SERMÃO DE PROVA - INFIÉIS, EM ALIANÇA COM UM DEUS FIEL

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Infiés, em aliança com um Deus Fiel

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INFIÉIS, EM ALIANÇA COM UM DEUS FIEL

TEXTO: OSÉIAS 2

ICT - Deus convoca Israel para um processo de divórcio pela quebra da Aliança, mas restaura o pacto com o povo pela sua fidelidade.
TESE - O povo de Deus é incapaz de cumprir sua parte na Aliança, mas é a fidelidade de Deus que o mantém no pacto.
PROPÓSITO BÁSICO - DEVOCIONAL/PASTORAL
PROPÓSITO ESPECÍFICO - Convidar os crentes a um relacionamento mais profundo com Cristo/Confortar os servos fieis sobre a restauração da nossa condição.

INTRODUÇÃO

A literatura mundial já produziu grandes clássicos. Dentre eles romances que contam belas histórias de amor como Romeu e Julieta de William Shakespeare, o clássico de Victor, O Corcunda de Notre Dame, Orgulho e Preconceito de Jane Austin, e Razão e Sensibilidade da mesma autora.
Há um anseio dos povos, de modo geral, por histórias que representem um amor que eles nunca tiveram, que eles almejam alcançar. Nós, que conhecemos ao Senhor, sabemos muito bem onde está a fonte desse amor.
Afinal, nenhuma de todas as histórias românticas pode ser comparada a história do grande amor de Deus pelo povo que ele escolheu para si. Amor que podemos experimentar de um modo glorioso, sendo infiéis, mas amados por um Deus Fiel. Esse amor foi relatado através do texto que lemos. Um dos maiores romances que já ouvimos é a história de OSÉIAS e sua esposa Gômer.

TRANSIÇÃO

Isso fica muito claro na história de Oséias...

ELUCIDAÇÃO

Para compreendermos melhor o amor do Senho,r precisamos entender que o Senhor chamou o profeta Oséias em um contexto de abandono da Lei e muita corrupção moral em Israel. Esse profeta foi chamado principalmente para pregar ao Reino do Norte, cerca de 8 séculos antes de Cristo, durante o reinado de alguns reis como Jeroboão II e Zacarias de Israel. Ele foi contemporâneo de alguns profetas como Amós.
Neste período o povo de Israel se entregou de tal modo aos outros deuses ele comparou a idolatria com o adultério e a prostituição. O povo se afastou de seus caminhou e buscou adorar a outros deuses como Baal. Para ilustrar a situação da casa de Israel, Deus deu a Oséias um ministério fora do comum, ele não manda Oséias apenas com uma mensagem a ser pregada nas ruas, ele ordena que a própria vida do profeta seja uma pregação. O Senhor ordena que Oséias case com uma prostituta, afim de ilustrar a prostituição de Israel.
Na primeira parte do livro está registrada história de Óséias com sua esposa infiel por nome Gômer, filha de Diblaim. Essa mulher tem pelo menos três filhos, aos quais ele dá os nomes simbólicos de Jezreel, que aponta a desgraça de Israel, Desfavorecida e Não-meu-povo. Que indicavam a rejeição do Senhor para com os filhos de Israel devido a prostituição da nação.
Gerard Van Groningen e Geerhardus Vos mostram que essa é a temática de todo o Livro e até mesmo a estrutura do livro aponta para a mensagem pregada pelo profeta. O livro é dividido em quatro partes principais e todas elas têm a mesma dinâmica. Elas começam com uma acusação contra o pecado, a sentença do castigo do povo e por fim uma promessa de perdão e restauração para Israel.
O capítulo 2, sobre o qual meditaremos tem uma estrutura exclusiva no livro, visto que nele o escritor mudou o gênero literário usado de Prosa para Poesia. Se o limite da passagem começar no versículo 1, como apontam muitos analistas do texto, provavelmente temos um inclusio na passagem. Pois do modo como ele começa o texto, assim ele termina.
No início, entretanto, ele começa chamado os filhos para acusar sua mãe pelo seu pecado, o que Calvino chega a chamar de audiência judicial de divórcio, mas termina chamado seus filhos agora à restauração. A dinâmica do texto é belíssima, pois como que em uma dança, os versículos iniciais que parecem conduzir à derrota de Israel, mas a situação é revertida no desenvolver da passagem, a maldição é desfeita pelos versículos finais através de uma correspondência antitética, que demonstram o grande amor de Deus pelo seu povo eleito. A Teologia do Pacto é de tal modo exaltada que nos faz tremer diante dessa passagem.

