Boa notícia: Deus ouve a oração de Jesus (Jo 17.6-26)
Advento: Boas novas de salvação • Sermon • Submitted
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Introdução
Introdução
A oração do capítulo 17, conhecida como “a oração sacerdotal”, pode ser dividida em três partes: Jesus ora por si mesmo - ou para a glória do Filho e do Pai (1-5), Jesus ora por seus discípulos (6-19) e Jesus ora pela sua igreja (20-26). O propósito e a razão dessa parte da oração que vamos expor hoje está delimitada no versículo 9: “minha oração não é por este mundo, mas por aqueles que me deste, pois eles pertencem a ti”. Ou seja, o próprio Jesus deixa bem claro que, nessa ocasião em que Ele se aproxima de sua morte, sua oração não está voltada ao mundo (humanidade), mas àqueles que são seus discípulos, por aqueles, como ele diz, “que pertencem a ti”. Seus discípulos são aqueles que o Pai entregou a Jesus. A oração de Jesus ao Pai expressa a beleza do plano eterno de Deus em resgate dos homens. Esta é uma ótima notícia: Jesus orou por nós!
Esta oração de Jesus está dividida em dois pontos que nos trazem verdadeira segurança de nossa salvação: a eleição e a proteção [preservação]. Numa parte por quem Ele ora; noutra para quê ele ora. Vamos caminhar por esses pontos à medida que passamos pelos versos do texto que lemos.
1. Por quem Ele ora.
No verso 09 já temos a clareza que Jesus ora pelos eleitos do Pai, sejam os contemporâneos, sejamos nós e todos os que haveriam de crer (20). Essa é a primeira chave de sua oração: de que Ele intercede por aqueles que o Pai lhe deu. E todo aquele que lhe dá virá a Ele [Jesus], e Jesus jamais os rejeitará (6.37). O grande conforto que a oração de Jesus nos traz, incialmente, é que nós podemos ter suprema segurança na salvação que temos em Jesus Cristo por causa da eleição: nossa salvação não depende de nós, de nossas habilidades, riquezas, méritos, justiça própria, família, classe social, cor, saúde, profissão, estudos, ou de quem você já foi ou já fez. Nossa salvação depende única e totalmente do braço forte de Jesus Cristo, que entregou sozinho e de uma vez por todas sacrifício eficaz na cruz do calvário em favor de todos aqueles que nele creem (Hb 10.11-18).
“Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém pode arrancá-las de minha mão, pois meu Pai as deu a mim, e ele é mais poderoso que todos. Ninguém pode arrancá-las da mão de meu Pai. O Pai e eu somos um” (João 10.27-30)
“Que segurança, sou de Jesus!”, podemos falar, cantar e gritar com convicção. Sim, podemos! Nas palavras do próprio Jesus: O filho concede vida eterna a cada um daqueles que o Pai lhe deste: a você e a mim que cremos no Senhor Jesus Cristo.
Nos versos 6b e 9b Jesus nos traz a verdade de que somos do Pai – e sempre fomos! [“Eles sempre foram teus”].
Aplicação: Deus teve planos eternos para os seus discípulos. Estar no mundo, ser escravo do pecado ou outrora estar à serviço de satanás não são nossa identidade e propósitos últimos. Essas coisas não são nossas "proprietárias". Através do Evangelho sabemos que o Pai tem um amor eterno por nós, e que ele nos tem como herdeiros desde a eternidade, pois a Ele pertencemos e, por isso, ele nos traz a Ele através do Filho.
Agora, Jesus vai apresentar as bênçãos que seus discípulos desfrutam:
2. As bençãos dos discípulos
a) Jesus lhes revela o nome do Pai (6 e 8a)
Não significa especialmente que Jesus revelou um nome específico de Deus, mas que através de suas obras, de sua obediência e de sua pessoa, o nome do Pai se tornou conhecido (ex.: Is 52.6 “Mas eu revelarei o meu nome ao meu povo, e eles, por fim, reconhecerão que sou eu quem fala com eles”). E nesses últimos dias o Pai nos falou pelo Filho, Jesus Cristo. Jesus é o Deus conosco, o Jeová salva, o Pai da eternidade, o Príncipe da Paz. É por isso que, no verso 11b, Jesus afirma, em sua oração, que Ele tem o nome do Pai, o nome que o Pai lhe deu. Através de Jesus, os discípulos conhecem a voz do Pai que lhes chama.
