O serviço na perspectiva de Paulo – Efésios
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· 347 viewsAnimados para servir na rotina do dia a dia.
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Palavras iniciais
Palavras iniciais
Estamos avançando no entendimento de como o ensino e a vida de Jesus impactaram os primeiros discípulos em relação ao serviço. Hoje veremos como o apóstolo Paulo tratou o tema serviço em sua carta aos Efésios.
Nessa carta veremos que servir é um modo de viver. Não é algo que se faz de vez em quando, mas uma atitude que está entranhada nos mais diversos aspectos e relacionamentos da vida. Nosso ponto de partida se encontra em Efésios 3.7.
7 Deste evangelho me tornei ministro pelo dom da graça de Deus, a mim concedida pela operação de seu poder.
7 Eu me tornei um servo, encarregado de anunciar as Boas Novas, devido ao dom da graça de Deus. E essa graça me foi dada pela ação do seu poder.
Antes de servir
Antes de servir
Uma das coisas que a Bíblia faz com seus leitores logo de cara e colocá-los no lugar certo em que deveriam estar. Ela faz isso dizendo a verdade a respeito de Deus e sobre nós. As Escrituras levantam os abatidos e humilhados, para que eles enxerguem o amor de Deus em suas vidas. Ao mesmo tempo levam ao chão os altivos e orgulhosos, para que eles enxerguem o amor de Deus em suas vidas.
É como se o texto sagrado nos fizesse um alerta com as condições necessárias para seus leitores compreenderem sua mensagem. Alinhado a essa ideia, falando sobre como Deus fez dele um servo, Paulo nos explica que algumas coisas precisam estar claras antes de nos aventurarmos a servir ao Senhor.
Pelo dom da graça
Pelo dom da graça
Um desses entendimentos pre precedem o servir é que a nossa condição de servo é um presente que recebemos, por isso ninguém pode contar vantagem nesse assunto, como se fosse especial por estar servindo. Quem serve ao Senhor é porque recebeu algo que não merecia, uma dádiva que deve encher seu coração de gratidão, não de orgulho.
Se somos usados por Deus para suprir as necessidades da igreja de Jesus e das pessoas à nossa volta, não é porque sejamos melhores, mais capacitados ou habilidosos; é porque o Senhor viu que estávamos completamente perdidos, gastando as nossas vidas apenas para nós mesmos. Então, ele nos mostrou quem de fato éramos e nos nos chamou para sermos parecidos com Jesus, que deu a própria vida por amor às pessoas.
Por que Deus fez isso? Por que ele se interessou por nós? Será que fizemos ou dissemos algo para que ele agisse? De forma nenhuma, irmãos. A única coisa especial aqui é o amor gracioso de Deus. O privilégio que temos de servir ao Senhor não tem explicação, a não ser a decisão dele em tornar isso possível. É como Paulo diz: eu me tornei servo pelo dom da graça de Deus.
Pela operação de seu poder
Pela operação de seu poder
Outra coisa que precisa ficar clara antes de nos aventurarmos a servir é que o serviço a Deus só é possível quando o poder dele age em nós. Que poder é esse?
No primeiro capítulo desta carta, em sua oração pelos irmãos de Éfeso, Paulo já havia falado sobre isso. Ele pediu a Deus que os irmãos dali experimentassem a incomparável grandeza desse poder de Deus. Vejamos:
18 Peço que Deus abra a mente de vocês para que vejam a luz dele e conheçam a esperança para a qual ele os chamou. E também para que saibam como são maravilhosas as bênçãos que ele prometeu ao seu povo
19 e como é grande o seu poder que age em nós, os que cremos nele. Esse poder que age em nós é a mesma força poderosa
20 que ele usou quando ressuscitou Cristo e fez com que ele se sentasse ao seu lado direito no mundo celestial.
Veja que no verso 20, o apóstolo faz uma comparação e explica que esse poder que atua em nós enquanto servimos a ele é o mesmo poder que ressuscitou Jesus dos mortos e o colocou à direita de Deus nas regiões celestiais.
Ora, como a morte e a ressurreição estão ligadas ao serviço a Deus? Isso não é difícil de entender: servir é viver para além de nós mesmo; mas isso é impossível para quem está morto e sepultado dentro de si mesmo. Aquele que está morto em suas preocupações, sepultado em seus próprios desejos e vontades jamais vai conseguir servir à igreja ou às pessoas. É aí que entra a comparação, Paulo explica que o mesmo poder que levantou Jesus dos mortos pode trazer à vida aqueles que estão mortos, vivendo para si mesmos.