TRANSIÇÃO

Com essa história Deus nos mostra que apesar de sermos infiés em nossa Aliança com ele, o Senhor sempre cumpre sua parte na Aliança e por isso nós somos amados nele.
Por isso vamos meditar sobre o seguinte tema...

TEMA - INFIÉS, EM ALIANÇA COM UM DEUS FIEL

PERGUNTA SERMONÁRIA - QUAL NOSSA CONDIÇÃO DIANTE DA ALIANÇA COM O SENHOR?

1º SOMOS INCAPAZES DE CUMPRIR NOSSA PARTE NA ALIANÇA. V.1-5

EXPLICAÇÃO

Como já mencionamos, o Senhor, por meio de Oséias, convida seus filhos a uma audiência judicial, como se um processo de divórcio fosse ser instaurado. Por duas vezes ele os convoca a repreender sua própria mãe pelo seu pecado de infidelidade. Ele começa dizendo que ela não é sua mulher e ele não é seu marido, o que indica uma quebra do pacto, ou da aliança que foi estabelecida entre o Senhor e o seu povo.
Por causa do pecado de Israel em não cumprir sua parte no pacto, este parece ter sido desfeito por Israel. Entretanto, se observarmos a sequência do versículo fica claro que há um propósito na repreensão, que é retirar daquela mulher os objetos de sua prostituição. Tirar os adultérios de entre seus seios. Segundo Calvino, é tirar os enfeites e cosméticos colocados sobre os seios da meteriz a fim de que não os use para seduzir seus amantes. O propósito é que ela removesse seu pecado de sua presença.
Outro motivo para a repreensão que o profeta chama seus filhos é preventivo, junto com as acusações vem as ameaças: para que ele não a deixe despida e a ponha como no dia em que nasceu e a mate a sede e a faça como um deserto. Há aqui já uma transição da mulher de Oséias para a terra de Israel, que indica que se ela não afastasse suas prostituições, o Senhor deixaria sua vergonha exposta para que todos vissem e tiraria de sobre ela as bênçãos do pacto com o Senhor.
A acusação continua no versículo 5 mostrando que a repreensão deveria acontecer para que os filhos também não fossem rejeitados, pois eram filhos de prostituição. Aqueles que nasceram depois do casamento do profeta não são reconhecidos como seus filhos, visto que ela os concebeu durante sua infidelidade. Com relação a Israel, indica que os filhos de Israel perderiam o direito de fazer parte do pacto.
Observe agora a conclusão da acusação no versículo 5 que diz que ela se prostituiu e teve uma intenção final no seu coração que era ir atrás de seus amantes, julgando que eram eles que davam o pão, a água, a lã, o linho e as bebidas. A ideia aqui é de demonstrar todos os elementos essenciais ao sutento daquela mulher. Ela julgou que não foi seu marido que garantiu essas coisas, mas seus amantes. David A. Hubbard diz que o egoísmo de Israel é evidente aqui. Eles queriam as bênçãos materiais como direito prioritário, acima do próprio Deus. Esse desejo de deter para si as bênçãos dos deuses desemboca em um tipo de materialismo.
Ir em busca de outros homens de modo descarado e imoral. Mas além disso, a marca dessa idolatria não é apenas a substiuição do Senhor pelos amantes, mas na verdade, buscar nos amantes aquilo que o próprio Deus, como marido do seu povo já garantia em abundância.
Analisando essas acusações e o contexto na sequência, podemos perceber que o principal objeto da idolatria de Israel nesse período foi o culto a Baal ou os Baalins. Baal, que era considerado pelos povos pagãos como o Deus da fertilidade, das riquezas, da prosperidade. Foi justamente por essas divindades que Israel substituiu o Senhor, em busca, não apenas de um Deus para adorar, mas um Deus que pudesse satisfazer seus caprichos e dar em abundância aquilo que Deus já havia prometido no pacto. O Senhor prometeu a Israel que se eles guardassem a Aliança eles teriam toda sorte de bênçãos, eles viveriam em paz, em abundância e em riquezas na terra que manava leite e mel. Mas eles preferiram deixar o Senhor pelos deuses que julgavam que lhes daria isso de uma maneira melhor que o Senhor.

