Vivendo com a certeza que está morrendo

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Vivendo com a certeza que está morrendo

Eclesiastes 9.1–10 RAStr
1 Deveras me apliquei a todas estas coisas para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro.2 Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto ao que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.3 Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos.4 Para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto.5 Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento.6 Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. 7 Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras.8 Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça.9 Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol.10 Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.
Nesta passagem Saomão vai abordar o destino que aguarda tanto os justos como os ímpios, a morte! (Ec 2.12-17).
Tronco nos relembra que "Como tem feito na segunda metade de Eclesiastes , o Pregador analisa o mesmo tema, já visto anteriormente, da triste perspectiva do homem existencialista e materialista, acrescentando a visão das coisas acima do céu, pela qual o servo de Deus deve guiar sua jornada no mundo debaixo do Sol" (Santos, Thomas Tronco dos. O Caminho Acima do Céu: Comentário de Eclesiastes (Portuguese Edition) (Locais do Kindle 4859-4861). Redenção Publicações. Edição do Kindle).
Vemos nesta porção o Pregador ensinando que:
"A incerteza da vida e a certeza da morte deveriam levar o homem a desfrutar a vida, em vez de tentar decifrá-la (9:1–10)" (Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento (São Paulo: Editora Hagnos, 2006), 574)
Quero trazer à nossa mente três conselhos extraídos do texto que nos ajudaram a irmos para o túmulo de forma mais sábia:
Vivamos com sabedoria e justiça, mas com as motivações corretas (Ec 9.1)
No primeiro verso nós vemos o Pregados separando os justos e sábios dos demais homens. Esperaríamos que ele comparasse já de início os justos com os ímpios, mas não, ele ressalta que até mesmos os homens piedosos e sábios não podem torcer o braço de Deus e levá-lo a fazer a vontade deles.
Eclesiastes começa se dirigindo as homens "bons". Como eles devem viver num mundo marcado por contradições e sofrimentos?
Não é fácil viver sem a sabedoria bíblica. Não é fácil viver num mundo marcado por sofrimento. Sem a sabedoria divina os homens entregam-se a vãs filosofias que rebaixam o Ser de Deus vivendo nas trevas do engano e alimentando ódio por Aquele a quem deviam adorar.
O dilema de Epícuro ainda paira na mente de muitos homens. Se Deus é bom e onisciente e mesmo assim o mal existe, logo Ele não pode ser todo poderoso. Agora, se Ele é todo poderoso e onisciente, mas o mal existe, Ele não é bondoso. Mas se Ele é bondoso e todo-poderoso e o mal está aí diante dos nossos olhos, então Deus não é onisciente.
Algumas pessoas para resolver o problema da existência do mal afirmam que Deus abriu mão da Sua soberania e não interfere na vida dos homens. O pior de tudo é que alguns, que se julgam crentes e conhecedores das Escrituras, afirmam que Deus não conhece o futuro e que o mesmo está em aberto. Tanto Deus como nós estão sujeitos às decisões que cada um faz. Acreditem, esse absurdo é ensinado em muitas igrejas. O fato é que Deus é soberano e controla a história do mundo, o governos dos homens, a história de cada pessoa e cada evento por mais insignificante que possa parecer, como a queda de um pardal, está debaixo dos decretos de Deus.
O que é fantástico percebermos no nosso texto é que o Pregado enfrenta o problema da teodicéia de uma forma surpreendente, pois demonstra crer que a aparente injustiça no mundo é prova da soberania divina e não o contrário.
Sim, Deus usa o mal moral e natural para cumprir os seus propósito e o homem justo não pode por meio de atos de justiça alterar os decretos de Deus e exigir que as coisas aconteçam como ele espera. Deus não será manobrado ou impelido a abençoar. É necessário reconhecer que tudo, e absolutamente tudo, está nas mãos do Senhor. Nada acontece com eles por acaso ou má sorte, tampouco as suas obras serão desconsideradas por Deus ou deixadas de ser recompensadas, mas pra tudo há um tempo e um propósito debaixo do céu que é bem administrado por Deus.
Deus tem nas mãos o destino dos homens e não há nenhum justo ou sábio que seja capaz de controlar o seu destino e nem mesmo prevê-lo. Eclesiastes afirma: "se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabo o homem. Tudo lhe está oculto no futuro" (Ec 1.1). Ninguém sabe se terá o favor ou o desfavor de Deus. Ninguém sabe se terá tempos de alegria ou de tristeza no futuro.