É esse poder que nos dá força para confiar que Deus está cuidando de nossas vidas e que por isso a gente pode viver para além de nós mesmo. É também o poder de Deus que nos fortalece para seguirmos os passos de Jesus e vivermos atentos às possibilidades de sermos uma prova viva do amor de Deus.
Chamados para servir
Chamados para servir
Então, a conclusão a que chegamos é que a graça e poder de Deus nos preparam para atender ao chamado para servir. E isso é apenas o começo, porque uma vez alcançados pela graça de Deus, ressuscitados da morte dentro de nós e colocados sobre a rocha firme da confiança em Deus, nosso destino é ser e viver como Jesus, que veio para servir.
Na carta que escreveu aos Efésios, o apóstolo Paulo deixou claro que nossa vida cotidiana deve ser coerente com esse chamado que recebemos para sermos parecidos com Cristo. Por isso, ele apresenta algumas situações práticas em que podemos ser provas vivas do amor de Deus, servindo as pessoas ao nosso redor. Vejamos o que ele nos diz.
Na igreja
Na igreja
O primeiro ambiente que ele nos apresenta é o convívio na igreja local, esse ajuntamento de gente que ama a Deus e se rendeu a Jesus com senhor e salvador. Paulo fala muitas coisas sobre como servir à igreja, mas quero destacar um trecho do capítulo 4.
11 Foi ele quem “deu dons às pessoas”. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja.
12 Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o corpo de Cristo.
13 Desse modo todos nós chegaremos a ser um na nossa fé e no nosso conhecimento do Filho de Deus. E assim seremos pessoas maduras e alcançaremos a altura espiritual de Cristo.
Paulo apresenta aos irmãos de Éfeso seu entendimento de que o serviço deve ser realizado conforme os dons que recebemos de Deus. São dons diferentes que Ele concede, para pessoas diferentes, agirem e diferentes situações e com diferentes propósitos. Nessa nova relação, ele fala de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres.
Os apóstolos são os desbravadores, que vão aonde ninguém foi antes; os profetas são aqueles que trazem uma mensagem da parte de Deus; os evangelistas são os que anunciam a boa nova da salvação, os pastores são aqueles que cuidam do rebanho e os mestres são os que nos ensinam a palavra de Deus.
Essa uma lista de funções que são exercidas na igreja por pessoas que receberam do Senhor os dons necessários para exercê-las. Capacitados pelo poder de Deus, homens e mulheres são instrumentos dele para preparar o seu povo, a fim de que a gente sirva mais e melhor. Entre outras coisas, isso quer dizer que o serviço, mesmo realizado conforme o dom recebido de Deus, é passível de aperfeiçoamento.
Deus concede essas pessoas à igreja a fim de que elas sejam agentes do Senhor na edificação, na construção, no aperfeiçoamento do corpo de Cristo. O serviço delas é o modo através do qual o Senhor promove unidade no conhecimento sobre Jesus Cristo e opera visando o amadurecimento espiritual da igreja.
Por isso quando alguém resiste, rejeita, o despreza a atuação dos mestres, pastores, evangelistas, profetas e apóstolos, está fazendo um grande gol contra à igreja, porque está perdendo a oportunidade de ser preparado para realizar o seu próprio serviço.
Da mesma forma, quando alguém é chamado pelo Senhor para exercer essas funções mas se nega a fazê-lo, presta o desserviço à igreja, negando ao povo de Deus a oportunidade de servirem ao Senhor com qualidade e amadurecerem na fé.
Na família - marido e mulher
Na família - marido e mulher
O outro ambiente em o apóstolo entende que somos chamados a servir é na família. A família é o palco em que muitas afirmações feitas com veemência são colocadas à prova através das dificuldades, das rotinas, do enfado e das imperfeições humanas.
Paulo está falando para famílias que haviam deixado um modo de vida marcado pela promiscuidade, pela violência e pelo descompromisso. Por isso ele desafia os casais cristãos de Éfeso a servirem um ao outro, marido e mulher, construindo uma relação de amor e cumplicidade. Vejamos o texto.
22 Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor,
23 pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador.
24 Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.
25 Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela
26 para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra,
27 e para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável.
Esse é um texto com muitos aprendizados. Hoje vamos olhar para ele com a lente do serviço e enxergar que marido e mulher são chamados a amar e dar suas vidas em serviço um pelo outro.
Enquanto as mulheres servem a seus maridos acolhendo a liderança deles, tornando essa liderança leve e menos trabalhosa. Os maridos são chamados a servir entregando suas próprias vidas para o bem de suas esposas, isto é, a viver para elas. Paulo faz o paralelo do serviço de amor prestado por maridos e esposas com a relação entre Jesus e sua igreja e diz que assim com o relacionamento entre Jesus e a igreja é algo profundo, também o relacionamento entre marido em mulher o é.