ILUSTRAÇÃO

O Senhor compara a Israel a uma mulher que bem casada, vivia debaixo do amor do seu marido, no calor de seus filhos, com tudo o que precisava para viver. Com bens em abundância, com comida e fartura, com jóias e toda pompa oferecida por seu esposo. Mas em determinado dia ela se cansa de tudo o que tem, insatisfeita, e diz: Agora eu vou para as ruas, viverei nas esquinas, esperando que algum homem me tome em seus braços e em troca do meu corpo, recebei o meu sustento. Foi isso que Israel fez, insatisfeito com a Aliança e com as bênçãos da Aliança com o Senhor.

APLICAÇÃO

Assim como aquela mulher era infiel ao seu marido e como Israel era infiel a Deus, da mesma forma é nossa infidelidade para com o Senhor. Nós deixamos o Senhor pelas coisas mais banais, nós substituímos Deus pelos desejos mais insignificantes do nosso coração. Assim é o coração do homem, desesperadamente corrupto, totalmente enganoso, completamente idólatra. Como muito bem nos diz nossa Confissão de Fé de Westminster, em seu capítulo VI: Por causa da nossa corrupção, ficamos totalmente indispostos, adversos a todo o bem e inteiramente inclinados a todo o mal. A idolatria é um problema intrínseco de todos nós.
A idolatria presente em Israel perpassa os séculos e chega até nós, chega à Igreja do Senhor, com quem ele estabeleceu uma Aliança, assim como Israel. A igreja dos nossos dias, em muitos aspectos, tem sido idólatra em seu relacionamento com Deus. Talvez não uma idolatria aparente, em prostrar-se diante de deuses feitos por mãos, mas a idolatria do coração. Mas quem disse que a idolatria do coração é menos grave? Um servo de Deus no passado já disse que um ídolo no coração é tão ofensivo a Deus quanto um ídolo na mão.
Do mesmo modo, que Israel trocou o Senhor pelas coisas materiais, talvez não exista deus mais adorado em nossos dias que o materialismo. De um modo sorrateiro nossa sociedade foi afetada pelo materialismo dos gregos, materialismo de Francis Bacon e Descartes, materialismo de Marx e Engels. Nossa sociedade tem vivido como seu não houvesse nenhuma verdade espiritual, apenas o que é material. Por isso tem vivido uma vida de busca por riquezas, prazeres, conforto, vivendo uma vida conduzida pelo ateísmo prático, como se a realidade fosse somente esta. Os crentes têm vivido assim.
Somos idólatras quando deixamos de buscar satisfação em Deus e buscamos em nossa família, em nossos filhos, em nossos cônjuges, em nossa sexualidade, em nossos momentos de lazer com os amigos, em nosso trabalho, quando buscamos o nosso sustento não no Senhor, mas em nossos próprios esforços. Quando achamos que o que temos e o que conquistamos é fruto apenas do nosso trabalho e não da provisão do Senhor.
Assim como Israel, nós possuímos todas as bênçãos por fazer parte do povo de Deus através de Cristo. Todas as bênçãos espirituais nos foram dadas, todas as bênçãos materiais necessárias à nossa vida, porque ele nos dá o sustento. Todo prazer e alegria residem nele, toda paz emana do Filho de Deus. Mas vez após vez, nosso coração se enche de insatisfação e vai em busca de deuses que podem nos proporcionar essas coisas. Daí percebemos que o maior problema da nossa idolatria não é a falta de algo, mas a falta de satisfação no Senhor.
Se nós fizermos uma breve avaliação do modo como temos vivido o pacto que temos com o Senhor, perceberemos claramente que somos completamente incapazes de cumprir plenamente qualquer exigência dessa Aliança. Até o ápice de nossa fidelidade é corrompida pela infidelidade que está em nossa natureza.