Essa certeza não impede os infortúnios e não evita a morte, mas faz o servo de Deus passar pelas terríveis ondas de calor que há nesta vida debaixo do sol com a visão correta e a devida dependência do Senhor.
Aqueles que se expõem ao sol sem se revestir da uma boa camisa UV com certeza terá que lidar com as queimaduras da ensolação.
Vivamos com a certeza de que as nossas vidas são limitadas (Ec 9.2-6)
O mesmo "destino"se refere à morte em si e não ao destino eterno dos justos e dos ímpios.
Se antes o Pregador separou os justos e sábios para se referir somente a eles, agora, ele também inclui o perverso, o impuro, o que não sacrifica e o que jura.
Salomão coloca no mesmo pacote:
o justo, que confia em Deus e guarda a Sua palavra, com o perverso, que despreza a Deus e Sua Palavra;
o bom, de bom caráter, que faz o bem, com o pecador, que só pensa em si e nos seus prazeres;
o puro, que se conserva em santidade pra Deus e para o seu serviço, com o impuro, entregue à idolatria e imoralidade;
o que sacrifica, cultua a Deus (o culto do AT exigia sacrifícios - era algo determinado por Deus), com o que não cultua;
o que jura, cumprindo o que jurou, com o que teme o juramento, por não ser alguém que se compromete com o que fala.
Olhar pra tudo isso e saber que no final a morte espera ambos, pode parecer desanimador para o justo e sábio, mas isso somente se ele não estiver revestido com a proteção adequada às filosofias deste mundo.
Eclesiastes não está nivelando em dignidade, caráter ou valor o justo com o ímpio, mas apenas em seu destino final neste mundo.
O mesmo acontece a todos (v.3). O justo não pode evitar a morte. Ele pode sair na frente do ímpio por se preparar para este momento, mas nunca evitá-la. Antes que alguém se levante para questionar essa aparente injustiça, o Pregador, afirma no versículo 3 que:
Eclesiastes 9.3 RAStr
3 Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos.
O coração dos homens, justos e injustos, "está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem". O ímpio reclama dos seus infortúnios, mas o justo, conhecedor da sua miséria espiritual, agradece a Deus porque ainda que pecador, pode viver e desfrutar da ação misericordiosa e graciosa de Deus em sua vida.
A morte é uma realiade inevitável, mas a vida está diante de nós e deve ser encarada como uma dádiva de Deus. Independente da situação que uma pessoa esteja vivendo, "aquele que está entre os vivos possuem esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto". Enquanto há vida, há esperança. O autor afirma que viver é melhor que estar morto. Quando há vida todos podem parar e refletir da realidade da morte e mudar a sua forma de viver. Mesmo que a morte encontre os justos e os ímpios e os nivelem nesta vida com o mesmo destino, aquele que vive em justiça, pureza e adoração desfrutarão do conhecimento e da intimidade com Deus e no porvir a vida eterna.
Viver no mundo debaixo do sol com protetor solar ou camisa e chapeu UV, nos dará liberdade para nos alegrarmos sem o perigo de nos queimarmos com os raios solares. Os que rejeitam a proteção que Deus oferece em Sua Palavra, não só terão que lidar com as feridas da ensolação, mas morrerão com câncer de pele.
A visão correta sobre a morte não é olhar para ela, mas para a vida que transcorre antes dela. Todos podem se arrepender e confiar em Jesus para a salvação eterna. Enquanto há vida, há oportunidade de se voltar pra Deus e viver com a perspectiva da vida que está acima do sol. Agora, depois que morre, não há mais esperança, senão julgamento e condenação eterna.
Vivamos desfrutando das maravilhas desta vida debaixo do sol sem nos esquecermos daquele que está acima do sol (Ec 9.7-10)
Essa realidade deve levar o homem sábio a desfrutar no presente as bênçãos que estão diante de si, pois o amanhã, que pertence ao Senhor, ele não sabe como será. O sábio já alertou sobre o perigo de não desfrutar a vida como um dom de Deus e também acrescentou que até mesmo o desfrute das bênçãos de Deus é um dom que Ele mesmo concede a alguns.
Desse modo, o conselho dado, de forma imperativa é para que os homens aproveitem as coisas que estão diante de si para serem usufruídas.