b) Eles obedecem às palavras do Pai (6c)
Em segundo lugar, aqueles que foram entregues à Jesus obedecem à Palavra. Nós sabemos que aqueles discípulos são marcados por tropeços e falta de entendimento até o momento. Sabemos também que eles só compreenderão e guardarão o evangelho em totalidade após a ressureição e vinda do Espírito. Mas aqueles homens já haviam sido entregues a Jesus de tal forma que, enquanto alguns rejeitam as palavras de Jesus, eles bradam “Senhor, para quem iremos? O senhor tem as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que o senhor é o santo de Deus” (Jo 6.68, 69). Eles não tinham uma compreensão ampla das coisas, mas, ainda que incipiente, havia uma firme disposição para a fidelidade a Cristo (Jo 11.16; 13.37).
c) Eles sabem quem é Jesus, que Ele é enviado do Pai e creem nele (7)
Embora não entendessem o significado de Messias (Jo 6.68, 69;16.30), e tudo que Ele haveria de cumprir das promessas do Antigo Testamento, “eles chegaram à profunda convicção de que Cristo era o mensageiro de Deus, que ele fora enviado por Deus e que tudo que ele ensinava era a verdade de Deus[1]”. Os homens por quem Jesus ora são expressamente eleitos de Deus, aqueles a quem o Pai lhe entregou, mas Jesus também expressa que eles receberam e cream nele, e creram que o Pai enviou a Jesus. Todas essas coisas são coladas diante do Pai em oração.
3. Para quê Ele ora: por proteção.
No versículo 10 vemos que aquilo que pertence ao Pai, da mesma maneira, pertence ao Filho. Jesus é glorificado nos seus discípulos (Jo 13.34, 35; 14.13) – a Eles Jesus revela o Pai e o objetivo do Pai é que todos que se acheguem ao Filho o honrem (Jo 5.23). Mas Jesus estava prestes a deixar aqueles discípulos e eles enfrentarão desafios extremos nesse mundo, tentações e hostilidades. Jesus ora pois eles precisarão da proteção especial do Pai.
a) Proteção como preservação/perseverança dos discípulos (11 e 12).
A primeira coisa que Jesus pede ao Pai para a proteção de seus discípulos é que eles sejam protegidos “com o poder do teu nome”. Isso significa que Jesus pede ao Pai proteção aos seus discípulos conforme o caráter do Pai e pela manifestação de Seu poder. Como o salmista ora “Vem com a força do teu nome, ó Deus, e salva-me! Defende-me com teu grande poder” (Sl 54.1/ex.: Sl 20.1; Pv 18.10). E esse Deus protetor é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, um Deus bom, justo e santo. A proteção que Jesus pede aos seus discípulos é para que eles se mantenham unidos, ou em unidade, assim como Jesus e o Pai estão. E da mesma forma que Jesus preservou cada um dos discípulos que lhe foi entregue, no poder do nome do Pai, Jesus pede que eles continuem sendo preservados em segurança. Jesus foi totalmente fiel à tarefa de guardar cada um dos que foram entregues a Ele. Jesus não falhou. Nenhum dos discípulos se perdeu, exceto aquele que fora predito pelas Escrituras e que se entregou ao caminho da perdição (Jo 6.64,70; 13.10,11,18,21,22). Da mesma forma, os discípulos de Jesus serão preservados pelo Pai.
b) Proteção por meio da alegria.
Provavelmente “estas coisas/isto” se refere à oração de Jesus que ele está fazendo em voz alta. Ou seja, é intencional que Jesus esteja orando ao Pai na frente de seus discípulos, não só para que creiam nas palavras de Jesus (Jo 11.42), mas para que se alegrem nelas! Jesus ora todo esse conteúdo em voz alta para o nosso benefício. Nosso gozo é completo pois Jesus intencionou que soubéssemos que Ele iria para o Pai. Que sua obra seria suficiente. A segurança que temos na salvação não apenas nos conforma, mas nos alegra. Jonathan Edwards[2], diz que “aquele que afirma a sua ideia da glória de Deus não glorifica tanto a Deus quanto aquele que, além disto, também declara o seu prazer nela”. As verdades do evangelho não apenas nos ensinam, mas nos alegram na alegria de Cristo. Não existe perseverança na fé que não passe por uma vida de contentamento e satisfação em Cristo. E qual a alegria de Jesus? Permanecer no amor do Pai em obediência (Jo 15.11).