TRANSIÇÃO

Meus queridos, estamos meditando sobre o Tema: Infiés, em Aliança com um Deus Fiel.
Qual a nossa condição diante da Aliança com o Senhor?
Vimos em primeiro lugar que Somos Incapazes de cumprir nossa parte na Aliança e por causa disso, em 2º lugar...

2º SOMOS DIGNOS DOS CASTIGOS DA ALIANÇA. V.6-13

EXPLICAÇÃO

Através destes textos vemos que Deus não admite o pecado do seu povo. Ele não aceita traição, Deus é ciumento para com seu povo e por isso ele pune o pecado dele quando o deixam por outros deuses. Esse povo é sua propriedade, ele o escolheu, ele o comprou, por isso ele odeia que seu povo o troque por outros senhores.
O castigo do Senhor se deu de algumas formas. Primeiro o Senhor castiga seu povo o entregando as dificuldades e tribulações. O senhor colocaria espinheiros diante do caminho daquela mulher, a fim de que não encontrasse mais suas veredas. Diz que levantaria um muro contra ela, que indica a mesma intenção de não permitir que ache o caminho por onde ia em busca dos amantes.
No versículo 7 ele diz que por causa desse castigo de impedir que ela vá em busca dos seus amantes, nenhum dos esforços daquela mulher seriam suficientes para fazê-la encontrar esses amantes. Porém, vendo o final desse verso, é possível encontrar a intenção do Senhor em disciplinar a Israel. O propósito do Senhor é que ela reconheça que tudo o que ela tinha vinha das mãos do Senhor e não das mãos de seus amantes.
É perceptível a mudança do discurso aqui. Inicialmente parecia que o Senhor queria mandar essa mulher embora definitivamente com uma audiência que marcava o divórcio, já agora, o propósito do Senhor não é apenas repreender a Israel para castigá-la somente. Mas repreender para que ela enxerge a natureza de sua traição. Quando lhe faltasse a paga dos amantes, ela diria, era melhor estar com meu primeiro marido do que com meus amantes.
O segundo elemento do castido está contido nos versículos 8 e 9. O Senhor relembra que ela esqueceu que foi ele quem deu todo o seu sustento, o trigo, o vinho o azeite… Por causa disso, o Senhor tiraria a seu tempo todos os elementos do sustento. Tanto o alimento, como as vestes que lhe havia dado. Aqui há uma promessa de castigo que Deus fez a Israel quando deu a Lei a seu povo. A obediência à Lei garantiria as bênçãos, mas a desobediência, a maldição.O Senhor prometeu que se eles fossem infiéis, ele traria seca, fome e reteria as bênçãos. Por terem esquecido que isso veio das mãos do Senhor, ou colocado as bênçãos acima do Senhor, ele mesmo tira de sobre eles esses privilégios.
No verso 10 diz que descobriria sua nudez. Que iria fazer sua vergonha ser aparente diante de todos os seus amantes. Os mesmos amantes que foram seus ídolos não poderiam fazer nada para resgatá-la de sua situação. Agora ele começa a descrever a vergonha maior de Israel, não apenas passar por privações, mas há aqui uma referência ao castigo que Deus estava prestes a dar ao seu povo: Ele os entrega nas mãos da Assíria, a nação seria desolada totalmente. O Senhor entrega seu povo ao vexame e vergonha diante de seus inimigos. As outras nações viram a vergonha de Israel. Eles seriam levados para outras nações e a terra ficaria descoberta de homens.
Outro elemento dessa vergonha nacional é que o Senhor faz cessar a alegria daqueles que pecam contra ele. Ele traz tristezas pelo pecado. Ele acabou com suas festas e os destituiu de seus prazeres. Até mesmo as festas da adoração ao Senhor foram tiradas de Israel. Deus estabeleceu festas fixas, festas da Lua Nova, os sábados da adoração, mas até isso seria tirado. O motivo, segundo John L. Mackay, é que eles misturaram a festa ao Senhor com o paganismo. O sincretismo foi a causa da retirada das festas.
No versículo 12 ele diz que devastaria a sua vide, que é uma indicação à própria terra de Israel. As bestas feras do campo devorariam a terra. Ela ficaria deserta, seria terra de animais selvagens, se tornaria como um bosque. E no versículo 13 ele conclui seu veredito dizendo que fez isso por causa da sua idolatria com os baalins e por ter se esquecido dele.
Assim como nos demais livros proféticos, o que o Senhor aponta aqui é o ápice do castigo dado ao povo. o Senhor disse que mandaria dificuldades, secas, inimigos, mas se mesmo com todos esses avisos Israel não se voltasse, o maior castigo seria o exílio. Para que eles soubessem se era melhor servir ao Senhor ou aos ídolos.