Na família acontecem todos os testes possíveis para alguém que deseja seguir os passos de Jesus e viver para servir. Desde as pequenas tarefas de casa até as grandes decisões que dão rumo à família, tudo ali é uma oportunidade de serviço.
Na família - pais e filhos
Na família - pais e filhos
Ainda no ambiente da família, a relação entre pais e filhos é outra situação repleta de oportunidades para servir. Vejamos o texto bíblico:
1 Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo.
2 “Honra teu pai e tua mãe” – este é o primeiro mandamento com promessa –
3 “para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra”.
4 Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.
Os filhos são chamados a servirem os seus pais através da obediência, quando ainda estão sob a responsabilidade deles; e através do suporte e do apoio quando os pais, em sua velhice, vierem a precisar. Paulo lembra que a obediência aos pais é algo correto quando os filhos são pequenos e que o Senhor tem uma recompensa para os filhos adultos que apoiam e dão suporte a seus pais na velhice deles.
É importante fazer essa diferença, porque essa é uma relação que se altera com o decorrer do tempo. Se até a adolescência os filhos estão sob a tutela de seus pais, depois disso eles devem alçar seus próprios voos e se tornar autônomos financeira e emocionalmente.
Por outro lado, os pais são chamados a servirem seus filhos assumindo suas responsabilidades, sustentando-os enquanto estão sob seus cuidados, guiando-os para aprenderem a amar o Senhor e se tornarem autossuficiente, mas tudo isso sem abusar da autoridade que têm, sem provocar neles ira e irritação.
É muito especial perceber que o evangelho de Jesus não é um mero conjunto de crenças com a as quais a gente tem que concordar, mas um modo de viver que segue os passos de Jesus e se entrelaça nas relações humanas; e não há melhor lugar que a família para a gente aprender a ser parecido com ele.
No trabalho
No trabalho
O último ambiente de que Paulo fala para servirmos a Deus são as relações de trabalho. Ele viveu em um tempo em que a escravidão era parte integrante da cultura e do modo de produção. Paulo não levanta uma bandeira revolucionária contra a escravidão, mas lança sementes poderosas, capazes de desconstruir esse aviltamento da dignidade humana. Por isso, ele escreve tanto para os irmãos que eram escravos quanto para aqueles que tinham escravos, levando a ambos o ponto de vista diferente sobre a situação que viviam. Vejamos o texto bíblico:
5 Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos com respeito e temor, com sinceridade de coração, como a Cristo.
6 Obedeçam-lhes, não apenas para agradá-los quando eles os observam, mas como escravos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus.
7 Sirvam aos seus senhores de boa vontade, como servindo ao Senhor, e não aos homens,
8 porque vocês sabem que o Senhor recompensará cada um pelo bem que praticar, seja escravo, seja livre.
9 Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas.
Paulo lembra que não importa se uma pessoa está em posição de autoridade ou não. Todo mundo vai prestar contas a Deus pela maneira com age em seu ambiente de trabalho. Pode parecer surpreendente para alguém, mas é isso mesmo. Deus está bastante interessado no que que acontece nas relações de trabalho.
Àqueles que estão sob autoridade de outras pessoas, o apóstolo chama para servirem realizando seu trabalho com respeito, sem falsidade e sem enrolação, como se estivessem fazendo suas tarefas para Cristo.
Àqueles que têm autoridade sobre outras pessoas, o chamado é servirem pautando suas ações pelos mesmos princípios: respeito, sinceridade e sem enrolação. Aos chefes, patrões, líderes e todos os que têm poder sobre outras pessoas, Paulo acrescenta um chamado extra: não abusem da autoridade que têm. Não os ameacem.
Quem tem autoridade deve lembrar que todos nós estamos sob a autoridade de Deus e para ele não faz diferença se você é patrão ou empregado. Assim o Senhor nos chama, todos, a servirmos a ele enquanto trabalhamos.
Palavras Finais
Palavras Finais
O serviço a Deus não está restrito às atividades e programações da igreja. Vai muito além disso, alcança todas aos nossos relacionamentos. Se somos servos de Jesus, que veio para servir. Nossa vida inteira, em todas as suas dimensões deve ser uma forma de servir a Deus.
Tudo começa com convicção de que nos tornamos servos pelo dom da graça de Deus, que esse privilégio de servirmos a Ele acontece através da operação do seu poder em nós. Ele nos ressuscita de dentro de nós mesmos e nos faz viver para além de nós.
Aí tudo em nossa volta se torna serviço de gratidão. As atividades e relacionamentos com a igreja, os relacionamentos familiares, os desafios do trabalho, tudo se transforma em oportunidade de servirmos e nos tornarmos provas vivas do amor de Deus.