulo, é que o evangelho é para todo crente, em toda vida e em todos os relacionamentos. Devemos aprender e viver o evangelho de Jesus em cada centímetro da nossa caminhada. É através desse evangelho e da transformação que ele traz para nossa vida, que podemos, de fato, viver uma vida que glorifica a Deus. Quando entendemos o evangelho, por exemplo, nós entendemos que a compaixão não é uma imposição sobre o crente, e sim uma disposição do crente que foi perdoado por Deus. Não é uma obrigação forçada, e sim uma transformação natural. Se eu verdadeiramente recebi a compaixão de Deus na minha vida, então eu vou compartilhar essa compaixão para o próximo. Se Deus fez e faz coisas boas na minha vida, então eu vou fazer coisas boas na vida do meu próximo ainda que ele não mereça. Se Deus perdoou todos os meus inúmeros pecados, então eu posso perdoar os poucos pecados que os outros cometem contra mim. É com esse tipo de pensamento, que podemos de fato viver a compaixão. Uma compaixão que nasce no coração de Deus, é aplicada no coração do crente pela cruz e vivenciada no nosso dia a dia, em bondade, graça e perdão em nossos relacionamentos.
CONCLUSÃO: Resumindo o assunto do nosso texto de hoje.
Primeiro, a compaixão do discípulo é aquela que age. Não é só palavras. É ação prática para o bem dos crentes e descrentes, de conhecidos e desconhecidos.
Segundo, a compaixão do discípulo é aquele que perdoa. Num mundo mal e vingativo, o discípulo mostra a sua luz compartilhando o perdão que ele mesmo recebeu de Deus.
Terceiro, a compaixão do discípulo é aquela que reflete. É através da vida dele que o mundo poderá entender algo mais da salvação de Deus em Cristo Jesus. Um Deus que perdoa, transforma e salva pecadores.
A minha oração é para que, diante dessas verdades, nós possamos viver e compartilhar, cada vez mais, a compaixão, a bondade e o perdão de Deus em nossas vidas.
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