ILUSTRAÇÃO

Aquela mulher só perceberia sua condição depois de ter se entregado aos seus amantes durante toda sua juventude, gastado seu corpo em seus prazeres, e, agora, mais velha, ser rejeitada pelos homens que um dia buscavam-na. Não lhe restava nada, a não ser, sentada em uma sarjeta, mendigando o pão que um dia já teve em sua casa, dizer: Ah, como era melhor desfrutar do amor do meu marido.
Como o filho pródigo, que depois de gastar todos os seus bens, dizer: Quantos trabalhadores de meu Pai tem pão com fartura, e eu aqui desejando as alfarrobas dos porcos.

APLICAÇÃO

Um dos modos mais duros do castigo do Senhor é quando ele nos entrega aos nossos pecados. Uma das maiores disciplinas do Senhor sobre seu povo é fazer com que ele vá em busca de seu próprio pecado. Para depois mostrar que era mais vantajoso seguir ao Senhor. Mas até o momento que descobrimos isso, já temos experimentado muito sofrimento.
Assim como o Senhor castigou a Israel, é isso que ele faz conosco, também seu povo. O Senhor disciplina sua Igreja por amor a ela. Ele nos entrega a tribulações e dificuldades para que entendamos que é melhor servir ao Senhor que aos ídolos do nosso coração. O Senhor, pode, por algum momento, no privar daquilo que nós temos substituído em lugar dele para que nós entendamos que é somente nEle que deve estar nosso prazer.
O Senhor pode, por algum momento, tirar o conforto, o prazer e as bênçãos materiais. Nos fazer passar por dificuldades, perdermos aquilo que temos. Não é o propósito do Senhor nos castigar por castigar, mas na verdade que nossa confiança não esteja naquilo que é nosso, em nenhum fruto do materialismo. Ele retém das nossas casas essas bênçãos para que entendamos que não é sobre as bênçãos, mas sobre ele.
Ele disciplina sua igreja, e uma das coisas que ele faz para isso é privar sua igreja da adoração. A igreja dos nossos dias, assim como Israel tem, se envolvido com o mesmo sincretismo do povo de Israel. o sincretismo dos nossos dias é o filho do relativismo e o pluralismo. O Senhor tem disciplinado sua igreja, que em nossos dias, tem aderido às vãs filosofias e misturado seu culto com elementos do paganismo, com as práticas humanistas dessa geração. Deus se importa mais com nossa fidelidade a ele, não com um culto defeituoso.
Por causa do adultério no que se refere à adoração o Senhor, a igreja já está, na verdade, sendo disciplinada. Estamos espostos à vergonha, aos escândalos, somos muitas vezes motivos de zombaria.
Se Deus fosse olhar somente para nossa infidelidade como seu povo, como sua igreja, há muitos já teríamos sido riscados do meio do povo de Deus. Você e eu quebramos diariamente o pacto com nosso Deus por causa dessa idolatria. O que merecemos é a condenação, é sermos anátema por causa dos nossos pecados. O que merecemos é a vergonha, o opróbrio, a humilhação, por estarmos fazendo o nome de Cristo desonrado entre os incrédulos. Todos nós somos réus diante de Deus e merecemos os castigos por termos quebrado essa aliança. Por isso, na pergunta 19 do Breve Catecismo ele nos diz que por termos quebrado o pacto: perdemos nossa comunhão com Deus, estamos debaixo da sua ira e maldição, e assim sujeitos a todas as misérias nesta vida, à morte e às penas do Inferno para sempre.
Nós jamais podemos merecer fazer parte desse povo separado pelo Senhor. O que merecemos, é, na verdade, o contrário disso. Merecemos todos os castigos da Aliança.