“Se na maior parte das mentes modernas oculta-se a noção de que desejar o nosso próprio bem e querer usufruí-lo de fato é algo ruim, eu afirmo que essa noção surge furtivamente com Kant e com os estoicos, e não faz parte da fé cristã. Na verdade, se analisarmos as audaciosas promessas de galardão e a natureza surpreendente das recompensas prometidas nos Evangelhos, pareceria que Nosso Senhor considera nossos desejos não muito fortes, mas muito fracos, isto sim. Somos criaturas sem entusiasmo, brincando feito bobos e inconsequentes com bebida, sexo e ambições, quando o que se nos oferece é a alegria infinita. Agimos como uma criança sem noção, que prefere continuar fazendo bolinhos de lama num cortiço porque não consegue imaginar o que significa a dádiva de um fim se semana na praia. Muito facilmente, nós nos contentamos com pouco.” C. S. Lewis
O objetivo de Jesus não é de que os discípulos tenham ótimos índices de fidelidade, como numa escala a ser medida, mas que os discípulos possam desfrutar da alegria dele. Uma fidelidade que advém da satisfação. Isso é extraordinário!
c) Proteção por consagração (14-19).
Jesus traz as implicações do início dessa parte de sua oração (11b) “Pai santo”. Como Pai é Santo, seus discípulos também precisam ser (Lv 11.44; 1Pe 1.16; Mt 5.48). A palavra que os discípulos ouviram e receberam não é apenas a causa do ódio do mundo a eles, mas também o meio pelo qual os discípulos são consagrados, ou seja, separados do mundo. Porque eles têm a Palavra, o mundo os odeia. E eles não são “do mundo” por causa da Palavra. Eles não são tirados do mundo, mas Deus não os deixou sem auxílio e os protege das investidas do maligno. E essa santa palavra, que é a verdade, só consagra verdadeiramente os discípulos porque Jesus se entregou como sacrifício santo por eles (19) – Lembrem-se: o Evangelho não é só palavra que ensina, é Palavra que salva!
E qual o propósito dessa consagração dos discípulos? Eles são santificados para poder anunciar essas palavras ao mundo. Eles vivem como testemunho vivo, vivendo em conformidade com a Palavra. Todo discípulo é um missionário.
4. Para quê Ele ora: por unidade (20-26).
20 Jesus não roga pelo mundo, mas pelos seus discípulos - aqueles a quem o Pai lhe deu. Aqui Jesus demonstra que sua oração se extende aqueles que futuramente creriam nele, que também foram entregues pelo Pai, mas que seriam chamados no futuro. Na oração de Jesus ele deixa bem claro o meio pelo qual os seus futuros discípulos viriam à fé: pela Palavra.
a) Jesus ora enfaticamente pela unidade interna de seu povo (21).
Aqui Jesus não está falando de unidade organizacional ou denominacional, ou de ecumenismo, mas de unidade interna. Não nos causa espanto quando lobos brigam contra a unidade da Igreja, mas ovelhas sim. É antinatural, é abominação! Muitas vezes contendemos contra nossos irmãos, ao invés de contra o pecado e contra o mal. Como Deus não é rachado, a Igreja não pode ser.
b) a unidade que Jesus deseja aos seus amigos está intimamente ligado aquilo que Ele é (22, 23)
A capacidade do cristão de fazer aquilo que Jesus deseja que ele faça vem de Jesus. Por isso somos chamados a ter fé e não a ter força. A unidade de Cristo nos trará unidade e essa será uma das marcas do envio de Cristo e do amor de Deus pela igreja na medida de Seu amor a Cristo. Como anunciaríamos o Deus paz e a paz de Deus se nossa vida não demonstrasse isso?
c) a unidade também é de destino (24-26)
A oração de Jesus é para que a sua vontade seja realizada - de que todos os seus discípulos desfrutem da casa do Pai junto dele (24). O tempo de andar por fé é provisório: até o dia que andaremos com ele face a face. Esta esperança traz conforto (1Ts 4.17-18). Quanto mais incrível será estar diante dele! E mais, o Filho realiza a obra de salvação para que a glória dele seja vista! Nos alegramos com a glória daqueles a quem amamos, quanto mais com a glória de Cristo! O céu só será céu por causa de Jesus.
SDG
[1] Carson, D. A. O comentário de João.
[2] O fim para o qual Deus criou o mundo.