O Pregado diz que devemos:
Comer o pão com alegria ou "satisfação".
Beber o vinho com gosto ou "com um bom coração".
Tronco (Locais do Kindle 4974-4982) nos lembra que "esses sentimentos positivos diante da comida e da bebida apontam para as afirmações do escritor que dizem que “não há nada tão bom para o homem como comer, beber e fazer sua alma ver o fruto do seu trabalho” (Ec 2.24a ), que “não há nada tão bom para o homem que se satisfazer e desfrutar de felicidade durante sua vida (Ec 3.12)” e que “não há nada tão bom para o homem que se alegrar em seus feitos, pois essa é a sua recompensa (Ec 3.22a )”. Entretanto, o homem só consegue alcançar tal desfrute quando percebe “que tais coisas vêm da mão de Deus” (Ec 2.24b ), sendo dadas por ele e não galgadas pelo esforço humano. A simples compreensão de que tais prazeres foram dados para alegria e satisfação do homem exclui o ascetismo, enquanto o fato de serem dados por Deus exclui o hedonismo pecador".
Acredite se quiser, mas "Deus se agrada de tais atos"! O texto, na verdade, está afirmando que Senhor já aprovou expressamente a ideia de que esse desfrute concedido por sua graça é o que ele quer ou pretende para seus servos. Podemos também dizer: “Deus está a favor disto” nesse caso, “isto” se refere a comer e beber com alegria. Uma tradução mais livre poderia ser “isto é o que Deus pretendia” ou “isto é o que Deus planejou para você”.
Em todo tempo sejam alvas as vestes - a presença do óleo sobre a cabeça na segunda parte do texto ajuda a entender as vestes “brancas”, da primeira parte, como uma aparência que transmite alegria e bem-estar, em vez de luto e pranto.
Jamais falte o óleo sobre a nossa cabeça - A segunda parte do versículo não traz grandes desafios ao intérprete, já que é bem-conhecido e documentado o uso de óleos aromáticos na cabeça como forma de transmitir boa aparência, bom ânimo e um estado de alegria e saúde, da mesma forma que a ausência dessa unção com óleo transmitia a ideia de tristeza, luto e sofrimento ( Rt 3.3; 2Sm 14.2; Dn 10.3; Am 6.6; Mt 6.17; Lc 7.46 ).
Gozar a vida com a mulher que amas todos os dias da tua vida - Santos diz que "a presença e o desfrute da pessoa amada é mais uma dádiva de Deus para ser aproveitada pelo sábio antes que a morte chegue. Na verdade, isso reflete a própria avaliação de Deus de que “não é bom que o homem esteja só” ( Gn 2.18 ), razão pela qual Deus fez “a mulher e a trouxe” ao homem (Gn 2.22), instruindo a humanidade a se unir em casais formados pelo “homem e sua mulher” ( Gn 2.25 ), tornando-se “os dois uma só carne” ( Gn 2.24 ). Esse sentimento amoroso pode não explicar o sentido da vida, mas dá à existência um sentido que ela não teria a não ser pelo desfrute dessas bênçãos".
Trabalhar com afinco - Surpreendentemente, o trabalho, tema frequentemente apresentado na primeira parte do livro como fonte de aflição, dor e irritação (Ec 1.3,13; 2.23; 3.9,10 ), é visto agora como um objetivo a ser vencido com garra e dedicação. A ordem “faça com empenho” quer dizer, literalmente, “faça com sua força”, querendo transmitir o conceito de que é para ser feito sem reservas e sem economizar energias. Novamente, a justificativa é a de que é durante a vida que se podem fazer trabalhos, planejar objetivos, atuar positiva e produtivamente com o conhecimento que se obteve e demonstrar sabedoria ao dar a tudo seu devido valor.
Conclusão:
As incertezas da vida, mas a certeza da morte deve levar todos os homens a viverem suas vida pela perspectiva da realidade acima do sol. Tudo o que fazemos pode ter um valor eterno nas mãos de Deus. O desfrute da graça abundante de Deus pode glorificá-lo e apontar para a Sua bondade. Enfrentar as desventuras com esperança da eternidade pela fé em Cristo pode ser uma ferramenta poderosa de testemunho àqueles que não conhecem a salvação. Nosso empenho na obra de Deus pode levar muitos a conhecer a Deus e uma recompensa enorme no porvir (1Co 15.58).
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