TRANSIÇÃO

Meus queridos, estamos meditando sobre o tema INFIÉS, EM ALIANÇA COM UM DEUS FIEL.
Estamos buscando compreender “QUAL NOSSA CONDIÇÃO DIANTE DA ALIANÇA COM O SENHOR”
Em primeiro lugar vimos que somos incapazes de cumprir nossa parte na Aliança, em segundo lugar somos dignos dos castidos da Aliança, mas graciosamente, em terceiro lugar...

3º SOMOS MANTIDOS NA ALIANÇA PELA FIDELIDADE DE DEUS. V.14-23

EXPLICAÇÃO

O texto que temos diante de nós, embora faça acusações bem severas contra Israel, ao ponto de parecer que o Senhor está dando carta de divórcio à seu povo, termina de um modo glorioso oferecendo restaração ao povo da Aliança.
O versículo 14 diz que nessa restauração o Senhor atrairia Israel para o deserto e falaria ao seu coração, na sequência, daria o vale de Acor por porta de esperança, Israel viveria como nos dias da sua mocidade. Compreendendo melhor a passagem, Van Groningen e outros autores mostram que Deus está montando novamente uma cena muito conhecida para o povo de Israel, que é o Êxodo. Levar Israel ao deserto e falar ao coração é uma atitude que remonta ao que Deus fez tirando o povo do Egito e levando-o ao deserto onde Deus deu a Lei para que guardassem. A entrega da Lei a Israel foi considerada de modo romântico com o casamento do Senhor com seu povo. E assim como ele fez a primeira vez, depois de castigá-los, o Senhor renovaria seu casamento de um modo mais glorioso ainda como da primeira vez.
Esse casamento seria de fato mais glorioso porque não seria marcado pelo pecado como aconteceu quando Israel entrou na terra prometida. No versículo 15, que fala sobre o vale de Acor, o Senhor está relembrando o episódio que aconteceu com um homem chamado Acã, que foi morto por pegar objetos impuros em Jericó. Ele e toda sua família foram mortos no vale de Acor, que quer dizer, vale da desgraça. Ou seja, na primeira entrada do povo na terra prometida houve morte e destruição. Acor foi a porta da desgraça para Israel.
Mas agora, quando ele restaurar seu casamento com seu povo, ele fará de Acor a porta de esperança. Ele muda o nome de porta da desgraça para porta de esperança. O novo momento de Israel na terra prometida seria infinitamente mais glorioso que o primeiro.
Seria glorioso, porque segundo os versos 16 e 17, o Senhor iria curar Israel completamente de sua infidelidade. Ela não chamaria mais por meu Baal lembrando o tempo que o deus pagão era seu senhor, mas chamaria Yaweh de meu marido, o Único e Legítimo marido. Ele começa a desfazer toda maldição que estava sobre o povo pelo seu pecado. O verso 17 é um correspondente poético ao verso 13, que diz que eles se esqueceram do Senhor e se apegaram aos baalins. Mas agora, que o Senhor os curou da infidelidade, eles só lembrarão do nome do Senhor e esquecerão completamente dos nomes dos Baalins.
O versículo seguinte, o 18 é um correpondente do versículo 12. Pois no 12 ele diz que faria com que as bestas feras tomassem Israel porque ela ficaria deserta. Mas agora, o Senhor promete fazer uma aliança com as bestas feras do campo, com as aves dos céus e com os répteis da terra. Enquanto a primeira indica a desordem causada pelo pecado. No segundo momento o próprio Deus resolve refazer a ordem. Palmer Robertson diz que há uma referência direta à ordem criada em Gênesis, quando Deus fez todos os animais segundo as suas espécies em ordem e submissão ao ser humano. Quando o Senhor restaurar seu povo, todo o cosmos viverá em harmonia debaixo dessa Aliança.
Na sequência vemos isso de modo mais claro quando diz que tirará a espada e o arco e a guerra. O povo repousará em segurança debaixo do governo do Senhor.
Nos versículos 19 e 20 vemos mais uma vez a linguagem do casamento aparecendo, na verdade, a restauração do casamento. Antes, o casamento foi marcado pela infidelidade, a mentira, o egoísmo e tantos sentimentos que desonravam a Deus. Agora, ele a desposa para sempre, em juízo, justiça, bondade, misericórdia, e acima de tudo, fidelidade. Estas são as marcas do casamento restaurado entre o Senhor e seu povo. Eles conheceriam ao Senhor verdadeiramente, teriam intimidade como se o Senhor fosse seu noivo e eles, a noiva desposada. Esse relacionamento jamais poderia ser desfeito. Enquanto o texto começa com uma acusação e possível divórcio, ele termina com a consolidação do casamento.
O Senhor traria restauração sobre as maldições da terra. Enquanto nos versículos 9 e 10 o Senhor promete tirar todas as bênçãos, como o trigo e o vinho, agora, ele promete restaurar todas essas bênçãos pactuais. Ele diz, através de uma sequência, que responderia aos céus, os céus responderiam à terra com chuvas, a terra responderia com abundância ao vinho, ao trigo, ao azeite e todas as bênçãos viriam sobre Jezreel.
Jezreel é uma indicação do filho de Oséias que representava a desgraça de Israel. Mas seu significado é o Senhor semeará. Há aqui um jogo de palavras, pois o texto na sequência que vai dizer que o Senhor semearia Israel na terra. A ideia é que o Senhor reverteu a maldição de Jezreel em bênção. Enquanto antes eles seriam levados a terras distantes, arrancados da terra prometida, o Senhor promete que agora, aqueles que estão debaixo dessa restauração viveriam eternamente, plantados em sua terra.
Por causa disso, aqueles que eram desfavorecidos alcançariam o favor do Senhor e aqueles que não eram povo por causa de seus pecados se tornariam povo do Senhor.
Talvez você me diga, mas onde está o cumprimento real dessa profecia para o Reino do Norte? Israel não se estabeleceu novamente em sua terra, Israel ficou espalhado entre as nações, os que restaram se misturaram com outros povos, onde está essa promessa? G. K. Beale comentando sobre o uso neotestamentário dessa passagem mostra que o modo como Paulo escrevendo aos Romanos e Pedro em sua Epístola afirmam claramente que não era sobre o Israel étnico que Oséias se referia, mas à inclusão dos gentios no povo da Aliança. Era de uma realidade muito mais gloriosa.
Essa promessa se cumpriu na pessoa bendita de Jesus Cristo. Os de Israel que foram absorvidos pelo mundo gentio, agora foram levados novamente a fazer parte do povo. Deus não resumiu seu povo apenas a um grupo étnico, mas a homens e mulheres de todos os povos, tribos, línguas e nações que foram feitos parte da Aliança. Isso destrói toda ideia dispensacionalista, que diz que os gentios foram um plano B de Deus, mas sempre foi projeto do Senhor. O capítulo VII da Confissão de Fé diz muito bem que não existem dois pactos diferentes no NT e no AT, mas um único pacto estabelecido por Deus com sua Igreja de todas as eras.
Todos nós, que quebramos nossa Aliança com Deus, mas fomos feitos povo da Aliança porque o Senhor cumpriu sua parte no Pacto. Na verdade, ele cumpriu a parte dele e a nossa parte no pacto para que nós fóssemos mantidos nele. Nós éramos dignos de todos os castigos da Aliança, nós éramos incapazes de cumprir essa Aliança. Mas ele sofreu todos os castigos por nós. Ele recebeu a Ira de Deus pela nossa transgressão do Pacto. Ele foi posto descoberto e desnudo diante de todos, sofrendo a nossa humilhação. Ele foi abandonado pelo Pai naquela Cruz onde sofreu as dores da morte e do inferno. O capítulo VIII da CFW diz que Cristo é o Mediador e o Fiador deste Pacto. Ele é o Cabeça que governa sobre o Israel de Deus, ele é o Descendente de Davi que governa para sempre. É porque ele foi fiel que nós somos salvos em sua Aliança. É porque ele foi o Fiel que nós fomos feitos fiéis.

ILUSTRAÇÃO

Francisco Leonardo mandava seus alunos marcar Phistós em suas provas e depois ele perguntava. Vocês foram fiéis? Ele respondiam: sim! Fomos fiéis e ele respondia: não! Você não foi fiel, Deus te fez fiel! Você não pode ser fiel a Deus sozinho, é a graça dele que te faz fiel. É a sua graça que nos faz fiéis.

APLICAÇÃO

Essa promessa que já foi cumprida em Cristo será uma vez por todas completada. Naquele dia, em que veremos o nosso Amado Salvador vindo sobre as nuvens, nós, sua igreja amada irá ao seu encontro, adornada únicamente para seu esposo. Uma vez por todas teremos essa Aliança firmada, nas bodas do Cordeiro!
Seremos curados uma vez por todas da nossa infidelidade. Ele limpará de nossas bocas os nomes dos ídolos que um dia buscamos neste mundo. Será tão gloriosa nossa condição diante do Senhor que nem mais nos lembraremos de seus nomes. Toda inclinação pecaminosa será arrancada completamente dos nossos corações. Seremos curados de todo materialismo, visto que amaremos ao Senhor acima de todas as coisas. Seremos curados do relativismo, visto que adoraremos plenamente ao Deus absoluto.
Viveremos debaixo da nova Aliança, cortada pelo Senhor em sua própria carne e em seu sangue. E nesta Aliança estaremos em um novo céu e uma nova terra, ali reinarão a paz e a justiça. Seremos dele e ele será nosso. Seremos plantados eternamente nesse lugar do Senhor. Ao invés da desgraça desse mundo, entraremos pelos portões de esperança da Cidade Celestial.
Imagine isso, nós que nem eram seu povo, nós que estávamos longe do favor do Senhor, seremos seu povo e ele será nosso Deus. E como disse Graeme Goldsworthy, seremos o povo de Deus, no lugar de Deus, sob o governo de Deus.

APLICAÇÕES FINAIS

Diante disso quero deixar algumas lições:.
1°Que você entenda que só há satisfação para sua vida em Deus, que nada neste mundo pode dar o que só Deus pode te oferecer. Para isso quero deixar a frase de John Piper: Deus é mais glorificado em você quando você é mais satisfeito nele. Que você lance fora a idolatria amando e se satisfazendo no Senhor.
2°Que você entenda que Deus disciplina a todo filho que ama e por isso ele envia sua disciplina sobre sua vida por causa do pecado. Mas ele tem um propósito nisso. Te fazer voltar aos seus braços de amor. Arrependa-se de sua idolatria e volte-se para o Senhor não seja duro de coração.
3° Que você aprenda a descansar na fidelidade de Cristo, não por você, mas por ele mesmo. Que você jamais pense que sua salvação é mérito seu ou da sua infidelidade. Você é um infiel, miserável pecador, mas obra dele te faz fiel.
4º Que você como crente, anseie ardentemente o dia em que todas as coisas serão restauradas nele. Espere isso com todas as suas forças. O dia em que você como crente desfrutará eternamente do amor do seu Redentor. Livre completamente de sua infidelidade.

CONCLUSÃO

A literatura mundial já produziu grandes clássicos. Dentre eles romances que contam belas histórias de amor como Romeu e Julieta de William Shakespeare, o clássico de Victor, O Corcunda de Notre Dame, Orgulho e Preconceito de Jane Austin, e Razão e Sensibilidade da mesma autora.
Essas histórias revelam centelhas do anseio do nosso coração por um amor perfeito. Mas você percebeu agora que nenhuma dessas histórias pode ser comparada ao grande amor de Deus pelo seu povo?
Pois com essa história Deus nos mostra que apesar de sermos infiés a nossa Aliança com ele, o Senhor sempre cumpre sua parte na Aliança e por isso nós somos amados nele. Nosso anseio é estarmos uma vez por todas em Aliança com ele.
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